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sábado, 22 de março de 2025

Cartas para Francisco: um aumento de até 150 kg a mais por dia nos correios da Itália

O trabalho nas agências de "Poste Italiane", os correios na Itália (Vatican Media)

Desde sua internação no Hospital Gemelli, em 14 de fevereiro, houve um aumento acentuado no volume de correspondências endereçadas ao Papa. Mas as mensagens, muitas vezes acompanhadas de desenhos e provenientes de todo o mundo, enfrentam uma longa viagem antes de chegar ao destinatário.

Lorena Leonardi - Vatican News

Mais e mais pessoas estão pegando a caneta para escrever ao Papa Francisco: se ele normalmente já recebe centenas de cartas por semana de todo o mundo, houve um aumento no volume de correspondências endereçadas ao Pontífice desde que ele foi internado no Hospital Gemelli em 14 de fevereiro. “Até 150 kg a mais de correspondência por dia”, explicam em nota os correios da Itália (Poste Italiane). Mas antes de serem entregues ao destinatário, as cartas, muitas vezes acompanhadas de desenhos, enfrentam uma longa viagem de verificação e triagem.

As fases para encaminhar a correspondência (Vatican Media)

A viagem da “correspondência do Papa”

Depois de uma parada inicial no centro de triagem em Fiumicino, cidade metropolitana de Roma, o fluxo diário de correspondência destinado à Santa Sé passa por verificações de segurança e é processado por uma máquina de registro e pesagem usando um sistema computadorizado. Em seguida, a “correspondência do Papa” para no Centro de Distribuição na área norte da capital italiana, que também cobre a região do Hospital Gemelli. Lá, a correspondência é separada e classificada em caixas dedicadas aos chamados “grandes clientes”, incluindo o hospital que atualmente acolhe o Pontífice.

A caixa que se enche todas as manhãs com correspondência endereçada ao Papa Francisco (Vatican Media)

Sinal tangível de afeto

Atualmente, o fluxo de mensagens para o Pontífice é particularmente intenso. “É emocionante”, diz o chefe do Centro de Distribuição, Andrea Di Tommaso, “ver cartas de todo o mundo endereçadas ao Santo Padre neste momento delicado. É um belo sinal de afeto e participação”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

6 filmes sobre São José e onde você pode assistir

Imagens filmes

Cibele Battistini - publicado em 18/03/25

Selecionamos 6 filmes sobre a história do carpinteiro, esposo de Maria, para você que curte um bom filme.

1 - Coração de Pai - São José

• Diretor: Andrés Garrigó | Roteiro Andrés Garrigó

• Título original Corazón de Padre

• Sinopse: Filme documentário, dirigido por Andrés Garrigó, concebido como uma viagem de pesquisa em torno da figura de São José. O passeio passa por lugares pouco conhecidos, como Cotignac na França, ou Tuscania na Itália, cidades onde no passado foram registradas as aparições da santa, e onde agora a câmera registrou depoimentos emocionados de pessoas que reconhecem ter recebido favores do Patriarca.

• Onde Assistir: Pode ser assistido na Netflix.

2 - "A Sagrada Família" (2010)

• Diretor: Josée Deshaies

• Língua Original: Francês

• Sinopse: Aborda a história da Sagrada Família, enfatizando a relação de amor e proteção entre São José e Maria, além de seus desafios ao criar Jesus em um mundo hostil.

• Onde Assistir: Disponível em plataformas como Netflix.

3 - "O Homem de Nazaré" (1977)

• Diretor: Franco Zeffirelli

• Língua Original: Italiano

• Sinopse: Embora focado na vida de Jesus, o filme traz uma representação poderosa de São José, mostrando sua devoção e liderança dentro da Sagrada Família, especialmente nos momentos de crise.

• Onde Assistir: Foi exibido pela TV Aparecida.

4 - "São José: O Menino e o Pai" (2014)

• Diretor: Vários diretores (animação)

• Língua Original: Português

• Sinopse: Uma animação que conta a história de São José através da perspectiva do menino Jesus, enfatizando a bondade e a sabedoria de José como pai, além de sua relação com Maria.

• Onde Assistir: Disponível no YouTube.

5 - "Maria, Mãe de Jesus" (1999)

• Diretor: Roger Young

• Língua Original: Inglês

• Sinopse: O filme narra a vida de Maria, mas com uma forte presença de São José, mostrando seu apoio inabalável a Maria e seu compromisso em proteger a Sagrada Família durante os momentos de adversidade.

• Onde Assistir: Pode ser visto na Aparecida.

6 - "José e Maria" (2016)

• Diretor: Roger Christian

• Elenco: Kevin Sorbo, Lara Jean Chorostecki, Josh Bainbridge

• Língua Original: Inglês

• Sinopse: Este filme apresenta a história de amor entre José e Maria, explorando os desafios que enfrentaram desde o anúncio do anjo até o nascimento de Jesus. A narrativa foca na fé e na perseverança dos protagonistas em tempos difíceis.

• Onde Assistir: Disponível em plataformas de streaming, como o YouTube.

Esses filmes oferecem uma perspectiva valiosa sobre a vida de São José e sua relação com Maria e Jesus, enriquecendo a compreensão da Sagrada Família na tradição cristã.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/03/18/6-filmes-sobre-sao-jose-e-onde-poder-assistir

Pasolini: “Batismo é sair de si mesmo, converter-se e permanecer na realidade”

O pregador da Casa Pontifícia, frei Roberto Pasolini (Vatican News)

O pregador da Casa Pontifícia, frei Roberto Pasolini, fez sua primeira pregação da Quaresma, na Sala Paulo VI, Vaticano, sobre o tema: “Ancorados em Cristo: Enraizados e fundamentados na esperança da Vida nova". O pregador iniciou sua reflexão dirigindo uma calorosa saudação ao Santo Padre, que não pôde estar presente.

Benedetta Capelli - Cidade do Vaticano

O frei Roberto Pasolini, pregador da Casa Pontifícia, interpretou os sentimentos comuns dos que participaram, na manhã desta sexta-feira, 21, da primeira das suas quatro pregações quaresmais, dirigindo as seguintes palavras ao Papa Francisco: "Dirigimos as nossas mais calorosas saudações ao Santo Padre, que ainda não pôde estar aqui conosco. Esperamos que ele possa vir em breve. No entanto, continuamos a assegurar-lhe as nossas orações".

Com estes sentimentos de fraternidade, o Frade pregador passou à sua primeira reflexão quaresmal sobre o tema: “Aprender a receber - A lógica do Batismo”. De fato, disse Pasolini: “É neste primeiro sacramento da iniciação cristã que os homens estão ancorados em Cristo. Para permanecer unidos a Ele, é preciso acolher o dinamismo da conversão ao Evangelho e deixar que o Espírito aja em nós, redefinindo assim os limites da nossa humanidade”. Logo, o Frade fez o seguinte convite aos membros da Cúria Roma: “Sigamos estas meditações quaresmais, como faziam os discípulos de Jesus, ansiosos de aprender seu modo de vida, para encaminhar-nos rumo a uma vida nova e eterna”.

O tempo oculto

Antes do seu batismo, observou o frei Pasolini, Jesus permaneceu longos anos da sua vida às ocultas em Nazaré, um tempo em que se deixou plasmar pela realidade que o circundava: uma modalidade que leva a redescobrir o valor do tempo oculto, em que as raízes se fortalecem e a identidade se forma no silêncio.

Antes de salvar o mundo, disse o pregador, Jesus esteve conosco compartilhando das nossas experiências: um modo de se colocar entre nós, sem se impor, bem representado na cena do Batismo: “Foi batizado. Trata-se de um verbo, no passado, que explica o gesto de João Batista em relação a Jesus, admirado pela sua atitude, aparentemente, submissa. Mas, Deus estava convencido, de que a coisa mais bela e urgente a ser feita era deixá-lo mergulhar em nossas águas, lembrando que a nossa realidade pode se tornar lugar de salvação”. E o pregador continua: “Nesta aparente ‘passividade’ de Cristo, podemos ver a ação divina e a sua capacidade de amar: querendo o bem do outro e agindo para o ajudar a não se sentir inadequado. A atitude de Deus, portanto, é a de ‘deixar-se plasmar por nós’, querendo o nosso bem, dando prioridade à nossa fraqueza ao invés da sua força”. De fato, uma característica da pregação de Jesus foi abrir alas aos mais frágeis, sofredores e pecadores, fazendo da sua compaixão a pedra angular da nova humanidade!

Um passo para o céu

A preferência pelos outros e a partilha representam um passo para o céu, um sinal de reaproximação. A voz que se ouviu durante o batismo de Jesus: “Este é meu Filho amado, em quem me comprazo” refere-se a uma experiência íntima, reservada aos que se deixam moldar pelo amor do Pai. A descida do Espírito Santo, em forma de pomba, é o sinal da capacidade de gerar uma vida bem maior que Ele: a do Pai e do seu Amor pela humanidade. Trata-se de uma maturidade afetiva, afirmou o frei Roberto Pasolini, que não se pode alcançar sobre um pedestal, mas aceitando se misturar com os outros, vivendo todos como irmãos, como filhos amados pelo Pai: “Depois do seu batismo, Jesus permaneceu no deserto por quarenta dias, durante os quais foi tentado por Satanás. Este foi um momento de provação para fazer da escolha do batismo uma escolha profunda e não apenas um impulso momentâneo. Esta é a experiência cansativa do aprendizado, onde a nossa sensibilidade é purificada dos percursos banais e das ilusões de resultados fáceis”.

Em busca da autenticidade

O mundo de hoje está repleto de tutoriais ou instruções que explicam como fazer as coisas, mas não há pessoas dispostas a verificar a autenticidade de seus desejos. Muitas vezes, é fácil tomar decisões, mas, ao mesmo tempo, é difícil arcar com as consequências; é preciso treinar, antes de competir e também durante o jogo; não se pode apreciar uma fruta antes de amadurecer. Na oração do “Pai Nosso”, explica o Frade Capuchinho, invocamos a coragem de pedir a Deus ‘não de sermos poupados pela provação, mas que não nos percamos’: “Jesus resistiu no deserto entre as feras, que podem ser entendidas como inimigos ou malignos. A provação deu a Jesus a força interior necessária para abraçar a sua missão, sem medo de morrer; para ter um coração treinado para fazer o bem; para cultivar um deserto interior, que o tornasse capaz de estar em paz, em todas as situações”.

"E veio habitar entre nós"

Resistir às tentações no deserto levou Jesus a abraçar uma vida em que a salvação pode ser vista e vivida como fruto de uma comunhão de amor, livremente escolhida, de um amor humilde e aberto. Os discípulos, a pedido do Mestre, percorreram o mundo, com a humildade de ouvir. O anúncio, de fato, consiste em dar aos outros a oportunidade de expressar o tesouro da nossa humanidade: compaixão, generosidade e hospitalidade. Quando João foi preso, Jesus assumiu seu ministério, treinado no deserto, de confiar na providência do Pai. O Reino de Deus, portanto, está ao nosso alcance, mas é preciso converter-se, afastando-se da tristeza e da resignação, a fim de realizar a maior maravilha que Deus fez: ‘habitar entre nós’.

Firmes e ancorados em Cristo

Enfim, o pregador da Casa Pontifícia fez um convite aos participantes: “Permanecer ancorados, em Cristo, durante a Quaresma do Ano Santo, e firmes na esperança. A passagem pela Porta Santa é o sinal concreto desta esperança. O batismo também é um sinal que ilumina o caminho de todo fiel, através de três movimentos existenciais: a capacidade de sair de nós mesmos para deixar espaço aos outros, mesmo quando as escolhas dos outros nos desafiam e nos colocam à prova; a conversão, uma transformação profunda do nosso modo de ver, julgar e amar; enfim, o movimento mais difícil: permanecer na realidade, sem fugir ou sublimá-la. Através do batismo, Cristo se mergulhou no rio da vida, sem poupá-la das mais duras provações”. Pasolini concluiu sua primeira reflexão quaresmal sugerindo aos participantes a permanecerem firmes em nosso tempo, sem buscar refúgios artificiais para reconhecer que, ao nosso lado, Deus caminha, nos ama e jamais nos abandona.

Assista a primeira pregação do frei Pasolini:

https://youtu.be/pmNS8ajtuYs

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 21 de março de 2025

Mortificação e Penitência

Mortificação e Penitência (Presbíteros)

Mortificação e Penitência.

07 março 2025

O Sacrifício Voluntário

Conta-nos o Evangelho que Jesus, depois de ter repreendido severamente São Pedro, porque – cheio de um carinho mal entendido – queria afastá-Lo da Cruz (Mt 16,23), dirigiu o olhar aos outros discípulos e lhes disse com firmeza: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (Mt 16, 24).

Lemos também no Evangelho que, certa vez, Jesus estava acompanhado de muito povo. Era o tempo em que as multidões o seguiam com um entusiasmo, e em que a fé de muitos alternava com a emotividade superficial e com o interesse. Cristo, que conhecia bem os homens e os amava, quis gravar-lhes na alma a ideia clara de que, sem tomar a Cruz, era impossível segui-lo pelo seu caminho, pois é caminho de amor. E assim, voltando-se para os que o cercavam, alertou-os: Quem não carrega a sua cruz e me segue não pode ser meu discípulo. E, para deixar essa afirmação bem vincada, ilustrou-a com uma comparação: falou-lhes de um homem que, desejando construir uma torre, errou nos cálculos e não previu os meios necessários para edificar. Aconteceu o inevitável: fracassou, de modo que todos os que o viam ficavam zombando dele e diziam: Este homem principiou a edificar, mas não pôde terminar! O Senhor esclareceu que assim aconteceria com aqueles que quisessem segui-lo sem renúncia e sem Cruz (cfr. Lc 14, 25-30).

Reparemos que, nessas passagens do Evangelho, Jesus fala de algo que depende de nós. Algo que podemos fazer ou não – Se alguém quiser… -, algo que pertence, portanto, à nossa livre iniciativa.

Sempre a Cruz deve ser tomada livremente. Em primeiro lugar, a que Deus nos envia sem nós a procurarmos, ou seja, a Cruz do sofrimento inesperado, que devemos saber abraçar com fé e amor. Mas há outra Cruz santa que – com a ajuda da graça – depende totalmente da nossa decisão, da nossa generosidade, e é justamente a dos sacrifícios voluntários. Se nós queremos, sacrificamos um fim de semana para dar assistência aos pobres; se nós queremos, deixamos de ir ao cinema para visitar um doente; se nós queremos, assumimos os trabalhos mais pesados em casa. Mas ninguém nos impõe nada. Se não queremos, não fazemos nada disso.

Homem Velho e Homem Novo

Sacrifícios voluntários? Mortificação? Penitência? Meter na nossa vida mais “cruzes”, quando a vida já traz tantas sem que as procuremos? Por quê?

Vamos deixar que, mais uma vez, o Espírito Santo nos responda pela boca de São Paulo.

Este Apóstolo serve-se com frequência de uma comparação: a imagem dos dois homens que estão sempre brigando dentro de nós: o homem velho e o homem novo. Poderíamos traduzir por “homem modelado pelos parâmetros mundanos, pagãos” e “homem modelado – conforme a imagem de Cristo – pela graça do Espírito Santo”.

Assim, escrevendo aos Efésios, o Apóstolo pede-lhes: Não persistais em viver como os pagãos, que andam à mercê das suas idéias frívolas […]. Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem velho, corrompido pelos desejos enganadores. Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma, e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em justiça e santidade verdadeiras (Ef 4, 17.22-24). É claro que está lhes propondo uma luta árdua, mediante a qual deverão arrancar – quase como se arranca a pele – o homem velho, para revestir-se do homem novo.

As mesmas idéias, mais sinteticamente expostas, encontramo-las na Carta aos Colossenses: Vós vos despistes do homem velho com os seus vícios, e vos revestistes do novo, que se vai restaurando constantemente à imagem dAquele que o criou (Cl 3, 9-10).

Um terceiro texto, dirigido aos Gálatas, completa os anteriores: Os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências (Gál 5, 24). Para entender o que quer dizer, é preciso ter presente que, na mesma carta, havia explicado o que é a carne e as suas concupiscências (palavra que significa aqui maus desejos), mostrando que por carne entende – como é comum em textos bíblicos – o homem egoísta, afastado da graça de Deus e mergulhado no materialismo, cujo deus é o ventre […] e só tem prazer no que é terreno (Fil 3, 19).

Característica típica do homem velho é a de se deixar dominar pelos desejos da carne, que – como explica detalhadamente o Apóstolo – se chamam fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdia, facções, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes (Gl 5, 19-21).

Esta é a carne que deve ser crucificada, ou seja, mortificada, dominada e vencida com a renúncia, com o sacrifício, com a Cruz.

Meio de Purificação

A mortificação voluntária – que faz parte essencial da luta do cristão – é um meio necessário de purificação. Santo Agostinho tem um pensamento muito profundo a este respeito. Lembra que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, e que o pecado “deformou” essa imagem e apagou a semelhança. A graça de Deus, recebida no Batismo, fez-nos renascer para uma vida nova. É tarefa nossa colaborar com a graça para limpar os males que nos deformam; só assim ela nos devolverá à “forma” primeira, que é a imagem do ser de Deus (1).

Como é sugestiva esta ideia, para nos ajudar a compreender que a formação cristã não se limita ao conhecimento da verdade, da doutrina – ler, estudar, aprender -, mas exige um trabalho de purificação – de limpar, de extirpar, de endireitar, de podar o que procede do egoísmo -, para podermos “arrancar a triste máscara que forjamos com as nossas misérias” (2), e estarmos em condições de ir reproduzindo fielmente em nós os traços do nosso modelo, Jesus Cristo.

Pensemos seriamente qual é o nosso homem velho, quais são as nossas paixões e concupiscências, para assim podermos descobrir as mortificações que precisamos fazer a fim de arrancar de nós as máscaras deformantes. Não é muito difícil adivinhar. Difícil é concretizar… e fazer.

Na realidade, todos notamos em nós mesmos defeitos que nos prejudicam, hábitos, vícios de diversas espécies, que nos dominam; falhas de caráter que atrapalham o nosso trabalho; atitudes desagradáveis ou omissões no nosso relacionamento com os outros… Pois bem, é aí que deve entrar a nossa cruz, ou seja, os sacrifícios necessários para corrigir tais defeitos.

Fazer Penitência

A fé nos mostra o imenso valor que podem ter os padecimentos – os sofrimentos que Deus manda ou permite -, como meio de nos unirmos à Cruz de Cristo, a fim de reparar – expiar – pelos nossos pecados e pelos pecados de todo o mundo.

Também o sacrifício voluntário pode ter – e muitas vezes deve ter – uma função reparadora, de penitência pelos pecados.

O Catecismo da Igreja Católica, ao falar dos tempos e dias de penitência, cita as práticas penitenciais que são mais tradicionais na Igreja, porque o próprio Cristo se referiu a elas no Sermão da Montanha (cfr. Mt 6, 1 e segs.), a saber: a oração, o jejum e a esmola. E frisa de modo particular o valor que tem a mortificação – o jejum e outras privações voluntárias -, como meio de reparação dos pecados (cfr. ns. 1434 e 1438).

É muito próprio do espírito de um cristão determinar-se a cumprir algumas dessas práticas penitenciais – além do jejum e da abstinência de carne prescritos pela lei da Igreja – sobretudo em dias ou períodos especialmente relacionados com a Paixão de Jesus, como são as sextas-feiras e o Tempo da Quaresma. Todo bom católico deveria definir bem, até por escrito, o seu “plano” de penitências para a Quaresma (não comer tal ou qual doce ou refrigerante, reduzir a assistência à tv, abster-nos de bebidas alcoólicas, aumentar o tempo diário de oração, dedicar mais tempo a obras sociais, fazer frequentes visitas à igreja para rezar algumas orações de joelhos, etc.).

Na realidade, porém, não deveríamos limitar-nos às obras de penitência em datas ou tempos determinados. Todos os dias deveriam estar enriquecidos – polvilhados – por algumas pequenas privações, oferecidas por amor e com alegria, como atos de reparação pelos pecados próprios e alheios, e também como exercícios de autodomínio que nos ajudassem a “converter-nos”: a ser mais senhores de nós mesmos e a mudar, a “converter-nos”, com a graça de Deus.

Em maio do ano 2000, o Papa celebrou em Fátima a beatificação dos meninos Jacinta e Francisco. Ao elevar os dois pastorinhos à glória dos altares, o Santo Padre fez questão de realçar a generosidade com que ambos, a pedido de Nossa Senhora, se entregaram à penitência “pelos pobres pecadores”. De Francisco, dizia o Papa que “suportou os grandes sofrimentos da doença que o levou à morte sem nunca se lamentar. Tudo lhe parecia pouco para consolar Jesus; morreu com um sorriso nos lábios. Grande era, no pequeno Francisco, o desejo de reparar as ofensas dos pecadores, esforçando-se por ser bom e oferecendo sacrifícios e oração. E Jacinta, sua irmã, quase dois anos mais nova que ele, vivia animada dos mesmos sentimentos”. Citava depois o Papa as palavras com que Jacinta se despediu de Francisco, pouco antes de este morrer: “Dá muitas saudades minhas a Nosso Senhor e a Nossa Senhora e dize-lhes que sofro tudo quanto Eles quiserem para converter os pecadores” (3).

Como é tocante essa lição dos pequeninos, dos simples, que ouvem e entendem a voz de Deus, por meio de Maria! (cfr. Lc 10, 21). Podemos ter a certeza de que a perda do sentido da penitência, entre os cristãos, anda em paralelo com a perda do sentido do pecado, e que isto significa que enfraqueceu muito ou se perdeu o sentido do amor de Deus.
É interessante recordar que, no mesmo Ano Santo de 2000, o Santo Padre ajudou-nos a revigorar uma verdade da nossa fé que tem uma relação muito estreita com a necessidade da penitência: a doutrina das indulgências. Com elas, com efeito -ao realizar, com as devidas condições, as obras indulgenciadas- , entramos em comunhão com o tesouro do “amor, do sofrimento suportado, da pureza” de todos os nossos irmãos na fé, que deixaram atrás de si como que um “saldo” de méritos, unidos às riquezas dos méritos de Cristo, de Maria e dos santos; é um imenso tesouro que a Igreja encaminha a cada um de nós, como uma transfusão de sangue puro (4), por meio da indulgência, para a purificação da “pena temporal” devida pelos nossos pecados, ou seja, da pena que deveríamos pagar no Purgatório, por não termos expiado suficientemente os nossos pecados aqui na terra.
E esse mesmo dom da indulgência, esse tesouro de méritos e graças que “circula” no Corpo místico de Cristo, pode ser aplicado sempre às almas do Purgatório, com as quais estamos estreitamente unidos pela Comunhão dos santos. Mediante esse “intercâmbio maravilhoso de bens espirituais” , podemos auxiliar pais, parentes, amigos, conhecidos…, todos os que se encontram no estado de purificação que chamamos Purgatório, para que possam ir logo ao encontro do abraço eterno de Deus . É uma maravilhosa comunhão e ajuda mútua na penitência: na expiação e a purificação (5) (Cfr. Bula pontifícia Incanationis mysterium, nn. 9 e 10).

(Adaptação de um trecho do livro de F. Faus, A sabedoria da Cruz)

1 Sermão 125,4

2 São Josemaria Escrivá, Via Sacra, VI estação

3 João Paulo II, Homilia na Beatificação, Fátima 13.05.2000

4 Cf. São Josemaria Escrivá, Caminho, n. 544

5 Bula Incanationis mysterium, num. 9 e 10

Fonte: https://presbiteros.org.br/mortificacao-e-penitencia/

Estamos no decênio decisivo para o planeta!

O decênio decisivo (Editora Elefante)

ESTAMOS NO DECÊNIO DECISIVO PARA O PLANETA! 

Dom Itacir Brassiani
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

A temática ambiental é uma questão urgente. Literalmente, sentimos isso na pele. E a Igreja Católica, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, afirma sem meias palavras a frase que escrevi como título dessa coluna semanal. E acrescenta: “Ou mudamos, convertendo-nos, ou provocaremos, com nossas atitudes individuais e coletivas, um colapso planetário” (cf. Campanha da Fraternidade 2025, Texto-base, § 8). 

Essa opção dá palanque para polêmicas e ataques de grupos negacionistas de dentro e de fora da Igreja. Mas a CNBB cumpre seu papel, lembrando que “não há um planeta reserva” e chamando todos a uma urgente e profunda conversão ecológica, ou seja: a passar da lógica extrativista (que considera a terra apenas um reservatório inesgotável de recursos que podemos usar como e quanto quisermos) a uma lógica do cuidado. 

Mesmo causando arrepios a algumas pessoas pias, os Bispos pedem que superemos a indiferença frente ao sofrimento dos pobres e da terra e abandonemos a “idolatria dos desejos desordenados do consumismo e do materialismo” (§ 14). E isso começa pela admissão de que “cada criatura expressa na sua singularidade a ternura amorosa de Deus”, e que nossa missão é ser guardiães e zeladores da obra do criador. 

Não podemos atribuir a crise ambiental à responsabilidade individual. E menos ainda às pessoas e países pobres. A origem dessa crise envolve fatores históricos, sociais, econômicos e políticos. Mas a causa preponderante é “o modelo de produção capitalista, baseado na exploração dos patrimônios naturais, na queima de combustíveis fósseis, na expansão desenfreada do consumo e na relação mercantilista com a natureza” (§ 26). 

Uma das raízes da crise ecológica é humana e social, e só quem quer ser cego pode ignorar a coincidência entre os fenômenos climáticos globais e a aceleração das emissões de gases de efeito estufa. Quem atribui as secas ou enchentes unicamente ao “El Niño” ou “La Niña” está criando bodes expiatórios. Ou será que os oceanos podem mudar de humor e decidir, sem mais, castigar os seres humanos e a natureza da qual fazem parte?  

Mas, apesar dos “paradoxos climáticos” que se repetem amiúde e crescem em termos de força destruição, e não obstante os dados seguros da ciência, há grupos que negam as mudanças climáticas ou pretendem diminuir sua gravidade. Alguns divulgam a falácia de que tudo será resolvido pelos avanços da tecnologia ou pela própria economia de mercado. Isso gera confusão e passividade, e retarda a urgente conversão ecológica e as ações concretas para enfrentar a emergência climática. 

Do ponto de vista da moral cristã, a agressão à natureza, assim como a omissão e a negação da emergência climática, são “pecados ecológicos”. Este grave pecado consiste no “desrespeito ao criador e sua obra que é a Casa Comum” mediante “ações e omissões contra Deus, contra o próximo e contra o meio ambiente” (§ 52). É um tipo de cegueira ou insensibilidade com o mundo. É uma visão que nos leva a tratar as pessoas e demais seres vivos como objetos, e a entregar às gerações futuras um planeta insustentável. 

Fonte: https://www.cnbb.org.b

Pedir a fé a gritos

Pedir a fé aos gritos (Opus Dei)

Pedir a fé a gritos

Aumenta a nossa fé, pediam os apóstolos a Jesus Cristo. Neste vídeo, São Josemaria nos aconselha a fazer o mesmo e a pedir a Deus o que nem sempre está ao nosso alcance: a fé, a esperança e a caridade.

https://www.youtube.com/embed/PzUrdR28uKg?autoplay=1&rel=0&cc_load_policy=1

17/03/2025

Como o senhor indicaria a melhor maneira de aumentar essa fé escrita com letras maiúsculas que nós devemos ter e irradiar para as pessoas que estão conosco, para sermos verdadeiras testemunhas?

Vou fazer os Apóstolos darem o conselho. Eles, que eram homens como nós, e que além disso, eles me perdoam quando eu digo o que o próprio Jesus dizia a eles, e eles contam nos Evangelhos. Eles não demonstravam muito talento, mas eram muito espertos. Procuravam a fonte. Dizem: Adauge nobis fidem! Aumenta a nossa fé! - diziam a Jesus.

Você sabe que a fé, a esperança e a caridade são virtudes teologais, virtudes que não podemos adquirir com nossas próprias forças que são dadas gratuitamente por Deus para nós.

Com a oração, onde quer que você esteja agora. Eu falo na presença de Deus, e procuro fazer oração. Deus está aqui. “Regnum Dei intra vos est”. O reino de Deus está dentro de vós, porque o Espírito Santo está presente em nossa alma em graça, para que não vivamos como animais, mas a vida de filhos de Deus.

Portanto, agora você faz sua oração e diga ao Senhor em altos brados, sem ser ouvido: "Senhor, aumenta a nossa fé”. E Ele vai aumentar sua fé.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/pedir-a-fe-a-gritos/

Preservar as geleiras, essenciais para a vida

Geleiras (iGUi Ecologia)

O tema do Dia Mundial da Água que se celebra no dia 22 de março pela ONU desde 1993, conclama a preservação das geleiras.

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo Diocesano de Campos

A água de degelo  é de  suma importância para a água potável, agricultura, indústria, energia limpa e ecossistemas equilibrados e saudáveis.

O rápido e intenso processo de redução e derretimento das geleiras é um sinal inequívoco do aquecimento global tornando o ciclo da água mais imprevisível e externo. Outra constatação ameaçadora é que o recuo glacial causa devastação, causando secas, inundações, deslizamentos de terra e elevando o nível do mar sendo um risco cada vez maior para populações litorâneas e insulares que podem transformar-se rapidamente em refugiados climáticos.

Torna-se necessário despertar a consciência da gravidade do recuo glacial e trabalhar juntos em estratégias que reduzam efetivamente as emissões de gases de efeito estufa e gerenciar a água de degelo de forma mais sustentável para as pessoas e a Casa Comum.

Este ano o tema da Campanha da Fraternidade nos convida a uma conversão integral que nos leve a escutar o grito dos pobres e da Criação, incluindo neste caso o grito da água nossa irmã pura e casta que sustenta nossa vida. Nosso corpo é constituído de 70% de água. Ao deixar de beber água, uma pessoa vive só três dias, porque perde 13 litros da água do corpo e morre. Por isso ela é um bem público, um direito humano universal, que nenhuma criatura pode deixar de ter livre acesso.

É realmente perverso  converte-la em ouro azul,  mercadoria ou bem privado somente para quem possa pagar, violando o princípio da destinação universal dos bens da terra. Cuidar da Casa Comum é preservar as geleiras, defender a água para todas as pessoas e criaturas, nunca esqueçamos que a água é dom de Deus e fonte de vida, sinal da água viva que Jesus prometeu. Por um uso responsável e equitativo da água que respeite a justiça e o bem comum da Criação. Deus seja louvado!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 20 de março de 2025

O que é liberdade? É, de fato, o simples ato de escolher?

Shutterstock I kitzcorner

Julia A. Borges - publicado em 03/12/23

Que possamos compreender que escolher caminhar pelas veredas dos ensinamentos de Deus é contemplar a verdadeira liberdade que o ser humano pode, ainda em vida, contemplar.

Para onde quer que se vá, para onde quer que olhe, é fato que o mundo parece ter escolhido a “liberdade” como sua maior forma de expressão. O termo é colocado entre aspas porque seu conceito tem estado um pouco nebuloso em meio a tantos discursos ideológicos, sociais e políticos.

Ao longo do tempo, seu significado social vai sendo suplantado pelas questões de cunho pessoal e identitário; a liberdade antes alcançada a fim de tornar independente uma nação, vai ganhando um novo status quo e parte a ser objeto de desejo do indivíduo que quer e precisa ser aceito pelas suas escolhas. Fato é que não há mal ter o poder de decisão em sua vida, este é o livre arbítrio dado por Deus, esta é a democracia almejada pelos cidadãos em uma nação justa. Todavia, o que se percebe é que a liberdade é uma arma, e se usada por quem não a sabe manusear, o resultado pode ser fatal.

Reduzir a pó o conceito de liberdade individual é afirmar que livre é o simples ato e efeito de escolher e sepultar este conceito é ainda reiterar que a sociedade deve ser impelida a aceitar o ato de vontade de cada cidadão. São dois princípios muito em voga atualmente mas que inflamam ainda mais o mal no mundo, até porque, as deturpações ocorridas ao longo da história acerca do termo só fomentam a certeza de que a raça humana parece estar cada vez mais aquém de exercer o livre arbítrio.

Cabe salientar que o entendimento de desejo e de vontade carregam sentidos um pouco diferentes na esfera filosófica, mas que aqui serão tratados de igual valor semântico. Dito isso, existem nos animais – racionais e irracionais -  o apetite por algo, a vontade inflamada por determina coisa, mas que no ser humano, esse conhecimento sensível está ligado com a nossa capacidade de conhecimento mais profunda, distinguindo a razão e o substrato ontológico que nos dá a capacidade maior de entendimento de si e do mundo. Ou seja, o ser humano, de acordo com sua potencialidade intelectual, seria capaz de distinguir até mesmo os seus desejos e vontades, analisando os efeitos do ato gerado: um animal irracional não faria jejum, talvez faça pelo fato de não ter o alimento, mas o ser humano, mesmo com fome, tem a capacidade de escolher passar fome seja por questões nutricionais, religiosas ou ideológicas. O desejo superficial de querer comer porque tem fome é ultrapassado pela vontade em concluir determinada ação idealizada.

A vontade é o apetite racional, e esta vontade é combustível para prosseguir, mesmo que o desejo sensível incline para o extremo oposto. Somos seres complexos, e desperdiçar tamanha potência intelectual é jogar fora um verdadeiro dom divino, é jogar fora o uso perfeito e claro do que venha a ser o livre arbítrio, afinal, agir como animais irracionais, que deixam por reverberar somente seu lado dos sentidos é calar a voz divina que grita em você.

Compreendendo, pois, o cerne dos nossos desejos e compreendendo a aptidão que nos foi dada através do raciocínio, é possível, a partir daí, alcançar a verdadeira ideia de liberdade, que pouco ou quase nada tem de similar com a “liberdade” que a sociedade atual tem proclamado, porque tamanho foi o desentendimento sobre o seu sentido que a ignorância parece ter tomado conta por completo de sua acepção. 

Ser livre é poder escolher entre dois bens, e não entre um bem e um mal. Este é o entendimento que se deve ter para um compreensão inequívoca do termo. A realização da liberdade acontece na escolha do bem e quanto maior é a sintonia com Deus, melhor é a nossa escolha. Ao, todavia, ficar entre um bem e um mal, e a escolha ser pelo mal, é fato que houve o exercício do livre arbítrio, mas é ainda mais claro que já não existe liberdade operando, mas sim, a completa escravidão.

A liberdade verdadeira está em escolher bens, e se o entendimento da sociedade atual está embasado no conceito de escolha entre um bem e um mal é porque esta mesma sociedade está doente e já totalmente escrava do pecado, haja vista que não se pode ter entre as parte das escolhas uma que intrinsicamente anule a própria liberdade. Eva, por exemplo, tinha inúmeras árvores para buscar o seu fruto, possuía um paraíso sem fim à sua espera, tinha de fato a liberdade em escolher incontáveis bens ao seu dispor, mas preferiu o mal. Seu livre arbítrio não a tornou livre, mas prisioneira dos seus próprios pecados.

Que possamos compreender que escolher caminhar pelas veredas dos ensinamentos de Deus é contemplar a verdadeira liberdade que o ser humano pode, ainda em vida, contemplar.   

Fonte: https://pt.aleteia.org/2023/12/03/o-que-e-liberdade-e-de-fato-o-simples-ato-de-escolher

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo (X)

A Aliança: Experiência de Fé (Diocese de Guarulhos)

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo

(Lib. 4,16,2-5: SCh 100, 564-572)             (Séc. II)

A aliança do Senhor

No Deuteronômio, Moisés disse o seguinte ao povo: O Senhor teu Deus firmou uma aliança no Horeb. Não foi com vossos pais que o Senhor firmou esta aliança, mas convosco (Dt 5,2-3).

Por que não firmou a aliança com seus pais? Porque a lei não foi feita para o justo (1Tm1,9). Ora, seus pais eram justos; tinham o conteúdo do Decálogo gravado em seus corações e em suas almas, pois amavam a Deus que os criara e abstinham-se de toda injustiça para com o próximo. Não precisavam da advertência de uma lei escrita, porque tinham em si mesmos a justiça da Lei.

Mas, quando essa justiça e esse amor para com Deus caíram no esquecimento e se extinguiram no Egito, tornou-se necessário que Deus, em sua grande bondade para com os homens, se manifestasse de viva voz.

Com seu poder fez sair seu povo do Egito, para que o homem voltasse a ser discípulo e seguidor de Deus; e castigou os desobedientes, a fim de que o povo não desprezasse o seu Criador.

Alimentou-o com o maná, para que recebesse um alimento espiritual, conforme disse também Moisés no Deuteronômio: Ele te alimentou com o maná, que nem tu nem teus pais conheciam, para te mostrar que nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca do Senhor (Dt 8,3).

Deu ainda o mandamento do amor de Deus, e ensinou a justiça para com o próximo, a fim de que o homem não fosse injusto nem indigno de Deus. Assim, por meio do Decálogo, Deus preparava o homem para a sua amizade e para a concórdia com o próximo. Era o homem que tirava proveito de tudo isso, uma vez que Deus não tinha nenhuma necessidade do homem.

Efetivamente, tudo isso contribuía para a glória do homem, dando o que lhe faltava, isto é, a amizade de Deus. Porém, isto nada acrescentava a Deus, pois ele não tinha necessidade do amor do homem.

O homem é que precisava da glória de Deus, a qual de modo algum poderia obter senão servindo a Deus. Por isso, Moisés lhe disse de novo: Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes, amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele – pois é a tua vida e prolonga os teus dias (Dt 30,19-20).

A fim de preparar o homem para esta vida, o Senhor proclamou por si mesmo as palavras do Decálogo, para todos sem exceção; por isso elas não foram abolidas por ocasião da sua vinda segundo a carne, mas permanecem em vigor entre nós, desenvolvidas e amplificadas.

Quanto aos preceitos próprios da servidão, Deus prescreveu-os separadamente ao povo, por intermédio de Moisés, adaptados à sua educação e formação, conforme disse o próprio Moisés: Naquele tempo, vos ensinei leis e decretos conforme o Senhor Deus me ordenou (cf. Dt 4,5). Por isso, os preceitos, que implicavam a servidão e tinham o caráter de sinais, foram abolidos pelo Senhor na Nova Aliança da liberdade. Mas os preceitos naturais, que convêm a homens livres e são comuns a todos, foram completados e aperfeiçoados, concedendo generosamente aos homens o dom de conhecer a Deus como Pai adotivo, amá-lo de todo o coração e seguir seu Verbo sem se desviarem.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Exercícios Espirituais no Vaticano, 10ª Meditação: "Deixar-se transformar" (X)

Padre Roberto Pasolini prega os Exercícios Espirituais para a Cúria Romana (Vatican News)

Exercícios Espirituais no Vaticano, 10ª Meditação: "Deixar-se transformar"

O pregador da Casa Pontifícia, Pe. Roberto Pasolini, fez na manhã desta sexta-feira, 14 de março, a décima meditação no âmbito dos Exercícios Espirituais da Quaresma à Cúria Romana sobre o tema "A esperança da vida eterna: Deixar-se transformar". Publicamos a síntese da reflexão.

Vatican News

A vida, com sua beleza e suas dificuldades, nos coloca diante de uma pergunta crucial: qual é o sentido de nossa peregrinação neste mundo quando tudo está destinado a acabar? Sem a esperança na eternidade, o peso da realidade pode nos esmagar ou nos tornar cínicos, levando-nos à resignação. São Paulo propõe que fixemos nosso olhar nas coisas invisíveis, que são eternas. 

A humanidade é marcada pelo declínio físico, mas há uma renovação interior que ocorre dia após dia. Tudo o que parece desaparecer tem, na verdade, um destino maior: Deus nos criou para a ressurreição, e isso não é um sonho utópico, mas a lógica natural de uma existência chamada à plenitude.

No mistério da cruz e da ressurreição de Cristo, Deus completou seu desígnio de amor. A aparente derrota do Crucificado é, na verdade, a revelação de um Pai que não desiste de seus filhos. Isso significa que nossa vida não é deixada ao acaso, mas faz parte de um projeto de adoção e redenção que nos torna filhos amados e destinados à eternidade. Tudo o que experimentamos - alegrias, tristezas, conquistas e fracassos - faz parte de uma transformação contínua, semelhante à de uma semente que, ao morrer, gera uma nova vida. Assim, também nós, mesmo atravessando o limite da morte, estamos destinados a uma vida nova e gloriosa.

Essa transformação não é apenas futura, mas já começa agora. Na Eucaristia, de fato, ocorre uma troca misteriosa: oferecemos a Deus nossa vida e recebemos em troca o próprio Cristo, que nos transforma em seu amor. Em cada missa que celebramos, tudo o que somos é assumido na vida de Cristo, que o leva consigo perante o Pai. Não se trata de um rito simbólico, mas de um processo real de transformação de nossa pessoa, que nos torna partícipes da vida eterna já no presente.

Não sabemos exatamente o que vai acontecer no final, mas sabemos que o que seremos já está germinando dentro de nós. Não somos destinados ao nada, mas a um futuro cheio de esperança. Esta certeza muda tudo: nossa vida não é um filme sem sentido, mas uma obra escrita e dirigida por um Diretor extraordinário, que nos convida a fixar o olhar na eternidade e a caminhar em direção a Ele com confiança. É um fato real: Deus gerou filhos, e entre esses filhos estamos também nós. O futuro permanece diante de nós como um desenho de amor apenas parcialmente revelado. Entretanto, o que vemos hoje já é maravilhoso: somos filhos amados, cidadãos do céu, vivendo para Deus e para sempre.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF