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sábado, 6 de junho de 2020

Cardeal Dom Sergio da Rocha é o novo Arcebispo de Salvador, Primaz do Brasil

Foto: Catiane Leandro
A Arquidiocese de Salvador acolheu, com alegria, o Cardeal Dom Sergio da Rocha, que tomou posse na noite desta sexta-feira, dia 5 de junho, em Missa restrita na Catedral Metropolitana Transfiguração do Senhor, devido à pandemia ocasionada pelo coronavírus. A Celebração Eucarística teve início às 19h e, para que os fiéis pudessem participar, foi transmitida, ao vivo, pelas redes sociais oficiais da Arquidiocese e pelas ondas da Rede Excelsior de Comunicação.
O rito de posse teve início com a saudação do então Administrador Apostólico, que passava a ser Arcebispo Emérito, Dom Murilo Krieger, em nome do Papa e de toda a Igreja. “Caro irmão, Do Sergio da Rocha, esta Sede Primacial do Brasil tem 469 anos. Por ela já passaram oito bispos e eu fui o 27º Arcebispo. Em matéria de posse, ela já viu dos mais diversos tipos. Vários bispos, ou Arcebispos, tomaram posse do seu cargo por representação e vieram para cá somente depois de um ou dois anos. Mas, uma posse no ambiente que o COVID-19 nos obriga a fazer é inédita. Aqui, na Catedral, o número de participantes está sendo limitado por oportunas medidas governamentais. Saiba, contudo, que são multidões que nos acompanham e rezam conosco, nesta noite, graças aos meios de comunicação social”, disse Dom Murilo em um trecho da mensagem.
Dom Murilo destacou, ainda, que os primeiros a acolherem Dom Sergio são o Senhor Bom Jesus do Bonfim, Nossa Senhora da Conceição da Praia; além do Povo de Deus. “Sua entrada nesta Arquidiocese é como a entrada que fazemos na casa de pessoas desconhecidas: nos cumprimentamos, nos sentamos e começamos a conversa. O conhecimento mútuo e a amizade crescerão aos poucos. Em outras palavras: fique tranquilo! O povo desta terra é paciente e tudo acontecerá na hora certa”, disse. Dom Murilo assegurou a Dom Sergio que quem chega a esta Arquidiocese também conta com o auxílio da Bem-Aventurada Lindalva Justo, da Serva de Deus Madre Vitória da Encarnação e da Santa Dulce dos Pobres.
Em seguida, Dom Sergio recebeu a Bula Papal – documento que nomeia e autoriza o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil -, apresentada aos padres do Colégio de Consultores e ao Cabido Metropolitano. O documento foi lido pelo chanceler da Arquidiocese de Salvador, padre Ademilton Santa Bárbara.

Dom Murilo entregou o báculo, sinal do pastoreio, a Dom Sergio e o conduziu á Cátedra.

Após a leitura, Dom Murilo entregou a Dom Sergio a insígnia episcopal do báculo, que é o sinal do cuidado e da proteção do pastor pelo seu rebanho, imitando o Cristo Bom Pastor. Ao entregar o báculo, Dom Murilo está, também, entregando a Arquidiocese de Salvador ao novo Arcebispo e, em seguida, o conduziu à Cátedra, que é a cadeira do bispo, em um sinal de unidade, de comunhão e de continuidade do ministério dos apóstolos.
A partir deste momento, Dom Sergio conduziu a Celebração da Eucaristia. Durante a homilia, o Arcebispo destacou que, desde que foi nomeado, tem voltado o olhar e o coração para a Arquidiocese de Salvador, a sua nova família. “Com o amor de pai, de irmão e de amigo, assumo esta nova missão com esperança e alegria, sabendo que vou encontrar irmãos e amigos com os quais quero conviver fraternalmente e trabalhar juntos para o Reino de Deus”, afirmou.
Dom Sergio falou, ainda, sobre alguns aspectos que devem nortear a vida dos cristãos, entre eles o amor de Deus e a caridade. “Para entender como devemos amar, como a Igreja deve amar: Deus nos amou primeiro. A Igreja de Salvador é chamada a experimentar e a testemunhar o amor de Deus em gestos concretos de serviço e de solidariedade. É chamado a amar a todos, especialmente os mais sofredores. É chamada a amar antes de ser amada; mais do que ser amada! Amar com generosidade, gratuitamente. A Arquidiocese Primacial, a primeira do Brasil, seja conhecida pela primazia do amor fraterno, da caridade e da comunhão.  A nossa Igreja em Salvador seja a Igreja da Misericórdia, da caridade, da acolhida fraterna, do diálogo, do perdão, da justiça e da paz”, afirmou.
Como parte do rito de tomada de posse, o Colégio dos Consultores, que o acolhe, deve saudá-lo em nome do clero e da Igreja. Como não podem abraça-lo, os padres fizeram um gesto de reverência diante do novo Arcebispo.
O bispo eleito da Diocese de Ruy Barbosa, Dom Estevam dos Santos Silva Filho – que foi bispo auxiliar de Salvador – leu a mensagem enviada pelo Núncio Apostólico da Igreja no Brasil, Dom Giovanni D’Aniello. Também o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, dirigiu algumas palavras ao novo Arcebispo e ao Arcebispo Emérito.
Em nome dos leigos e leigas, de todas as pastorais e movimentos, o casal da Pastoral Familiar, Rita e Carlos Galvão, deram as boas-vindas ao Cardeal Dom Sergio da Rocha. A Conferência dos Religiosos do Brasil e o clero da Arquidiocese de Salvador também dirigiram palavras ao Arcebispo. “Dom Sergio, o tempo se encarregará de favorecer o conhecimento recíproco entre ovelha e pastor, mas tenha a certeza de que já o amamos como pai e como o pastor que nos guiará sob o signo da cruz do Senhor do Bonfim nesta Igreja que tanto amamos e servimos. Nosso coração está em festa!”, disse o padre Lázaro Muniz. O clero de Salvador presenteou a Dom Sergio com um quadro cuja imagem é São Francisco Xavier, padroeiro da cidade, e Nossa Senhora das Dores aos pés da cruz.
Ao fim da Celebração Eucarística, Dom Sergio, Dom Murilo, os bispos presentes e o prefeito de Salvador assinaram o Termo de Posse Canônica. “Dom Murilo, lembre-se que Salvador é a sua casa, que a Arquidiocese de São Salvador da Bahia continua sendo a sua família. Por isso, continue a sentir-se em casa, continue a sentir-se membro dessa família. Muito obrigado por tudo! Que Deus me ajude a cumprir, o mais fielmente possível a missão que me concede uma grande graça, mas ao mesmo tempo uma tarefa imensa, uma responsabilidade imensa. Por isso, continue a rezar por mim e por esta Igreja querida de Salvador”, disse Dom Sergio.
Texto: Sara Gomes
Fotos: Catiane Leandro
Arquidiocese de Salvador

Papa: “Não podemos pretender ser saudáveis num mundo doente”

Mazur catholicnews.org.uk - Angela Sevin-cc
“Não é hora de continuar olhando para o outro lado, indiferentes aos sinais de um planeta que está sendo saqueado e violado, pela avidez da ganância e, muitas vezes, em nome do progresso”
Por conta do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado nesta sexta, 5, o Papa Francisco enviou uma carta ao presidente da Colômbia, Iván Duque, para compartilhar reflexões sobre a responsabilidade humana em cuidar da criação.
Eis algumas passagens da correspondência:
“A proteção do meio ambiente e o respeito pela biodiversidade do planeta são temas que dizem respeito a todos nós.
Não podemos pretender ser saudáveis num mundo doente. As feridas causadas à nossa mãe terra são feridas que também sangram em nós.
O cuidado dos ecossistemas precisa olhar para o futuro, não ficar apenas no imediato, na busca de um lucro rápido e fácil; um olhar cheio de vida e que procure a preservação em benefício de todos.
A nossa atitude em relação ao presente do planeta deve nos comprometer e nos tornar testemunhas da gravidade da situação. Não podemos ficar calados diante do clamor quando comprovamos os custos altos demais da destruição e exploração do ecossistema. Não é hora de continuar olhando para o outro lado, indiferentes aos sinais de um planeta que está sendo saqueado e violado, pela avidez da ganância e, muitas vezes, em nome do progresso.
Está em nós a possibilidade de reverter a marcha e apostar num mundo melhor, mais saudável, para deixá-lo como herança às gerações futuras. Tudo depende de nós, se realmente desejamos isto”.
Aleteia Brasil

Adão, Eva e Evolução

Icatolica
A controvérsia em torno da Evolução toca em nossas crenças mais centrais, sobre nós mesmos e o mundo. As teorias evolucionistas têm sido usadas para responder questões sobre as origens do universo, da vida e do homem. Estas questões podem ser referidas, respectivamente, como “evolução cosmológica”, “evolução biológica” e “evolução humana”. A opinião de alguém sobre uma dessas áreas não determina o que ele acredita em relação às outras.
As pessoas geralmente assumem três posições básicas sobre as origens do cosmos, da vida e do homem:
1) Criação especial ou instantânea;
2) Criação desenvolvimentista ou evolução teísta; e
3) Evolução ateísta.
  • A primeira afirma que algo não se desenvolveu, mas que foi instantânea e diretamente criado por Deus.
  • A segunda posição sustenta que uma determinada coisa se desenvolveu a partir de um estado ou forma anterior, mas que esse processo estava sob a orientação de Deus.
  • A terceira posição afirma que algo se desenvolveu devido apenas a forças aleatórias.
Relacionada à questão de COMO surgiram o universo, a vida e o homem, está a questão de QUANDO eles surgiram:
  • Aqueles que atribuem a origem dos três à criação especial costumam sustentar que surgiram na mesma época, talvez entre 6 mil e 10 mil anos atrás.
  • Aqueles que atribuem os três à evolução ateísta têm uma escala de tempo muitíssimo maior. Geralmente consideram que o universo tem entre 10 bilhões e 20 bilhões de anos; a vida na Terra tem cerca de 4 bilhões de anos; e o homem moderno (a subespécie “homo sapiens”), cerca de 30 mil anos.
  • Aqueles que acreditam em uma das diversas formas de criação desenvolvimentista mantêm alguma das datas usadas por uma ou ambas as posições.
A POSIÇÃO CATÓLICA
Qual é a posição católica em relação à crença ou descrença na evolução? A questão pode nunca ser resolvida, mas há parâmetros definidos para o que é a crença católica aceitável.
Com relação à evolução cosmológica, a Igreja definiu infalivelmente que o universo foi criado especialmente a partir do nada. O Vaticano definiu solenemente que todos devem “confessar que o mundo e todas as coisas nele contidas, tanto espirituais quanto materiais, no que diz respeito a toda a sua substância, foram produzidas por Deus a partir do nada” (Cânones sobre “Deus, Criador de Todas as Coisas”, cânon 5).
Com relação à evolução biológica, a Igreja não tem uma posição oficial sobre se várias formas de vida se desenvolveram ao longo do tempo. No entanto, diz que, se elas se desenvolveram, o fizeram sob o ímpeto e a orientação de Deus, e a sua criação final deve ser atribuída a Ele.
Com relação à evolução humana, a Igreja tem um ensino mais definido. Permite a possibilidade de o corpo do homem ter se desenvolvido a partir de formas biológicas anteriores, sob a orientação de Deus, mas insiste na criação especial da sua alma. O Papa Pio XII declarou que:
  • “O magistério da Igreja não proíbe que nas investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo humano em matéria viva preexistente (pois a fé nos obriga a reter que as almas são diretamente criadas por Deus), segundo o estágio atual das ciências humanas e da sagrada teologia” (Pio XII, Humani Generis 36).
Portanto, quer o corpo humano tenha sido criado ou especialmente desenvolvido, somos obrigados a sustentar, por uma questão de fé católica, que a alma humana é especialmente criada: não evoluiu e não é herdada dos nossos pais, como ocorre com os nossos corpos.
Então, embora a Igreja permita a crença na criação especial ou na criação desenvolvimentista em determinadas questões, em circunstância nenhuma permite a crença na evolução ateísta.
A QUESTÃO DO TEMPO
Nada foi definido sobre quando o universo, a vida e o homem surgiram. A Igreja determinou infalivelmente que o universo possui idade finita (não existe desde toda a eternidade), mas não definiu infalivelmente se o mundo foi criado há apenas alguns milhares de anos ou há vários bilhões de anos.
Os católicos devem pesar as evidências para a criação do universo examinando as evidências bíblicas E científicas:
  • “Porém, ainda que a fé esteja acima da razão, não poderá jamais haver verdadeira desarmonia entre uma e outra, porquanto o mesmo Deus que revela os mistérios e infunde a fé dotou o espírito humano da luz da razão; e Deus não poderia negar-Se a Si mesmo, nem a verdade jamais contradizer a verdade” (Catecismo da Igreja Católica §159).
Está fora do escopo deste artigo examinar as evidências científicas, mas algumas palavras precisam ser ditas sobre a interpretação do Gênesis e dos seis dias da Criação. Embora existam muitas interpretações para esses seis dias, elas podem ser agrupadas em 2 métodos básicos de leitura da narrativa: uma “leitura cronológica” e uma “leitura tópica”.
1) A leitura cronológica
De acordo com a leitura cronológica, deve-se entender que os seis dias da Criação se seguiram em estrita ordem cronológica. Esta visão geralmente é associada à alegação de que os seis dias eram de fato dias-padrão de 24 horas.
Alguns negam que sejam dias-padrão, com base no fato de que a palavra hebraica usada nesta passagem para “dia” (=”yom”) às vezes pode significar um período que ultrapassa as 24 horas (como se dá em Gênesis 2,4). No entanto, parece claro que Gênesis 1 apresenta-nos dias-padrão, pois no final de cada dia se dá a fórmula: “E houve tarde e houve manhã: um dia” (p.ex.: Gênesis 1,5). É claro que “tarde e manhã” são os pontos de transição entre dia e noite (este é o significado dos termos hebraicos aqui), uma vez que períodos de tempo superiores a 24 horas não são apresentados como “dia e noite”. Portanto, o Gênesis nos dá aqui dias solares de 24 horas.
Se não pretendemos entendê-los como dias-padrão de 24 horas, é porque provavelmente não entendemos Gênesis 1 como um relato cronológico literal. Sim, existe essa possibilidade, como o Papa Pio XII nos advertiu:
  • “O sentido literal de um escrito, muitas vezes não é tão claro nas palavras dos antigos orientais como nos escritores do nosso tempo. O que eles queriam significar com as palavras não se pode determinar só pelas regras da gramática e da filologia, nem só pelo contexto; o intérprete deve transportar-se com o pensamento àqueles antigos tempos do Oriente, e com o auxílio da história, da arqueologia; etnologia e outras ciências, examinar e distinguir claramente que gêneros literários quiseram empregar e empregaram de fato os escritores daquelas épocas remotas. De fato os antigos orientais, para exprimir os seus conceitos, nem sempre usaram das formas ou gêneros de dizer de que nós hoje usamos; mas sim daqueles que estavam em uso entre os seus contemporâneos e conterrâneos” (Pio XII, Divino Afflante Spiritu 20).
2) A leitura tópica
O que foi falado imediatamente acima leva à possibilidade de Gênesis 1 receber uma leitura tópica, não cronológica. Os defensores deste ponto de vista apontam que na literatura antiga era comum sequenciar o material histórico por tópicos, e não por uma ordem cronológica estrita.
O argumento para uma ordem tópica observa que, na época em que o mundo foi criado, havia dois problemas: a terra era “sem forma e vazia” (Gênesis 1,2). Então, nos três primeiros dias da Criação, Deus resolve o problema da falta de forma estruturando diferentes aspectos do ambiente:
  • No 1º dia, Ele separa o “dia” da “noite”;
  • No 2º dia, Ele separa as “águas abaixo” (oceano) das “águas acima” (nuvens), com o céu entre eles;
  • E no 3º dia, Ele separa as “águas abaixo” umas das outras [mares e oceanos], criando terra seca.
Foi assim que o mundo recebeu forma.
No entanto, continuava vazio. Assim, nos três dias seguintes, Deus resolve o problema do vazio do mundo, criando ocupantes para cada um dos três reinos que Ele ordenou nos três dias anteriores.
Por fim, resolvidos os problemas da falta de forma e do vazio, a tarefa que Ele estabeleceu para Si – a obra de Deus – resta completa e Ele vem a descansar no sétimo dia.
HISTÓRIA REAL
Ainda que Gênesis 1 possa registra a obra de Deus de uma forma tópica, ele de fato registra a obra de Deus, isto é, coisas que Deus realmente fez. É, pois, impossível descartar os eventos de Gênesis 1 como uma simples lenda. São relatos de “História real” mesmo que possam ter sido contados num estilo de escrita histórica que os ocidentais não costumam empregar.
ADÃO E EVA: PESSOAS REAIS
É igualmente inadmissível descartar a história de Adão e Eva e da Queda (cf. Gênesis 2–3) como uma mera ficção. Uma questão frequentemente levantada neste contexto é se a raça humana descende de um par original de dois seres humanos (um ensino conhecido como “monogenismo”) ou de um conjunto primitivo de casais humanos (um ensino conhecido como “poligenismo”).
Quanto a isto, o Papa Pio XII declarou:
  • “Mas, tratando-se de outra hipótese, isto é, a do poligenismo, os filhos da Igreja não gozam da mesma liberdade, pois os fiéis cristãos não podem abraçar a teoria de que depois de Adão tenha havido na terra verdadeiros homens não procedentes do mesmo protoparente por geração natural, ou, ainda, que Adão signifique o conjunto dos primeiros pais; já que não se vê claro de que modo tal afirmação pode harmonizar-se com o que as fontes da verdade revelada e os documentos do magistério da Igreja ensinam acerca do pecado original, que procede do pecado verdadeiramente cometido por um só Adão e que, transmitindo-se a todos os homens pela geração, é próprio de cada um deles” (Pio XII, Humani Generis 37).
A história da Criação e Queda do homem é real, ainda que não tenha sido inteiramente escrita segundo as técnicas literárias modernas. O Catecismo declara:
  • “O relato da Queda (Gênesis 3) utiliza uma linguagem feita de imagens, mas afirma um acontecimento primordial, um fato que ocorreu no início da História do homem. A Revelação dá-nos a certeza de fé de que toda a História humana está marcada pelo pecado original cometido livremente por nossos primeiros pais” (Catecismo da Igreja Católica §390).
CIÊNCIA E RELIGIÃO
A Igreja Católica sempre ensinou que:
  • “Entre a teologia e as ciências experimentais não há, certamente, desacordo algum real, quando aquela e estas não ultrapassam as suas esferas (…) Havendo discordância entre aquelas ciências e a teologia (…) [deve-se lembrar] que os hagiógrafos, ou antes ‘o Espirito de Deus que os inspirou, não intentara instruir os homens acerca da constituição intima do universo, como isto de nenhum proveito era para a Salvação’. É por isso que os escritores sagrados, pondo de parte a observação da natureza, vão direitos ao seu fim; e se, por vezes, descem a falar das coisas criadas, empregam o sentido metafórico, servindo-se da linguagem vulgarmente usada naqueles tempos” (Leão XIII, Providentissimus Deus 18).
Como o Catecismo mesmo coloca:
  • “Portanto, se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramente científica, segundo as leis morais, na realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: quem tenta perscrutar com humildade e perseverança, os segredos das coisas, ainda que disso não tome consciência, e como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo com que elas sejam o que são” (Catecismo da Igreja Católica §159).
É por isso que a Igreja Católica não teme a Ciência nem as descobertas científicas.
Veritatis Splendor

S. NORBERTO, BISPO DE MAGDEBURGO, FUNDADOR DOS CÔNEGOS REGULARES PREMOSTRATENSES

São Norberto
S. Noberto | Cruz da Terra Santa
06 de junho
São Norberto

Origens

Norberto nasceu em Xauten, Alemanha, perto do ano 1080. Era o caçula de uma família rica e nobre. Quando jovem, teve a opção de escolher a carreira militar ou a religiosa. Escolheu a religiosa, porque, na sua região, naquela época, ser religioso era símbolo de uma vida de luxos e prazeres. Algo muito distante daquilo que Jesus ensinou. Norberto frequentava as altas rodas, usando roupas riquíssimas, sempre “na moda”. Dedicava-se a grandes caçadas e à doce vida da corte real. Tudo estava “bem” para ele. Até que um dia...

Atingido por um raio

Norberto cavalgava tranquilo em um bosque quando, de repente, foi atingido por um raio. Ele desmaiou com o choque e o cavalo em que vinha, morreu. Não se sabe quanto tempo ele ficou ali, desmaiado. Sabe-se que esta experiência foi um marco divisório em sua vida. Em poucos momentos, sua vida egoísta e vazia passou como um filme em sua mente e ele compreendeu que, se continuasse como estava, não salvaria sua alma. Quando acordou do desmaio, uma voz lhe disse para deixar a vida mundana e procurar o amor verdadeiro, a virtude e o Evangelho.

Conversão

Norberto enxergou o erro em que vivia, reconheceu e se arrependeu. Abandonou o luxo e os prazeres da falsa vida religiosa praticada pelos nobres e assumiu a pobreza evangélica. Passou a vestir roupas pobres, a andar descalço e, principalmente, começou a buscar a Deus na oração, no jejum, no controle de si mesmo, no dizer não às paixões. Quanto terminou o “ciclo da solidão fértil”, percorreu a França, Bélgica e Alemanha pregando o Evangelho. Depois, foi fazer os estudos teológicos no Mosteiro de Siegburgo. Ao terminar, foi ordenado sacerdote.  

Luta pelo verdadeiro cristianismo 

Depois de ordenado padre, São Norberto passou a lutar pela “conversão do clero e dos nobres”. Ele propôs reformas nos costumes da Igreja buscando eliminar os privilégios que os nobres tinham na prática de um cristianismo de fachada. A princípio, foi duramente contestado pelo clero e pelos nobres. Porém, sua luta chegou ao conhecimento do Papa, que o apoiou. Daí em diante, sua luta começou a ser vitoriosa.

Fundador

Quando São Norberto viu as reformas que propôs implantadas e aceitas, tendo a Igreja renovada pela simplicidade do Evangelho, ele, mais uma vez, retirou-se para aquela “solidão fecunda”, mergulhado na oração e no contato com Deus. Deste recolhimento nasceu em seu coração o impulso de fundar uma ordem religiosa. E ele obedeceu, fundando a Ordem dos Cônegos Regulares Premonstratenses. A Ordem ficou conhecida como a Ordem "dos Monges Brancos", por causa da cor do hábito que escolheram para usar. O grande diferencial da Ordem era levar os padres a viverem uma vida missionária, disciplinada e contemplativa. Para a época, isto era uma revolução. Uma vez estabelecida a Ordem, caminhando por seus próprios pés, São Norberto à vida de pregador itinerante e mendicante.

Bispo

No ano 1126, São Norberto foi retirado da vida itinerante para, em obediência, assumir o cargo de arcebispo de Magdeburgo. Nesta missão, lutou contra um perigoso cisma que ameaçava dividir a Igreja. Respeitado, foi escolhido para ser conselheiro do rei alemão Lotário III. Depois, tornou-se chanceler junto

São Marcelino Champagnat, fundador dos Irmãos Maristas

REDAÇÃO CENTRAL, 06 Jun. 20 / 06:00 am (ACI).- "Tudo em honra a Jesus, mas por meio de Maria. Tudo por Maria, para levar a Jesus”, dizia São Marcelino Champagnat, fundador dos Irmãos Maristas, cuja festa é celebrada todo dia 6 de junho.

São Marcelino nasceu em 1789 em uma família francesa e muito cristã que passou dificuldades com a revolução. Sua mãe o consagrou a Nossa Senhora e sua tia lia para ele a vida dos santos.
Cresceu sem frequentar a escola, mas se formou com leituras caseiras no amor pela fé. Em sua infância, aprendeu a profissão de pedreiro e sua habilidade nos negócios para a venda de cordeiros lhe ajudou a pagar seus estudos depois.
Mais tarde, ingressou em um seminário menor perto de sua cidade. Embora tenha achado difícil aprender as matérias, a ponto de quase ser expulso do lugar, seu bom comportamento e o apoio de bons amigos permitiram que ele continuasse.
Um de seus companheiros, que também tinha problemas no estudo, foi o futuro São João Maria Vianney, também conhecido como o Santo Cura de Ars.
São Marcelino foi ordenado sacerdote em 1816. Foi enviado como vigário de um sacerdote idoso em uma cidade onde as pessoas desperdiçavam seu tempo em bebedeiras e festas; mas o santo incentivou tanto os jovens a aprenderem as coisas de Deus, que os meninos chegavam à igreja antes das seis da manhã para a catequese.
Em uma de suas visitas ao Santuário Mariano de la Fourvière, São Marcelino recebeu a inspiração de fundar uma congregação religiosa dedicada a ensinar o catecismo. Naquela época, conheceu um jovem doente, sem preparação na fé. Ajudou-o a morrer em paz e procurou companheiros para começar a obra educativa.
Em 2 de janeiro de 1817, começou a nova comunidade de Irmãos Maristas, a quem o santo instruiu com grande dedicação, enviando-os para diversas paróquias como professores de religião e catequistas, enquanto chegavam novos aspirantes.
Dentro do método que utilizava na formação estavam a caridade, o canto e a participação ativa dos alunos. Estavam rotundamente proibidos o trato humilhante e os castigos físicos e deprimentes. Outra essência de sua pedagogia era o amor a Maria.
“Nossa Comunidade pertence inteiramente a Nossa Senhora, a Mãe de Deus. Nossas atividades devem estar dirigidas a fazê-la amar, estimar e glorificar. Ensinemos sua devoção aos nossos jovens, e assim os conduziremos mais facilmente a Jesus Cristo”, dizia São Marcelino aos seus religiosos.
O fundador dos Irmãos Maristas faleceu em 6 de junho de 1840, quando tinha apenas 51 anos, depois de sofrer muito de gastrite aguda e de câncer no estômago que causou sua morte. Seu trabalho educacional se expandiu em muitos países.
Foi canonizado em 1999 por São João Paulo II, que enfatizou que “São Marcelino anunciava o Evangelho com coração totalmente ardente. Foi sensível às necessidades espirituais e educativas da sua época, sobretudo a ignorância religiosa e as situações de abandono vividas em particular pela juventude”.
ACI Digital

sexta-feira, 5 de junho de 2020

HISTÓRIA DA IGREJA: São Francisco de Assis

Nestas páginas, algumas imagens do retábulo Il perdono di Assisi, de Prete Ilario da Viterbo (1393), preservadas na abside da Porziuncola, Basílica de Santa Maria degli Angeli, Assis;  acima, Francisco anuncia o perdão de Assis
Basílica de Santa Maria degli Angeli
São Francisco de Assis: um homem de paz formado pela liturgia.

Até a história de São Francisco de Assis, como acontece com todo homem, sempre permanecerá, em certo sentido, um mistério. Reconhecer isso não impede que você continue a aprofundá-lo, graças também aos resultados já alcançados até agora. Precisamente nessa perspectiva, está sendo reconhecido o importante, se não fundamental, papel da liturgia no caso de Francisco.


por Pietro Messa

Não se pode deixar de reconhecer que, em certo sentido, São Francisco de Assis tinha uma fortuna invejável em comparação com outros santos: declarado em 1992 pela revista Time.um dos homens mais representativos do segundo milênio, estudado por centros de pesquisa leigos e não universitários, inúmeras publicações científicas e populares relacionadas à sua história, vários filmes dedicados a ele, reconhecidos como referência ideal por pessoas de diferentes culturas e religiões. A tudo isso deve ser acrescentada a escolha de Assis, a cidade de São Francisco, por João Paulo II, para o dia histórico de 27 de outubro de 1986, que iniciou o chamado "espírito de Assis", isto é, esse movimento inter-religioso em favor da paz; o papa retornou ao país nos dias 9 e 10 de janeiro de 1993 e, apesar das inúmeras reservas e preocupações com essa oportunidade, em 24 de janeiro de 2002, ou seja, após os atos terroristas de 11 de setembro de 2001.

Portanto, um São Francisco muito valorizado e mesmo que em seu dia de festa, 4 de outubro, na Itália, não tenha se tornado um feriado nacional, seu nome ainda é sinônimo de diálogo intercultural e inter-religioso. No entanto, todos sabemos que a fronteira entre ser bem-sucedido e inflar é muito pequena, e isso também se aplica ao santo de Assis.

Estudos franciscanos examinaram as fontes inerentes à sua experiência cristã, enquanto inúmeros estudiosos continuam tentando aperfeiçoar o conhecimento dessas fontes para descobrir a face desse santo, além de qualquer imagem hagiográfica ou manipulação ideológica. Sua formação cultural e espiritual foi aprofundada, reconhecendo diferentes estratificações, a saber: a cultura do filho do comerciante, uma ideologia cavalheiresca que o levou a usar ideologicamente as roupas dos cavaleiros, a cultura cortês que permaneceu mesmo após a conversão, o elemento reminiscências evangélicas e até mesmo antigas da vida dos Padres do Deserto 1. Diante desses inúmeros estudos, cujos começos podem ser reconhecidos em Paul Sabatier, parece que agora Frei Francesco d'Assisi, filho do comerciante Pietro di Bernardone, não tem mais nada a investigar. A imagem mais popular, no entanto, parece não apenas inflada, às vezes se sente que falta algum aspecto importante, quando não é vítima de alguma operação ideológica instrumental. Certamente, como acontece com todo homem, a história de Francisco de Assis sempre permanecerá, em certo sentido, um mistério. Reconhecer isso, no entanto, não nos impede de continuar a investigá-lo, graças também aos resultados já alcançados até agora. Precisamente nessa perspectiva, o papel importante, para não dizer fundamental, está sendo reconhecido,

Muitas vezes, até a Bíblia e, portanto, o Evangelho, estão presentes em seus escritos mediados pela liturgia [...]. O que parece um estudo mais profundo é que ele conhecia as Escrituras através da liturgia, ou seja, graças à mediação da Igreja.

1. Um período de reforma litúrgica
A época em que Francesco viveu foram anos de grandes mudanças e transformações culturais: o desenvolvimento dos municípios, o nascimento das universidades, o incentivo ao intercâmbio comercial, o surgimento de novas necessidades religiosas que freqüentemente resultam em heresia, mas também em movimentos pauperísticos. Todos esses aspectos são normalmente levados em consideração pelos estudiosos mais prudentes, quando historicamente eles enquadram a história de Francesco d'Assisi. No entanto, quase totalmente negligenciada é a consideração de que esses anos foram um dos momentos cruciais na história da liturgia. De fato, se você pegar algum livro sobre a história da liturgia.

No início do século XIII, em Roma, havia basicamente quatro tipos de liturgia: a da Cúria Romana, que residia no Palácio Lateranense, a da vizinha Basílica de San Giovanni, a da Basílica de San Pietro e a chamada Urbe, que é a cidade de Roma. Inocêncio III em seu programa de reformas, que viu um de seus momentos de máxima expressividade no Concílio Lateranense IV de 1215, sem excluir a liturgia. Um dos frutos de maior prestígio da reforma litúrgica foi o breviário. Ao combinar, integrar e adaptar-se à vida da Cúria Romana, muitas vezes sujeita a transferências, textos anteriormente distribuídos em diferentes livros, Innocent III forneceu uma ferramenta útil, especialmente para aqueles que estavam frequentemente na estrada. Devido à sua usabilidade, este breviário foi logo adotado por algumas dioceses, incluindo a de Assis. Dessa maneira, Francesco e ofraternitas minoritica teve acesso a um livro litúrgico que logo se mostrou conforme às suas necessidades como pessoas itinerantes que viviam como "estrangeiros e peregrinos" 2 . Assim, os Frades Menores adotaram a oração litúrgica e especificamente a da Cúria Romana, ou seja, do pontífice. 2. Não é simplesmente uma questão de oração

A adoção de um livro litúrgico ou de outro não foi indiferente. O papa Gregório VII havia entendido anteriormente que temia uma disparidade litúrgica porque, em alguns casos, levava não apenas a uma disparidade jurisdicional, mas também doutrinária, isto é, à heresia. Por exemplo, adotar o breviário da Cúria Romana reformada por Inocêncio III significava aceitar toda uma tradição anterior. O arranjo das várias festas, a escolha de certas leituras, a montagem de passagens bíblicas para formar antífons, versos e responsorii, a presença de inúmeras leituras patrísticas e dos antigos mártires, foram basicamente o resultado da reflexão e experiência eclesiais especialmente monástico do milênio anterior. Então,As fraternitas minoritárias tornaram-se parte de uma história que as precedeu e que foi transmitida através dos séculos. Isso não significa que eles sentiram ou agiram como se fossem prisioneiros dessa tradição: de fato, como observa uma fonte, Francesco não deixou de afirmar sua própria peculiaridade ao rejeitar alguns modelos anteriores.

No entanto, aceitando a oração do breviário, inseriram-se nessa tradição espiritual e teológica que amadureceu ao longo dos séculos na Igreja, como pode ser visto na leitura dos escritos de São Francisco, nos quais as reminiscências litúrgicas são inúmeras. Essas reminiscências, tecnicamente definidas como casos de "intertextualidade e interdiscursividade" - isto é, citações verdadeiras e simples ou referências conceituais - são frequentemente uma transmissão de textos patrísticos internalizados pelo santo. Se isso parece surpreendente, especialmente em comparação com uma certa historiografia que apresentou São Francisco de Assis como o Santo do Evangelho sozinho - quase uma espécie de precursor da reforma protestante -, ainda mais rico em consequências é o fato de que muitas vezes até a Bíblia, e, portanto, o Evangelho está presente em seus escritos mediados pela liturgia. Isso, é claro, leva a rever certas descrições da experiência espiritual de São Francisco, que o apresentam como alguém que teve um relacionamento imediato, sem mediação, com as Escrituras. Em vez disso, o que parece um estudo mais aprofundado é que ele conhecia as Escrituras através da liturgia, isto é, graças à mediação da Igreja. E a liturgia é ela própria uma explicação das Escrituras, isto é, uma exegese: de fato, mesmo simplesmente a localização de uma leitura específica de uma festa e não outra já diz sobre a chave para a compreensão e, portanto, a compreensão dessa passagem em particular.virga , isto é, brota - como deveria ser - há virgem , ou seja , Virgem, como aparece no breviário que pertencia a São Francisco de Assis: «A Virgem emergirá do tronco de Jessé, um rebento brotará de suas raízes, repousará sobre ele o espírito do Senhor » 3 .

3. O testemunho
do Breviarium sancti Francisci
A importância da liturgia nas fraternitasminoria e na história de São Francisco de Assis é testemunhada não apenas pelo Regimento dos Frades Menores confirmado pelo Papa Honório III em 1223, mas sobretudo por um código preservado entre as relíquias do proto-mestre Santa Clara na Basílica homônima de Assis. Como testemunha uma inscrição manuscrita do irmão Leone, isto é, de um dos companheiros e testemunhas do Santo, esse código foi usado pelo próprio São Francisco: «O Beato Francisco adquiriu este breviário para seus companheiros, o irmão Angelo e o irmão Leone, pois, enquanto ele estava em saúde , o escritório sempre quis dizer, como está contido na Regra; e na época de sua doença, incapaz de recitá-lo, ele queria ouvi-lo; e isso ele continuou fazendo enquanto viveu » 4 .

O código, chamado Breviarium sancti Francisci , consiste basicamente de um breviário, o saltério e o livro do evangelho; a primeira parte é a mais consistente e consiste no breviário da Cúria Romana reformada por Inocêncio III. A antiguidade do texto, que o torna testemunha privilegiada dessa reforma e, portanto, da história dos livros litúrgicos em geral, é confirmada pela presença, especialmente nas solenidades marianas ou de santos ligados ao ministério papal, como Pedro, Paulo e Gregório Magno, de leituras extraídas dos sermões do mesmo Innocent III; essas leituras após sua morte em 1216 serão facultativas pelo sucessor, papa Honório III, e desaparecerão imediatamente do breviário 5. De fato, o breviário de San Francesco é o único breviário real que contém essas leituras na íntegra. Esse código foi usado por Francisco e certamente cooperou para formar nele uma cultura teológica, embora rudimentar, que lhe permitisse expressar sua espiritualidade e seu pensamento em alguns escritos, três dos quais ainda hoje estão em nosso poder em formato de autógrafo 6 .

Considerando esse papel desempenhado pela liturgia na formação cultural e espiritual de São Francisco, deve-se levar em consideração ao tentar entender a mensagem do santo de Assis. Portanto, acima de tudo, o conteúdo desse código deve ser lembrado sempre que se deseja aprofundar um tema específico de seu pensamento; assim, em seu pensamento, o papel da Virgem Maria se tornará mais inteligível na medida em que seus escritos serão lidos, levando em consideração o Ofício da Bem-Aventurada Virgem e as quatro festas marianas contidas no código mencionado, ou seja, a Apresentação de Jesus no Templo, o 2 de fevereiro; a Anunciação, 25 de março; a Assunção com sua oitava, de 15 a 22 de agosto; e o nascimento de Maria, em 8 de setembro.Breviarium como festa da purificação da Virgem Maria 7 .

A importância do Breviarium sancti Francisci foi reconhecido e testemunhado pelo mesmo irmão Leone, que o entregou à abadessa Benedetta do mosteiro de Santa Chiara em Assis para mantê-lo como testemunha privilegiada da santidade de Francisco. No entanto, antes de entregá-lo, ele marcou vários aniversários dos mortos no calendário, incluindo os de Inocêncio III e Gregório IX. Depois de mais alguns anos em que foi usado como livro litúrgico, o breviário do santo foi definitivamente colocado entre as relíquias do mencionado mosteiro, onde ainda hoje pode ser admirado. Precisamente por causa dessa importância, no século XVII sua capa foi decorada com dois ornamentos de prata representando São Francisco e Santa Clara.

4. São Francisco e a Igreja
Um dos tópicos mais debatidos na historiografia franciscana é o relacionamento de São Francisco com a Igreja. Há aqueles que falam de Francisco como uma espécie de revolucionário, aqueles que, incapazes de contradizer as fontes, buscaram o motivo de sua obediência à hierarquia em sua escolha de viver em minoria: tanto em um sentido quanto no outro, essa é sempre uma atitude vista de uma maneira que podemos definir destacada, extrínseca. Considerar a importância da liturgia na história de Francisco pode nos ajudar a entender melhor sua relação com a Igreja: ele viveu a inserção, certamente não de maneira passiva, em uma história que o precedeu e que também se expressou através de certas fórmulas litúrgico. A oração e a meditação dos textos que o precederam, expressão da vida e santidade da Igreja ao longo dos séculos, tornaram-se para São Francisco o local de comunhão com a história da salvação. Precisamente por esse motivo, ele estava muito determinado contra aqueles que não queriam recitar o Ofício, como é testemunhado pelo que ele escreve em seu testamento: «E embora eu seja simples e enfermo, no entanto, sempre quero ter um clérigo que recite o Ofício para mim, assim como é prescrito na regra. E todos os outros frades devem obedecer a seus guardiões e dizer o ofício de acordo com a regra. E se foram encontrados frades que não declararam o ofício de acordo com a Regra, e quiseram mudar de outra maneira, ou não eram católicos, todos os frades, onde quer que estejam, são mantidos fora de obediência, onde quer que encontrassem algum deles, para fazê-lo aparecer na frente do goleiro mais próximo do local onde o encontravam. E o zelador é firmemente mantido fora da obediência para mantê-lo estritamente, como um homem na prisão dia e noite, para que ele não possa ser removido de sua mão até que ele o entregue ao seu ministro. E o ministro é firmemente obrigado, por obediência, a enviá-lo por meio de tais frades que o guardam dia e noite como um homem preso, até que o apresentem perante o senhor de Ostia, que é senhor, protetor e corretor de toda fraternidade " como um homem na prisão dia e noite, para que ele não possa ser tirado da sua mão até que você o entregue ao seu ministro. E o ministro é firmemente obrigado, por obediência, a enviá-lo por meio de tais frades que o guardam dia e noite como um homem preso, até que o apresentem perante o senhor de Ostia, que é senhor, protetor e corretor de toda fraternidade " como um homem na prisão dia e noite, para que ele não possa ser tirado da sua mão até que você o entregue ao seu ministro. E o ministro é firmemente obrigado, por obediência, a enviá-lo por meio de tais frades que o guardam dia e noite como um homem preso, até que o apresentem perante o senhor de Ostia, que é senhor, protetor e corretor de toda fraternidade "8 . Esse desenho que termina com a entrega ao "senhor de Ostia", isto é, ao chamado cardeal protetor da Ordem das Minorias, foi considerado uma das "dificuldades" do irmão Francisco, que contrasta tanto com uma certa imagem irênica dele; e essa dureza é para com aqueles que não recitam o breviário. Isso se deve ao fato de que aquela oração em particular, e, portanto, também sua recusa, estava diretamente relacionada à ortodoxia ou não da pessoa e da comunidade.

O axioma lex orandi, lex credendi, lex vivendipodemos vê-lo vivido por São Francisco e também considerado pelo mesmo, mesmo que não explicitamente, uma das referências de sua experiência cristã. A maneira em que Francisco orou, e o que ele desejou, foi também o das fraternitasminoria, ou a recitação do breviário, é uma expressão de sua fé, a da Igreja representada pelo pontífice, que se expressou em sua experiência concreta. Portanto, se você deseja entender completamente a experiência do santo de Assis e sua pregação da paz - com o significado que assumiu ao longo da história e, sobretudo, graças ao pontificado de João Paulo II -, sua fé expressa através da oração, especialmente litúrgica, e a recitação do breviário.

Revista 30 Dias

Como combater a injustiça? A Palavra de Deus nos mostra o caminho.

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A caridade para com os outros deve estar na vanguarda de qualquer luta por injustiça
Lutar contra a injustiça no mundo é um esforço digno, parte essencial da mensagem do Evangelho.

Primeiramente, Jesus nos exorta a fazer um inventário pessoal, olharmos dentro de nossos próprios corações antes de corrigirmos o que os outros estão fazendo, como mostra esta passagem do Evangelho de São Mateus:
“Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão” (Mateus 7,3-5).

É relativamente fácil defender alguém e se opor às injustiças que estão acontecendo no mundo. No entanto, é muito mais difícil olhar para nossas próprias vidas e ver se realmente cumprimos o que estamos pregando.
Uma das razões pelas quais isso é tão importante é porque nossa mensagem cairá em ouvidos surdos se não vivermos primeiro o que pregamos. São Paulo VI escreveu sobre isso em sua encíclica Evangelii Nuntiandi:
“O homem moderno ouve com mais vontade as testemunhas do que os professores, e se ele ouve os professores, é porque eles são testemunhas.”

Precisamos testemunhar nossas crenças antes de dizermos aos outros o que fazer. Em segundo lugar, precisamos prestar atenção às palavras de Jesus quando ele diz como seremos julgados no fim dos tempos:
“Os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?’. Responderá o Rei: ‘Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes’” (Mateus 25, 37-40).

A caridade para com os outros deve estar na vanguarda de qualquer luta por injustiça. Deve formar nossos pontos de vista, mas também nossas ações.
Você não pode efetivamente “combater o fogo com fogo”, como diz o ditado. Acenderá apenas mais chamas e o fogo será maior.
Em vez disso, precisamos combater a injustiça, olhando primeiro dentro de nossos corações, corrigindo o que encontramos lá e, depois, saindo em espírito de caridade para levar paz ao mundo.
Aleteia Brasil

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF