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domingo, 12 de fevereiro de 2023

O Papa: oremos por aqueles que arriscam suas vidas pelo Evangelho

Tantos oferecem suas vidas pelo Evangelho | Vatican News

É uma das intenções confiadas à rede mundial de oração. O Papa convida todos a rezar para que as testemunhas cristãs contagiem a Igreja com sua coragem.

Vatican News

O Papa Francisco disse isto muitas vezes: "Há mais mártires hoje do que nos primeiros tempos da Igreja. Tantos de nossos irmãos e irmãs que oferecem seu testemunho a Jesus e são perseguidos".

Foram publicadas este sábado, 11 de fevereiro, as intenções de oração do Papa confiadas à sua rede mundial de oração para o próximo ano. Uma intenção é dedicada precisamente aos mártires cristãos: "Oremos para que aqueles em várias partes do mundo que arriscam suas vidas pelo Evangelho contagiem a Igreja com sua coragem e impulso missionário".

O Papa convidou reiteradas vezes a pensar nos muitos cristãos que estavam detidos nas prisões dos nazistas e comunistas, "só porque eram cristãos", mas isto é o que acontece "ainda hoje". Há perseguição, afirma Francisco, "porque o mundo não tolera a divindade de Cristo, não tolera a proclamação do Evangelho". A resposta cristã ao mal é o amor. Francisco reiterou isto em fevereiro de 2020 em Bari, sul da Itália, por ocasião do encontro sobre o "Mediterrâneo fronteira da paz":

"Amai vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem. Esta é a novidade cristã. É a diferença cristã. Orar e amar: isto é o que devemos fazer; e não somente para aqueles que nos querem bem, não somente para nossos amigos, não somente para nosso povo. Porque o amor de Jesus não conhece fronteiras ou barreiras. O Senhor nos pede a coragem de um amor sem cálculos. Pois a medida de Jesus é amor sem medida. Quantas vezes negligenciamos seus pedidos, comportando-nos como todos os outros! No entanto, o mandamento do amor não é uma mera provocação, está no coração do Evangelho. No amor por todos, não aceitemos desculpas, não preguemos prudências cômodas. O Senhor não foi prudente, não compactuou, pediu-nos o extremismo da caridade. É o único extremismo cristão lícito: o extremismo do amor".

Nas intenções há também uma oração pelos líderes políticos, para que "eles possam estar a serviço de seu povo, trabalhando pelo desenvolvimento humano integral e pelo bem comum", dando prioridade especial aos mais pobres. O poder não é opressão ou exploração, afirma Francisco: o poder é serviço.

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Eu pertenço ao amor

Renata Sedmakova | Shutterstock
Por Irmã Maris Stella, SV

Ao reconhecer a nossa absoluta necessidade de Deus como Salvador, somos libertados da autoconfiança arrogante.

“Pessoalmente, estou em perfeita calma, enfrentando com firmeza o que está por vir. Quando alguém realmente alcançou a entrega completa à vontade de Deus, há um maravilhoso sentimento de paz e uma sensação de segurança absoluta. Estou de bom humor e cheio de grande expectativa”.

Você pode imaginar essas palavras sendo ditas por alguém num lugar de plena serenidade – talvez no final de um retiro profundamente transformador.

No entanto, elas foram escritas por um homem trancafiado injustamente numa cela, pouco antes de ser executado pelos nazistas.

Ele havia perdido tudo: família, amigos, reputação, status e a própria vida. No entanto, dos abismos desta experiência de miséria, ele descobriu que, na verdade, possuía tudo o que era essencial. Estava completamente convencido do amor absoluto e incondicional de Deus, enquanto se aproximava o que ele próprio chamou de melhor momento da sua vida.

Pouco antes de ser executado, ele disse:

“Eu me alegro… porque tudo o que até agora fiz, lutei e conquistei foi dirigido, no fundo, a este único objetivo cuja barreira transporei hoje. ‘As coisas que o olho não viu e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam’ (cf. 1 Coríntios 2,9)”.

Este homem experimentou a profunda paz e alegria que vêm da confiança total em Deus e da vivência da verdade de que, quanto mais pobres nos tornamos, mais podemos experimentar o Seu amor.

Em última análise, a vida não consiste no que adquirimos ou possuímos, mas n’Aquele a quem pertencemos. A vida é deixar-se amar e pertencer ao próprio Amor: Jesus Cristo.

Ao reconhecer a nossa absoluta necessidade de Deus, de um Salvador, somos libertados da autoconfiança arrogante. Esta é a pobreza de espírito que Jesus chama de “bem-aventurada”. Jesus nos convida a entrar no seu próprio espírito de pobreza quando diz: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração (Mt 11,29)”.

Essa postura do coração nos permite lidar mais livremente com tudo nesta vida e nos apegar somente ao que é eterno.

Se rejeitamos a nossa necessidade de Deus, se fugimos do reconhecimento doloroso de viver num mundo caído ou se nos distraímos com vaidades, sucessos e posses, então nos privamos de ser amparados por Jesus em nossa fraqueza.

Como repetia com frequência o cardeal O’Connor, “tudo o que você possui, possui você”.

Podemos imaginar que experimentamos melhor o amor de Deus em nossas forças e talentos. Entretanto, o Seu amor é mais seguro e profundo em nosso vazio, quebrantamento e fraqueza. É ali que a Sua misericórdia transborda e o Seu poder e amor se mostram perfeitos.

Se nos deixamos amar por Deus, percebemos que fomos criados e que tudo o que temos nos foi dado. Deixando-nos pertencer a Ele, encontramos o amor e a plenitude para os quais os nossos corações foram feitos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Qual é a sua atitude diante do sofrimento alheio?

Sensibilidade ao sofrimento humano | amenteemaravilhosa

QUAL É A SUA ATITUDE DIANTE DO SOFRIMENTO ALHEIO?

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo auxiliar de Belém (PA)

A pandemia da COVID-19 ainda permanece entre nós promovendo centenas de milhares de mortes no Brasil e milhões no mundo; enquanto isso, novos dramas se abatem sobre a humanidade como a guerra na Ucrânia, conflitos sanguinários no Oriente médio, atentados terroristas, terremoto na Turquia e na Síria. No Brasil nos envergonharam o ataque violento ao patrimônio material dos três poderes em Brasília, sinal de radical negação do sentimento patriótico e de cidadania; e nos últimos dias veio à tona o drama vivido pelos índios Yanomami. Outra realidade de grave sofrimento que abalou a humanidade, pois informações e imagens dessa tragédia humanitária chegaram em todos os continentes.   

Tudo somado, temos um cenário mundial de sofrimento em todas as dimensões causando medo, gritos de dor, pavor, lamento, desespero e a morte de milhões de pessoas! De onde vem tudo isso? De um lado, temos o mistério da manifestação da “fúria” da natureza contra a humanidade (o coronavírus, os terremotos) e, do outro lado, a maldade do homem contra seus próprios irmãos. Certo é que entre violentados, mortos e feridos, estão culpados e inocentes. Também os violentos são vítimas fatais da própria irracionalidade.    

Toda essa realidade que, continuamente a humanidade está vivendo, deve nos chamar a atenção para a nossa postura diante dela. Uma pergunta de fundamental importância é esta: “O que sinto e qual é a minha atitude diante do sofrimento alheio?” Não importa onde esteja o epicentro da desgraça e do sofrimento, quem está na condição de sanidade mental recebe sempre um íntimo impacto com o gemido do outro e o sangue derramado.   

O filósofo judeu Emanuel Levinás (1906-1995) profundamente humanista, em uma de suas obras nos alerta dizendo que a morte do outro não nos deixa na indiferença; isso é um chamado à primazia da ética, da nossa natural responsabilidade pelo outro. Com a morte de cada ser humano, desaparece um universo mental, afetivo, social, espiritual…   

Por causa da significatividade deles, o sofrimento e a morte devem ser sempre objeto de reflexão da nossa parte porque são realidades enigmáticas que nos envolvem por inteiro, em todas as fases da vida, e sujeitos de todas as condições socioculturais, econômicas e religiosas. Ninguém escapa do sofrimento e nem da dor, por isso, afirmou o famoso escritor irlandês Clive Staples Lewis (1898-1963): “O sofrimento é o megafone de Deus para um mundo ensurdecido”. Num mundo marcado pela indiferença o sofrimento nos choca, nos chama à atenção e nos provoca a sair do nosso egoísmo e da hibernação insensível.  

Afinal qual é a sua atitude diante do sofrimento alheio? Recordemos uma frase de Jó, personagem da Bíblia; estando doente, prostrado, sofrendo, lhe aparecem três amigos que, em vez de consolá-lo, o acusam buscando justificar seu sofrimento. Jó, indignado, responde-lhes: “Piedade, piedade de mim, meus amigos, pois a mão de Deus me feriu! Por que me perseguis como Deus, e não vos cansais de me torturar?” (Jó 19,21-22).  

O sofrimento é um grito divino nos convocando para a piedade, compaixão, cuidado, solidariedade, caridade, proteção, ternura! O sofrimento nos chama à atenção para a nossa condição de criaturas, marcada pela pequenez, fragilidade, vulnerabilidade, dependência, insuficiência, debilidade! E o que evitar? Evitar a indiferença, a dureza, a crueldade, a revolta, a perda da fé, o esvaziamento da esperança, o charlatanismo proselitista que explora o sofredor! Sempre nos fará bem orar, consolar, estimular a esperança, dar força, ser presença solidária, fazer silêncio, meditar, manter a firmeza de ânimo! Onde há sofrimento, temos a oportunidade do exercício da nossa bondade.

Agência católica lança campanha para combater a fome na Quaresma 2023

Família centro-americana recebendo a doação da CRS / CRS
Por Diego López Marina / ACI Prensa

WASHINGTON DC, 10 Fev. 23 / 12:03 pm (ACI).- A Catholic Relief Services (CRS), agência de ajuda humanitária da conferência dos bispos dos EUA, convidou os católicos a rezar, jejuar e doar através de seu programa anual de Quaresma “Prato de Arroz” para combater a fome no mundo.

Prato de Arroz da CRS é uma ótima maneira para que os católicos americanos mostrem aos nossos irmãos e irmãs nessas situações difíceis que eles não estão sozinhos e que continuaremos sendo solidários com eles”, diz em um comunicado a diretora de Formação e Mobilização da CRS, Beth Martin.

A campanha Prato de Arroz 2023 começará em 22 de fevereiro, quarta-feira de cinzas, e vai ajudar mais de 190 milhões de pessoas em mais de 100 países.

Segundo Martin, “o ano passado foi difícil para muitas famílias em todo o mundo devido a múltiplos fatores”, incluindo guerras, desastres naturais e inflação generalizada.

Neste contexto, recordou que “como católicos, somos chamados a servir os necessitados”.

“Somos chamados a ser o bom samaritano e doar generosamente. Dar esmola através do Prato de Arroz CRS é uma forma de responder ao chamado de Deus e ajudar os outros, tanto os que estão no exterior quanto os que estão ao nosso redor”, disse.

Enquanto as doações de Prato de Arroz CRS vão principalmente para os programas da CRS dedicados a acabar com a fome e a pobreza em todo o mundo, 25% dos fundos permanecem na diocese onde são arrecadados.

“Ao fazer um pequeno sacrifício durante a Quaresma, os católicos e outros de boa vontade podem fazer parte de um movimento maior para combater a fome não apenas globalmente, mas também aqui nos EUA”, disse Martin.

Prato de Arroz CRS pode nos unir e, quando nos unimos para combater um problema, podemos alcançar objetivos ambiciosos e de longo alcance, como acabar com a fome no mundo”, concluiu.

Para fazer doações para o Prato de Arroz CRS, pode acessar Doe para Prato de Arroz de CRS | Catholic Relief Services.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Paróquia, comunidade de comunidades

Sacerdote na Amazônia | Vatican News

A paróquia deve ser lugar de acolhida, de vivência dos sacramentos, de proximidade, de suporte para as pessoas, sem burocracia ou exclusões, afirma o Papa. As paróquias devem ser “escolas”.

Frei Darlei Zanon - Religioso Paulino

Comunidade significa “comunhão”, de pessoas e das pessoas com a Santíssima Trindade. Essa comunhão se realiza em primeiro lugar no Batismo, sacramento que nos introduz na nova família que é a Igreja e a comunidade paroquial, e se renova em cada Eucaristia, sacramento que nos alimenta na fé. Portanto “unir”, formar comunhão, e alimentar, ou acompanhar o crescimento, assinalam o sentido de ser da paróquia, tema central do vídeo do mês de fevereiro do Papa Francisco.

A paróquia deve ser lugar de acolhida, de vivência dos sacramentos, de proximidade, de suporte para as pessoas, sem burocracia ou exclusões, afirma o Papa. As paróquias devem ser “escolas”. Não só escola da fé, mas sobretudo escola de serviço e generosidade. De fato, como bem ilustra o Catecismo da Igreja, após sermos instruídos na fé, ou seja, depois de conhecermos as verdades fundamentais da fé cristã, devemos celebrar esta mesma fé através dos sacramentos, para depois viver os seus princípios e rezar em comunidade. Essas são as quatro partes fundamentais do Catecismo que nos fazem ver que a fé é uma questão pessoal, mas não pode existir sem a sua dimensão comunitária. A vida cristã só é genuína quando vem continuamente alimentada pela nossa comunhão eclesial, que pode acontecer de muitas maneiras, mas se concretiza de modo mais significativo e intenso na paróquia.

Quando mencionamos hoje a ideia de “comunidade de comunidades”, pretendemos exatamente recuperar o sentido da paróquia/comunidade como “casa”, ou domus ecclesiae, que os primeiros cristãos viveram de modo tão intenso. A paróquia deve ser a nossa “casa” alargada, onde encontramos a “família” de irmãos e irmãs em Cristo.

O Concílio Vaticano II expressou de modo brilhante o sentido da Igreja como comunhão de irmãos e irmãs que se concretiza no conceito de Povo de Deus, de Templo do Espírito e de Corpo de Cristo. Desde o Concílio a Igreja no Brasil vem refletindo sobre o sentido e a estruturação das paróquias. De modo especial, poderíamos recordar a 51ª Assembleia da CNBB, em 2013, centrada na “revitalização da comunidade paroquial”, dando origem ao documento de estudo “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”. Na seguinte Assembleia, em 2014, foi então aprovado o documento 100: “Comunidade de Comunidades: uma nova paróquia: a conversão pastoral da paróquia”. Por estar profundamente enraizado nas reflexões da Conferência de Aparecida, esse documento está em perfeita harmonia com o que espera o Papa Francisco da Igreja atual: a paróquia como “comunidade de comunidades”, cheia de desafios pastorais, convidada constantemente à conversão pastoral e missionária, pois a renovação paroquial depende de um renovado amor à pastoral.

Recuperar a imagem da casa significa garantir o referencial para o cristão peregrino encontrar-se no lar, ambiente de vida e de acolhimento. A Igreja visível na paróquia é, portanto, casa da Palavra, casa do pão, casa da caridade, casa do Pai. No centro está Cristo, como gerador da comunhão de tudo e entre todos. Cristo que se faz sempre mais visível e próximo através da Palavra e da Eucaristia.

A paróquia ideal não existe, pois está sempre marcada pelos limites humanos, mas o Papa nos exorta a repensar o estilo de nossas comunidades paroquiais para que sejam rede de comunidades de tal modo que seus membros vivam em comunhão como autênticos discípulos missionários de Cristo. Na conclusão do vídeo do mês, apresentando a intenção de oração para fevereiro, Francisco pede que rezemos “para que as paróquias, pondo no centro a comunhão, a comunhão das pessoas, a comunhão eclesial, sejam cada vez mais comunidades de fé, de fraternidade e de acolhimento aos mais necessitados.”

O Papa nos lança assim um grande desafio: não apenas rezar pelas paróquias, mas sobretudo refletir sobre nossa presença e participação na construção da “comunidade de comunidades”, que para o cristão se torna nova casa, cheia de desafios, mas também de belezas e alegrias.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Será que eu sou marxista?

Será que eu sou marxista? | Cléofas

Será que eu sou marxista?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Existe um critério muito específico para descobrir se uma pessoa foi contaminada pelo pensamento marxista.

Como descobrir se alguém foi ou não contaminado pelo pensamento marxista? Esse critério é importante porque, das várias vertentes de marxismo que se desenvolveram na história – a de Lênin e a de Trotski, a que promove a luta armada e a que defende a revolução cultural etc. –, existe algo comum a todas elas, algo que as torna como que um movimento único e uniforme.

Esse algo nada mais é do que a questão da verdade. Se uma pessoa acredita na existência de verdades objetivas, às quais é preciso adequar-se de qualquer modo, pode saber que não é marxista. Ao contrário, se uma pessoa vê todas as verdades como construções ideológicas, criadas por interesses econômicos ou políticos e a partir de uma luta, então, ela foi seriamente comprometida pelo marxismo.

Na famosa instrução Libertatis nuntius, a Congregação para a Doutrina da Fé, presidida pelo então Cardeal Joseph Ratzinger – hoje, Papa Bento XVI –, critica alguns aspectos relacionados à Teologia da Libertação. A sua tese de fundo é de que essa teologia, em sua vontade de ajudar os pobres e os oprimidos, é profundamente cristã e necessária. O problema é que existem princípios, dentro dessa mesma teologia, que não podem ser aceitos dentro do Cristianismo. Todo marxista, a fim de ter acesso à “verdade”, precisaria fazer uma análise crítica e desvendar a ideologia e os interesses classistas por trás de qualquer discurso. É essa luta que construiria a verdade, uma verdade “científica” e revolucionária.

Ao falar sobre a “subversão do senso da verdade”, o documento Libertatis nuntius afirma justamente isso. Para o marxista, “não existe verdade (…), a não ser na e pela praxis ‘partidarista'”. A verdade torna-se “a verdade de classe – não há verdade senão no combate da classe revolucionária” [1].

Por isso, quando um professor de teologia analisa todos os movimentos espirituais e teológicos da Igreja com má fé, buscando sempre um interesse mesquinho ou imperialista no pensamento dos santos, dos Papas e do Magistério, não resta dúvidas de que se trata de um legítimo representante da Teologia da Libertação marxista. De fato, o que faz com que as pessoas sejam marxistas é justamente a renúncia à verdade revelada por Deus, que é substituída por um constructo revolucionário.

Quem é verdadeiramente católico deve exorcizar de si esse tipo de pensamento. Como indica ainda a instrução da Congregação para a Doutrina da Fé, “o critério final e decisivo da verdade não pode ser, em última análise, senão um critério teológico” [2]. Ou seja, Jesus, vivo na Sua Igreja e nos Seus santos ao longo dos séculos, é a fonte da verdade (cf. Jo 14, 6). Uma teologia autenticamente libertadora e a serviço aos pobres deve tomar em consideração essa realidade, ainda que ela incomode ou cause desconforto, pois é apenas Cristo, a Verdade encarnada, quem pode redimir e libertar o homem (cf. Jo 8, 32).

Referências

1. Congregação para a Doutrina da Fé,Instrução Libertatis nuntius, sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação, VIII, 4-5

2. Ibidem, VII, 10

http://www.aleteia.org/pt/politica/conteudo-agregado/sera-que-eu-sou-marxista-5346676361396224?utm_campaign=NL_pt&utm_source=daily_newsletter&utm_medium=mail&utm_content=NL_pt-30/06/2015

Fonte: https://cleofas.com.br/

Papa Francisco eleva Santuário São Francisco de Assis, em Brasília, a Basílica Menor

Basílica Menor São Francisco, localizada em Brasília (DF)
Vatican News

A Basílica Menor São Francisco é a primeira Igreja honrada com este título no Distrito Federal. O anúncio foi feito pelo cardeal Paulo Cezar, arcebispo de Brasília.

Vatican News

Algumas igrejas têm particular importância para a vida litúrgica e pastoral. Estas podem ser honradas pelo Sumo Pontífice com o título de Basílica Menor, significando assim o seu vínculo particular com a Igreja Romana e com o Sumo Pontífice.

A Basílica Menor São Francisco, localizada em Brasília (DF), é a primeira Igreja honrada com este título no Distrito Federal e no entorno. O anúncio do parecer favorável, pelo Vaticano, foi feito pelo cardeal Paulo Cezar, arcebispo de Brasília, na sexta-feira, dia 3 de fevereiro. Atualmente, a basílica atende cerca de 4 milhões de pessoas. No Brasil, existem cerca de 80 basílicas menores criadas.

A Santa Missa de instalação da Basílica Menor São Francisco será no dia 13 de maio, às 18h.

O processo

O pedido foi feito pelo próprio cardeal Cezar no dia 14 de setembro de 2022, com o apoio do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, e do Ministro Provincial.  No dia 6 de dezembro de 2022, o dicastério do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos assinou o decreto, concedendo ao Santuário São Francisco de Assis o Título de Basílica Menor, conforme documento nº 551/22 assinado pelo prefeito, cardeal Arturo Roche, e pelo secretário Vitório Francisco Viola.

O Santuário

No dia 25 de maio de 2003, a arquidiocese de Brasília instituiu a Paróquia São Francisco de Assis, confiada aos cuidados dos Frades Menores Conventuais (OFMConv.) desde 1981, como Santuário São Francisco de Assis, com a missão de oferecer aos fiéis meios de salvação mais abundantes, anunciando com diligência a Palavra de Deus, incentivando adequadamente a vida litúrgica, principalmente com a Eucaristia e a Reconciliação, e cultivando as formas aprovadas de piedade popular, tornando-se lugar privilegiado de educação para os valores da ética, em particular a justiça, a solidariedade, a paz e a salvaguarda da criação, a fim de contribuir para o crescimento da qualidade da vida para todos.

O que é uma Basílica?

O Papa, através do Dicastério, pode dar o título de Basílica a uma igreja devido a sua importância espiritual e histórica. A basílica deve ser um lugar ligado a um santo que tenha devoção por parte dos fiéis, que seja igreja de celebração da liturgia (Eucaristia, confissões e Liturgia da Horas), que seja um templo onde a celebração seja cuidada com zelo e que tenha uma comunidade presbiteral capaz de prestar o necessário serviço sacerdotal.

O nome basílica provém do grego: basileus (rei) e oikos (casa), portanto, casa do rei. Quando termina o tempo da perseguição da Igreja por parte do Império Romano, com a conversão do imperador Constantino (313) e posteriormente a liberdade de culto em todo o Império (380), a Igreja necessitava de um lugar para a sua liturgia pública e solene, pois contaria com a participação do Imperador e da sua corte. Assim, a Igreja deveria sair de uma celebração feita na “domus” (casa) e ter uma grande “sala de culto”. Esta sala já existia, era chamada “basílica”, onde o rei recebia seus convidados. Daí a Igreja pegou o modelo do seu templo: uma grande sala, geralmente com duas naves laterais e uma central que na frente, em um piso elevado, tinha o trono do Imperador, onde ele recebia os cumprimentos. A Igreja pegou este projeto e colocou no lugar do trono o presbitério.

Basílicas Maiores: existem na Igreja 4 basílicas com este título, e estão todas em Roma: São João de Latrão, São Pedro, Santa Maria Maior e São Paulo fora dos Muros. Todas edificadas pelo imperador Constantino e depois reformadas e aumentadas pelos Papas, onde passaram a ser chamadas também de basílicas papais. Uma basílica maior tem um altar maior, onde apenas o Papa e seus delegados podem celebrar a Missa. Além disso, distingue-se porque tem uma Porta Santa que os fiéis podem cruzar durante um Ano Santo para ganhar uma indulgência plenária.

Basílicas papais fora de Roma: estão em Assis e são a de São Francisco e Santa Maria dos Anjos. São basílicas menores. Tem o altar maior, onde também somente o Papa ou seu delegado podem utilizar.

Deveres de uma Basílica

1. Instrução litúrgica dos fiéis.
2. Estudo e divulgação de documentos provenientes do Sumo Pontífice e da Santa Sé.
3. As celebrações do ano litúrgico sejam preparadas e realizadas com muito cuidado.
4. Durante a Quaresma, missas estacionais.
5. A palavra de Deus seja diligentemente proclamada nas homilias ou nos sermões especiais; celebrar a Liturgia das Horas.
6. Cuidar para que as reuniões dos fiéis sejam associadas ao canto das várias partes da Missa.
7. Numa basílica onde se reúnem frequentemente fiéis de diferentes nações ou línguas, é útil que saibam cantar juntos em latim a profissão de fé e o Pai Nosso.
8. Celebrar com particular solicitude:
a) a festa da Cátedra de São Pedro Apóstolo (22 de fevereiro);
b) a Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, Apóstolos (29 de junho);
c) o aniversário da eleição ou posse do Sumo Pontífice no supremo ministério.

Concessões ligadas à Basílica

Os fiéis podem lograr indulgência plenária nos seguintes dias:

a) no aniversário da dedicação da mesma basílica (29/11)
b) no dia da celebração litúrgica do título (04/10)
c) na Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, Apóstolos (primeiro domingo depois de 29/06)
d) no aniversário da outorga do título de basílica (06/12)
e) uma vez por ano, em dia a ser determinado pelo Ordinário local (01/05)
f) uma vez por ano em dia livremente escolhido por cada um dos fiéis.

Etapas da criação da implantação de uma Basílica

1. Decreto do Dicastério
2. Solene Santa Missa presidida pelo arcebispo (13/05)

Insígnias da Basílica

1. Brasão do Vaticano
2. Tintinábulo
3. Umbrela
4. Virga Rubra
5. Vestes Próprias do clero

Com informações da arquidiocese de Brasília e da CNBB.

The Chosen supera Avatar nas bilheterias dos EUA

VidAngel Studios
Cena da terceira temporada de The Chosen
Por Aleteia

Dois episódios da terceira temporada da série que narra a vida de Jesus ficaram em primeiro lugar nas bilheterias dos cinemas americanos.

O grande sucesso da série sobre a vida de Jesus continua. Os dois últimos episódios da terceira temporada de The Chosen (“O Escolhido”) foram lançados nos cinemas americanos entre os dias 3 e 6 de fevereiro de 2023. Logo no primeiro dia de exibição, a produção atingiu o primeiro lugar nas bilheterias americanas. 

Segundo o site The Numbers, a série superou Knock at the Cabin (1,4 milhão de dólares arrecadados) e Avatar (1 milhão de dólares no período).

The Chosen conseguiu se manter na nona colocação do ranking dos mais assistidos ao final da semana, algo ainda mais notável já que os episódios eram exibidos apenas duas vezes ao dia em menos de 2.000 cinemas, contra 3.600 de Avatar.

“Estávamos empolgados em dar a vocês a chance de ver os episódios finais na tela grande, mas não esperávamos isso. Veja o que VOCÊS fizeram”, comentou a equipe do filme no Facebook.

Pela terceira vez, The Chosen foi lançada nos cinemas e o sucesso parece estar aí: o episódio lançado para o Natal de 2021 ocupou o primeiro lugar nas duas primeiras noites de seu lançamento nos Estados Unidos.  

Ainda não há previsão de quando a terceira temporada de The Chosen chegará aos cinemas do Brasil, mas as três temporadas estão disponíveis na NetflixGloboplay e no aplicativo The Chosen de forma gratuita.

https://youtu.be/N2KxpgSrCE8

O Papa: não podemos mais devorar os recursos naturais, aprendamos com os indígenas

O Papa com os participantes do 6º Encontro Mundial do Fórum dos Povos
Indígenas | Vatican News

Francisco recebeu, no Vaticano, os participantes do 6° Encontro Mundial do Fórum dos Povos Indígenas, promovido pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). "Devemos escutar mais os povos indígenas e aprender com seu modo de vida a fim de compreender adequadamente que não podemos continuar devorando avidamente os recursos naturais", disse o Papa.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (10/02), na Sala do Consistório, no Vaticano, os participantes do 6° Encontro Mundial do Fórum dos Povos Indígenas, promovido pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) em sua sede em Roma.

O tema deste ano "Liderança dos povos indígenas em questões climáticas: soluções baseadas nas comunidades para melhorar a resiliência e a biodiversidade" "é uma oportunidade para reconhecer o papel fundamental que os povos indígenas desempenham na proteção do meio ambiente e destacar sua sabedoria para encontrar soluções globais para os imensos desafios que as mudanças climáticas colocam diariamente à humanidade", ressalta Francisco.

Aprender com os povos indígenas

“Infelizmente, estamos presenciando uma crise social e ambiental sem precedentes. Se realmente queremos cuidar da nossa casa comum e melhorar o planeta em que vivemos, são imprescindíveis mudanças profundas nos estilos de vida, são imprescindíveis modelos de produção e consumo.”

Devemos escutar mais os povos indígenas e aprender com seu modo de vida a fim de compreender adequadamente que não podemos continuar devorando avidamente os recursos naturais, porque "a terra nos foi confiada para que seja mãe para nós, a mãe terra, capaz de dar o necessário a cada um para viver». Portanto, a contribuição dos povos indígenas é fundamental na luta contra as mudanças climáticas. E isso está comprovado cientificamente.

Ignorar as comunidades originárias é um erro

Segundo o Papa, "hoje, mais do que nunca, são muitos os que pedem um processo de reconversão das consolidadas estruturas de poder que regem a sociedade de cultura ocidental e, ao mesmo tempo, transformam as relações históricas marcadas pelo colonialismo, exclusão e discriminação, dando lugar a um diálogo renovado sobre a forma como estamos construindo o nosso futuro do planeta".

Precisamos urgentemente de ações conjuntas, fruto de uma colaboração leal e constante, porque o desafio ambiental que estamos vivendo e suas raízes humanas têm um impacto em cada um de nós. Um impacto não apenas físico, mas também psicológico e cultural.

“Por isso, peço aos governos que reconheçam os povos indígenas de todo o mundo, com suas culturas, línguas, tradições e espiritualidades, e que respeitem sua dignidade e seus direitos, conscientes de que a riqueza de nossa grande família humana consiste em sua diversidade.”

"Ignorar as comunidades originárias na salvaguarda da terra é um grave erro, é o funcionalismo extrativista, para não dizer uma grande injustiça", sublinhou Francisco. "Por outro lado, valorizar seu patrimônio cultural e suas técnicas ancestrais ajudará a trilhar caminhos para uma melhor gestão ambiental", destacou.

Nesse sentido, o Papa disse que é louvável o trabalho do FIDA "em ajudar as comunidades indígenas num processo de desenvolvimento autônomo, graças sobretudo ao Fundo de Apoio aos Povos Indígenas, mas esses esforços devem ser multiplicados e acompanhados de decisões firmes e claras, para uma transição justa".

Viver bem em harmonia

A seguir, o Papa falou a propósito do bem viver e do viver bem em harmonia.

"Viver bem não significa 'não fazer nada', a 'doce vida' da burguesia destilada, não, não. É viver em harmonia com a natureza, é saber buscar aquele equilíbrio, aquela a harmonia que é superior ao equilíbrio. O equilíbrio pode ser funcional, a harmonia nunca é funcional, é soberana em si mesma", disse ainda Francisco.

“Saber mover-se em harmonia é o que dá a sabedoria que chamamos de viver bem. A harmonia entre uma pessoa e sua comunidade, a harmonia entre uma pessoa e o ambiente, a harmonia entre uma pessoa e toda a criação. As feridas contra esta harmonia são as que estamos vendo evidentemente, que destroem os povos. O extrativismo, no caso da Amazônia, por exemplo, o desmatamento, ou o extrativismo de minério.”

"Portanto, procurar sempre a harmonia", reiterou o Papa, ressaltando que "quando os povos não respeitam o bem do solo, o bem do ambiente, o bem do tempo, o bem da vegetação ou o bem da fauna, o bem geral, quando não o respeitam, caem em posturas desumanas, porque perdem esse contato com a palavra, com a mãe terra. Não no sentido supersticioso, mas no sentido que a cultura e a harmonia nos dão".

"As culturas indígenas não devem ser convertidas numa cultura moderna, não. Elas devem ser respeitadas", sublinhou, reiterando a importância de "seguir seu caminho de desenvolvimento e escutar as mensagens de sabedoria que elas nos transmitem, pois não é uma sabedoria enciclopédica. É a sabedoria do ver, escutar e tocar da vida cotidiana".

Francisco concluiu, encorajou os participantes do 6° Encontro Mundial do Fórum dos Povos Indígenas a continuarem "lutando para proclamar essa harmonia que a política funcionalista, a política extrativista  estão destruindo. Que todos possamos aprender do bem viver no sentido harmonioso dos povos indígenas".

Santa Escolástica: Quando o amor vence a razão

Santa Escolástica | Guadium Press

Redação (10/02/2023 08:21, Gaudium Press) Quando Nosso Senhor veio ao mundo, trouxe-nos um mandamento novo: “Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34). Este amor levado às últimas consequências propiciou-nos a Redenção. E um relacionamento humano regrado e bem conduzido deve seguir o exemplo do Divino Mestre. O verdadeiro amor ao próximo é aquele que se nutre por outrem por amor a Deus e que tem o Criador como centro, visando a santidade daqueles que se amam. Já ensinava Santo Agostinho que só existem dois amores: ou se ama a si mesmo até o esquecimento de Deus, ou se ama a Deus até o esquecimento de si mesmo.

Assim foi Santa Escolástica, alma inocente e cheia de amor a Deus, de quem pouco se conhece, mas que, abrindo-se à sua graça, adquiriu excepcional força de alma e logrou chegar à honra dos altares. Sua história está intimamente ligada à aquele que por desígnios da Providência nasceu com ela para a vida, o grande São Bento, seu irmão gêmeo e pai do monacato ocidental, a quem amou com todo o seu coração.

Santa Escolástica e seu irmão São Bento

Nasceram Escolástica e Bento em Núrsia, na Úmbria, região da Itália situada ao pé dos montes Apeninos, no ano 480. Como seu irmão, teve uma educação primorosa. Com seus pais, muito católicos e tementes a Deus, constituíam uma das famílias mais distintas daquelas montanhas. Modelo de donzela cristã, Escolástica era piedosa, virtuosa, cultivava a oração e era inimiga do espírito do mundo e das vaidades.

Sempre caminhou em uníssono com seu irmão Bento, unidos já antes de nascer e irmãos gêmeos também de alma. Com a morte dos pais, Escolástica vivia mais recolhida no retiro de sua casa. Quando se inteirou que seu irmão deixara o deserto de Subiaco e fundara o célebre mosteiro de Monte Cassino, decidiu ela professar a mesma perfeição evangélica, distribuindo todos os seus haveres aos pobres e partindo com uma criada em busca do irmão.

Início da vida religiosa e origem da Ordem das Beneditinas

Encontrando-o, explicou-lhe suas intenções de passar o resto da vida numa solidão como a dele e suplicou-lhe que fosse seu pai espiritual, prescrevendo-lhe as regras que deveria seguir para o aperfeiçoamento de sua alma. São Bento, já conhecendo a vocação da irmã, aceitou-a e mandou construir para ela e a criada uma cela não muito longe do mosteiro, dando-lhe basicamente a mesma regra de seus monges.

A fama de santidade desta nova eremita foi crescendo e, pouco a pouco, se juntaram a ela muitas outras jovens que se sentiam chamadas para a vida monástica, colocando-se todas sob a sua direção, juntamente com a de São Bento, formando assim uma nova Ordem feminina, mais tarde conhecida como das Beneditinas, que chegou a ter 14.000 conventos espalhados por todo o Ocidente.

O último encontro de São Bento com Santa Escolástica

A cada ano, alguns dias antes da Quaresma, encontravam-se Bento e Escolástica a meio caminho entre os dois conventos, numa casinha que ali havia para este fim. Passavam o dia em colóquios espirituais, para depois tornarem a ver-se no ano seguinte. Um dos capítulos do livro “Diálogos”, de São Gregório Magno, ajudou a salvar do esquecimento o nome desta grande santa que tem lugar de predileção entre as virgens consagradas. O grande Papa santo narra com simplicidade o último encontro de São Bento e Santa Escolástica, em que a inocência e o amor venceram a própria razão.

Era a primeira quinta-feira da Quaresma de 547. São Bento foi estar com sua irmã na casinha de costume. Passaram todo o dia falando de Deus. Ao entardecer, levantou-se São Bento decidido a regressar a seu mosteiro, para voltar apenas no próximo ano. Pressentindo que sua morte viria logo, Santa Escolástica pediu ao irmão que passassem ali a noite e não interrompessem tão abençoado convívio. Ao que o irmão respondeu:

– Que dizes? Não sabes que não posso passar a noite fora da clausura do convento?

Oração de Santa Escolástica

Escolástica nada disse. Apenas abaixou a cabeça e, na inocência de seu coração, pediu a Deus que lhe concedesse a graça de estar um pouco mais com seu irmão e pai espiritual, a quem tanto amava. No mesmo instante o céu se toldou. Raios e trovões encheram o firmamento de luz. A chuva começou a cair torrencialmente. Era impossível subir o Monte Cassino naquelas condições. Escolástica apenas perguntou a seu irmão?

– Então, não vais sair? São Bento, percebendo o que se havia passado, perguntou-lhe:

– Que fizeste, minha irmã? Deus te perdoe por isso…

– Eu te pedi e não quiseste me atender. Pedi a Deus e Ele me ouviu – respondeu a cândida virgem.

A morte de Santa Escolástica

Passaram aquela noite em santo convívio, podendo o santo fundador regressar ao seu mosteiro apenas no outro dia pela manhã. De fato, confirmou-se o pressentimento de Escolástica. Entregou sua alma ao Criador três dias depois deste belo fato. São Bento viu, da janela de sua cela, a alma de Escolástica subir ao céu sob a forma de uma branca pomba, símbolo da inocência que ela sempre teve. Levou o corpo para seu mosteiro e aí o enterrou no túmulo que havia preparado para si próprio. Alguns meses mais tarde também faleceu São Bento. Ficaram assim unidos na morte aqueles dois irmãos que na vida terrena se haviam unido pela vocação.

Comentando este fato da vida dos dois grandes santos, São Gregório diz que o procedimento de Santa Escolástica foi correto, e Deus quis mostrar a força de alma de uma inocente, que colocou o amor a Ele acima até da própria razão ou regra. Segundo São João, “Deus é amor” (I Jo 4, 7) e não é de admirar que Santa Escolástica tenha sido mais poderosa que seu irmão, na força de sua oração cheia de amor. “Pôde mais quem amou mais”, ensina São Gregório. Aqui o amor venceu a razão, nesta singular contenda.

Por Irmã Juliane Campos, EP

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF