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terça-feira, 25 de março de 2025

Vaticano: cúpula sobre longevidade analisa ciência, ética e o futuro da velhice

A coletiva de imprensa sobre o evento internacional (Vatican Media)

Foi apresentada na Sala de Imprensa do Vaticano uma coletiva sobre a última fase da vida com vencedores do Prêmio Nobel e cientistas de renome internacional. O evento, realizado no Centro de Congressos Augustinianum, em Roma, foi organizado pelo Instituto Internacional de Neurobioética (IINBE), com o patrocínio da Pontifícia Academia para a Vida.

https://youtu.be/etpb2emzcPA

Eugenio Murrali - Vatican News

O desafio proposto pela primeira “Vatican Longevity Summit” é criar um modelo de longevidade humana integral, em consonância com a visão do Papa Francisco, que considera a velhice uma graça. A conferência reuniu grandes cientistas e pensadores, com a presença do secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, para enfrentar o teste de um novo paradigma para o último período da existência.

A sociedade, um edifício sem escadas

A iniciativa realizada nesta segunda-feira, 24 de março, no Centro de Congressos Augustinianum, em Roma, foi patrocinada pela Pontifícia Academia para a Vida (PAV), cujo presidente, o arcebispo Vincenzo Paglia, disse: “vivemos no coração de uma contradição gigantesca, porque toda a cultura comum considera a velhice um naufrágio". Uma sociedade que está envelhecendo, mas na qual muitos não sentem a urgência de um tema que o Papa Francisco tem colocado repetidamente no centro do seu magistério. O prelado oferece a imagem de um edifício com quatro andares, as quatro idades, onde, no entanto, faltam escadas e elevadores, ou seja, a comunicação intergeracional. O Pontífice, que proporcionou uma verdadeira “espiritualidade da velhice”, lembrou Paglia, promoveu o diálogo entre as idades, por exemplo, com a instituição de um dia dedicado aos avós. 

Uma longevidade justa e democrática

Vencedores do Prêmio Nobel, cientistas de renome internacional, representantes de instituições contribuíram na reflexão para enriquecer em dignidade e qualidade a idade extrema da vida, um bem comum a ser honrado pela integração da ciência, da ética e da espiritualidade. O principal promotor da conferência, Padre Alberto Carrara, presidente do Instituto Internacional de Neurobioética (IINBE), falou na apresentação, mencionando também o papel desempenhado no nascimento da cúpula por Viviana Kasam, presidente do BrainCircle Italia, que faleceu recentemente. “A tecnologia deve estar a serviço do desenvolvimento integral da pessoa humana”, insistiu Carrara, levantando também a questão da equidade e da democratização das ferramentas em favor da boa longevidade.

Uma sociedade desequilibrada

A questão da equidade foi abordada pelo ganhador do Prêmio Nobel de Química de 2009, o professor Venki Ramakrishnan, que chamou a atenção para o risco de “uma sociedade desequilibrada”, não apenas por causa da diminuição do número de jovens em comparação com os idosos, mas também por causa de um problema social: “se você fizer estudos sobre longevidade, quem será beneficiado?”. E advertiu: “pode-se imaginar que haverá uma sociedade de duas velocidades, na qual os ricos serão ainda mais ricos, terão ainda mais poder”, porque poderão desfrutar dos meios de uma velhice saudável. Outro vencedor do Prêmio Nobel, o professor Shyn'ya Yamanaka, que recebeu o prestigioso Prêmio de Medicina em 2012 por suas descobertas sobre reprogramação celular, também contribui para a reflexão.

A sacralidade do idoso

Um olhar sobre a sacralidade do idoso foi dado no discurso do professor Giulio Maira, fundador e presidente da Fundação Atena, que disse: “o idoso é a expressão máxima do que a sociedade pode fazer pelo homem”. O cientista usou palavras importantes sobre o tema da prevenção e da educação - especialmente para os jovens - para uma vida saudável, longe de excessos, também para permitir que a longevidade seja sustentável. Esse compromisso é necessário para que seja possível recuperar recursos para direcioná-los à pesquisa, mas também, e principalmente, para permitir que os idosos vivam melhor, já que uma porcentagem ainda muito alta é diagnosticada com demência, enquanto devemos chegar a “viver muito tempo, mas com um cérebro saudável”. Acima de tudo, devemos melhorar a velhice do universo feminino, pois é verdade que as mulheres vivem mais, mas “pagam por essa longevidade”.

O conceito atual de cuidado

“Há 100 anos, a idade média nos países industrializados era de cerca de 40-45 anos, hoje é quase o dobro disso”, afirmou o professor Juan Carlos Ipsizua Belmonte, do Salk Institute for Biological Studies, na Califórnia, e correlacionou a velhice alcançada hoje com o desenvolvimento do conceito de cuidado, que se deu principalmente por meio da higiene, dos antibióticos e das vacinas, capazes de diminuir o principal fator de risco, a doença: ”não devemos aumentar a duração da vida como um fim em si mesmo, mas melhorar sua qualidade".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 24 de março de 2025

A Esperança faz viver uma vida nova

Fiel toca a Porta Santa da Basílica São João de Latrão (Vatican News)

"A esperança e a alegria cristã não se orientam simplesmente para um estado futuro, mas é prêmio e graça de Deus, aqui e agora. Ela é vivida na aceitação dos acontecimentos, destinos e tarefas da vida aqui. Mas não é apenas uma construção de um paraíso terrestre, mas que aguarda, na obra salvífica, o Reino definitivo. "

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

“Se Deus vem, mesmo quando o nosso coração parece uma pobre manjedoura, então podemos dizer: a esperança não está morta, a esperança está viva e envolve a nossa vida para sempre! A esperança não desilude”, disse o Papa Francisco em sua homilia na Missa na Noite do Natal, no início o Jubileu Ordinário de 2025. “E o Jubileu – ressaltou - abre-se para que a todos seja dada a esperança, a esperança do Evangelho, a esperança do amor, a esperança do perdão”. Neste sentido, “olhar para o futuro com esperança equivale a ter também uma visão da vida carregada de entusiasmo para transmitir”.

“A Esperança faz viver uma vida nova”, é o tema da reflexão do Pe. Gerson Schmidt*:

São Paulo diz na Carta aos Romanos: “esperar, contra toda esperança” (cf. Rm 4,18). Posteriormente, no capítulo 15, dessa mesma carta, aponta assim: “Ora tudo o que se escreveu no passado é para nosso ensinamento que foi escrito, a fim de que, pela perseverança e pela consolação que nos proporcionam as Escrituras, tenhamos a esperança (Rm 15,4). E no versículo 12 e 13 é ainda mais incisivo, falando da esperança: “Isaías, por sua vez, acrescenta: Surgirá o rebento de Jessé, Aquele que se levanta para reger as nações. Nele as nações colocarão a sua esperança. Que o Deus da esperança vos cumule de toda alegria e paz em vossa fé, a fim de que pela ação do Espírito Santo a vossa esperança transborde”. Nossa esperança se fundamenta nAquele que se levanta para reger as nações: o Deus da Esperança. Nossa esperança, diz o apóstolo dos gentios, transborde pelo Espírito Santo cumulando-nos de alegria e paz.

O Concílio Vaticano II é considerado um Concílio da esperança, pois apresenta uma Igreja aberta à comunidade. O Concílio Vaticano II abordou a esperança cristã como uma virtude que define o caráter escatológico dos fiéis da Igreja, nossa caminhada para a eternidade, sem prescindir das responsabilidades do tempo atual. Na teologia anterior ao concílio Vaticano II, sobretudo na Idade Média, a fé escatológica era, simplesmente a fé no Além. Assim a unidade entre o aquém e o Além era desfeita. O Aquém era o lugar de prova e experiência, da culpa e da purificação do “vale de lágrimas”. O Além, o lugar de recompensa e de alegria. O concílio Vaticano II, sobretudo na Constituição Gaudium et Spes – a Igreja inserida no mundo – introduziu aqui um novo tom. A esperança e a alegria cristã não se orientam simplesmente para um estado futuro, mas é prêmio e graça de Deus, aqui e agora. Ela é vivida na aceitação dos acontecimentos, destinos e tarefas da vida aqui. Mas não é apenas uma construção de um paraíso terrestre, mas que aguarda, na obra salvífica, o Reino definitivo.

O Papa Bento XVI dedicou, no seu pontificado, a reflexão das três virtudes teologais em três pequeninos documentos: A Carta Apostólica Porta Fidei – falando da fé; as cartas encíclicas Spe Salvi – falando da virtude da Esperança e Deus caritas est – apontando a virtude da caridade. Como estamos refletindo a Esperança, nesse Ano Santo Jubilar, recuperamos pensamentos da Encíclica Spe Salvi, sobre a esperança cristã. O Papa Bento, afirmou que mensagem cristã não era só «informativa», mas «performativa». Significa que o Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera fatos e muda a vida. Quem tem esperança, afirmava Bento XVI, vive diversamente porque foi lhe dada uma vida nova. A Boa notícia da Ressurreição de Cristo nos faz enxergar a vida com outros olhos e renova todo o nosso viver.

Nesse contexto, da comunicação da mensagem cristã, de uma informação não só funcional, atualizamos esse pensamento de Bento XVI com o Jubileu dos comunicadores com o Papa Francisco, no início desse ano. Ao considerar o território da comunicação mais amplo do que o da informação, o Papa Francisco se liga idealmente àquele que, na esteira do Concílio, foi o promotor das Jornadas Mundiais das Comunicações Sociais: São Paulo VI.

De fato, o Papa Montini - embora bem ciente do quanto a mídia influencia a vida das pessoas e da própria Igreja - queria que o evento anual fosse dedicado a todos os operadores da comunicação, não apenas aos profissionais da mídia. Assim como para seu amado predecessor, a comunicação para Francisco não é apenas um ato funcional. É a “matéria-prima” da existência humana, pois o homem é uma criatura amada por Deus, que se comunica com ele desde o início. De coração a coração. Toda comunicação humana está, portanto, inserida no círculo da comunicação divina. De fato, desde o início de seu pontificado, Jorge Mario Bergoglio sempre enfatizou a importância da comunicação “com o coração”. Para o Santo Padre, é esta palavra que sintetiza todas as mensagens publicadas nos últimos anos para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, pois implica a coragem para ouvir com o coração, falar com o coração, custodiar a sabedoria do coração, compartilhar a esperança do coração. “Por isso, gostaria de acrescentar ao meu apelo pela liberação dos jornalistas outro ‘apelo’ que diz respeito a todos nós: o da “liberação” da força interior do coração. De cada coração!” Ser jornalista, afirmou o Papa, é mais do que uma profissão. É uma vocação e uma missão, com uma responsabilidade peculiar e uma tarefa preciosa. A linguagem utilizada pode acender ou apagar a esperança, pode dar voz aos marginalizados. A propósito, Francisco pediu que seja garantida a liberdade de imprensa e de pensamento, pois a “informação livre, responsável e correta é um patrimônio” a ser preservado e promovido. Foi desta forma que o Sumo Pontífice se dirigiu aos comunicadores no Jubileu dos comunicadores em Roma, no mês de janeiro.”

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Pacto com a Serpente (III)

Imortais caindo no abismo , do livro de Urizen , William Blake, 1794 | 30Giorni

Arquivo 30Dias n. 04/05 - 2011

O Pacto com a Serpente

A Serpente, a tentadora, aparece sob a forma do libertador, daquele que eleva o homem além do bem e do mal, além da "lei", além do Deus antigo, inimigo da liberdade.
Os últimos duzentos anos redescobriram o princípio libertador do mundo afirmado pela seita dos ofitas, um princípio vislumbrado pela concepção sabatiana com seu Messias entregue às serpentes.

por Massimo Borghesi

Conclusão

A teosofia moderna dos opostos, fundada na doutrina hermética da coincidentia oppositorum , leva a uma união perturbadora entre o divino e o diabólico, leva à ideia do Diabo em Deus. «A ideia gnóstica fundamental de que as contradições são polaridades está em ação em todos os lugares», escreveu Romano Guardini em 1964, «Goethe, Gide, CG Jung, Th. Mann, H. Hesse… Todos veem o mal, o negativo […] como elementos dialéticos na totalidade da vida, da natureza» 49 . Essa atitude, para Guardini, «já se manifesta em tudo o que se chama gnose, na alquimia, na teosofia. Ela se apresenta de forma programática com Goethe, para quem o satânico entra até em Deus, o mal é a força original do universo tão necessária quanto o bem, a morte é apenas mais um elemento desse todo, cujo polo oposto se chama vida. Esta opinião foi proclamada em todas as formas e concretizada no campo terapêutico por CG Jung» 50 .

A ideia básica é que a redenção vem através da degradação, a graça através do pecado, a vida através da morte, o prazer através da dor, o êxtase através da perversão, o divino através do diabólico. O fascínio que o negativo – metáfora do demoníaco – exerce sobre a cultura contemporânea depende desta ideia singular: que os caminhos para o paraíso passam pelo inferno, que a “descida ao Hades e a ressurreição” são uma só 51 .

Entregar-se ao diabo, numa singular transposição gnóstica da ideia de que perder-se é encontrar-se, é abrir-se a Deus. Nessa união “sagrada” Satanás e Deus se unem no homem. É a “identidade de Sade e dos místicos” 52 esperada por Georges Bataille. Para ela, o caminho para baixo coincide com o caminho para cima. Fausto não pode mais se arrepender, nem mesmo na hora da morte. O Adversário se tornou cúmplice, “parte” de Deus. É o caminho para se tornar deus . A emoção do nada, da descida ao Inferno, acompanha a descoberta do Ser, de Abraxas, o pleroma sem rosto que permanece, imóvel, no devir do mundo.

Nota:

49 R. Guardini, Diário. Notas e textos de 1942 a 1964 , tr. it., Brescia 1983, p. 245.
50 R. Guardini, Cartas teológicas a um amigo , tr. it., Milão 1979, p. 63.
51 E. Zolla, Descida ao Hades e Ressurreição , Milão 2002.
52 G. Bataille, Fragmentos sobre William Blake, tr. it., em: Poemas Selecionados de William Blake , op. cit., pág. 163.

Fonte: https://www.30giorni.it/

A fé somente um sentimento?

Sirikarn Rinruesee | Shutterstock

Paulo Teixeira - publicado em 23/03/25

Mais do que um sentimento ou um conjunto de crenças, a fé é um dom de Deus para que as pessoas possam viver de maneira plena a vida.

Resposta

“Quando professamos a nossa fé, começamos por dizer: ‘Creio’, ou ‘Cremos’. Portanto, antes de expor a fé da Igreja, tal como é confessada no Credo, celebrada na liturgia, vivida na prática dos mandamentos e na oração, perguntemos a nós mesmos o que significa ‘crer’. A fé é a resposta do homem a Deus, que a ele Se revela e Se oferece, resposta que, ao mesmo tempo, traz uma luz superabundante ao homem que busca o sentido último da sua vida”

(Catecismo da Igreja Católica, 26).

Fé e razão

“Compreende-se que, num mundo dividido em tantos campos de especializações, se torne difícil reconhecer aquele sentido total e último da vida que tradicionalmente a filosofia procurava. Mas nem por isso posso, à luz da fé que reconhece em Jesus Cristo tal sentido último, deixar de encorajar os filósofos, cristãos ou não, a terem confiança nas capacidades da razão humana e a não prefixarem metas demasiado modestas à sua investigação filosófica. A lição da história deste milênio, quase a terminar, testemunha que a estrada a seguir é esta: não perder a paixão pela verdade última, nem o anseio de pesquisa, unidos à audácia de descobrir novos percursos. É a fé que incita a razão de sair de qualquer isolamento e a abraçar de bom grado qualquer risco por tudo o que é belo, bom e verdadeiro. Deste modo, a fé torna-se advogada convicta e convincente da razão”

 (Fides et ratio, 56).

Testemunho

“O professar com a boca indica que a fé implica um testemunho e um compromisso públicos. O cristão não pode jamais pensar que o crer seja um fato privado. A fé é decidir estar com o Senhor, para viver com Ele. E este ‘estar com Ele’ introduz na compreensão das razões pelas quais se acredita. A fé, precisamente porque é um ato da liberdade, exige também assumir a responsabilidade social daquilo que se acredita. No dia de Pentecostes, a Igreja manifesta, com toda a clareza, esta dimensão pública do crer e do anunciar sem temor a própria fé a toda a gente. É o dom do Espírito Santo que prepara para a missão e fortalece o nosso testemunho, tornando-o franco e corajoso” 

(Porta fidei, 10).

Construção

“A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos contemporâneos. Sem um amor fiável, nada poderia manter verdadeiramente unidos os homens: a unidade entre eles seria concebível apenas enquanto fundada sobre a utilidade, a conjugação dos interesses, o medo, mas não sobre a beleza de viverem juntos, nem sobre a alegria que a simples presença do outro pode gerar. A fé faz compreender a arquitetura das relações humanas, porque identifica o seu fundamento último e destino definitivo em Deus, no seu amor, e assim ilumina a arte da sua construção, tornando-se um serviço ao bem comum. Por isso, a fé é um bem para todos, um bem comum: a sua luz não ilumina apenas o âmbito da Igreja nem serve somente para construir uma cidade eterna no além, mas ajuda também a construir as nossas sociedades de modo que caminhem para um futuro de esperança” 

(Lumen fidei, 51).

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/03/23/a-fe-somente-um-sentimento

domingo, 23 de março de 2025

Catedral de Notre Dame pode ser uma mesquita em meio século, diz historiador francês

Nossa Senhora. Foto: Arquivo | ZENIT

Catedral de Notre Dame pode ser uma mesquita em meio século, diz historiador francês

O intelectual francês enfatiza: "Não conseguimos integrá-los porque a ideologia da inclusão proíbe toda integração. Além disso, estamos declinando demograficamente enquanto eles estão aumentando, por razões culturais e religiosas."

19 DE MARÇO DE 2025 RAFAEL LLANES IGREJA LOCAL

(ZENIT News / Roma, 19/03/2025).- Chantal Delsol, intelectual da direita francesa, é mencionada pelo  Le Figaro  em um artigo de 28 de janeiro, onde é feita uma referência notável: “Em meio século, a Catedral de Notre-Dame poderá ser uma mesquita”.

Chantal Delson é uma filósofa, historiadora e romancista francesa, discípula de Julien Freund, de linha liberal-conservadora. No artigo do jornal parisiense, ele explicou que "somos responsáveis ​​pelas políticas de nossos ancestrais, que colonizaram e depois atraíram essas populações por razões econômicas. Agora elas estão aqui, e também vêm porque lhes ensinamos nossa língua. Deveríamos ter feito imensos esforços para integrá-las; quero dizer, esforços humanos, não apenas dinheiro de helicóptero..."

O filósofo publicou “ Insurrection des particularités”  com Cerf, analisando o período de dolorosa transição que o Ocidente atravessa. Ela evidencia a desilusão com as utopias do Iluminismo e o colapso do cristianismo, criando um pensamento ultraindividualista, que consagra o particular em detrimento do universal.

Ele ressalta que o individualismo faz com que as sociedades ocidentais sejam caracterizadas pela incapacidade de formar uma comunidade, enquanto os imigrantes árabes ou latino-americanos tendem a reforçá-lo.

O intelectual francês enfatiza:  "Não conseguimos integrá-los porque a ideologia da inclusão proíbe toda integração. Além disso, estamos declinando demograficamente enquanto eles estão aumentando, por razões culturais e religiosas."

Delson levanta uma preocupação: "Finalmente, embora essas questões sejam resolvidas quando a cultura dos imigrantes é próxima, como aconteceu com os italianos na França ou os ucranianos hoje na Polônia, as massas de muçulmanos, com mulheres escravizadas, são quase impossíveis de assimilar, mesmo se quiséssemos."

O crescimento demográfico dessas minorias aumenta a força de sua mentalidade, que é fraca entre os ocidentais pós-modernos: "Além disso, a divisão ideológica está crescendo cada vez mais entre nossas sociedades, e uma parcela desses muçulmanos sonha em estabelecer um califado. É claro de se ver: esforços podem ser feitos para deportar suspeitos de terrorismo, mas é virtualmente impossível encontrar soluções políticas para todos eles."

“Por isso mesmo, não seria de se espantar que, em menos de um século, Notre Dame fosse transformada em mesquita, e nossos bisnetos, outrora educados e fluentes em línguas, emigrassem para a América, onde continuariam inventando patentes e escrevendo livros às margens do Ohio”, afirma.

O Pacto com a Serpente (II)

A Casa da Morte , William Blake, gravura colorida, coleção particular | 30Giorni

Arquivo 30Dias n. 04/05 - 2011

O Pacto com a Serpente

A Serpente, a tentadora, aparece sob a forma do libertador, daquele que eleva o homem além do bem e do mal, além da "lei", além do Deus antigo, inimigo da liberdade.
Os últimos duzentos anos redescobriram o princípio libertador do mundo afirmado pela seita dos ofitas, um princípio vislumbrado pela concepção sabatiana com seu Messias entregue às serpentes.

por Massimo Borghesi

Satanás em Deus

Satanás não está sozinho em Prometeu, um contraste para o Anjo Caído de Milton. Satanás também está em Deus. A teologia gnóstica que está no cerne do ateísmo rebelde dos últimos dois séculos distingue entre Lúcifer (o libertador) e Satanás (o opressor). Ela encontra sua forma exemplar no pensamento de Ernst Bloch. Para Bloch há «por um lado o Deus do mundo que se identifica cada vez mais claramente com Satanás, o Inimigo, a estagnação; por outro lado, o Deus da futura ascensão ao céu, o Deus que nos impulsiona para a frente com Jesus e com Lúcifer" 27 . O deus do mundo, o criador, é o demiurgo maligno contra quem, no Éden, a Serpente, a verdadeira amiga do homem, se levantou. É Lúcifer, com seu desejo de ser como Deus , quem revela ao homem seu destino. «Somente em Lúcifer, guardado em segredo em Jesus para se manifestar mais tarde, no fim, nos tempos em que este rosto puder ser revelado; só em Lúcifer, que se inquietou quando foi abandonado pela segunda vez, quando da cruz se elevou o grito que ficou sem resposta, quando pela segunda vez foi esmagada a cabeça da Serpente do Paraíso pendurada na cruz: só nele, portanto, no Oculto em Cristo, como o antidemiúrgico absoluto , está também incluído o autêntico elemento teúrgico daquele que se rebela porque é filho do homem» 28 .

A Serpente, como na seita Ofita lembrada por Bloch em Ateísmo no Cristianismo , é, portanto, a libertadora. Duas vezes subjugada, no Éden e em Cristo erguido na cruz como a serpente de bronze de Moisés, ela aguarda sua vingança, sua vitória sobre o Demiurgo que inaugura a "era do Espírito". Unindo Marcião e Joaquim de Fiore, Bloch é a encruzilhada de todo o gnosticismo moderno. Jesus, a antecipação do deus vindouro, do deus “humano”, é o redentor do deus “satânico”, do deus do cosmos, da ordem e da lei. A revolução, como dissolução da velha ordem, torna-se aqui a obra luciferiana por excelência.

Como precedente ilustre para suas reflexões, Bloch lembra, em Ateísmo no Cristianismo , a figura de William Blake. O poeta inglês, fascinado pelas revoluções americana e francesa, teve, além da Bíblia, quatro mestres: Milton, Shakespeare, Paracelso, Böhme. Ao primeiro ele dedicou um pequeno poema épico, Milton , provavelmente composto entre 1800 e 1803. Nele, Urizen, o Príncipe da Luz, parece idêntico a Satanás. O que é peculiar em Blake é seu The Marriage of Heaven and Hell ( O Casamento do Céu e do Inferno ), escrito em 1790. Aqui a santificação dos impulsos e desejos, antes de tudo o sexual, « pois tudo o que vive é Santo » ( já que todo ser vivo é Sagrado!), obtém sua consagração teórica. Para ela não existe mais o mal que nega o bem: tanto o mal quanto o bem são necessários. «Sem contrários não há progresso. Atração e Repulsão, Razão e Energia, Amor e Ódio são necessários para a existência humana. Destes opostos surge o que o homem religioso chama de Bem e Mal. Boa é a passividade que obedece à Razão. O mal é a atividade que surge da Energia. "O bem é o céu, o mal é o inferno" 29 .

O mal, como no Fausto de Goethe , é o que dá energia, o que desperta o bem adormecido. O Diabo é a força de Deus. Nessa concepção, Blake estava em débito com a primeira pessoa no arco do pensamento moderno que ousou afirmar o mal em Deus: Jacob Böhme. O philosophus teutonicus , que, segundo Hegel, «foi o primeiro a dar origem na Alemanha a uma filosofia com características próprias» 30 , estimado por Leibniz, Hegel, Schelling, von Baader e toda a escola teosófica do pensamento moderno, é aquele para quem « segundo o primeiro princípio Deus não é chamado Deus , mas Cólera, Fúria, uma fonte amarga, e daqui vêm o mal, a dor, o tremor e o fogo devorador» 31 . A ira de Deus é vencida pelo amor; no entanto, continua sendo o Urgrund , o princípio original do qual tudo se origina. Böhme, segundo Hegel, «lutou para compreender em Deus e a partir de Deus o negativo, o mal, o Diabo» 32 .

 Deus é a unidade dos opostos, da ira e do amor, do mal e do bem, do Diabo e seu oposto, o Filho. Nessa posição, Cristo e Satanás se tornam de alguma forma irmãos, filhos de um único Pai, partes Dele, momentos de Sua natureza polar. Foi o que Carl Gustav Jung afirmou em seu esotérico Septem Sermones ad Mortuos, escrito em 1916, distribuído como um panfleto para amigos e nunca distribuído em livrarias. O texto, que idealmente recorda o gnóstico Basílides, afirma a natureza de Deus como um “pleroma” composto de pares de opostos dos quais «Deus e o diabo são as primeiras manifestações» 33 . Elas são distinguidas como geração e corrupção, vida e morte. E ainda assim " a eficácia é comum a ambos. A eficácia os une. Portanto, a eficácia está acima deles e é um Deus acima de Deus, pois em seu efeito une a plenitude e o vazio» 34 . Este Deus que une Deus e o Diabo é chamado, por Jung, de Abraxas. É a força original, que vem antes de qualquer distinção. «Abraxas gera verdade e mentira, bem e mal, luz e escuridão, na mesma palavra e no mesmo ato. Portanto Abraxas é terrível» 35 . É "o amor e seu assassino", "o santo e seu traidor", é "o mundo, seu devir e seu passar". "O diabo lança sua maldição sobre todo presente do Deus Sol" 36 . A mensagem esotérica dos Sete Sermões levou, como em Blake, à santificação da natureza, à inocência do devir. Implicava, por esse mesmo fato, a justificação do mal, do Diabo, sua inserção, como em Böhme, em um sistema polar. Não é por acaso que Martin Buber, tendo tomado conhecimento do panfleto, falou aqui de gnose . «Ele – e não o ateísmo, que anula Deus porque deve rejeitar as imagens que dele foram feitas até agora – é o verdadeiro antagonista da realidade da fé» 37 . Para Buber, a psicologia de Jung nada mais era do que "o renascimento do motivo carpocrático, agora ensinado como psicoterapia, que diviniza misticamente os instintos em vez de santificá-los na fé" 38 .

A observação de Buber não foi puramente conjectural. Foi o próprio Jung quem, em Psicologia e Religião , lembrou a atualidade do gnóstico Carpócrates, que sustentava que "o bem e o mal são apenas opiniões humanas e que, ao contrário, as almas, antes de sua partida, deveriam ter vivido cada experiência humana até o fim, se quisessem evitar o retorno à prisão do corpo. Somente o cumprimento completo de todas as exigências da vida pode redimir a alma aprisionada no mundo somático do Demiurgo» 39 . A vida, afirmou ele no Ensaio sobre a Interpretação Psicológica do Dogma da Trindade , «como um processo energético necessita de contrastes, sem os quais a energia é notoriamente impossível. O bem e o mal nada mais são do que os aspectos éticos dessas antíteses naturais» 40 . É por isso que Deus precisa de Lúcifer. «Sem este último não haveria criação, muito menos haveria história de redenção. Sombra e contraste são as condições necessárias de toda realização» 41 . Essa sombra está antes de tudo em Deus, no Deus primordial, no Inconsciente que, para Jung, é o verdadeiro poder que dirige a vida e que deve ser "humanizada" pelo ego consciente. É somente no Deus humano, Cristo, que o julgamento separa o que está unido no pleroma (o inconsciente): a luz e sua sombra. Agora, os “dois filhos de Deus, Satanás, o mais velho, e Cristo, o mais novo” 42, a mão esquerda e a mão direita de Deus, separadas. «Esta antítese representa um conflito levado ao extremo, e com ele também uma tarefa secular para a humanidade até aquele ponto ou ponto de virada no tempo em que o bem e o mal começam a se relativizar, a ser questionados, e o clamor por um além do bem e do mal é levantado. Mas na era cristã, isto é, no reino do pensamento trinitário, tal reflexão é simplesmente excluída; porque o conflito é violento demais para permitir que o mal tenha qualquer outra relação lógica com a Trindade além do contraste absoluto» 43 . A Trindade divina e espiritual deve ser reconciliada com um "quarto" princípio: a matéria, o corpo, o feminino, o eros, o mal , para que o idealismo cristão, reconciliado com o mundo, possa alcançar uma unidade superior. «Portanto, mesmo na época da fé absoluta na Trindade, sempre houve uma busca pelo quarto perdido , desde os neopitagóricos gregos até o Fausto de Goethe . Embora esses buscadores se considerassem cristãos, eles eram, no entanto, uma espécie de cristãos a laterale , pois consagravam suas vidas a uma obra , que tinha como objetivo a redenção do serpens quadricornutus , da anima mundi enredada na matéria, do Lúcifer caído... Nossa fórmula de quaternidade dá razão à sua pretensão, pois o Espírito Santo, como uma síntese dAquele que era originalmente Um e depois dividido, flui de uma fonte luminosa e de uma fonte escura» 44 . A “Era do Espírito”, na interpretação peculiar de Jung de Gioacchino da Fiore, é a era que se segue ao éon cristão , o tempo de Abraxas em que paixões e razão, inconsciente e consciente, mal e bem, Lúcifer e Cristo, se tornam um .

Em 1919, Hermann Hesse, que havia feito análise com Jung em 1920, publicou um romance, Demian , sob o pseudônimo de Emil Sinclair. Nele, o protagonista, um jovem inexperiente, aprende o sentido da vida com um espírito “livre” que carrega o signo de Caim: Demian. Para Demian, "o Deus do Antigo e do Novo Testamento é uma figura excelente, mas não é o que deveria ser. É o bom, a nobreza, o pai, o alto, o belo, o sentimental: todas as coisas belas, mas o mundo também é feito de outras coisas. E isto é simplesmente atribuído ao Diabo, e toda esta parte do mundo, esta metade é suprimida e morta com o silêncio" 45. Segundo Demian, a esfera sexual pertence a ela. Por isso, não podemos venerar somente a Deus, «devemos venerar tudo e considerar sagrado o mundo inteiro, não apenas esta metade oficial, artisticamente separada. Junto com o serviço a Deus, devemos também ter serviço ao Diabo. Parece justo para mim. Ou deveríamos encontrar um Deus que também inclua o diabo " 46 . Como em Jung, este «Deus chama-se Abraxas e é Deus e Satanás e abrange em si o mundo da luz e o mundo das trevas» 47 . É o amor sagrado e o amor profano, "a imagem angélica e Satanás, o homem e a mulher juntos, o homem e a besta, o bem supremo e o mal extremo" 48 .

A visão do divino como coincidentia oppositorum , versão que sela o “pacto com a Serpente” de forma indissolúvel, permeia assim uma parte significativa do mundo cultural do século XX. Recordemos, entre outras, as reflexões de Mircea Eliade que em dois escritos, O Mito da Reintegração (1942) e Mefistófeles e o Andrógino (1962), expõe, sob as sugestões de Jung, a sua visão da «polaridade divina». Para ela, toda divindade parece polar, benéfica e maléfica ao mesmo tempo. A Serpente é irmã do Sol, assim como, segundo um mito gnóstico, seriam Cristo e Satanás. Essa bi-unidade divina prepara, no homem, a reintegração do sagrado e do profano, do bem e do mal, numa unidade superior que encontra, para Eliade, seu objetivo simbólico na figura do andrógino.

Nota

27 E. Bloch, Espírito da Utopia , tr. it., Florença 1980, p. 314.
28 Op. cit., pág. 252.
29 W. Blake, O Casamento do Céu e do Inferno , op. cit., págs. 19-20.
30 GWF Hegel, Lições sobre a História da Filosofia , tr. it., 4 vols., Florença 1973, vol. III(2), pág. 35.
31 Citado em: F. Cuniberto, Jacob Böhme , Brescia 2000, p. 119.
32 GWF Hegel, Lições sobre a História da Filosofia , op. cit., vol. III(2), pág. 42.
33 CG Jung, Septem Sermones ad Mortuos , tr. it., em: Memórias, Sonhos, Reflexões de CG Jung, Milão 1990, p. 454.
34 Op. cit., pp. 454-455.
35 Op. cit., pág. 456.
36 Ibidem.
37 M. Buber, O Eclipse de Deus , tr. it., Milão 1983, p. 139.
38 Ibidem.
39 CG Jung, Psicologia e Religião , tr. it., em: CG Jung, Obras , vol. XI, Milão 1984, p. 83.
40 CG Jung, Um ensaio sobre a interpretação psicológica do dogma da Trindade , tr. it., em: CG Jung, Obras , vol. XI, op. cit., pág. 191.
41 Op. cit., pág. 190.
42 CG Jung, Prefácio a Z. Werblowsky, “Lúcifer e Prometeu” , tr. it., em: CG Jung, Obras , vol. 11, op. cit., pág. 299.
43 CG Jung, Um ensaio sobre a interpretação psicológica do dogma da Trindade , op. cit. , pág. 171.
44 Op. cit., pág. 174.
45 H. Hesse, Demian. História da Juventude de Emil Sinclair , tr. it., em: H. Hesse, Peter Camenzind – Demian. Dois romances da juventude , Roma 1993, p. 185.
46 Op. cit., pág. 185. O itálico é nosso.
47 Op. cit., pág. 216.
48 Op. cit., pág. 207.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Reflexão para o III Domingo da Quaresma (C)

Quaresma (Vatican News)

Jesus não concorda que cultivemos sentimentos de violência contra as pessoas que nos fizeram mal. Ele convida todos a uma mudança, a uma conversão.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A cena de Moisés e da sarça ardente, que temos na primeira leitura, apresenta-nos o coração do grande líder judeu. Moisés possuía grande sensibilidade e senso de justiça. Ele se revoltou com a injustiça praticada em relação a um homem judeu e deixou vir à tona um grande arroubo em favor do oprimido. Ele demonstrou ser possuído por grandes paixões.

É de homens assim que Deus quer precisar para agir no mundo. Deus deu missão a Moisés, a Sansão, a Davi, a João Batista, a todos aqueles que se deixaram tomar por uma grande paixão em favor do ser humano. Vejamos nossos santos: Madre Paulina, Santo Antônio Galvão, Anchieta, e tantos outros!

Mas voltemos a Moisés. Em suas orações, percebeu que Deus precisava dele. Deixou-se tocar pelo Senhor no momento em que se revoltou quando viu injustiças. Mais tarde, refletindo sobre esses fatos, percebeu que deveria deixar sua vidinha acomodada de pastorar rebanho, de estar com a família e com os amigos para se colocar a serviço de Deus, a serviço do povo.

Sabia que Deus estaria sempre com ele e jamais o abandonaria, nem a ele e nem aos seus.

Essa vocação para ser libertador, nasceu junto a uma imperfeição grave. Moisés agiu com violência matando o egípcio que oprimia um seu conterrâneo. Mesmo assim, Deus viu nele qualidades de libertador.

Agora, no Evangelho, Jesus vai corrigir essa ação de Moisés, ao não concordar com a indignação do povo em relação a Pilatos.

Jesus não concorda nem com a retribuição sanguinária à atitude de Pilatos e nem em atribuir aos galileus mortos alguma culpa.

Jesus não concorda que cultivemos sentimentos de violência contra as pessoas que nos fizeram mal. Ele convida todos a uma mudança, a uma conversão.

A parábola da figueira estéril nos convoca a uma paciência e esperança divinas, tolerantes com as fraquezas humanas. Tolerante, mas não conivente ou negligente.

Deus nos quer pessoas apaixonadas, vibrantes, dedicadas à missão até a raiz de nossa existência, contudo ele nos quer cidadãos absolutamente convertidos ao bem.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A conversão pessoal é urgente!

A urgência da conversão (comshalom)

A CONVERSÃO PESSOAL É URGENTE! 

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

Nesta nossa peregrinação neste tempo quaresmal somos tocados pela misericórdia do Senhor, que nos quer pessoas melhores, produzindo frutos de bondade, compaixão, acolhida e ações humanizadas. O Senhor é paciente, bondoso e compassivo, e o seu coração respeita o tempo de cada pessoa, para que entremos no caminho da vida! 

Na terceira etapa da caminhada da Quaresma, a liturgia convida-nos, uma vez mais, a tomar consciência do projeto que Deus tem para nós. Decidido a conduzir-nos em direção à vida verdadeira, Deus caminha ao nosso lado, aponta-nos caminhos de liberdade e de vida nova, convida-nos a derrubar tudo aquilo que nos escraviza, nos limita e nos encerra em fronteiras fechadas de egoísmo, de sofrimento e de morte. 

Na primeira leitura – Ex 3,1-8a.13-15 – Deus apresenta-se a Moisés e aos hebreus que vivem como escravos no Egito. Ele não olha com indiferença para o sofrimento dos seus filhos escravizados e maltratados; mas está ao lado deles, ajuda-os a libertarem-se das cadeias de morte que os prendem, condu-los em direção à liberdade e à vida plena. A libertação dos escravos hebreus do Egito oferece-nos o modelo que o Deus salvador vai usar, em todas as épocas da história, para salvar o seu povo. Temos, nesta leitura, um texto significativo de toda a história da salvação. Deus se revela a Moisés em uma sarça que ardia, mas que não se consumia, e chama-o. O Senhor revela sua fidelidade ao indicar que cumpriu as promessas feitas a Abraão (Ex 3,6), e confia a Moisés uma missão: libertar o povo da escravidão do Egito e conduzi-lo à terra de liberdade, em que corre leite e mel (Ex 3,8a). Deus tem paciência com nossa demora em nos converter, porém, nesse tempo quaresmal, procuremos refletir se temos nos empenhado, apesar da nossa fragilidade e dos nossos limites, em mudar nosso coração e mentalidade. Perdoamos o suficiente? Criamos e geramos ambientes de paz e concórdia? Empenhamo-nos na preservação da natureza, não desperdiçando água, por exemplo? Acolhemos nossos irmãos e irmãs, cuidamos de nossos doentes e das pessoas idosas com solicitude e misericórdia? Todos esses são pontos de reflexão e conversão para quem se prepara para a Páscoa que se aproxima e para a Páscoa definitiva, nosso encontro pessoal e universal com o Cristo Ressuscitado.  

Na segunda leitura – 1Cor 10,1-6.10.12 – ensina que uma experiência religiosa que se traduz em meros rituais externos e vazios não nos assegura a vida e a salvação; o que é importante é a adesão verdadeira a Deus, a vontade de aceitar a sua proposta de salvação, o seguimento radical de Jesus. 

No Evangelho – Lc 13,1-9 – apresenta-nos um apelo veemente de Jesus à conversão, à transformação radical da existência, a uma mudança de mentalidade, a um recentrar a vida de forma que Deus e os seus valores passem a ser a nossa prioridade fundamental. Se isso não acontecer, diz Jesus, a nossa vida terá sido uma perda de tempo, um projeto falhado. 

A primeira parte do Evangelho quer demonstrar-nos que Deus não nos castiga pelos acidentes e dificuldades. Contudo, estes não devem ser ignorados, pois podem servir-nos de advertência para nos mantermos no caminho do arrependimento. A segunda parte do Evangelho, parábola da figueira estéril, nos remeter à demora da Parusia – algo que marcava a vida das primeiras comunidades que esperavam o retorno iminente de Jesus. Ao trazer essa temática, o texto ressalta a grandiosidade de Deus, que deseja a salvação de todos. 

Estamos chegando na metade do tempo favorável da Quaresma. Este tempo é de conversão, mudança de vida, penitência, caridade e compromisso com os mais pobres. Fica a indagação: você já se confessou de maneira auricular? Já pediu a Deus e a Igreja perdão de seus pecados? Como têm vivido a sua Quaresma? Por isso o apelo de Jesus é para uma mudança radical de vida. Vamos abandonar o pecado e viver a graça santificante! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

EDITORIAL: Bem-vindo de volta para casa!

Papa Francisco: Bem-vindo de volta para casa (Vatican Media)

Após 38 dias, o Papa Francisco deixa a Policlínica Gemelli.

Andrea Tornielli

Passaram-se 38 dias desde aquele 14 de fevereiro, quando o Papa Francisco deixou o Vaticano para ser hospitalizado na Policlínica Gemelli. Foram semanas complicadas para um paciente de 88 anos, acometido por pneumonia bilateral. Os boletins médicos não esconderam a gravidade da situação, as crises pelas quais passou e a complexidade de seu quadro clínico. No entanto, esses dias foram marcados, sobretudo, por uma enxurrada de orações em favor de sua recuperação: orações pessoais, orações comunitárias, terços e celebrações eucarísticas. Não apenas católicos e cristãos rezaram por Francisco. Mulheres e homens pertencentes a outras religiões também elevaram suas preces, e até mesmo aqueles que não têm fé enviaram-lhe pensamentos positivos e manifestações de carinho. Foi para esse povo em oração que a breve saudação de hoje foi desejada e concebida.

Vivemos com o Bispo de Roma esses longos dias de sofrimento. Esperamos, rezamos e nos emocionamos quando, no dia 6 de março, Francisco fez questão de agradecer, com sua voz fraca, aos fiéis que rezavam na Praça São Pedro e em tantos outros lugares do mundo. Sentimos alívio na noite de domingo, 16 de março, ao vê-lo pela primeira vez desde sua internação, ainda que de costas, rezando após concelebrar a missa na capela do décimo andar do Gemelli.

Depois de tanta apreensão, mas também de tanta esperança e confiança no desígnio Daquele que nos dá a vida e pode chamá-la a qualquer momento, hoje o vimos novamente. Recebemos sua bênção no dia de seu retorno ao Vaticano. Do quarto do hospital, nas últimas semanas, Francisco lembrou que a vida vale a pena ser vivida em cada instante e que, a qualquer momento, pode ser-nos retirada. Houve também um lembrete de que o sofrimento e a fraqueza podem se tornar uma oportunidade para o testemunho evangélico, para anunciar um Deus que se fez homem, que sofre conosco e que aceitou ser aniquilado na cruz.

Agradecemos por dizer que, do quarto do hospital, a guerra parecia ainda mais absurda; por lembrar da necessidade de desarmar a terra e, portanto, não rearmá-la, enchendo os arsenais com novos instrumentos de morte; por rezar e oferecer seus sofrimentos pela paz, tão ameaçada nos dias de hoje.

Bem-vindo de volta para casa, Santo Padre!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 22 de março de 2025

O Pacto com a Serpente (I)

Elohim Criando Adão , detalhe, William Blake (1757-1827), aquarela e tinta, Tate Gallery, Londres | 30Giorni

Arquivo 30Dias n. 04/05 - 2011

O Pacto com a Serpente

A Serpente, a tentadora, aparece sob a forma do libertador, daquele que eleva o homem além do bem e do mal, além da "lei", além do Deus antigo, inimigo da liberdade.
Os últimos duzentos anos redescobriram o princípio libertador do mundo afirmado pela seita dos ofitas, um princípio vislumbrado pela concepção sabatiana com seu Messias entregue às serpentes.

por Massimo Borghesi

Os Ofitas: a serpente como libertadora

Durante mais de dois séculos, a cultura ocidental acariciou o mal , bajulou-o, justificou-o. O negativo comunica vertigem, delírio de onipotência, emoções indizíveis; ilumina com clarões avermelhados os caminhos proibidos, os abismos da noite, os picos gelados. Ela colore o peculiar titanismo moderno , o desafio provocador que lança ao Eterno. Se o velho Fausto, de Marlowe, se arrepende no momento da morte, o último vive da indignação e anseia pela dissolução. O pacto com a serpente , como Mario Praz intitula um dos seus últimos volumes 1 , torna-se agora estável. A Serpente, a tentadora, aparece sob a forma do libertador, daquele que eleva o homem além do bem e do mal, além da "lei", além do Deus antigo, inimigo da liberdade. Os últimos duzentos anos redescobriram «o princípio libertador do mundo [afirmado] pela seita dos ofitas» 2 , princípio vislumbrado, segundo Gershom Scholem, pela concepção sabatiana com o seu Messias entregue às «serpentes» 3 . Princípio reafirmado por Ernst Bloch em seu Ateísmo no Cristianismo , onde o Cristo-Serpente liberta o mundo da tirania de Javé 4 . Até Goethe, segundo Vittorio Mathieu, «tinha ouvido falar da seita dos ofitas» 5 . Em Goethe e seu Demônio Guardião , Mathieu observa como em Fausto Mefistófeles é a "força que faz emergir o positivo no homem da escuridão" 6 . Como Deus afirma a Mefistófeles no Prólogo no Céu , "você só precisa mostrar a si mesmo, livremente, o que você é; Eu nunca odiei seus pares; De todos os espíritos que negam, o escarnecedor é o que menos me incomoda. A atividade do homem diminui com muita facilidade e ele ficaria feliz em se acomodar em repouso absoluto. Por isso, coloco de bom grado ao lado dele um companheiro que o estimula e age, e que, como o Diabo, deve criar" 7 . O Diabo é voluntariamente colocado ("gern") por Deus como um colaborador do homem. Como Mircea Eliade observou, “poder-se-ia falar de uma simpatia orgânica entre o Criador e Mefistófeles” 8 . Goethe faz de Mefistófeles, o mal, a mola que move em direção à ação(«Tat»), em direção ao que é positivo. Essa é a ideia, destinada a percorrer um longo caminho, de que o caminho para o Céu passa pelo inferno. O homem se torna homem, vivo, inteligente, livre, somente saboreando plenamente a amargura da vida. A inocência da “bela alma” é, ao contrário, inércia, estagnação, morte. Hegel, com sua dialética do negativo, dará uma suntuosa aparência teórica a essa ideia. 

O homem deve pecar, ele deve emergir da inocência natural para se tornar Deus . Ele deve cumprir a promessa da Serpente: ele deve conhecer , como Deus, o bem e o mal. Este conhecimento «é a origem da doença, mas também a fonte da saúde, é o cálice envenenado do qual o homem bebe a morte e a putrefação, e ao mesmo tempo a fonte da reconciliação, pois apresentar-se como mau é em si mesmo a superação do mal» 9 . Nesta perspectiva, a figura do Anjo rebelde, daquele que, provocando o homem, o elevaria à sua liberdade, brilha com novo esplendor. Mefistófeles se torna, passo a passo, o herói, o Prometeu moderno, o libertador. «Sem procurar por enquanto as causas profundas», escreveu Roger Caillois em 1937, «deve-se notar que um dos fenômenos psicológicos mais carregados de consequências do início do século XIX é o nascimento e a difusão do satanismo poético, o fato de o escritor assumir voluntariamente o papel do Anjo do Mal e sentir afinidades precisas com ele. Nesta luz, o Romantismo aparece em parte como uma transmutação de valor " 10 . De Byron a Vigny, a “mitologia satânica” elabora a figura de um “anjo do mal”, rebelde e vingador, cujas premissas remontam ao passado.

Satanás vs. Deus

Mario Praz indica corretamente o início desse processo em seu La carne, la morte e il diavolo nella letteratura romantica , a obra mais interessante até hoje sobre o fascínio do demoníaco na literatura do século XIX, na peculiar caracterização de Satanás oferecida por Milton em seu Paraíso Perdido . «Foi Milton quem deu à figura de Satanás todo o encanto do rebelde indomável que já pertencia às figuras do Prometeu de Esquile e do Capaneu de Dante» 11 . O Adversário "torna-se estranhamente belo" 12 . Como escreveu Baudelaire: «O tipo mais perfeito de beleza viril é Satanás – à maneira de Milton» 13 . Em comparação, Harold Bloom observa: “O Deus de Milton é uma catástrofe”, assim como Cristo, que “é um desastre poético em Paraíso Perdido ” . 14. Para Blake: «Milton era desajeitado ao escrever sobre Deus e Anjos, e à vontade ao escrever sobre Demônios e o Inferno, pois ele era um verdadeiro Poeta, e estava do lado do Diabo sem saber» 15 . Este é um julgamento perfeitamente compartilhado por Shelley para quem: «Nada pode superar a energia e o esplendor do caráter de Satanás expresso em Paraíso Perdido […]. O diabo de Milton, como ser moral, é muito superior ao seu Deus» 16 .

Destemido, indomável, o príncipe das trevas aparece como o lutador incansável contra a tirania divina. Satanás é Prometeu, ele toma o lugar do titã mítico acorrentado por Zeus à rocha, imortalizado pela imaginação de Ésquilo. O Prometeu moderno se opõe ao deus hostil e maligno. O Satanás luciferiano parece melhor que o Criador: «Milton assume abertamente uma atitude gnóstica em relação a Satanás, segundo a qual Deus e Cristo são apenas versões do Demiurgo» 17 . A verdadeira afirmativa é o diabo. É ele, e não o anjo obediente, que aparece, ética e esteticamente, dotado de maior encanto. Como afirma Hegel: «Quando o Diabo aparece, é preciso demonstrar que há nele uma afirmativa; sua força de caráter, sua energia, seu espírito consequente parecem muito melhores, mais afirmativos do que os de algum anjo […]. Como em Milton”, acrescenta Hegel, “onde ele, na sua energia característica, é melhor do que alguns anjos” 18 .

Graças a Milton, à sua releitura mítica, Satanás faz assim sua entrada no imaginário moderno. Temos, assim, o que Praz chama, em um capítulo de seu volume, de "metamorfose de Satã", sua transição de uma figura negativa para um herói positivo: o rebelde triste, privado, como o homem, de sua felicidade paradisíaca por um deus tirano. Em seu estudo, Praz documenta, com grande perícia, autores e correntes que fazem da mitologia satânica sua. Se no século XVIII «o Satanás miltoniano transfundiu o seu encanto sinistro no tipo tradicional do bandido generoso, do delinquente sublime» 19 , é no século XIX, no clima romântico, que ele se torna o rebelde, a expressão da revolta metafísica, do «não» à criação. Foi Byron quem “levou à perfeição o tipo do rebelde, um descendente distante do Satanás de Milton” 20. Com ele o rebelde se torna o “estranho”, o homem impenetrável que transcende o modo comum de sentir, que transcende seus próprios crimes. Ele é o super-homem que é superior e ao mesmo tempo inferior aos outros homens. Ele é o homem infeliz que se alimenta do ressentimento em relação a um deus cruel cuja crueldade ele imita. A teologia de Byron é, segundo Praz, a mesma de Sade, cuja obra, segundo o autor, tem influência fundamental na literatura romântica. No cerne está o ódio à criação e ao seu autor, a exaltação do prazer e do crime como escárnio, profanação, ultraje. Segundo Praz, estamos aqui diante de um “satanismo cósmico” 21 . Sua influência é enorme. Se a natureza cria apenas para destruir, satisfazer a natureza é repetir seu ritmo, o prazer da destruição, o gosto (sádico) que faz o prazer surgir da dor, o delírio da aniquilação, o divino do diabólico. É uma pintura de Delacroix. «Aquele pintor “canibal”, “moloquista”, “dolorista” que foi Delacroix, incansável curioso dos massacres, dos incêndios, dos roubos, dos putrideros , ilustrador das cenas mais obscuras de Fausto e dos poemas mais satânicos do seu idolatrado Byron; aquele amante da felinidade […] e dos países violentos e quentes» 22 . É a poesia de Baudelaire, alimentada por Poe e de Sade, cujo pessimismo cósmico se assemelha mais à heresia maniqueísta do que à religião cristã: «Absolu! Resultado dos opostos! "Ormuz e Ahriman, vocês são a mesma coisa!" 23 . É a narrativa de Flaubert, para quem «Néron viverá tanto quanto Vespasiano, Satanás como Jesus-Cristo» 24 . Das Canções de Maldoror de Lautréamont, que confessa ter «cantado o mal como fizeram Mickiewicz, Byron, Milton, Southey, A. de Musset, Baudelaire» 25 . De Swinburne que, cativado pela teologia gnóstica de Sade, declama seu homem em revolta: «…se pudéssemos impedir a natureza, então sim, o crime se tornaria perfeito e o pecado uma realidade. Se o homem pudesse fazer isso, se ele pudesse frustrar o curso das estrelas e alterar o tempo das marés; se ele pudesse mudar os movimentos do mundo e encontrar a sede da vida e destruí-la; se ele pudesse entrar no céu e contaminá-lo, no inferno e libertá-lo da sujeição; poderia derrubar o sol e consumir a terra, e ordenar que a lua espalhasse veneno ou fogo no ar; poderia matar o fruto na semente e corroer a boca do bebê com o leite da mãe; então poder-se-ia dizer que se pecou e se fez o mal contra a natureza" 26 .

Destruição e profanação: esse é o maior prazer! Uma vertente substancial da literatura, começando com o romance libertino do século XVIII, sofre profanação. A violação excita como transgressão, indignação. O corpo, o da mulher, é tanto mais objeto de desejo quanto mais indefeso ele é (criança, virgem, freira). Profaná-lo é remover a transcendência, trazê-lo de volta à terra, revelar o rosto sombrio de Eva, o eterno feminino que sempre esteve ligado ao poder de Satanás. O demoníaco mistura o puro e o impuro, ele precisa da inocência para excitar as paixões, para despertar a força disruptiva do negativo. Com De Sade, eros se torna parte de uma teologia gnóstica. Depois dele, a união entre Eros e Thanatos, amor e morte, torna-se o elemento dominante de um niilismo luciferiano que encontra sua realização primeiro no decadentismo e depois no surrealismo.

Nota
1 M. Praz, O pacto com a serpente , Milão 1972 (ed. 1995).
2 Op. cit., pág. 12.
3 G. Scholem, As Grandes Correntes do Misticismo Judaico , tr. it., Turim 1993, p. 307.
4 E. Bloch, Ateísmo no Cristianismo , tr. it., Milão 1971, pp. 220-226.
5 V. Mathieu, Goethe e seu demônio guardião , Milão 2002, p. 192.
6 Op. cit. , pág. 65.
7 W. Goethe, Fausto e Urfausto , tr. it., 2 vols., Milão 1976, vol. Eu, vv. 340-343, pág. 19.
8 M. Eliade, O Mito da Reintegração , tr. isto. , Milão 2002, p. 4.
9 GWF Hegel, Lições sobre a filosofia da religião , tr. it., 2 vols., Milão 1974, vol. II, pág. 317.
10 R. Caillois, Nascimento de Lúcifer , tr. it., Milão 2002, p. 31.
11 M. Praz, Carne, Morte e o Diabo na Literatura Romântica , Florença (ed. 1999), p. 58.
12 Ibidem.
13 C. Baudelaire, Journaux intimes , cit., em: M. Praz, Carne, morte e o diabo na literatura romântica , op. cit., pág. 55.
14 H. Bloom, Arruinando Verdades Sagradas. Poesia e Fé da Bíblia até Hoje , tr. it., Milão 1992, p. 106.
15 W. Blake, O Casamento do Céu e do Inferno , tr. it., em: Poemas Selecionados de William Blake , Turim 1999, pp. 24-25.
16 PB Shelley, Uma Defesa da Poesia , cit. em: M. Praz, Carne, Morte e o Diabo na Literatura Romântica , op. cit., pág. 59.
17 H. Bloom, Arruinando Verdades Sagradas. Poesia e fé da Bíblia até hoje , op. cit., pág. 105.
18 GWF Hegel, Lições sobre a filosofia da religião , op. cit., vol. II, págs. 315-316 e 324, nota.
19 M. Praz, Carne, Morte e o Diabo na Literatura Romântica , op. cit., págs. 59-60.
20 Op. cit., pág. 64.
21 Op. cit., pág. 96.
22 Op. cit., pág. 135.
23 Citado em op. cit., pág. 147.
24 Citado em op. cit., pág. 161.
25 Lautréamont, Cartas , tr. isto. em: Lautréamont, Os Cantos de Maldoror , Turim 1989, p. 531.
26Citado em: M. Praz, Carne, Morte e o Diabo na Literatura Romântica , op. cit., pág. 199.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF