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quarta-feira, 21 de junho de 2023

Grech: Instrumentum laboris, experiência com a voz de todos

A coletiva de imprensa de apresentação do Instrumentum laboris da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos  (Vatican Media)

Na coletiva de imprensa de apresentação do Documento de Trabalho para a próxima reunião de outubro, o cardeal Grech o definiu como um fruto "de toda a Igreja, não escrito na escrivaninha". O relator geral, cardeal Hollerich: contém muitas perguntas diferentes às quais os participantes da assembleia sinodal terão que responder.

Alessandro Di Bussolo – Vatican News

O texto do Instrumentum laboris é “como um livro de receitas. Os cozinheiros recebem esse livro junto com alguns ingredientes: a sua missão é unir os diferentes ingredientes para satisfazer diferentes paladares”, graças ao Espírito Santo que os guia “para encontrar uma nova harmonia alimentar”. Um documento "de toda a Igreja, não escrito na escrivaninha, mas no qual todos são coautores, cada um pelo papel que é chamado a desempenhar na Igreja".

Assim, o cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, e o cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, descreveram o Instrumentum laboris da primeira sessão da Assembleia sobre o tema: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão”, que se realizará no Vaticano, na Sala Paulo VI, de 4 a 29 de outubro de 2023. O Documento de Trabalho foi apresentado na coletiva, na Sala de Imprensa da Santa Sé, na qual o pe. Giacomo Costa, consultor da Secretaria Geral do Sínodo, apresentou a metodologia da Assembleia sinodal, e um sacerdote, uma religiosa e uma leiga deram o seu testemunho sobre a preparação dos membros da assembleia de outubro e sobre a possível utilização do Instrumentum laboris por grupos locais.

Discernimento mundial

Um texto, apresentado nesta terça-feira (20/06), que não é "um tratado teológico sobre a sinodalidade", explicou Hollerich, mas "fruto de uma experiência de Igreja, de um caminho no qual todos aprendemos mais", no qual, esclarece o cardeal Grech, “não falta a voz de ninguém: do Santo Povo de Deus; dos pastores, que com a sua participação garantiram o discernimento eclesial; do Papa, que sempre nos acompanhou, nos apoiou, nos encorajou a ir em frente". Um texto que "não dá respostas, mas se limita a fazer perguntas". Serão os bispos, sublinha o relator geral, “por serem chamados a aperfeiçoar o discernimento iniciado no processo sinodal mundial”, que tentarão “dar respostas”. E esclarece que este texto deve ser usado com “harmonia-consentimento-guia do Espírito”. Não teremos que encontrar todas as respostas, acrescenta Grech, mas “uma Igreja realmente sinodal poderá responder a muitas das perguntas do homem de hoje”.

O cardeal Mario Grech durante a conferência de imprensa (Vatican Media)

As três fases

O cardeal secretário do Sínodo apresenta o documento como "uma semente que pode produzir muitos frutos", fruto de um processo sinodal que "envolveu toda a Igreja e todos na Igreja, na perspectiva do 'aperfeiçoamento' do Sínodo dos Bispos de evento a processo, desejado pelo Papa Francisco” com a constituição apostólica Episcopalis communio. Ele enfatiza que o Sínodo não começa em outubro próximo, mas começou em 10 de outubro de 2021, com a celebração de abertura em São Pedro. A partir de então a primeira fase foi dividida em etapa nas Igrejas locais, com a consulta ao Povo de Deus; a segunda, nas conferências episcopais, com o discernimento dos bispos sobre as contribuições das Igrejas locais; a terceira, nas Assembleias continentais, com um maior nível de discernimento em vista da segunda fase do Sínodo.

"Entre profecia e discernimento"

Uma escuta necessária, reitera o secretário-geral, porque “é um grande insulto” dizer que o Povo de Deus “não tem instrumentos para oferecer uma contribuição real ao processo sinodal”. A experiência vivida mostrou o contrário: onde os bispos iniciaram e acompanharam a consulta, a contribuição foi viva e profunda”. O mesmo acontece “a nível das paróquias, congregações de vida consagrada ou associações laicais e movimentos, onde os responsáveis ​​acompanharam e estimularam a consulta”. Durante estes dois anos, conta o secretário-geral do Sínodo, “encontrei bispos que antes eram céticos, mas caminhando mais de perto com o Povo de Deus a eles confiado, encontraram um tesouro inestimável!”. E descreve esta primeira fase "como um processo de profunda circularidade entre profecia e discernimento", com o Instrumentum laboris "ponto de chegada de um caminhar juntos" que se oferece também como "ponto de partida para a segunda fase do Sínodo, a da dupla Assembleia de outubro de 2023 e outubro de 2024”.

Um texto de experiências missionárias e comunitárias

O cardeal Grech conclui, enfatizando que as conclusões do Sínodo ainda não foram escritas e que a Secretaria do Sínodo sempre respeitou "o que emergiu das etapas do processo sinodal", começando pelo Documento Preparatório e depois o Documento para a Etapa Continental, e “o fazemos agora, com o Instrumentum laboris, que restitui toda a escuta da primeira fase através do discernimento das Assembleias continentais”. O cardeal Hollerich, arcebispo de Luxemburgo, esclarece que “não é um documento que, após várias emendas dos participantes do Sínodo, deva levar a uma versão final a ser votada no final do Sínodo”. Um texto que “oferece sobretudo uma narrativa do processo sinodal empreendido pela Igreja” e “baseia-se numa miríade de experiências pessoais e comunitárias”, porque “a Igreja está em Sínodo: tentando caminhar juntos, experimentamos uma nova arte de caminhar guiados pelo Espírito”. Nesta experiência de Igreja, sublinha o relator geral, “foi fundamental o método da conversa no Espírito: a mesma conversa no Espírito será o nosso principal instrumento de discernimento”.

O cardeal Jean-Claude Hollerich. À direita, pe. Giacomo Costa, consultor do Secretaria do Sínodo (Vatican Media)

Padre Costa: 370 membros no Sínodo

O tema é explorado pelo padre Costa, que recorda que a metodologia da assembleia de outubro de 2023 está em continuidade “com a das assembleias mais recentes, com algumas variações”. Em parte, devido ao aumento do número de membros da Assembleia. Serão cerca de vinte bispos a mais do que na última Assembleia Geral Ordinária, a de 2018, “dado o crescimento do número de bispos no mundo”. E o número de não bispos está aumentando, após a extensão da participação aprovada pelo Papa Francisco em abril. Assim, haverá cerca de 370 membros da Assembleia, excluindo os especialistas, enquanto em 2018 havia 267 padres sinodais, mais cerca de cinquenta auditores. Com base nas prioridades expressas pelas sete assembleias continentais, o consultor da Secretaria do Sínodo explica que "emergiu o desejo de continuar utilizando o método da conversa no Espírito para a escuta e o discernimento em comum, que marcou profundamente a fase consultiva do caminho sinodal". Um método que pode ser descrito como "uma oração compartilhada em vista de um discernimento comum, para o qual os participantes se preparam com reflexão e meditação pessoal". Uma conversa que “é tanto mais fecunda quanto mais todos os participantes nela se comprometem com convicção, partilhando experiências, carismas e ministérios a serviço do Evangelho”. E que pretende alcançar, também abordando junto "assuntos controversos", um consenso "inclusivo", em que todos possam se sentir representados, sem transcurar os pontos de vista marginais nem transcurar os pontos em que emerge uma divergência, que não deve ser eliminada, mas submetida a discernimento".

O método

Esta conversa, esclarece o pe. Costa, articula-se em três momentos: o “tomar a palavra por parte de cada um, a partir da sua própria experiência relida na oração durante o tempo de preparação”; outro tomar a falar "para expressar o que mais o tocou durante a escuta profunda e quando ouviu o Espírito Santo fazer ressoar a sua própria voz"; por fim, “identificam-se os pontos-chave que surgiram durante a conversa e colhem-se os frutos do trabalho comum, tendo em vista da passagem à ação”. Em comparação com o passado, haverá “alguns momentos de oração comum” e algumas celebrações litúrgicas, “além da oração com que abre e fecha cada sessão”.

Outra imagem da mesa dos relatores da coletiva de imprensa (Vatican Media)

A Sala Paulo VI acolherá os trabalhos do Sínodo

Os trabalhos da Assembleia serão estruturados em cinco segmentos, de acordo com o desenvolvimento do Instrumentum laboris, sendo que o último segmento "será dedicado a recolher os frutos e sua formulação num texto que os torne comunicáveis ​​e, em relação às propostas mais concretas, também viáveis, no período de tempo que separa as duas sessões (2023 e 2024). As votações permitirão apreender o consenso que esta formulação desfruta". Entre as duas sessões “se continuará caminhando juntos nas Igrejas e entre as Igrejas”, sublinha o pe. Costa, identificando “quais os bloqueios que impedem o caminho” e aprofundando “as questões sobre as quais ainda não amadureceu um consenso suficiente”. Uma novidade logística será o local que acolherá a assembleia, não a Sala Nova do Sínodo, mas a Sala Paulo VI, que é "grande o suficiente para acomodar todos os participantes - explica Costa - enquanto na Sala Nova do Sínodo caberia apenas os membros e não os especialistas. Mas, sobretudo, a Sala Paulo VI pode ser dotada de mesas nas quais se sentar em grupos de cerca de dez pessoas, agilizando a passagem entre as sessões plenárias e os trabalhos de grupo e sobretudo facilitando a dinâmica da conversa no Espírito”.

Os testemunhos

Nos três testemunhos dos futuros membros da assembleia, a suíça Helena Jeppesen-Spuhler, da Ação Quaresmal, destaca que em todas as fases do caminho sinodal realizado até agora “nossas preocupações e nossas necessidades são ouvidas. Não somos simplesmente cristãos que esperam receber e aceitar regras e prescrições. A maneira como nós fiéis entendemos a fé cristã em nosso contexto específico é agora uma questão de interesse. E nos respectivos textos, nos quais foram sintetizados os resultados dos processos de escuta e discernimento, as nossas preocupações são realmente acolhidas”. Em preparação para a assembleia de outubro, um “pré-sínodo” dos jovens será realizado na Suíça, e o Instrumentum laboris será discutido por organizações femininas, por alguns conselhos diocesanos, por delegados de Praga, por grupos sinodais nacionais e diocesanos e pela Conferência Episcopal, para que "os participantes do Sínodo não representem apenas a si mesmos".

Pe. Rafael Simbine Junior, conectado da África, secretário-geral do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (Secam), representado por uma irmã, se une, anunciando um seminário programado para a preparação dos delegados africanos para a assembleia geral de outubro. Por fim, a irmã Nadia Coppa, presidente da UISG, a União Internacional das Superioras Gerais, anuncia que o documento será apresentado em breve às quase duas mil líderes das congregações femininas em um webinar on-line. Do Instrumentum laboris, ela destaca a validade das ideias oferecidas pelas fichas de trabalho, que "tocam diferentes e importantes perspectivas (teológica, pastoral, canônica...)".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 20 de junho de 2023

A mediação de Maria - Parte IV

“Madonna della Purità”, de Luca Giordano, preservada no Museu do Tesouro de São Januário e apresentada à imprensa em 6 de junho após restauração. ANSA/CIRO FUSCO  (ANSA)

“No decurso dos séculos a Igreja refletiu sobre a cooperação de Maria na obra da salvação, aprofundando a análise da sua associação ao sacrifício redentor de Cristo. Já Santo Agostinho atribui à Virgem a qualificação de ‘cooperadora’ da Redenção."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Temos ressaltado entre outros, nesta série de programas sobre a mediação de Maria, que a Constituição Dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II não teve a pretensão de "propor toda a doutrina acerca de Maria, nem de dirimir as questões ainda não totalmente esclarecidas pelos teólogos".  Neste sentido, o n. 54 esclarece que, "conservam, por isso, os seus direitos as opiniões que nas escolas católicas livremente se propõem acerca daquela que na santa Igreja ocupa depois de Cristo o lugar mais elevado e também o mais próximo de nós”.

São João Paulo II, em 1997,  destacou que "o ensinamento da Igreja sublinha com clareza a diferença entre a Mãe e o Filho na obra da salvação, ilustrando a subordinação da Virgem, enquanto cooperadora, ao único Redentor. o ensinamento da Igreja sublinha com clareza a diferença entre a Mãe e o Filho na obra da salvação, ilustrando a subordinação da Virgem, enquanto cooperadora, ao único Redentor."

Mais recentemente, o Papa Francisco  chamou-nos a atenção para outro aspecto, afirmando que "São Bernardo disse-nos que quando falamos de Maria, nunca são suficientes o louvor, os títulos de louvor, mas eles em nada tocavam este seu discipulado humilde. Discípula! Fiel ao seu Mestre, que é o seu Filho, o único Redentor, jamais quis reter para si algo do seu Filho. Nunca se apresentou como corredentora. Não, discípula!".

A mediação de Maria vem sendo o tema das reflexões do Pe. Gerson Schmidt*, que no programa de hoje destaca outros aspectos levantados pelos Padres da Igreja, teólogos e Pontífices:

"São Luís Maria Grignon de Montfort resume todo o fundamento da doutrina católica acerca da participação da Mãe de Deus na redenção da humanidade, afirmando assim: "Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por Ela que deve reinar no mundo". Como em Deus não há movimento nem mudança, a sua vontade permanece sempre a mesma para todos os efeitos [4]. Ora, Ele escolheu livremente ter uma mãe segundo a carne humana e manter-se submisso aos seus cuidados durante a maior parte de sua vida terrena. Não é difícil concluir, portanto, que essa maternidade divina continua no Céu. A própria Sagrada Escritura nos confirma isso em inúmeras passagens, em especial, nos relatos de São João sobre as últimas palavras de Cristo pregado à cruz: Maria é dada como mãe para toda a humanidade (cf. Jo 19, 25-27; Gn 3, 15; Ap 12, 1-18). E é por meio da cooperação dessa mesma Mãe que nos devem chegar todas as graças da salvação, ou seja, o próprio Jesus Cristo. Estamos plenamente de acordo com estas palavras do eminente mariólogo Pe. Marceliano Lamera: “A Corredenção é uma função maternal, ou seja, é adequada a Maria que a exerce em sua condição de Mãe. Ela é Corredentora por ser mãe. É Mãe Corredentora” […][1].

Santos de todas as épocas dão crédito a essa doutrina. Falando sobre a cooperação de Nossa Senhora na obra da Redenção, Santo Irineu disse: "Obedecendo, Ela tornou-se causa de salvação para si e para todo o gênero humano". A Virgem Santíssima completou na própria carne as dores que faltaram à Cruz de Cristo. Algo semelhante escreveu um discípulo de Santo Anselmo: "Deus é Senhor de todas as coisas, constituindo cada uma delas na sua própria natureza pela voz do seu poder, e Maria é Senhora de todas as coisas, reconstituindo-as na sua dignidade primitiva pela graça, que lhes mereceu".  E para que não reste qualquer dúvida dessa cooperação de Maria, citemos a profecia de Simeão acerca da espada de dor com a qual Ela seria ferida (cf. Lc 2, 35). A Virgem Santíssima completou na própria carne as dores que faltaram à Cruz de Cristo, segundo o ensinamento de São Paulo (cf. Col 1, 24). No último século, o Magistério ordinário da Igreja também falou repetidas vezes sobre o mesmo assunto.

Santos de todas as épocas dão crédito a participação de Maria como corredentora. Falando sobre a cooperação de Nossa Senhora na obra da Redenção, Santo Irineu disse: "Obedecendo, Ela tornou-se causa de salvação para si e para todo o gênero humano". Leão XIII, por exemplo, redigiu 13 encíclicas para ressaltar o valor da oração do Rosário. É de sua pena esta belíssima prece, na qual o grande pontífice pede que a Virgem "restitua a tranquilidade da paz aos espíritos angustiados; apresse enfim, na vida privada como na vida pública, o retorno a Jesus Cristo": "Que, no seu poder, a Virgem Mãe, que outrora cooperou por seu amor no nascimento dos fiéis na Igreja, seja ainda agora o instrumento e a guardiã da nossa salvação".

O Papa Pio XII que, conforme contam algumas testemunhas, teria visto o milagre do sol nos jardins do Vaticano, ensinava: "Se Maria, na obra da salvação espiritual, foi associada por vontade de Deus a Jesus Cristo, princípio de salvação, pode-se dizer igualmente que esta gloriosíssima Senhora foi escolhida para Mãe de Cristo 'para lhe ser associada na redenção do gênero humano'". Palavras semelhantes são encontradas também nas cartas de Pio X, Bento XV, Pio XI, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II.

Paulo VI afirmou assim: “A reforma pós-conciliar considerou a Virgem Maria com uma perspectiva adequada no mistério de Cristo; reconheceu-Lhe o lugar singular que Lhe compete no culto cristão, enquanto alma cooperadora do Redentor”.

São João Paulo II, logo após, afirmou assim: “Maria, enquanto concebida e nascida sem a mancha do pecado, participou de forma admirável nos sofrimentos do seu divino Filho, a fim de ser Corredentora da Humanidade”[2]. Continua João Paulo II afirmando em outra audiência geral em 1997: “No decurso dos séculos a Igreja refletiu sobre a cooperação de Maria na obra da salvação, aprofundando a análise da sua associação ao sacrifício redentor de Cristo. Já Santo Agostinho atribui à Virgem a qualificação de ‘cooperadora’ da Redenção. […] Aplicado a Maria, o termo ‘cooperadora’ assume, porém, um significado específico. A colaboração dos cristãos na salvação atua-se depois do evento do Calvário, cujos frutos eles se empenham em difundir mediante a oração e o sacrifício. O concurso de Maria, ao contrário, atuou-se durante o evento mesmo e a título de Mãe; estende-se, portanto, à totalidade da obra salvífica de Cristo. Somente Ela esteve associada deste modo à oferta redentora, que mereceu a salvação de todos os homens. Em união com Cristo e submetida a Ele, colaborou para obter a graça da salvação à humanidade inteira”[3]."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

_______________________

[1] LAMERA, OP, Marceliano. María, Madre corredentora o la maternidad divino-espiritual de María y la Corredención. In: Estudios Marianos. Madrid. N.7 (1948); p.146.
[2] SÃO JOÃO PAULO II. Audiência, 8/9/1982.
[3] SÃO JOÃO PAULO II. Audiência geral, 9/4/1997.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Sabedoria monástica

Dima Moroz - Shutterstock / San Gregorio Magno al Celio

Por Vanderlei de Lima

Nos seus dezoito anos de Prior geral da Congregação, Dom Benedetto formulou, de modo rápido e certeiro, quatro pontos programáticos que buscou seguir à risca.

Eis um denso livro que reúne parte da grande obra escrita deixada por Dom Benedetto Calati, OSB Cam (1914-2000), prior geral da Congregação Camaldolense da Ordem de São Bento de 1969 a 1987.

Dom Benedetto é, por certo, o grande nome de destaque entre os camaldolenses do século XX e poderia, talvez, ser definido como um monge “de visão abrangente”. Foi ele quem reelaborou a fundamentação da vida monástica de sua Congregação nas suas raízes dos Padres da Igreja e na Palavra de Deus, como atestam seus numerosos escritos, seu magistério exercido na Faculdade Teológica do Ateneo Anselmianum e em outras Faculdades de Roma, suas homilias e diferentes tipos de encontros. Buscou tratar seus coirmãos de um modo muito humano, sem, ao mesmo tempo, se descuidar do que pedia a Igreja no seu tempo, sobretudo por meio do Concílio Vaticano II (1962-1965), inclusive em seus antecedentes e posteriores aplicações.

“Teve extremo respeito pelos moradores habituais do eremitério, mas diante da incongruência de alguns usos relativos aos horários, abstinências e jejuns ou silêncios prolongados, que se refletiam em doenças e neuroses por vezes evidentes, lembrou-se do ensinamento de seu bom Pedro, o Venerável, sendo pródigo nas dispensas com todos, até que terminou por estabelecer novos hábitos, aplicáveis a todos e adequados às dimensões humanas. Se alguém protestasse, ele respondia propondo a escolha da liberdade. Cada um deveria se sentir plenamente livre em empenhar-se a um estilo de vida mais rigoroso, se assim o considerasse oportuno. Ele, ao invés, o Prior, pensava que não deveria ser obrigatório para todos aquilo que nem todos conseguiam suportar com ânimo sereno e com corpo são” (p. 70; cf. Regra de São Bento 64,19).

Nos seus dezoito anos de Prior geral da Congregação, Dom Benedetto formulou, de modo rápido e certeiro, quatro pontos programáticos que buscou seguir à risca. São eles: “1) A atenção constante à Palavra de Deus no empenho pela lectio divina e pela homilia cotidianas. 2) O privilegium amoris (primado do amor) pela pessoa humana à luz da primazia do homem sobre qualquer outra lei ou costume humano, pois o sábado é feito para o homem e não o homem para o sábado. 3) A fidelidade à oração comum para que a celebração litúrgica permaneça como fons et culmen (fonte e ápice) de todo e qualquer modo de viver em comunidade. 4) A abertura às pessoas, no diálogo constante com quem quer que se dirija aos monges, mas também na proposta ecumênica, tida como legítima e verdadeira prova da autenticidade de uma vocação monástica” (p. 71).

Ainda: Dom Benedetto realça a harmonia de vida presente no triplex bonum ao escrever o que segue: “Camáldoli tinha sido fundada sobre a tradição beneditina, relida por um homem profético, Romualdo de Ravena, e se havia enriquecido com fortes influências do monaquismo oriental e anglo-germânico. O triplex bonum (tríplice bem) – cenóbio, eremitério, evangelium paganorum (evangelização dos pagãos) – de inspiração romualdina, superava todo critério meramente jurídico e apelava para a síntese e a comunhão, não exterior, mas evangelicamente libertadora. O primado do eremitério, como sinal de liberdade pascal, encontrava significativamente o equilíbrio entre a experiência cenobítica e o carisma missionário” (p. 448). 

 Sim, realcemos um dado assaz importante, mas talvez pouco conhecido do grande público: “a Congregação Camaldolense da Ordem de São Bento é constituída por eremitérios e mosteiros. O elemento característico da tradição camaldolense é a unidade da família monástica no triplo bem de cenóbio-eremitério-evangelização. Três são os bens para aqueles que procuram o caminho do Senhor: para os noviços que vêm do mundo, o desejável cenóbio; para os maduros sedentos de Deus, a áurea solidão do eremitério; enfim, para aqueles que anseiam ‘dissolver-se e estar com Cristo’, o anúncio do Evangelho entre os pagãos” (VV. AA. Como água da fonte. São Paulo: Loyola, 2009, p. 11. Cf. São Bruno di Querfurt. Vita dei Cinque Fratelli. Camáldoli, 1951, p. 41).

Estudemos Sabedoria monástica com estima e sentir-nos-emos reanimados na oferta da própria vida a Deus e ao próximo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa: deixar-se maravilhar pela imensão do universo, sem esquecer do amor e da compaixão

"Quando contemplo o firmamento, obra de vossos dedos, a lua e as estrelas que lá fixastes: ‘‘Que é o homem – digo-me então –, para pensardes nele?" (Salmo 8, 4-5)  (Public)

"A coisa mais surpreendente deste universo é que ele contém criaturas como nós que são capazes de observá-lo com admiração e "questioná-lo"", disse o Papa na mensagem aos jovens pesquisadores.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Na busca por respostas, deixar-se maravilhar por eventuais surpresas, sempre movidos pelo amor à verdade e maravilhados com tudo o que cada fragmento do universo oferece, é uma das exortações do Papa na mensagem enviada nesta terça-feira aos participantes Escola de Verão de Astronomia e Astrofísica da Specola Vaticana. Francisco destaca ainda que, mesmo "que o seu olhar passe pela janela da astronomia, não se esqueçam das outras janelas que podem lhe mostrar realidades importantes, como a compaixão e o amor".

São vinte e quatro os estudantes provenientes de vinte países, dentre os quais Argentina, Colômbia, Bangladesh, Índia, China, Cazaquistão, Líbano, Holanda e África do Sul, que desde o dia 4 até 30 de junho realizam um percurso de estudos e pesquisa na Escola de Verão do Observatório Astronômico Vaticano, localizada nos jardins pontifícios de Castel Gandolfo. 

Exploração do universo revela suas maravilhas

Francisco começa recordando na mensagem que "nos últimos tempos, todos nós ficamos fascinados com as grandes descobertas sobre o universo que os astrônomos nos oferecem. As maravilhosas imagens enviadas pelo novo Telescópio Espacial James Webb nos deixam maravilhados, e quando o Observatório Vera Rubin estiver operacional - observou o Papa - promete nos deixar ver como o universo cresce e muda diante de nossos olhos".

O que impressiona de forma particular - afirmou o Santo Padre -  é "a vastidão do universo que estamos descobrindo. É surpreendente considerar suas enormes dimensões e o incrível número de galáxias, estrelas e planetas que foram identificados."

A dimensão do universo sempre foi fonte de estupor, disse o Papa, ilustrando com o que Salmista escrevia há 2.500 anos: "Quando contemplo o firmamento, obra de vossos dedos, a lua e as estrelas que lá fixastes: ‘'Que é o homem – digo-me então –, para pensardes nele?'“(Sl 8,4-5)

"Pode parecer fascinante, até mesmo assustador", disse Francisco na mensagem a estes jovens do século 21, que "se propõe nesta Escola de Verão abraçar a vastidão do universo e desenvolver métodos com os quais poder encontrar sementes de compreensão dentro do fluxo constante de novos dados."

Deixar-se surpreender por descobertas não previstas

E precisamente estas ferramentas que eles estão adquirindo neste encontro de quase um mês, os ajudarão a entender o universo. Mas o Papa chama a atenção para um aspecto: mesmo dispondo das melhores ferramentas, "a qualidade dos resultados depende da habilidade do artesão":

Uma grande tentação, quer na ciência como na filosofia, é procurar obter apenas as respostas que esperamos, enquanto somos também capazes de nos deixar maravilhar por eventuais inovações não planejadas.

Neste sentido, o conselho aos jovens a "não ficarem satisfeitos com os resultados de seus estudos até o ponto que não serem também surpreendidos por eles".

Não esquecer da compaixão e do amor, que mostram realidades importantes

"E mesmo que o olhar de vocês passe pela janela da astronomia - é seu pedido -, não se esqueçam das outras janelas que podem lhes mostrar realidades importantes, como a compaixão e o amor, realidades que vocês também estão encontrando na amizade que está crescendo entre vocês nestes dias."

E a coisa mais surpreendente deste universo, diz o Santo Padre, "é que ele contém criaturas como nós que são capazes de observá-lo com admiração e "questioná-lo"". De fato, o salmista pergunta: ‘Que é o homem para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles? Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes." (Sl 8, 5-6)

Ser movidos pelo amor à verdade

Quer em sua pesquisa quanto em sua vida - foi a exortação final de Francisco aos jovens pesquisadores - "nunca percam o senso do estupor. Que vocês possam sempre ser movidos pelo amor à verdade e maravilhados com tudo o que cada fragmento do universo lhes oferece."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Hoje é a festa de São João de Matera, monge eremita

São João de Matera | ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 20 Jun. 23 / 05:00 am (ACI).- São João de Matera foi um monge italiano que fundou a congregação beneditina de Pulsano e viveu como eremita nas montanhas do sul da Itália.

Sua congregação fazia parte da grande família beneditina, mas há muito desapareceu.

O santo nasceu na cidade de Matera (que na época pertencia ao reinado de Nápoles), na Itália, por volta de 1070.

Quando ainda era criança, sonhava em viver como um eremita. Por isso, deixou a casa dos pais e viajou para uma ilha, em frente a Taranto, onde existia um mosteiro, no qual ingressou como pastor dos rebanhos dos monges.

Em Ginosa começou a pregar e a promover a restauração da igreja, que se tornou o núcleo de um convento. Um dia foi acusado de se apropriar de propriedade de uma igreja e foi preso depois de ser acusado diante do governador da província.

Pouco depois de estar na prisão, escapou de uma forma que ninguém conseguia explicar, por isso, dizia-se que tinha sido libertado por um anjo. Chegou a Cápua e teve que seguir viagem, pois os moradores não permitiram que ficasse.

Em Bari, foi acusado de herege pela austeridade que pregava, mas foi libertado após se defender brilhantemente nos tribunais.

Em 1130, no antigo mosteiro de são Gregório de Pulsano, que reconstruiu, fundou uma congregação monástica na qual conferiu a regra de são Bento e foi abade por 10 anos.

Em pouco tempo, a comunidade já contava com 50 monges e se tornou muito conhecida. Morreu em 20 de junho de 1139, em Foggia (Pulla), onde tinha ido para difundir a congregação.

Fonte: https://www.acidigital.com/

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Por que Jesus foi condenado à morte?

Cristo Redentor | Presbíteros

Por que Jesus foi condenado à morte?

A figura de Jesus de Nazaré ficava cada vez mais controvertida na medida do avanço de sua pregação. As autoridades religiosas de Jerusalém mostravam-se cada vez mais inquietas com a agitação que o mestre chegado da Galileia para a Páscoa suscitava no povo. As elites imperiais também, desde que algumas vezes em que periodicamente renasciam levantes contra a ocupação romana, que eram encabeçados por líderes locais que apelavam ao caráter próprio dos judeus, as notícias que chegavam sobre este mestre que falava de preparação para a chegada do “reino de Deus’ não eram nada tranquilizadoras. Os dois grupos estavam, desde logo prevenidos contra ele por diversos motivos.

Jesus foi detido e seu caso foi examinado diante do Sinédrio. Não se tratou de um processo formal, com os procedimentos que mais tarde se recolheriam na Misná ( Sanhedrin IV,1) – e que exigem entre outras coisas que se tramite de dia – ao invés de um interrogatório domiciliar particular para contrastar as acusações recebidas ou das suspeitas que havia sobre os seus ensinamentos. Concretamente: sobre a atitude crítica perante ao templo; o halo messiânico em torno de sua pessoa que provocava com suas palavras e atitudes; sobretudo no que se refere a pretensão que se lhe atribuía de possuir dignidade divina. Talvez o que realmente preocupava as autoridades religiosas era a agitação que temiam provocaria contra os padrões estabelecidos, mais do que as questões religiosas. Poderia dar lugar a um agitação popular que os romanos não tolerariam, e que poderia derivar a uma situação pior do que existiam nesse momento.

As coisas estavam desta forma e trasladaram a causa a Pilatos, e o contencioso legal contra Jesus foi levado perante a autoridade romana. Perante Pilatos se apresentaram os temores de que aquele que falava de um “reino” poderia se um perigo para Roma. O procurador tinha diante dele duas formas possíveis para enfrentar a situação. Uma delas, o coercitio (“castigo, medida de força”) que lhe outorgava a capacidade de aplicar as medidas oportunas para manter a ordem pública. Amparando-se nela poderia infligir lhe um castigo exemplar ou incluso ter lhe condenado a morte para que servisse como correção. Ou ainda, poderia estabelecer um coginitio (“conhecimento”), um processo formal em que se formulava a acusação, havia um interrogatório e se ditava uma sentença de acordo com a lei.

Parece que houve momentos de dúvida de Pilatos sobre o procedimento, ainda que finalmente optou por um processo segundo a fórmula mais habitual nas províncias romanas, a chamada cognitio extra ordinem, que significava um processo no qual o próprio pretor determinava o procedimento e ele mesmo ditava a sentença. Isso se pode concluir de alguns detalhes aparentemente acidentais que ficaram refletidos nos relatos: Pilatos recebe as acusações, interroga, se senta no tribunal para ditar a sentença (Jn 19,13; Mt 27,19), e a condenação à morte na cruz por um delito formal: foi justiciado como “rei dos judeus” segundo fez-se constar no titulus crucis.

As valorizações históricas em torno da condenação à morte de Jesus devem ser muito prudentes, para não fazermos generalizações precipitadas que levam a valorizações injustas. Concretamente, é importante fazer notar – ainda que seja óbvio – que os judeus não são coletivamente responsáveis da morte de Jesus. ‘Tendo em conta que nossos pecados atingem a Jesus mesmo (cf. Mt 25,45; Atos 9,4-5), a Igreja não duvida em imputar aos cristãos a responsabilidade mais grave no suplício de Jesus, responsabilidade na qual eles com demasiada frequência, tem oprimido aos Judeus” (Catecismo da Igreja Católica, n. 598).

BIBLIOGRAFIA

LÉGASSE, Simon, El proceso de Jesús. La historia (Desclée de Brouwer, Bilbao 1995)

VARO, Francisco, Rabí Jesús de Nazaret (B.A.C., Madrid, 2005) pp. 186-188.

Fonte: Opus Dei

https://presbiteros.org.br/

O alerta sobre a mídia que Bento XVI fez aos pais

Por Syda Productions/Shutterstock

Por Philip Kosloski

No mundo de hoje, que está viciado em mídia, é possível estar fisicamente presente na mesma sala que seus filhos, mas estar totalmente ausente.

É extremamente comum na cultura de hoje ver uma pequena e simpática família rodeando a mesa de jantar, totalmente distraída com seus smartphones. Cada membro da família parece estar em seu próprio mundo, absorto na tela.

Embora possa parecer uma parte normal da vida moderna, o Papa Bento XVI via isso como um obstáculo à nossa compreensão da paternidade.

Ele explicou seu ponto de vista em uma audiência geral de 2013.

“Hoje, nem sempre é fácil falar de paternidade. Sobretudo no mundo ocidental, as famílias desagregadas, os compromissos de trabalho cada vez mais exigentes, as preocupações e muitas vezes a dificuldade de adaptar os balanços familiares e a invasão distraída dos mass media no interior da vida quotidiana são alguns dos numerosos fatores que podem impedir uma relação tranquila e construtiva entre pais e filhos.”

Para Bento XVI, a mídia – e aqui podemos incluir as redes sociais – pode impactar a visão de uma criança sobre a paternidade pois causa distância entre os pais e os filhos:

“Às vezes a comunicação torna-se difícil, a confiança diminui e o relacionamento com a figura paterna pode tornar-se problemático; e assim, na ausência de um modelo de referência adequado, é difícil também imaginar Deus como um Pai. Para quantos fizeram a experiência de um pai demasiado autoritário e inflexível, ou indiferente e pouco carinhoso ou até mesmo ausente, não é fácil pensar com serenidade em Deus como Pai e abandonar-se a Ele com confiança.”

No mundo de hoje, que está viciado em mídia, é possível estar fisicamente presente na mesma sala que seus filhos, mas estar totalmente ausente.

Embora a tecnologia moderna nos ofereça muitos benefícios e possa nos conectar com pessoas ao redor do mundo, ela pode nos distrair de nossa própria família na mesa de jantar.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Livrar-se de preconceitos

Livrar-se de preconceitos | arquidiocesebh

LIVRAR-SE DE PRECONCEITOS

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)

O preconceito, em suas diferentes formas de manifestação, conduz historicamente a sociedade brasileira a lamentáveis atrasos, que podem gerar ainda mais preconceitos. Um ciclo perverso com consequências especialmente graves para o grande contingente de excluídos. Os meios de comunicação dedicam serviço relevante ao denunciar o preconceito, convocando diferentes segmentos do País a contribuir para mudar a realidade acentuadamente desigual. Além disso, crescem as providências legislativas e as mobilizações cidadãs para enfrentar as discriminações. Mas ainda se está muito distante de cenários aceitáveis. Prevalecem atitudes que perpetuam exclusões na organização sociopolítica. Dentre as consequências dessas exclusões está a multiplicação dos pobres, com significativa parcela da população encarcerada na fome, para que pequenos grupos possam usufruir de privilégios. Há muito o que fazer: investir nas articulações sistêmicas, com o envolvimento de diferentes instituições sociais, para superar essa situação preocupante. Igualmente urgente: deve-se cuidar para construir uma base insubstituível de formação moral e cultural, capaz de refinar sentimentos e promover uma adequada compreensão humanística a respeito do semelhante. Assim, pode-se tocar no coração de cada pessoa, em um amplo processo educativo.  

Enquanto se aplica a legislação no combate aos preconceitos e discriminações é muito importante investir na dimensão moral da sociedade. A moral cristã é capaz de oferecer fundamentos essenciais: na maestria pedagógica de Jesus, referência especial ao famoso Sermão da Montanha, narrado pelo evangelista Mateus, está uma interpelante indicação do Mestre – não cometer homicídio, nem ofender o semelhante. A orientação de Jesus é jamais faltar com a caridade, nunca negociar o devido respeito à dignidade de toda pessoa.  Mas, por fragilidade emocional, pela soberba de apegar-se aos próprios juízos, o ser humano relativiza a lição de Jesus. Com isso, esquece-se do que diz a Palavra de Deus: “Quem cometer homicídio, será réu no julgamento” e “aquele que tratar seu irmão com ira, será réu no julgamento”.  

A justiça não pode ser comprometida e, por isso mesmo, deve-se revestir o coração com uma espiritualidade qualificante, capaz de ajudar o ser humano a saber tratar o seu semelhante. O horizonte cristão com seus princípios morais e educativos é luminoso, pois contribui para debelar atitudes preconceituosas. Esse horizonte traz um conjunto de indicações que, se devidamente acolhidas, podem recompor sentimentos na contramão de perversidades. Dentre as indicações, oportuno é retomar o que diz o apóstolo Paulo, na sua Carta aos Romanos: “Não te deixes vencer pelo mal, vences antes o mal com o bem”. Trata-se de um princípio clássico para vencer atitudes discriminatórias. A orientação do Apóstolo abre um fecundo itinerário para enfrentar preconceitos, pois convoca o ser humano a sensibilizar-se diante do sofrimento do próximo, especialmente dos pobres e vulneráveis. Assim, ao invés de excluir, de discriminar, prioriza-se o bem do semelhante, daqueles que são pobres e historicamente carregam o peso da discriminação.  

Os princípios cristãos têm força incidente para romper com o círculo vicioso que aprisiona a sociedade em uma convivência ilusória e perversa, com dinâmicas que excluem muitas pessoas. Esse círculo pode ser vencido ao se investir no amor fraterno, antídoto para preconceitos de todo tipo. A lógica do amor cristão não pode ser relativizada, mas assumida radicalmente, em uma experiência espiritual que confere à mente humana a capacidade para estabelecer relações pautadas no respeito, no reconhecimento e na reverência a cada pessoa. Assim, a espiritualidade cristã cumpre um papel profético, capaz de levar a mudanças urgentes na sociedade. São, pois, importantes e urgentes as providências legislativas para coibir discriminações, o trabalho educativo e permanente de instituições que buscam vencer preconceitos. Especialmente indispensável é a assimilação dos princípios morais cristãos, capazes de inspirar a constituição de novo tecido sociopolítico no Brasil, permitindo ao país livrar-se de preconceitos.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A JMJ Lisboa 2023 vai acontecer com o papa Francisco, reafirma dom Américo Aguiar

Dom Américo Aguiar fala com jornalistas / JMJ Lisboa 2023

Lisboa, 16 Jun. 23 / 11:54 am (ACI).- O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 e bispo auxiliar de Lisboa, dom Américo Aguiar, afirmou que o papa Francisco vai estar na jornada, que acontecerá de 1º a 6 de agosto, na capital portuguesa.

“Eu peço-vos que não alimentem essa possibilidade, porque isso causa nas pessoas uma grande ansiedade”, disse dom Aguiar disse aos jornalistas na manhã de ontem (15), na sede da Fundação JMJ Lisboa 2023. “Não vejo justificação nenhuma para estarmos com plano A, B, C, porque isso só destrói o espírito da preparação da Jornada. A JMJ vai realizar-se em Lisboa, com o papa Francisco, de certeza absoluta”.

O papa Francisco teve alta hoje (16) do Hospital Gemelli, em Roma. Ele estava internado desde o dia 7 de junho, quando foi submetido a uma cirurgia abdominal, devido a um risco de obstrução intestinal.

A viagem do papa Francisco a Portugal está marcada para acontecer entre os dias 2 e 6 de agosto. Francisco participará dos eventos da JMJ, como a cerimônia de acolhida em 3 de agosto, a confissão de alguns jovens na manhã do dia 4 e a participação na via-sacra na noite do mesmo dia, a vigília com os jovens no dia 5 e a missa de encerramento da jornada e o encontro com os voluntários no dia 6.

Além disso, o programa da viagem inclui encontros com autoridades, religiosos, estudantes, representantes de centros de assistência sócio-caritativa e uma visita ao santuário de Fátima para rezar com jovens doentes na capelinha das aparições.

Dom Américo Aguiar disse que “todos os dias” a organização da jornada se prepara para receber o papa. “O nosso querido papa Francisco vai estar conosco”, disse.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Os caminhos para encontrar a paz interior, segundo São Romualdo

Sailko | CC

Por Philip Kosloski

O monge deixou uma regra que pode nos inspirar no desafio de abrirmos nossas almas diante de Deus.

O italiano São Romualdo viveu no século X e é um dos grandes representantes do ascetismo da vida eremítica.

Depois de levar uma vida de pecado, Romualdo tornou-semonge, mas não estava satisfeito com os rigores da comunidade onde vivia. Então, ele entrou para um mosteiro beneditino. Depois viajou pela Itália, reformando mosteiros e ermidas. Finalmente se estabeleceu e fundou a Ordem Camaldulense, marcada pelo silêncio, pelo trabalho e pela penitência.

Romualdo deixou uma Regra que é simples, mas profunda. Ela pode nos ajudar em nossa vida de oração e nos levar à paz interior. Confira:

  1. Sente-se na sua cela [quarto ou casa] como se estivesse no paraíso;
  2. descarte toda lembrança do mundo atrás de você;
  3. vigie seus pensamentos como um bom pescador fisga o peixe;
  4. nos Salmos há um caminho – não o abandone (…). Ore um pouco aqui e um pouco ali, estudando cada um com toda a sua mente e espírito, e quando sua mente vagar durante a leitura – não desista, corra para concentrar-se;
  5. coloque-se na presença de Deus com medo e temor, como se estivesse diante do imperador.
  6. esvazie-se completamente e sente-se esperando, contente-se com a graça de Deus, como a garota que nada sabe e não come nada além do que sua mãe lhe traz.
Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF