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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Papa Francisco convoca os fiéis à partilha e à oração

Papa Francisco. Foto: Daniel Ibañez/ACI Prensa
Vaticano, 24 Fev. 20 / 07:43 am (ACI).- Nesta segunda-feira, 24, o Papa Francisco publicou como de costume sua Mensagem pela Quaresma e exortou os fiéis que neste ano vivam com intensidade a generosidade e a partilha dos bens com os necessitados, vítimas de desastres naturais, idosos e enfermos e abracem o caminho da conversão.
A seguir, na íntegra, a mensagem do Santo Padre:
«Em nome de Cristo, suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5, 20)
Queridos irmãos e irmãs!
O Senhor concede-nos, também neste ano, um tempo propício para nos prepararmos para celebrar, de coração renovado, o grande Mistério da morte e ressurreição de Jesus, cerne da vida cristã pessoal e comunitária. Com a mente e o coração, devemos voltar continuamente a este Mistério. Com efeito, o mesmo não cessa de crescer em nós na medida em que nos deixarmos envolver pelo seu dinamismo espiritual e aderirmos a ele com uma resposta livre e generosa.
1. O Mistério pascal, fundamento da conversão
A alegria do cristão brota da escuta e receção da Boa Nova da morte e ressurreição de Jesus: o kerygma. Este compendia o Mistério dum amor «tão real, tão verdadeiro, tão concreto, que nos proporciona uma relação cheia de diálogo sincero e fecundo» (Francisco, Exort. ap. Christus vivit, 117). Quem crê neste anúncio rejeita a mentira de que a nossa vida teria origem em nós mesmos, quando na realidade nasce do amor de Deus Pai, da sua vontade de dar vida em abundância (cf. Jo 10, 10). Se, pelo contrário, se presta ouvidos à voz persuasora do «pai da mentira» (Jo 8, 44), corre-se o risco de precipitar no abismo do absurdo, experimentando o inferno já aqui na terra, como infelizmente dão testemunho muitos acontecimentos dramáticos da experiência humana pessoal e coletiva.
Por isso, nesta Quaresma de 2020, quero estender a todos os cristãos o mesmo que escrevi aos jovens na Exortação apostólica Christus vivit: «Fixa os braços abertos de Cristo crucificado, deixa-te salvar sempre de novo. E quando te aproximares para confessar os teus pecados, crê firmemente na sua misericórdia que te liberta de toda a culpa. Contempla o seu sangue derramado pelo grande amor que te tem e deixa-te purificar por ele. Assim, poderás renascer sempre de novo» (n. 123). A Páscoa de Jesus não é um acontecimento do passado: pela força do Espírito Santo é sempre atual e permite-nos contemplar e tocar com fé a carne de Cristo em tantas passoas que sofrem.
2. Urgência da conversão
É salutar uma contemplação mais profunda do Mistério pascal, em virtude do qual nos foi concedida a misericórdia de Deus. Com efeito, a experiência da misericórdia só é possível «face a face» com o Senhor crucificado e ressuscitado, «que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim» (Gl 2, 20). Um diálogo coração a coração, de amigo a amigo. Por isso mesmo, é tão importante a oração no tempo quaresmal. Antes de ser um dever, esta expressa a necessidade de corresponder ao amor de Deus, que sempre nos precede e sustenta. De facto, o cristão reza ciente da sua indignidade de ser amado. A oração poderá assumir formas diferentes, mas o que conta verdadeiramente aos olhos de Deus é que ela escave dentro de nós, chegando a romper a dureza do nosso coração, para o converter cada vez mais a Ele e à sua vontade.
Por isso, neste tempo favorável, deixemo-nos conduzir como Israel ao deserto (cf. Os 2, 16), para podermos finalmente ouvir a voz do nosso Esposo, deixando-a ressoar em nós com maior profundidade e disponibilidade. Quanto mais nos deixarmos envolver pela sua Palavra, tanto mais conseguiremos experimentar a sua misericórdia gratuita por nós. Portanto não deixemos passar em vão este tempo de graça, na presunçosa ilusão de sermos nós o dono dos tempos e modos da nossa conversão a Ele.
3. A vontade apaixonada que Deus tem de dialogar com os seus filhos
O facto de o Senhor nos proporcionar uma vez mais um tempo favorável para a nossa conversão, não devemos jamais dá-lo como garantido. Esta nova oportunidade deveria suscitar em nós um sentido de gratidão e sacudir-nos do nosso torpor. Não obstante a presença do mal, por vezes até dramática, tanto na nossa existência como na vida da Igreja e do mundo, este período que nos é oferecido para uma mudança de rumo manifesta a vontade tenaz de Deus de não interromper o diálogo de salvação connosco. Em Jesus crucificado, que Deus «fez pecado por nós» (2 Cor 5, 21), esta vontade chegou ao ponto de fazer recair sobre o seu Filho todos os nossos pecados, como se houvesse – segundo o Papa Bento XVI – um «virar-se de Deus contra Si próprio» (Enc. Deus caritas est, 12). De facto, Deus ama também os seus inimigos (cf. Mt 5, 43-48).
O diálogo que Deus quer estabelecer com cada homem, por meio do Mistério pascal do seu Filho, não é como o diálogo atribuído aos habitantes de Atenas, que «não passavam o tempo noutra coisa senão a dizer ou a escutar as últimas novidades» (At 17, 21). Este tipo de conversa, ditado por uma curiosidade vazia e superficial, carateriza a mundanidade de todos os tempos e, hoje em dia, pode insinuar-se também num uso pervertido dos meios de comunicação.
4. Uma riqueza que deve ser partilhada, e não acumulada só para si mesmo
Colocar o Mistério pascal no centro da vida significa sentir compaixão pelas chagas de Cristo crucificado presentes nas inúmeras vítimas inocentes das guerras, das prepotências contra a vida desde a do nascituro até à do idoso, das variadas formas de violência, dos desastres ambientais, da iníqua distribuição dos bens da terra, do tráfico de seres humanos em todas as suas formas e da sede desenfreada de lucro, que é uma forma de idolatria.
Também hoje é importante chamar os homens e mulheres de boa vontade à partilha dos seus bens com os mais necessitados através da esmola, como forma de participação pessoal na edificação dum mundo mais justo. A partilha, na caridade, torna o homem mais humano; com a acumulação, corre o risco de embrutecer, fechado no seu egoísmo. Podemos e devemos ir mais além, considerando as dimensões estruturais da economia. Por este motivo, na Quaresma de 2020 – mais concretamente, de 26 a 28 de março –, convoquei para Assis jovens economistas, empreendedores e transformativos, com o objetivo de contribuir para delinear uma economia mais justa e inclusiva do que a atual. Como várias vezes se referiu no magistério da Igreja, a política é uma forma eminente de caridade (cf. Pio XI, Discurso à FUCI, 18/XII/1927). E sê-lo-á igualmente ocupar-se da economia com o mesmo espírito evangélico, que é o espírito das Bem-aventuranças.
Invoco a intercessão de Maria Santíssima sobre a próxima Quaresma, para que acolhamos o apelo a deixar-nos reconciliar com Deus, fixemos o olhar do coração no Mistério pascal e nos convertamos a um diálogo aberto e sincero com Deus. Assim, poderemos tornar-nos aquilo que Cristo diz dos seus discípulos: sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5, 13.14).
FRANCISCUS
Roma, em São João de Latrão, 7 de outubro de 2019,
Memória de Nossa Senhora do Rosário.
ACI Digital

O que são os sacramentais na vida cristã?

Medalha Milagrosa (sacramental) /
Foto: Flickr de Dome Poon (CC-BY-NC-ND-2.0)
REDAÇÃO CENTRAL, 24 Fev. 20 / 05:00 am (ACI).- A blogueira católica Jenny Uebbing escreveu um artigo no qual explica o sentido e o uso dos sacramentais na vida cotidiana do cristão.
No blog “Mama needs coffee” de CNA – agência em inglês do Grupo ACI –, Uebbing explica que a palavra “sacramental” é “utilizada pela teologia para designar aqueles artigos aparentemente normais, aos quais temos acesso durante nossa batalha contra o mal ao longo de nossa vida”.
Segundo o Catecismo, os sacramentais “são sinais sagrados por meio dos quais, imitando de algum modo os sacramentos, se significam e se obtêm, pela oração da Igreja, efeitos principalmente de ordem espiritual”.
“Por meio deles, dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e são santificadas as várias circunstâncias da vida”.
Uebbing explicou que, “embora a fé da Igreja impregnada nesses elementos comuns (água, sal, ícones, medalhas etc.) é uma bênção eficaz em si mesma, esta só se concretiza plenamente quando combinada com a fé pessoal e uma vida reta e ordenada”.
Fazendo referência ao Evangelho de São João sobre a passagem de Jesus na qual aplica barro nos olhos de um homem para que recuperasse a visão, Uebbing indicou que este milagre “não ocorreu por uma superstição ou por qualidades inerentes da matéria, mas pela reação primordial entre a graça de Cristo e a fé do homem”.
A seguir, alguns exemplos de sacramentais propostos pela blogueira católica:
1. Crucifixos
Uebbing assegurou que, “com um crucifixo em cada lar, tem-se um poderoso recordatório para todos os que vivem, trabalham e dormem sob o mesmo teto, de que o lar pertence a Cristo”.
“Não, o crucifixo não é Jesus, mas é sua imagem, representada com amor e destacada proeminentemente”, precisou.
2. Água benta
A blogueira detalhou que “cada paróquia deve ter (a maioria tem) uma pia de água benta em cada porta e uma pia principal para o batismo”.
“Mantenhamos água benta em nossa casa todos os momentos e usemo-la todos os dias para abençoar nosso filhos, seus quartos e nossa casa, sobretudo se alguém está doente ou teve um sonho ruim, ou depois de uma grande festa ou quando muitas pessoas entraram e saíram”.
Jenny assegurou que “vivemos em uma falsa dicotomia entre o espiritual e o mundo material neste século, entretanto, o Deus que vem a nós em um pedaço de pão, sem dúvida, confere a graça sacramental através da água”.
3. Sal bento
A autora manifestou que o sal é bom “para abençoar as portas e lançar ao longo do perímetro da casa como uma barreira entre a família e o mundo”.
Assinalou que isso também é “um ato de fé que reclama a terra, o lar e todo o espaço” para Cristo.
4. Medalhas
“Tanto a Medalha Milagrosa como o escapulário são poderosas devoções à Virgem e a Igreja ensina que, usados com fé e em concordância com uma vida de virtude, levará promessas poderosas unidas a eles”.
Finalmente, Jenny Uebbing assegurou que “Maria intercederá por nós particularmente no momento da morte, uma vez que Jesus não negará à sua querida mãe tudo o que ela pede”.
ACI Digital

domingo, 23 de fevereiro de 2020

7º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano "A": SEDE SANTOS!

+ Dom Sérgio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
A Liturgia da Palavra se abre com o convite: “sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,1) e se conclui com a Palavra de Jesus: “sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!” (Mt 5,48). As próprias leituras da missa nos ensinam como ser santos.
O livro do Levítico resume a vivência da santidade na expressão: “amarás o teu próximo como a ti mesmo!” (Lv 19,18), exortando-nos a não ter ódio, não guardar rancor, não procurar vingança e a corrigir os que erram. São Paulo afirma que nós somos “santuários de Deus”, recordando-nos que “o santuário de Deus é santo”, pois o Espírito de Deus mora em nós. Assim sendo, ele nos faz uma severa advertência: “se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá” (1Cor 3,16-17).
No Evangelho, continuamos a meditar o chamado “Sermão da Montanha”, narrado por S. Mateus. Na passagem proclamada, Jesus nos mostra como amar o próximo, ampliando e tornando mais exigente o que até então se afirmava a respeito da Lei. O que diferencia a atitude dos seus discípulos da conduta dos que não o seguem? Os discípulos de Jesus não devem amar apenas aqueles que os amam ou saudar somente os próprios irmãos. Para amar como Jesus ama e como ele ensinou a amar, é preciso incluir no mandamento do amor ao próximo o que ele nos diz: “amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem” (Mt 5,44). É sabedoria de Deus, conforme São Paulo, muito diferente das “coisas deste mundo” (1Cor 3,18). É uma atitude espiritual que vai muito além dos sentimentos humanos e por isso tem a sua fonte e sustento em Deus.
Nós podemos viver deste modo, graças ao amor misericordioso do Senhor. Com o consolador Salmo 102, louvamos a Deus reconhecendo a sua bondade e compaixão. Ele perdoa as nossas culpas, “cerca de carinho e compaixão”, “é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo”.
Na próxima semana, com a Quarta-feira de Cinzas, inicia-se a Quaresma, tempo especial de conversão rumo à Páscoa, a ser vivido através da oração, da penitência e da caridade. Como meio de vivência quaresmal, inicia-se em toda a Igreja no Brasil a Campanha da Fraternidade, que neste ano tem como tema Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso e como lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34). Procure viver bem a Quaresma!  Lembre-se que a Quarta-feira de Cinzas continua a ser dia de jejum e abstinência de carne. Participe da missa! Na Catedral, a celebração será às 19:30 h.
Folheto: O Povo de Deus/Arquidiocese de Brasília

Há 19 anos, São João Paulo II criou Cardeal o agora Papa Francisco

São João Paulo II e o Cardeal Jorge Mario Bergoglio
REDAÇÃO CENTRAL, 21 Fev. 20 / 06:00 am (ACI).- No dia 21 de fevereiro de 2001, há 19 anos, São João Paulo II criou Cardeal o então Arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, que fazia parte do primeiro grupo de 43 novos cardeais do terceiro milênio.
Alguns anos depois, em 27 de abril de 2014, o Papa Francisco declarou santos São João Paulo II e São João XXIII, em uma cerimônia histórica e sem precedentes, na qual reuniu os quatro Pontífices, com a presença do Papa Emérito Bento XVI.
João Paulo II, que criou 231 cardeais durante aproximadamente 27 anos de pontificado, assinalou em 2001 que estes eram “os primeiros cardeais criados no novo milênio” e destacou que, “após ter bebido em abundância nas fontes da misericórdia divina durante o Ano Santo”, a barca mística da Igreja se preparava “para ‘se fazer novamente ao largo’, para transmitir ao mundo a mensagem da salvação”.
Naquela ocasião, o Papa Wojtyla disse aos novos cardeais que “o mundo está se tornando cada vez mais complexo e mutável, e a consciência viva de discrepâncias existentes gera ou aumenta as contradições e os desequilíbrios”.
“O enorme potencial do progresso científico e técnico, assim como o fenômeno da globalização, que ampliam continuamente novas áreas, nos exigem estar abertos ao diálogo com toda pessoa e com toda instância social a fim de dar a todos uma razão da esperança que levamos em nossos corações”, expressou.
“A fim de responder adequadamente às novas tarefas, é necessário cultivar uma comunhão cada vez mais íntima com o Senhor. A própria cor púrpura de vossas vestes recorda- vos essa urgência. Essa cor não é o símbolo do amor apaixonado a Cristo? Nesse vermelho rutilante não está o fogo ardente do amor à Igreja que deve igualmente alimentar em vós a disponibilidade, se necessário, até o supremo testemunho do sangue?”.
“Ao contemplá-los, o povo de Deus deve poder encontrar um ponto de referência concreto e luminoso que o estimule a ser verdadeiramente luz do mundo e sal da terra”, encorajou São João Paulo II.
ACI Digital

São Policarpo, bispo e mártir

REDAÇÃO CENTRAL, 23 Fev. 20 / 05:00 am (ACI).- São Policarpo nasceu por volta do ano 70, provavelmente em uma família cristã. Seu nome significa “o que produz muitos frutos” e sua festa é celebrada neste dia 23 de fevereiro.

Este santo foi discípulo do Apóstolo São João e, mais tarde, se tornou Bispo de Esmirna (Turquia). É considerado um dos bispos mais famosos da Igreja primitiva. Além disso, entre seus discípulos e seguidores se encontram vários santos, como Santo Irineu de Lyon e Papias.
Em sua sede em Esmirna, incentivou os fiéis a seguir o Evangelho e não se deixar levar pelas heresias dos pagãos. É o que confirma o seu melhor discípulo, Santo Irineu de Lyon.
“Ele ensinou sempre a doutrina que tinha aprendido dos apóstolos. Chegado a Roma sob Aniceto, afastou da heresia de Valentim e Marcião um grande número de pessoas e os devolveu à Igreja d e Deus, proclamando que tinha recebido dos apóstolos apenas uma verdade, a mesma que era transmitida pela Igreja”.
Tudo o que se sabe de São Policarpo antes de seu martírio é contado por Eusébio de Cesareia, “pai da história da Igreja”.
Este conta que em uma ocasião, São Policarpo se dirigiu a Roma para dialogar com o Papa Aniceto para ser se poderia concordar em unificar a data da festa da Páscoa entre os cristãos da Ásia e os da Europa. Como ninguém concordou, ambos decidiram conservar seus próprios costumes e permanecer unidos pela caridade.
Também se sabe que São Policarpo saiu para receber e beijar as correntes de Santo Inácio de Antioquia quando este se dirigia ao martírio, e recebeu uma carta sua muito admirada pelos primeiros cristãos.
O dia do martírio de São Policarpo foi 23 de fevereiro de 155. Naquele dia, foi levado diante do procônsul Décio Quadrado, que lhe deu a oportunidade de deixar o cristianismo. No entanto, são Policarpo se negou e preferiu ser queimado vivo.
“Ameaça-me com fogo que dura alguns momentos e depois se apaga. O que eu quero é não ter que ir ao fogo eterno que nunca se apaga”, foram as palavras do santo contidas no documento de seu martírio.
Posteriormente, os carrascos receberam a ordem de atravessar o coração dele com uma lança. 
ACI Digital

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Carlo Acutis, o ciberapostólo da Eucaristia

Carlo Acutis Crédito: Associação Carlo Acutis
Vaticano, 22 Fev. 20 / 01:20 pm (ACI).- Em decreto publicado hoje pela Sala de Imprensa do Vaticano, a Santa Sé informa que o Papa Francisco autoriza a promulgação do milagre atribuído à intercessão jovem Carlo Acutis, que deverá em breve ser proclamado beato. O milagre levado para o estudo do Vaticano terá ocorrido no Brasil, onde graças à intercessão do jovem venerável, um menino com uma rara doença congênita ficou curado após rezar diante de uma relíquia de Carlo Acutis.
Carlo Acutis nasceu em 3 de maio de 1991, em Londres (Inglaterra), onde sua família viveu por motivos de trabalho. Anos depois, eles se mudaram para Milão (Itália).
Fez a Primeira Comunhão aos 7 anos e, desde então, sua vida foi marcada por um profundo amor pela Eucaristia, a qual considerava como “rodovia para o céu".
Ele participava da Missa todos os dias e também rezava o terço, impulsionado pela sua devoção à Virgem Maria, a qual considerava sua confidente. Além disso, dava aulas de catecismo às crianças e ajudava as pessoas mais necessitadas.
A intensa vida espiritual de Carlo o levou a inventar o que alguns chamaram de um “kit para tornar-se santo”, formado por Missa, Comunhão, Terço, leitura diária da Bíblia, confissão e serviço aos outros.
Acutis também desenvolveu desde pequeno o seu talento pela informática e os adultos que o conheciam o consideravam um gênio. Ele criou exposições virtuais sobre temas de fé, como milagres eucarísticos em todo o mundo. Fez isso quando tinha 14 anos.
Quando foi diagnosticado com leucemia, Carlo decidiu oferecer seus sofrimentos pelo Papa e pela Igreja Católica. Faleceu em 12 de outubro de 2006, dia da festa da Virgem do Pilar, com apenas 15 anos de idade.
Os restos mortais do venerável Carlo Acutis, conhecido como o Ciberapóstolo da Eucaristia, descansam desde abril deste ano no Santuário da Spogliazione (Despojamento), local onde São Francisco de Assis deixou tudo para seguir o Senhor. Antes de morrer, o jovem expressou seu desejo de ser enterrado lá.
O milagre
O milagre atribuído a Carlos Acutis terá ocorrido em Campo Grande, Brasil, segundo afirma o vice postulador da causa de beatificação do jovem, o sacerdote Marcelo Tenório.
Em 15 de novembro de 2019, a Comissão Médica da Congregação para a Causa dos Santos no Vaticano acolheu o relato da cura milagrosa de um menino ocorrido pela intercessão do venerável Carlo Acutis.
Logo após a promulgação do decreto, o sacerdote da diocese de Campo Grande e vice-postulador da causa de Acutis afirmou:
“Ontem, sexta-feira, Papa Francisco recebeu em audiência o cardeal Angelo Becciu, Prefeito da Congregação da Causa dos Santos e autorizou ao Discasterio a promulgar o Decreto sobre o Milagre atribuído ao Venerável Carlo Acutis.
Aguardemos, com alegria, a data da Beatificação.
VIVA CARLO!!”
A identidade do miraculado e os detalhes da cura ainda não foram divulgados pelo Vaticano, entretanto, segundo Padre Marcelo Tenório tratar-se-ia da cura de uma criança mato-grossense.
Segundo Padre Tenório afirmou o jornal Campo Grande News, a cura milagrosa, que foi levada ao Vaticano deu-se da seguinte maneira: “No dia 12 de outubro de 2010, na capela de Nossa Senhora Aparecida, de nossa Paróquia, no momento da Bênção com a Relíquia, aproximou-se um garoto, levado por seu avô e que sofria o drama do pâncreas anular, que trata-se de uma anomalia congênita rara. Essa enfermidade fazia com que a criança vomitasse todo tempo o que a deixava fraca e muito abatida, pois tudo o que comia, voltava, inclusive líquido. Já andava com uma toalhinha, porque era grave a sua situação. Cada vez mais fraco, debilitado, encontraria a morte certa”.
“Na fila para bênção, a criança pergunta ao avô o que deveria pedir e ele lhe diz: " para parar de vomitar", e assim aconteceu. Quando chegou a vez do enfermo, ele tocou na Relíquia do Carlo e disse com voz firme: " Parar de Vomitar" e, a partir de então, não vomitou mais. Em fevereiro de 2011, a família mandou fazer novos exames no garoto e foi-lhe constatado a plena cura. Agora é aguardar o momento em que a data da Cerimônia que tornará o Carlo Beato seja anunciada (sic), afirmou o sacerdote”.
Em 18 de outubro, em declarações à ACI Stampa – agência italiana do Grupo ACI –, o postulador da causa de Acutis, o italiano Nicola Gori, confirmou que a congregação vaticana recebeu o dossiê de “um suposto milagre ocorrido no Brasil de uma criança. Tudo está em estudo e as cartas estão sendo examinadas”.
A notícia do reconhecimento do milagre atribuído a Carlo Acutis repercutiu também em Assis, na Itália, onde está o corpo do futuro beato. No Santuário da Spogliazione, O Bispo diocesano de Assis-Nocera Umbra-Gualdo Tadino, Dom Domenico Sorrentino, disse aos fiéis que “às vezes a vida não sempre nos surpreende com belas notícias, mas também com notícias belíssimas como esta (...), referindo-se à próxima beatificação do “apóstolo do PC” e convidou os presentes a rezar, como fazia Carlo, “quem quis seguir os passos de Francisco e assim tornou-se um jovem santo”.
ACI Digital

Festa da Cátedra de São Pedro

Festa da Cátedra de São Pedro
REDAÇÃO CENTRAL, 22 Fev. 20 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 22 de fevereiro, a Igreja celebra a Festa da Cátedra de São Pedro, uma ocasião importante que remonta ao século IV e que rende comemoração ao primado e autoridade do Apóstolo Pedro, o primeiro Papa da Igreja.

Além disso, esta celebração recorda a autoridade conferida por Cristo ao Apóstolo quando lhe diz, conforme relatam os Evangelhos: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja. E as portas do inferno não prevalecerão sobre ela”.
A palavra “cátedra” significa assento ou trono e é a raiz da palavra catedral, a Igreja onde um bispo tem o trono do qual prega. Sinônimo de cátedra é também “sede” (assento). A “sede” é o lugar de onde um bispo governa sua diocese. Por exemplo, a Santa Sé é a sede do Papa.
A cátedra ou sede que atualmente se conserva na Basílica de São Pedro em Roma foi doada por Carlos, o Calvo, ao Papa João VIII no século IX, por ocasião de sua viagem a Roma para sua coroação como imperador romano do ocidente. Este trono se conserva como uma relíquia, em uma magnífica composição barroca, obra do Gian Lorenzo Bernini construída entre 1656 e 1665.
A obra do Bernini está emoldurada por pilastras. No centro situa-se o trono de bronze dourado, em cujo interior se encontra a cadeira de madeira e que é decorada com um relevo representando a “traditio clavum” ou “entrega de chaves”.
O trono se apoia sobre quatro grandes estátuas, também em bronze, que representam quatro doutores da Igreja, em primeiro plano Santo Agostinho e Santo Ambrósio, para a Igreja latina, e Santo Atanásio e São João Crisóstomo, para a Igreja oriental.
Por cima do trono aparece um sol de alabastro decorado com estuque dourado rodeado de anjos que emolduram uma vidraça em que está representada uma pomba de 162 cm de envergadura, símbolo do Espírito Santo. É a única vidraça colorida de toda a Basílica de São Pedro.
Todos os anos nesta data, o altar monumental que acolhe a Cátedra de São Pedro permanece iluminado o dia todo com dúzias de velas e celebram-se numerosas missas da manhã até o entardecer, concluindo com a Missa do Capítulo de São Pedro.
Fonte: ACI Digital

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Papa a ortodoxos: acolher como dom para nós o que o Espírito semeou no outro

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“A visita de vocês não é somente ocasião para aprofundar o conhecimento da Igreja católica, mas é também para nós católicos uma oportunidade para acolher o dom do Espirito que está em vocês. A presença de vocês nos permite essa troca de dons e é motivo de alegria”, disse o Papa esta sexta-feira (21/02) a uma delegação de sacerdotes e monges das Igrejas ortodoxas orientais

Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
O Santo Padre concluiu sua série de audiências esta sexta-feira (21/02) recebendo às 12h20 locais, na Sala dos Papas, no Vaticano, uma delegação de jovens sacerdotes e monges das Igrejas ortodoxas orientais, em Roma estes dias numa visita de estudo.
Ao dar as boas-vindas, o Pontífice manifestou sua alegria pela visita e dirigiu, através dos presentes, uma saudação particular a meus “veneráveis e queridos Irmãos, Chefes das Igrejas ortodoxas orientais, disse.
Francisco ressaltou que uma visita é sempre uma troca de dons. Quando a Mãe de Deus visitou Isabel, partilhou com ela a alegria pelo dom que tinha recebido de Deus. “E Isabel, acolhendo a saudação de Maria que lhe fez saltar o menino em seu ventre, ficou repleta do dom do Espírito Santo e concedeu à prima a sua bênção”, ressaltou.

Partilhar os dons do Espírito Santo

“Como Maria e Isabel, as Igrejas trazem em si vários dons do Espírito, a partilhar pela alegria e o bem recíprocos. Desse modo – disse –, quando nós cristãos de diferentes Igrejas nos visitamos, encontrando-nos no amor do Senhor, temos a graça de partilhar esses dons.”
“Que possamos acolher o que o Espírito semeou no outro como um dom para nós. Nesse sentido, a visita de vocês não é somente uma ocasião para aprofundar o conhecimento da Igreja católica, mas é também para nós católicos uma oportunidade para acolher o dom do Espirito que está em vocês. A presença de vocês nos permite essa troca de dons e é motivo de alegria.”

Igrejas que marcaram no sangue a fé em Cristo

Citando o apóstolo Paulo, o Papa disse também ele agradecer a Deus pela graça concedida aos sacerdotes e monges da delegação em visita. “Tudo parte daí, do ver a graça, do reconhecer a obra gratuita de Deus, do crer que Ele é o protagonista do bem que está em nós.” Esta é beleza do olhar cristão sobre a vida. E é também a perspectiva na qual acolher o irmão, como o Apóstolo Paulo ensina, disse ainda, acrescentando:
“Portanto, sou grato por vocês, pela graça que acolheram na vida e em suas tradições, pelo sim do sacerdócio de vocês e da vida monástica, pelo testemunho dado pelas várias Igrejas ortodoxas orientais, Igrejas que marcaram no sangue a fé em Cristo e que continuam sendo sementes de fé e de esperança também em regiões marcadas, infelizmente, pela violência e pela guerra.”

Não hóspedes, mas irmãos.

Antes de despedir-se, o Santo Padre fez votos de que eles tivessem tido uma experiência positiva da Igreja católica e da cidade de Roma e que tenham se sentido não hóspedes, mas irmãos.
“O Senhor encontra contentamento nisso, na fraternidade entre nós. Que a visita de vocês, e as que com a ajuda de Deus poderão se seguir, possam agradar e dar glória ao Senhor! Que a presença de vocês se torne uma pequena semente fecunda para fazer germinar a comunhão visível entre nós, aquela unidade plena que Jesus deseja ardentemente.”

Francisco concluiu renovando seu cordial agradecimento pela visita, assegurando suas orações por eles, confiando também as orações deles para si e seu ministério. Por fim, convidou-os a rezar juntos, cada um na própria língua, o Pai-Nosso.

Rádio Vaticano

São Pedro Damião, Doutor da Igreja

REDAÇÃO CENTRAL, 21 Fev. 20 / 05:00 am (ACI).- “Espera confiantemente a alegria que vem depois da tristeza”, dizia o beneditino São Pedro Damião, Doutor da Igreja. Em uma época difícil, ajudou com seus escritos e legações a reforma eclesiástica e clerical. Damião significa “o que doma seu corpo” e sua festa é celebrada neste dia 21 de fevereiro.

“Que a esperança dessa alegria te reanime, e a caridade acenda em ti o fervor, de tal modo que o teu espírito, santamente inebriado, esqueça os sofrimentos exteriores e anseie com entusiasmo pelo que contempla interiormente”, dizia São Pedro Damião.
O santo nasceu em 1007, em Ravena (Itália). Perdeu seus pais quando era criança e ficou sob os cuidados de um irmão que o tratou como escravo. Outro irmão, arcipreste de Ravena, se compadeceu e se encarregou de sua educação. Sentindo-se como um filho, Pedro adotou de seu irmão o nome Damião.
Desde jovem, São Pedro se acostumou à oração, vigília, jejum, convidava os pobres à sua mesa e lhes servia pessoalmente. Ingressou na vida monástica com os beneditinos da reforma de São Romualdo.
Para dominar suas paixões, colocava cintos com espinhos (cilício) debaixo de sua camisa, açoitava-se e jejuava com pão e água. Mas, seu corpo, por não estar acostumado, ficou debilitado e começou a sofrer de insônia.
Foi assim que compreendeu que esses castigos não deviam ser tão severos e que a melhor penitência é a paciência com as penas que Deus permite que nos cheguem. Esta experiência lhe serviu, mais tarde, para acompanhar espiritualmente os outros.
Quando morreu o Abade, Pedro assumiu, por obediência, a direção da comunidade. Fundou outras cinco comunidades de eremitas e, em todos os monges, buscava que fomentassem o espírito de retiro, caridade e humildade. Dentre eles, surgiram São Domingos Loricato e São João de Lodi.
Vários Papas recorreram a São Pedro por seus conselhos. Em 1057, foi criado Cardeal e Bispo de Ostia, embora o santo sempre tenha preferido sua vida de eremita. Posteriormente, lhe seria concedido o desejo de voltar para o convento como simples monge, mas com a condição de que poderia ser empregado no serviço da Igreja.
Dedicou-se a enviar cartas a muitos Pontífices e pessoas de alto escalão para que se erradicasse a simonia, que era a compra ou venda do que é espiritual por bens materiais, incluindo cargos eclesiásticos, sacramentos, sacramentais, relíquias e promessas de oração.
Escreveu o “Livro Gomorriano” (fazendo alusão à cidade de Gomorra, do Antigo Testamento) e falou contra os costumes impuros daquele tempo. Do mesmo modo, escrevia sobre os deveres dos clérigos, monges e recomendava a disciplina mais do que o jejum.
Costumava dizer: “É impossível restaurar a disciplina uma vez que esta decai; se nós, por negligência, deixamos cair em desuso as regras, as gerações futuras não poderão voltar à observância primitiva. Guardemo-nos de incorrer em semelhante culpa e transmitamos fielmente a nossos sucessores o legado de nossos predecessores”.
Era uma pessoa severa, mas sabia tratar os pecadores com indulgência e bondade quando a prudência e a caridade o requeriam. Em seu tempo livre, costumava fazer colheres de madeira e outros utensílios para não permanecer ocioso.
O Papa Alexandre II enviou São Pedro Damião para resolver um problema com o Arcebispo de Ravena, que estava excomungado por certas atrocidades cometidas. Lamentavelmente, o santo chegou quando o Prelado tinha falecido, mas converteu os cúmplices, aos quais impôs uma penitência justa.
De volta a Roma, ficou doente com uma febre aguda, em um mosteiro fora de Faenza. Partiu para a Casa do Pai em 22 de fevereiro de 1072. Dante Alighieri, no canto XXI do Paraíso, coloca São Pedro Damião no céu de Saturno, destinado aos espíritos contemplativos. Foi declarado Doutor da Igreja em 1828.
ACI Digital

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

São Francisco e Santa Jacinta Marto, videntes da Virgem de Fátima

REDAÇÃO CENTRAL, 20 Fev. 20 / 05:00 am (ACI).- “Rezem, rezem muito e façam sacrifícios pelos pecadores, pois muitas almas vão ao inferno porque não há quem se sacrifique e peça por elas”, foi o que pediu Nossa Senhora de Fátima a Francisco, Jacinta e Lúcia. E, neste dia 20 de fevereiro, a Igreja recorda a memória de dois desses pastorinhos, os Santos Francisco e Jacinta Marto.

Francisco Marto nasceu em 1908 e Jacinta, dois anos depois. Desde pequenos aprenderam a tomar cuidado com as más companhias e, por isso, preferiam estar com sua prima Lúcia, que costumava lhes falar sobre Jesus. Os três cuidavam das ovelhas, brincavam e rezavam juntos.
De 13 de maio a 13 de outubro de 1917, a Virgem lhes apareceu em várias ocasiões na Cova de Iria (Portugal). Durante estes ocorridos, suportaram com valentia as calúnias, injúrias, más interpretações, perseguições e a prisão. Eles diziam: “Se nos matarem, não importa; vamos ao céu”.
Logo depois das aparições, Jacinta e Francisco seguiram sua vida normal. Lúcia foi para a escola, tal como pediu a Virgem, e era acompanhada por Jacinta e Francisco. No caminho, passavam pela Igreja e saudavam Jesus Eucarístico.
Francisco, sabendo que não viveria muito tempo, dizia a Lúcia: “Vão vocês ao colégio, eu ficarei aqui com o Jesus Escondido”. Ao sair do colégio, as meninas o encontravam o mais perto possível do Tabernáculo e em recolhimento.
O pequeno Francisco era o mais contemplativo e queria consolar Deus, tão ofendido pelos pecados da humanidade. Em uma ocasião, Lúcia lhe perguntou: “Francisco, o que prefere, consolar o Senhor ou converter os pecadores?”. Ele respondeu: “Eu prefiro consolar o Senhor”.
“Não viu que triste estava Nossa Senhora quando nos disse que os homens não devem ofender mais o Senhor, que já está tão ofendido? Eu gostaria de consolar o Senhor e, depois, converter os pecadores para que eles não ofendam mais ao Senhor”. E continuou: “Logo estarei no céu. E quando chegar, vou consolar muito Nosso Senhor e Nossa Senhora”.
Jacinta participava diariamente da Santa Missa e tinha grande desejo de receber a Comunhão em reparação dos pobres pecadores. Atraía-lhe muito estar com Jesus Sacramentado. “Gosto tanto de dizer a Jesus que O amo”, repetia.
Certo dia, pouco depois da quarta aparição, Jacinta encontrou uma corda e concordaram em reparti-la em três e colocá-la na cintura, sobre a carne, como sacrifício. Isto os fazia sofrer muito, contaria Lúcia depois. A Virgem lhes disse que Jesus estava muito contente com seus sacrifícios, mas que não queria que dormissem com a corda. Assim o fizeram.
Concedeu a Jacinta a visão de ver os sofrimentos do Sumo Pontífice. “Eu o vi em uma casa muito grande, ajoelhado, com o rosto entre as mãos, e chorava. Fora, havia muita gente; alguns atiravam pedras, outros diziam imprecações e palavrões”, contou ela.
Por isso e outros feitos, as crianças tinham presente o Santo Padre e ofereciam três Ave Maria por ele depois de cada Rosário. Do mesmo modo, as famílias iam a eles para que intercedessem por seus problemas.
Em uma ocasião, uma mãe rogou a Jacinta que pedisse por seu filho que se foi como o filho pródigo. Dias depois, o jovem retornou para casa, pediu perdão e contou a sua família que depois de ter gastado tudo o que tinha, roubado e estado no cárcere, fugiu para bosques desconhecidos.
Quando se achou completamente perdido, ajoelhou-se chorando e rezou. Nisso, viu Jacinta que o pegou pela mão e o conduziu até um caminho. Assim, pôde retornar para casa. Logo interrogaram Jacinta se tinha se encontrado com o moço e ela disse que não, mas que tinha rogado muito à Virgem por ele.
Em 23 de dezembro de 1918, Francisco e Jacinta adoeceram de uma terrível epidemia de broncopneumonia. Francisco foi piorando aos poucos durante os meses posteriores. Pediu para receber a Primeira Comunhão e, para isso, confessou-se e guardou jejum. Recebeu-a com grande lucidez e piedade. Depois, pediu perdão a todos.
“Eu vou ao Paraíso; mas de lá pedirei muito a Jesus e à Virgem para que os leve também logo”, disse para Lúcia e Jacinta. No dia seguinte, em 4 de abril de 1919, partiu para a casa do Pai com um sorriso angelical.
Jacinta sofreu muito pela morte de seu irmão. Mais tarde, sua enfermidade se complicou. Foi levada ao hospital da Vila Nova, mas retornou para casa com uma chaga no peito. Logo confiaria a sua prima: “Sofro muito; mas ofereço tudo pela conversão dos pecadores e para desagravar o Coração Imaculado de Maria”.
Antes de ser levada ao hospital de Lisboa, disse para Lúcia: “Já falta pouco para ir ao céu… Diga a todos que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria. Que as peçam a Ela, que o Coração de Jesus quer que ao seu lado se venere o Imaculado Coração de Maria, que peçam a paz ao Imaculado Coração, que Deus a confiou a Ela”.
Operaram Jacinta, tiraram-lhe duas costelas do lado esquerdo e ficou uma grande chaga como de uma mão. As dores eram espantosas, mas ela invocava a Virgem e oferecia suas dores pela conversão dos pecadores.
Em 20 de fevereiro de 1920, pediu os últimos sacramentos, confessou-se e rogou que a levassem o viático porque logo morreria. Pouco depois, partiu para a Casa do Pai com dez anos de idade.
Os corpos do Francisco e Jacinta foram transladados ao Santuário de Fátima. Quando abriram o sepulcro de Francisco, viram que o Rosário que colocaram sobre seu peito estava envolvido entre os dedos de suas mãos. Enquanto o corpo de Jacinta, 15 anos depois de sua morte, estava incorrupto.
“Contemplar como Francisco e amar como Jacinta” foi o lema com o qual esses dois videntes da Virgem de Fátima foram beatificados por São João Paulo II em 13 de maio de 2000.
O Papa Francisco os canonizou em 13 de maio de 2017, em Fátima, no marco das celebrações pelo centenário das Aparições de Nossa Senhora de Fátima.
ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF