Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, o Santo
Padre falou sobre a ressurreição de Jesus, definindo-a "um testemunho
maravilhoso de como o amor é capaz de ressurgir após uma grande derrota para
continuar a sua viagem imparável". As feridas de Jesus "são a prova
de que no momento do nosso fracasso, Deus não recuou. Ele não desistiu de
nós".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
"O centro da nossa fé e o coração da nossa esperança
estão profundamente enraizados na ressurreição de Cristo." Com estas
palavras o Papa Leão XVI iniciou sua catequese na Audiência Geral, desta
quarta-feira (1°/10), realizada na Praça São Pedro.
De acordo com o Papa, "a ressurreição de Jesus não é
um triunfo retumbante, nem é uma vingança ou uma desforra contra os seus
inimigos. É um testemunho maravilhoso de como o amor é capaz de ressurgir após
uma grande derrota para continuar a sua viagem imparável".
“Quando recuperamos de um
trauma causado por outros, a nossa primeira reação é, normalmente, a raiva, o
desejo de fazer alguém pagar pelo que sofremos. O Ressuscitado não reage assim.
Tendo emergido das profundezas da morte, Jesus não se vinga. Não retribui com
gestos de poder, mas com mansidão manifesta a alegria de um amor maior do que
qualquer ferida e mais forte do que qualquer traição.”
Jesus leva o dom da paz
Leão XIV frisou que "o Ressuscitado não sente
necessidade de reiterar ou afirmar a sua superioridade. Ele aparece aos seus
amigos — os discípulos — e o faz com extrema discrição, sem forçar a sua
capacidade de o acolher. O seu único desejo é regressar à comunhão com
eles, ajudando-os a superar o sentimento de culpa. Vemos isso muito
claramente no Cenáculo, onde o Senhor aparece aos seus amigos aprisionados pelo
medo".
“É um momento que expressa uma
força extraordinária: Jesus, depois de descer às profundezas da morte para
libertar os que ali estavam presos, entra no quarto fechado dos paralisados pelo medo, levando um dom que
ninguém ousaria esperar: a paz.”
Serem instrumentos de reconciliação no mundo
"A sua saudação é simples, quase comum: «A paz
esteja com vocês!»", disse ainda o Papa, e "Jesus mostra aos
discípulos as mãos e o lado, marcados pelas marcas da sua paixão", ou
seja, "as feridas" que "não servem para repreender, mas
para confirmar um amor mais forte do que qualquer infidelidade. São a prova de
que no momento do nosso fracasso, Deus não recuou. Ele não desistiu de
nós". "O Senhor mostra-se nu e desarmado. Não exige, não chantageia.
O seu é um amor que não humilha; é a paz de quem sofreu por amor e agora pode
finalmente dizer que valeu a pena".
“No entanto, muitas vezes
mascaramos as nossas feridas por orgulho ou medo de parecermos fracos. Dizemos:
“Não faz mal”, “já passou”, mas não estamos verdadeiramente em paz com as
traições que nos feriram. Por vezes, preferimos esconder a nossa luta para
perdoar para não parecermos vulneráveis e
corrermos o risco de sofrer ainda mais. Jesus não faz
isso. Ele oferece as suas chagas como garantia de perdão. E mostra que a Ressurreição não é o apagamento do passado, mas a sua
transfiguração em esperança de misericórdia.”
«Tal como o Pai me enviou, também Eu vos envio». "Com
estas palavras", Jesus "confia aos apóstolos uma tarefa que não é
tanto um poder, mas uma responsabilidade: serem instrumentos de
reconciliação no mundo".
Redescobrir a beleza de regressar à vida
"Jesus sopra sobre eles e dá-lhes o Espírito Santo. É o
mesmo Espírito que o sustentou na sua obediência ao Pai e no seu amor até à
cruz. A partir desse momento, os apóstolos não podem mais calar-se sobre o que
viram e ouviram: que Deus perdoa, ressuscita e restaura a confiança",
disse ainda Leão XIV, acrescentando:
“Este é o cerne da missão da
Igreja: não exercer poder sobre os outros, mas comunicar a alegria daqueles que
foram amados precisamente quando não o mereciam. É a força que deu origem e
crescimento à comunidade cristã: homens e mulheres que descobriram a beleza de
regressar à vida para a dar aos outros.”
O Papa recordou que "também nós somos enviados", e
convidou a não ter medo de mostrar nossas feridas, "curadas pela
misericórdia", a não ter medo de nos "aproximar daqueles que estão
presos no medo ou na culpa". "Que o sopro do Espírito nos torne
também testemunhas dessa paz e desse amor mais forte do que qualquer
derrota", concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário