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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 8/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 16

Voltemos ao ponto em que estávamos. Aqueles que já avistam a virtude e seguem o Legislador em seu estilo de vida, quando abandonam os limites do domínio dos egípcios, são perseguidos pelos ataques das tentações que provocam ansiedades, medos e perigos em relação ao êxito final. Assustada por estas coisas, a alma dos principiantes na fé cai em completa desesperança em conseguir os bens. Porem, se Moisés ou alguém como ele se encontra à liderança do povo, ao medo se oporá o conselho, reconfortando a alma em seu desfalecimento com a esperança da ajuda divina. Mas isto não ocorrerá se o coração de quem está na liderança não fala com Deus. De fato, a muitos que estão colocados nesta posição só preocupa a maneira como se encontra organizado o que se vê, enquanto que as coisas que estão ocultas, que só são vistas por Deus, lhes produzem um cuidado pequeno. Não foi assim com Moisés. Quando exortava os israelitas a terem confiança, mesmo não pronunciando exteriormente nenhuma palavra dirigida a Deus, o próprio Deus testemunha que gritou (Ex 14, 13-15), ensinando-nos a Escritura - penso - que a voz que é sonora e sobe aos ouvidos divinos não é o clamor que tem lugar com vozes, mas o pensamento interior que sobe de uma consciência pura. A quem se encontra nesta situação, parece pequeno o irmão como ajuda para as maiores batalhas, refiro-me àquele irmão que saiu ao encontro de Moisés quando, conforme o mandado de Deus, se dirigia aos egípcios, e a quem nosso discurso apresentou em seu ministério de anjo (Ex 4, 27). Agora tem lugar a manifestação do Ser transcendente, que se mostra de modo que possa ser captado por quem o recebe. Conhecemos pela história que isto aconteceu então e sabemos pela interpretação espiritual que isto ocorre sempre. De fato, cada vez que alguém foge do egípcio e, ao chegar fora de seus territórios, se assusta ante os ataques das tentações, e quando o inimigo rodeando com suas forças o perseguido só lhe deixa disponível o mar, o guia, isto é, a nuvem, lhe mostra a salvação imprevista que vem de cima. Até ali, ao mar, o conduz o guia, quer dizer, a nuvem (Ex 13, 21). Os que nos precederam interpretaram este nome dado ao guia como a graça do Espírito Santo que conduz ao bem os que são dignos. O que a segue atravessa a água, enquanto o guia lhe abre nela uma passagem estreita através da qual se realiza um caminhar seguro até a liberdade, onde desaparece debaixo da água aquele que o perseguia para escravizar. Quem ouve isto, talvez reconheça o mistério da água a que alguém desce junto com todo o exército do inimigo e da qual emerge só, depois de se afogar na água o exército inimigo (Ex 14, 26-30). Pois quem desconhece que o exército egípcio significa as diversas paixões da alma às quais se escraviza o homem? Isto são os cavalos, isto são os carros e os que estão montados neles; isto são os arqueiros, e os infantes e o resto do exército dos inimigos (Ex 14, 9). De fato, em que se diria que os movimentos de cólera ou os impulsos ao prazer, à tristeza e à avareza diferem do exército que acabamos de mencionar? A afronta é pedra lançada pela funda, e o ataque de cólera é lança que agita sua ponta, enquanto que os cavalos que puxam os carros com impulso irrefreável podem ser entendidos como o afã de prazeres. Nos três homens montados no carro - a quem a história chama tristates (Ex 14, 7) -, e que são levados por ele, reconhecerás, instruído pelo simbolismo do montante e das ombreiras das portas, a tríplice divisão da alma, pensando no racional, no concupiscível e no irascível.

Capítulo 17

Todas estas coisas e quantas lhes são afins, precipitam-se na água perseguindo os israelitas junto com o promotor do perverso ataque. Porem a água, posto que o bastão da fé e a nuvem luminosa usam como guia, se converte em fonte de vida para os que se refugiam nela e em destruição dos perseguidores. A história nos ensina através disto, como convém que sejam os que atravessam a água. Quando alguém emerge da água não deve conservar consigo nada do exército inimigo. Se o inimigo emergisse juntamente com ele, este permaneceria em escravidão ainda depois da água, ao haver feito emergir vivo consigo o tirano, ao que não afogou no abismo. Isto quer dizer, se explicarmos abertamente o simbolismo aproximando-o de um significado mais claro, que é necessário que quantos, no batismo, passam através da água sacramental, façam morrer na água todo o exército do vício: a avareza, o desejo impuro, o espírito de rapina, a tendência à soberba e à prepotência, o impulso à violência, a ira, o rancor, a inveja, os ciúmes e todas essas coisas. Posto que, de alguma forma, as paixões seguem a natureza humana, devemos afogar na água inclusive os maus movimentos da alma e suas seqüelas. No mistério da Páscoa, este é o nome da vítima cujo sangue preserva da morte quem se vale dela, sucede o mesmo. Recomenda-se que coma pão ázimo na Páscoa. Ázimo é o que não está misturado com o fermento do dia anterior (Ex 13, 6 e 1Co 5, 7-8). Através disto a Lei nos dá a entender que não se deve misturar nenhum resíduo de maldade com a vida nova, mas que comecemos a vida nova com um começo novo, rompendo a cadeia dos pecados com a conversão ao bem. Por esta razão quer que afoguemos no batismo salvador - como no batismo do mar - toda pessoa egípcia, isto é, toda forma de maldade, e que devemos emergir sós, sem arrastar conosco em nossa vida nenhum estrangeiro. Isto é o que aprendemos com a história quando diz que na mesma água se distingue o inimigo e o amigo com a morte e com a vida: o inimigo é destruído, o amigo é vivificado (Ex 14, 27-30). Muitos dos que receberam o sacramento do batismo, por desconhecimento dos preceitos da lei, misturaram a levedura do vício, já abandonada, à vida nova, e, depois de ter atravessado a água, em sua forma de viver levam consigo, vivo, o exército egípcio. Com efeito, quem antes do dom do batismo se havia enriquecido com a injustiça ou a rapina, ou adquiriu alguma terra com perjúrio, ou coabitava com uma mulher em adultério, ou qualquer das demais coisas proibidas, pensa que mesmo que depois do batismo continue a gozar das coisas que adquiriu perversamente, permanece livre da escravidão dos pecados, sem perceber que se encontra escravizado por perversos senhores. Pois a luxuria é um dano cruel e furioso, que atormenta a alma submetida a sua escravidão com os prazeres como se fossem látegos. Um tirano semelhante é a avareza, que não permite nenhum descanso a seu escravo, senão que por muito que trabalhe obedecendo as ordens de seu dono e ganhando para ele o que ambiciona, sempre o incita a mais. E todas as outras coisas que se fazem impulsionados pela maldade constituem uma serie de tiranos e donos. Se alguém lhes obedece, ainda que haja passado através da água, apesar disso - é meu parecer -, não tocou na água sacramental cuja obra é a destruição dos perversos tiranos.

Capítulo 18

Voltemos à continuação do relato. Quem atravessou o mar que já nos é conhecido, e viu em si mesmo perecer o egípcio, não só olha para Moisés como guia da virtude, como, sobre tudo, crê em Deus como diz o texto da história (Ex 14, 17). Confia também em Moisés, seu servidor. Vemos que também hoje sucede isto com quem verdadeiramente atravessou a água: estes se entregaram a Deus e, como diz o Apóstolo, confiam nos que em razão do sacerdócio cuidam das coisas divinas, e lhes obedecem (Hb 13, 17). Depois da passagem do mar, segue-se uma marcha de três jornadas (Ex 15, 22) durante a qual, acampados em um lugar, acharam água que, a principio, não parecia potável por causa de seu amargor; porem o bastão, sendo arrojado na água, converteu o líquido em potável para os que estavam sedentos (Ex 15, 23- 25). A narração está conforme com o que agora também sucede. A principio, a vida afastada dos prazeres parece desagradável e insossa a quem abandonou os prazeres egípcios que o escravizavam antes de atravessar o mar. Porém se o madeiro, isto é, o mistério da ressurreição, que teve começo por meio do madeiro, é arrojado à água, - ao ouvir madeiro entenderás evidentemente a cruz-, então a vida virtuosa, adoçada com a esperança dos bens futuros, se converte em mais doce e agradável que toda doçura que acaricia os sentidos com o prazer. A etapa seguinte da marcha, amenizada com palmeiras e fontes, repara o cansaço dos caminhantes. São doze as fontes de água, de corrente limpa e gratífica; setenta as palmeiras, grandes e frondosas, pois o tempo havia feito crescer as árvores (Ex 15, 27). Que encontramos nestas coisas, ao seguir o fio da narração? Que o mistério do madeiro, pelo qual a água da virtude se torna potável para os que têm sede, nos atrai com doze fontes e setenta palmeiras, isto é, com o ensinamento do Evangelho. Nele, as fontes são os doze Apóstolos que o Senhor escolheu para esta graça, fazendo brotar a palavra através deles como fontes, de forma que um dos profetas anunciou assim a graça que mana deles: Bendizei a Deus, o Senhor, nas assembléias, os das fontes de Israel (Sal 67, 27). As setenta palmeiras poderiam ser os apóstolos que, alem dos doze discípulos, receberam a imposição das mãos por toda terra e que numericamente são tantos como a história diz que eram as palmeiras.

ECCLESIA Brasil

O médico que cobrava só um Pai Nosso como pagamento pelas consultas

Public Domain

por Philip Kosloski

Ele ainda oferecia remédios de graça para os pacientes pobres.

László Batthyány-Strattmann foi um médico húngaro generoso que nunca recusava um paciente, aceitando orações como “pagamento” por suas consultas.

Para muitas pessoas no mundo, as contas médicas pesam no orçamento, tornando uma simples consulta algo muito caro.

No entanto, László Batthyány-Strattmann definiu como prioridade servir aos pobres com sua prática médica, nunca rejeitando um paciente se ele não pudesse pagar.

Ele estava em uma situação boa, pois herdara o Castelo de Körmend, na Hungria, após a morte de seu tio. Isso deu a ele o título de “Príncipe” e o nome de “Strattmann”. Foi generoso com sua riqueza real, transformando uma ala do castelo em um hospital.

Médico dos pobres

biografia de Batthyány oferecida pelo site do Vaticano detalha como ele se tornou conhecido por sua perícia médica e generosidade para com os pobres:

“Ele também era conhecido como  ‘médico dos pobres’, e os pobres o procuravam em busca de ajuda e conselho. Ele os tratava de graça; como “taxa” por seu tratamento médico e internação hospitalar, ele pedia que rezassem um “Pai Nosso” por ele. A receita de remédios também era gratuita e, além de dar tratamento médico, muitas vezes ele lhes dava ajuda financeira.”

Essa generosidade veio de uma fé profunda e permanente em Deus. Ele rezava a Deus antes de cada cirurgia, e via Deus como o Médico Divino.

“Ele estava convencido de que, como a cirurgia médica era seu domínio, ele ainda era um instrumento nas mãos de Deus e que a cura em si era um dom de Deus. Antes que seus pacientes tivessem alta do hospital, ele lhes apresentava uma imagem de Nosso Senhor e um livro espiritual intitulado: “Abra os olhos e veja”. Essa foi uma forma de orientá-los em sua vida espiritual. Era considerado “santo” por seus pacientes e até por sua própria família.”

Inspiração

Sua prática médica única foi uma inspiração para muitos e assim permaneceu mesmo após sua morte em 22 de janeiro de 1931.

São João Paulo II beatificou László Batthyány em 23 de março de 2003. Ele é um poderoso intercessor para todos os profissionais da área médica.

Aleteia

É Jesus o profeta definitivo, afirma Papa Francisco no Ângelus

Papa Francisco no ângelus deste domingo. Foto: Vatican Media

Vaticano, 31 jan. 21 / 05:03 pm (ACI).- “Jesus é o profeta definitivo”, “o ensinamento do Jesus tem a mesma autoridade que Deus”. Assim expressou o Papa Francisco este domingo, 31 de janeiro, durante a oração do Ângelus quando explicou a importância do ensinamento de Jesus.

O Santo Padre recordou as palavras de Moisés que anunciavam a vinda de Cristo: “depois de mim, tempo depois, virá um profeta como eu, como eu!, que vos ensinará”.

O Papa explicou que “Moisés anuncia Jesus como o profeta definitivo. Por isso, Jesus não fala com autoridade humana, a não ser com a divina, porque tem o poder do profeta definitivo, quer dizer, do Filho de Deus que nos salva, que cura a todos”.

“Jesus prega com autoridade própria, como alguém que possui uma doutrina que deriva de si mesmo, e não como os escribas que repetiam tradições precedentes e leis promulgadas. Eles repetiam palavras, palavras, apenas palavras - como cantava a grande Mina; eles eram assim. Apenas palavras. Ao invés em Jesus, a palavra tem autoridade, Jesus tem autoridade. E isto toca o coração”, afirmou o Santo Padre.

“O ensinamento de Jesus tem a mesma autoridade de Deus que fala; de fato, com um único comando, ele liberta facilmente o possuído do maligno e o cura. Por isso ele fala não com autoridade humana, mas com autoridade divina, porque tem o poder de ser o profeta definitivo, isto é, o Filho de Deus que nos salva, nos cura a todos”, argumentou o Papa Francisco.

Jesus é um profeta “com autoridade, que atrai com sua autoridade às pessoas, e também é o profeta que liberta, o profeta prometido que é o Filho de Deus que cura”, sublinhou o Papa Francisco.

O Pontífice exortou os fiéis a levar sempre no bolso ou na bolsa um pequeno Evangelho, para lê-lo durante o dia, "para ouvir aquela palavra com autoridade de Jesus". “Todos nós temos problemas, peçamos a Jesus a cura de nossos pecados de nossos males”.

Sublinhando o exemplo de fidelidade da Virgem Maria o Santo Padre concluiu a Audiência geral, pedindo "que Ela também nos ajude a ouvi-Lo e a segui-Lo, para que possamos experimentar em nossas vidas os sinais de sua salvação”

ACI Digital

Processo contra pe. Robson está arquivado definitivamente, noticiou a Rede Vida

Facebook / Pe. Robson

Advogado declarou esperar que o pe. Robson possa finalmente retornar à vida normal e às atividades pastorais.

Processo contra pe. Robson está arquivado definitivamente, noticiou a Rede Vida de Televisão na última quarta-feira, 20 de janeiro. Nessa data, o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, desembargador Walter Carlos Leme, decidiu não considerar o pedido que o Ministério Público do mesmo Estado havia apresentado para continuar investigando o sacerdote e a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), fundada por ele.

Em agosto de 2020, o pe. Robson de Oliveira havia sido acusado de utilizar a associação em proveito próprio, supostamente desviando grande parte do dinheiro que os fiéis doavam à entidade para que fosse direcionado à manutenção e expansão do Santuário do Divino Pai Eterno, situado na cidade de Trindade, próxima de Goiânia.

Em outubro, o Tribunal de Justiça de Goiás determinou o trancamento da ação contra o pe. Robson por falta de provas. A sentença, pronunciada pelo desembargador Nicomedes Domingos Borges, foi acompanhada pelos membros do tribunal de modo unânime.

Em 4 de dezembro, o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás autorizou a retomada da investigação e, três dias depois, o Ministério Público o denunciou, assim como a outras 17 pessoas, por “organização criminosa” e “lavagem de dinheiro”. Logo depois, porém, mais uma sentença do TJ-GO, agora emitida pelo desembargador Leobino Chaves Valente, voltou a determinar o bloqueio do processo, decisão esta que foi reforçada em 17 de dezembro pelo Superior Tribunal de Justiça.

Em 11 de janeiro, o MP-GO requereu que o presidente do Tribunal de Justiça, Walter Carlos Lemes, acolhesse um recurso pedindo mais uma revisão da decisão dos desembargadores. Este é o pedido que, no dia 20, não foi acatado pelo Tribunal.

Processo contra pe. Robson está arquivado definitivamente, noticiou a Rede Vida

O advogado do sacerdote, Pedro Paulo de Medeiros, declarou esperar que o pe. Robson possa finalmente retornar à vida normal e às atividades pastorais depois dos últimos meses de afastamento. Durante as investigações, ele se prontificou a renunciar ao cargo de presidente da Afipe e de reitor do Santuário.

Para o advogado, o processo “transitou em julgado”, o que ele próprio explica dizendo que foi arquivado de modo definitivo, sem que restem pendências do pe. Robson para com a justiça.

No tocante à situação eclesial do sacerdote, a respectiva análise fica agora por conta da sua congregação, a dos padres redentoristas.

Neste último sábado, 23 de janeiro, um grupo de fiéis organizou uma manifestação diante do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, pedindo que o pe. Robson volte a celebrar Missas e a presidir a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).

Confira a matéria da Rede Vida:

https://youtu.be/V7VQFaRYabI

Aleteia

O amor da Igreja pela vocação dos consagrados

Vatican News
https://youtu.be/9CTEV9fS7Wk

Dom João Braz de Aviz envia uma saudação a todos os consagrados por ocasião do Dia Mundial da Vida Consagrada, festa da Apresentação do Senhor ao templo: "Alguns de nós entregaram a sua vida servindo aos irmãos neste momento de dificuldade, outros continuam servindo em ambientes onde existem certo perigo. Mas que possamos pensar que tudo isso faz parte da nossa vocação, faz parte do nosso modo de seguir Jesus Cristo. E que você seja feliz e que possamos construir agora muito mais ainda no espírito da Fratelli tutti do Papa Francisco".

Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano

Este ano de 2021, a celebração do dia 2 de fevereiro será especial por dois motivos: marca a 25a edição do Dia Mundial da Vida Consagrada e a primeira vez que se festeja em meio a uma pandemia, já que em 2020 o coronavírus estava começando a entrar no vocabulário e, sobretudo, na rotina de todo o mundo.

Dos 25 anos que a Igreja celebra este Dia Mundial, o cardeal brasileiro João Braz de Aviz está há 10 anos à frente da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

Em todo este tempo, Dom João ressalta que sempre sentiu o amor do Santo Padre, o seu cuidado para que a vocação seja bem vivida, que se centralize no que é mais importante: o olhar e o amor de Cristo por cada pessoa.

Pandemia: sofrimento e graça

Em entrevista ao Vatican News, Dom João fala também de como a pandemia impactou na vida consagrada, que define como um "momento de sofrimento e de graça".

De sofrimento porque muitos institutos foram foco de contágio, com a perda de vidas humanas. De graça porque criou espaços novos que antes não havia devido à correria do dia a dia: mais tempo para oração, para o diálogo em comunidade e para pensar problemas arquivados.

Foi para encurtar a distância com os consagrados que a Congregação decididiu divulgar uma carta em vista do dia 2 de fevereiro. No texto, a "Fratelli tutti" do Papa Francisco é apresentada como uma bússola para a vida consagrada, um antítodo ao individualismo e um convite a olhar as diferenças em função da fraternidade.

Mas para Dom João, a encíclica do Pontífice é uma exortação a inverter a pirâmide que constitui a Igreja: "O povo de Deus tem que estar em cima, é a referência, e quem tem ministérios particulares deve ser a raiz, o fundamento que ajuda a fidelidade a Cristo".

Vatican News

Estudante é impedida de fazer o Enem usando objetos religiosos

© Jeffrey Bruno / ALETEIA

Ela foi obrigada a retirar uma pulseira em formato de terço e um escapulário que estava usando; supervisora teria argumentado que "a prova é laica".

A mãe de uma estudante usou as redes sociais para fazer um desabafo: a filha dela foi impedida de usar uma pulseira em formato de terço e um escapulário durante a segunda prova do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).

O caso aconteceu em uma escola – que serve como local de prova – na Vila Mariana, em São Paulo.

De acordo com a publicação, a supervisora da sala pediu para que a estudante retirasse os acessórios religiosos que estava usando. Além disso, a fiscal teria argumentado que “a prova é laica”.

A mãe da estudante, Cristina Mariotti, explicou:

“Hoje fomos buscar nossa filha após o 2o dia do ENEM, à R. Doutor Álvaro Alvim, 90 – Vila Mariana. Ao entrar no carro ela nos informou que a supervisora da sala pediu que ela retirasse a pulseira de prata em formato de terço e o escapulário pra fazer a prova pois, segundo afirmação da supervisora, A PROVA É LAICA!!!!!! Mesmo questionando o porquê desta atitude e uma vez que, no domingo passado não houve nenhuma solicitação, minha filha acabou cedendo e tirou… AGORA EU PERGUNTO: ISTO TEM FUNDAMENTO?”

 O fato gerou revolta entre os católicos, que comentaram na publicação de Cristina Mariotti. Muitos falam em perseguição religiosa, já que na primeira prova a estudante usava os mesmos acessórios e não precisou retirá-los para seguir fazendo o exame.

O que não pode no Enem

site do Ministério da Educação tem uma seção em que informa o que é permitido e o que é proibido durante a realização das provas do Enem. Tanto o site quanto o edital do Enem não mencionam a proibição de artigos religiosos por parte dos estudantes. Os materiais que os participantes não podem portar durante a prova, de acordo com o MEC, são os seguintes:

  • Óculos escuros e artigos de chapelaria, como boné, chapéu, viseira, gorro ou similares;
  • Caneta de material não transparente, lápis, lapiseira, borrachas, réguas, corretivos;
  • Livros, manuais, impressos, anotações;
  • Protetor auricular;
  • Relógio de qualquer tipo;
  • Quaisquer dispositivos eletrônicos, como telefones celulares, smartphones, tablets, wearable tech, máquinas calculadoras, agendas eletrônicas e/ou similares, ipods®, gravadores, pen drive, mp3 e/ou similar;
  • Alarmes, chaves com alarme ou com qualquer outro componente eletrônico;
  • Fones de ouvido e/ou qualquer transmissor, gravador e/ou receptor de dados, imagens, vídeos e mensagens.

Cristofobia: aluno é forçado a tirar crucifixo para participar de foto na escola

por Francisco Vêneto

A cristofobia não existe, dizem os "especialistas", mas ataca novamente mesmo assim: fotógrafa "sugeriu" que o crucifixo era um "insulto".

A cristofobia não existe, segundo os autodeclarados “especialistas”, mas a sua inexistência não a impede de manifestar-se todos os dias. A grande mídia se desvia do assunto, mas os fatos se multiplicam como parte da normalidade – sobretudo nos países supostamente democráticos e liberais do primeiro mundo ocidental.

Dias atrás, o jornal sueco Dagen noticiou o enésimo caso de cristofobia cotidiana no país. Segundo a matéria, de fato, um estudante de 15 anos foi “gentilmente convidado” a tirar o crucifixo do pescoço para participar de uma foto da escola.

Só uma “sugestão” – afinal, a cristofobia “não existe”…

Quem fez a “sugestão” foi a fotógrafa, alegando que o crucifixo era considerado um “insulto” (!) Já o insulto da fotógrafa ao aluno cristão foi candidamente vendido como “gentileza” para com as outras religiões. Alunas com o véu islâmico, aliás, não receberam “sugestão” alguma para retirá-lo.

O estudante relatou ao jornal que seu crucifixo estava pendurado ao pescoço por uma corrente comprida. Mesmo assim, acharam “politicamente mais correto” mandar retirá-lo. Ou “sugerir”, como se de fato fosse apenas uma sugestão.

O jovem declarou, além disso, que a situação o deixou constrangido:

“Eu fiquei um pouco chocado. Nunca tinha passado por isso antes. Então tirei o meu crucifixo e coloquei no bolso. Não me senti bem”.

Foi ele quem apontou a contradição entre o episódio do crucifixo e o fato de que o mesmo tipo de “sugestão” não foi dado a seguidores de outras religiões:

“Eu sei que aqueles que usam o véu não precisam tirá-lo. Claro, eu não queria que isso acontecesse. Mas se eu fui forçado a tirar a minha cruz, o mesmo teria que valer para os outros símbolos religiosos”.

O pai do aluno criticou a omissão da direção da escola, que não agiu para frear a “gentil intolerância” da fotógrafa. Ele observou:

“Pode parecer um assunto de pouca importância. Mas, no fim das contas, o assunto-chave é o tipo de sociedade que nós queremos e quanto vale a nossa liberdade religiosa. Por isso, um incidente como este se torna sério. É uma questão de princípio”.

Aleteia 

Papa institui o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos

Papa Francisco presidiu o Ângelus no Palácio Apostólico.
Foto: Vatican Media

Vaticano, 01 fev. 21 / 09:05 am (ACI).- O Papa Francisco anunciou, no final da oração do Ângelus no Vaticano no domingo, 31 de janeiro, a instituição do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado em toda a Igreja no quarto domingo de julho, “próximo à festa dos Santos Joaquim e Ana, os avós de Jesus”.

O Santo Padre explicou que o objetivo deste Dia Mundial é promover o encontro entre as gerações, dos netos com os avós e dos avós com os netos, para “conservar as raízes e transmitir”.

O Pontífice recordou que em 2 de fevereiro, “celebraremos a festa da Apresentação de Jesus no Templo, quando Simeão e Ana, ambos idosos, iluminados pelo Espírito Santo, reconheceram Jesus como o Messias”.

Observou que “o Espírito Santo ainda desperta pensamentos e palavras de sabedoria nos idosos: sua voz é preciosa porque canta os louvores de Deus e conserva as raízes dos povos. Eles nos lembram que a velhice é um presente e que os avós são o elo entre as diferentes gerações, para transmitir aos jovens a experiência da vida e da fé”.

O Papa lamentou que “os avós tantas vezes são esquecidos e nós esquecemos esta riqueza de conservar as raízes e transmitir”.

Por isso, afirmou, “decidi instituir o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado em toda a Igreja, todos os anos, no quarto domingo de julho, próximo à festa dos Santos Joaquim e Ana, os avós de Jesus".

“É importante que os avós se encontrem com os netos e que os netos se encontrem com os avós, porque - como diz o profeta Joel - os avós diante dos netos sonharão, terão a ilusão e os jovens, tomando força dos avós, seguirão adiante, profetizarão. E precisamente 2 de fevereiro é a festa do encontro dos avós com seus netos”, concluiu o Papa Francisco.

Primeiro fruto do ano da família

Em um comunicado do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, divulgada após o anúncio do Papa Francisco, o Prefeito do Dicastério, Cardeal Kevin Joseph Farrell, explicou que o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos "é o primeiro fruto do Ano da Família Amoris Laetitia, um dom para toda a Igreja que vai permanecer ao longo dos anos”.

“O cuidado pastoral dos idosos é uma prioridade que não pode mais ser adiada, para cada comunidade cristã. Na encíclica Fratelli tutti, o Santo Padre nos recorda que ninguém se salva sozinho. Nesta perspectiva, é necessário valorizar a riqueza espiritual e humana que foi transmitida através das gerações”.

Não deixar os avós sozinhos

A insistência na importância das gerações anteriores é uma constante na pregação do Papa Francisco.

No dia 26 de julho, festa de São Joaquim e Santa Ana, o Santo Padre convidou “os jovens a fazer um gesto de ternura para com os idosos, sobretudo os mais solitários, nos lares e residências, aqueles que não veem seus entes queridos há tantos meses".

Na ocasião, o Papa convidou a não deixar os avós sozinhos e lembrou às gerações mais novas que os mais velhos “são suas raízes. Uma árvore separada de suas raízes não cresce, não dá flores e frutos. É por isso que a união com suas raízes é importante”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

B. LUDOVICA ALBERTONI, VIÚVA ROMANA

B. Ludovica Albertoni, Giovan Battista Gaulli 

"No passado, fui mais do meu marido do que de mim mesma, sem poder me dedicar a vós, Jesus. Agora, vivendo apenas por mim, deixo ser minha para ser totalmente vossa".
Nem sempre é fácil pertencer a uma família nobre: é claro que a sobrevivência é garantida, mas há obrigações, às vezes muito onerosas, às quais é preciso se submeter. Isso Ludovica sabia muito bem.
Nascida em 1474, era filha do patrício romano, Estêvão Albertoni, e de Lucrécia Tebaldi. Ao chegar à idade adulta, teve que renunciar à sua vocação para se casar, conforme o desejo da sua família.

Oração como escola da vida

Mas vamos por ordem. Ludovica ficou órfã de pai com apenas dois anos de idade. Sua mãe casou-se novamente, mas ela foi criada pela avó e algumas tias, que lhe deram uma educação cultural e católica.
Aos 20 anos, Ludovica teve que se casar, contra a sua vontade, com o nobre do bairro romano de Trastevere, Tiago de Cetera, de caráter rude e instável. Não obstante, a jovem foi uma esposa fiel e lhe deu três filhas.

O abraço à "Senhora Pobreza"

Com a idade de 32 anos, porém, Ludovica ficou viúva. Ao ganhar a contenda com seu cunhado, sobre a herança do seu marido, distribuiu os bens entre suas filhas e ofereceu toda a sua parte e si mesma aos pobres.
Há muito tempo, frequentava a vizinha igreja de São Francisco de Ripa era guiada, em seu caminho espiritual, pelos Frades Menores, que a acompanharam na decisão de se tornar Terciária franciscana.
Seguindo as pegadas do Pobrezinho de Assis, Ludovica dedicou-se, de modo particular, a tirar as jovens da rua e da ignorância, educando-as, pessoalmente, e ensinando-lhes uma profissão honesta com a qual se manter.
Em 1527, durante o Saque de Roma pelos Lanzichenecchi, ela não poupou esforços para ajudar o povo romano, abrindo-lhes até as portas da sua casa, que a levou a receber o título de "Mãe dos pobres".

A devoção dos romanos

Ludovica faleceu com a idade de 60 anos e foi sepultada, segundo o seu desejo, na Capela de Santana, na igreja de São Francisco de Ripa, em Trastevere. Ali, foi imediatamente venerada pelos romanos, que conheciam a sua fama de bondosa, mas também os episódios de êxtase e levitação que o Senhor quis dar-lhe em vida.
Precisamente como mística, o artista, Gian Lorenzo Bernini, dedicou-lhe uma famosa estátua, obra-prima da escultura barroca.
Ludovica Albertoni foi beatificada pelo Papa Clemente X, em 1671, e é venerada como co-padroeira de Roma.

Vatican News

Santa Veridiana

Sta. Veridiana | A12

Veridiana nasceu em 1182, na Itália, e viveu quase toda a vida enclausurada numa minúscula cela. Pertencente a uma família nobre e rica, os Attavanti, Veridiana levou uma vida santa. Sua pessoa era tão querida que durante a vida recebeu a visita de Francisco de Assis.

Veridiana sempre utilizou a fortuna familiar em favor dos pobres. Um dos prodígios atribuídos a ela mostra bem o tamanho de sua caridade. Consta que certa vez um dos seus tios, muito rico, deixou a seus cuidados grande parte de seus bens, que eram as colheitas de suas terras. Mesmo sendo um período de carestia, o tio nem pensava nos pobres e vendeu a colheita toda. Mas quando o comprador chegou para retirar a mercadoria nada havia no celeiro. Veridiana tinha dado tudo aos pobres.

O tio ficou furioso e ordenou a Veridiana que solucionasse o problema, já que fora a causadora dele. No dia seguinte, na hora marcada, as despensas estavam novamente cheias. Um sinal da presença de Deus na vida da jovem italiana.

Veridiana, após uma peregrinação ao túmulo de Tiago em Compostela, decidiu-se pela vida religiosa e reclusa. Para que não se afastasse da cidade, seus amigos e parentes construíram então uma pequena cela, próxima ao Oratório de Santo Antônio, onde ela viveu 34 anos de penitência e solidão. A cela possuía uma única e mínima janela, por onde ela assistia a missa e recebia suas raras visitas e refeições, também minúsculas, suficientes apenas para que não morresse de fome.

Conta-se que sua santa morte, em 01 de Fevereiro de 1242, foi anunciada pelo repicar dos sinos de Castelfiorentino, sem que ninguém os tivesse tocado.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão
A vida de solidão e recolhimento marcam o profundo amor que Veridiana ofereceu a Deus. Ao lado desta atitude de vida, está também o zelo pelos pobres e abandonados. Oração e ação, marcas essenciais da vida cristã.
Oração
Santa Veridiana, pedimos por vossa intercessão, que Deus nos dê a graça de sermos humildes e praticarmos com ardor verdadeiros atos de caridade, engrandecendo o coração de Deus e ajudando o próximo. Amém!

Portal A12

domingo, 31 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 7/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 14

Como pode a história estabelecer uma lei contrária à razão? Considerando a interpretação espiritual, não será mais razoável crer que isto sucede como figura e que, através do que foi dito, o Legislador quis propor um ensinamento? O ensinamento é este: que quem se empenha na luta da virtude contra o vício deve fazê-lo desaparecer em seus primeiros brotos. De fato, com a destruição dos primeiros brotos, se destrói também o que lhes segue em continuação, como nos ensina o Senhor no Evangelho, ordenando quase com as mesmas palavras destruir os primogênitos dos vícios egípcios; exorta-nos assim a cortar a concupiscência e a ira (Mt 5, 22 e 28), e a não ter medo nem da sujidade do adultério, nem da mancha do homicídio, pois nenhum destes males tem consistência por si mesmo, mas que é a cólera que leva a cabo o homicídio e o desejo é que conduz ao adultério. Precisamente porque aquele que engendra o mal, antes do adultério produziu o desejo e antes do crime produziu a cólera, quem destrói o primogênito destrói totalmente a descendência que segue o primogênito, do mesmo modo que quem golpeou a cabeça da serpente matou com o mesmo golpe o corpo que rasteja atrás. Porem isto não poderia acontecer se previamente não tivessem sido borrifadas as ombreiras das portas com aquele sangue que afugenta o Exterminador (Ex 12, 23). E se queremos captar com maior exatidão o sentido de quanto se diz, a história no-lo insinua através destas coisas: através da morte do primogênito e através da proteção da entrada com o sangue. Ali, com efeito, se destrói o primeiro movimento do mal e aqui mesmo, pelo verdadeiro cordeiro, se afasta a primeira entrada do mal em nós. Pois uma vez que o exterminador esteja dentro, não o expulsaremos com um simples pensamento; vigiemos com a Lei, para que nem se quer comece a entrar em nós. A vigilância e a segurança consistem em sinalizar com o sangue do cordeiro o montante e as ombreiras da entrada (Ex 12, 22). A Escritura nos explica estas coisas da alma com figuras; também a ciência profana as intuiu ao distinguir a alma em seu aspecto racional, concupiscível e irascível. Deles - diz - o irascível e o concupiscível estão abaixo, sustentando cada um a parte racional da alma, e assim a parte racional, tendo subjugadas as outras duas, as governa e, por sua vez, é sustentada por elas: é impulsionada ao valor pelo apetite irascível e é elevada pelo apetite concupiscível à participação no bem. Enquanto a alma se encontra estabilizada nesta disposição, estando segura por pensamentos virtuosos como se fossem cavilhas, dá-se uma cooperação para o bem de todas as faculdades entre si: a parte racional dá segurança por si mesma às partes que lhe estão submetidas e, por sua vez, recebe o mesmo benefício da parte delas. Porem se a ordem for invertida e o que está acima passar par baixo, caindo para a parte em que é pisada, a razão fará subir sobre si as disposições concupiscível e irascível, e então, o exterminador entrará no interior, sem que se oponha a ele nenhum repúdio proveniente do sangue, isto é, sem que a fé em Cristo ajude no combate àqueles que se encontram nestas disposições. Manda borrifar com sangue primeiro o montante, e besuntar depois as ombreiras de um lado e outro. Como poderia alguém untar primeiro o que está acima, se não estivesse em cima? Não estranhes se estes dois episódios - a morte dos primogênitos e a aspersão do sangue - não acontecem igualmente aos israelitas, e não repudies, por causa disto, nossa consideração a respeito da destruição do mal, como se estivesse fora da verdade. Interpretamos a diferença entre os nomes hebreu de egípcio como a diferença entre a virtude e o vício. Se, pois, o sentido espiritual sugere entender o israelita como o bom, não seria coerente que alguém tentasse matar as primícias dos frutos da virtude, mas aquelas cuja destruição é mais útil que sua conservação. Assim pois, coerentemente, aprendemos com Deus que é necessário destruir as primícias da estirpe egípcia, para que seja destroçado o mal, aniquilado com a destruição de seus primeiros brotos. Esta interpretação está de acordo com a história. A proteção dos filhos dos israelitas tem lugar por meio da aspersão do sangue para que o bem chegue à plenitude; por outro lado, aquele que ao amadurecer haveria de constituir o povo egípcio, este é destruído antes que chegue à plenitude no mal. O que segue está de acordo com a interpretação espiritual que propusemos, acomodando-se ao sentido do discurso. Prescreve-se, com efeito, que se converta em nosso alimento o corpo daquele do qual fluiu este sangue que, mostrado nos montantes das portas, afasta o exterminador dos primogênitos dos egípcios. A atitude dos que levam à boca esta comida há de ser sóbria e conforme com pessoas que têm pressa, não como a que se vê naqueles que se divertem em banquetes, cujas mãos estão soltas, as vestes sem cingir, os pés livres de calçados de viagem. Aqui tudo é o oposto. Os pés estão aprisionados nos sapatos, o cinturão cinge as pregas da túnica aos rins e, na mão, o bastão que defende dos cães (Ex 12, 11). E neste atavio, a comida é posta diante deles sem nenhuma preparação complicada, mas elaborada apressadamente sobre o fogo, de forma improvisada. Os convidados a devoram rapidamente, a toda pressa, até que todo o corpo do animal tenha sido consumido. Comem tudo o que é comestível em redor dos ossos, porem não tocam no que está dentro, pois é proibido romper os ossos deste animal. O que sobra de comida é consumido pelo fogo (Ex 12, 9-10 e Nm 9, 12). De tudo isto se depreende com clareza que a Escritura está visando um significado mais elevado, já que a Lei não nos ensina o modo de comer, para estas coisas é suficiente guia a natureza, a qual colocou em nós o apetite, mas através disto quer significar outra coisa. De fato, que tem a ver com a virtude ou o vício a comida ser apresentada de uma forma ou de outra, com a cintura cingida ou sem cingir, descalços os pés ou com os sapatos, tendo o bastão na mão ou o havendo deixado? Resulta claro, ao contrário, o que significa simbolicamente a preparação do aparato de viagem. Convida-nos diretamente a que reconheçamos que na vida presente estamos de passagem, como caminhantes, impelidos desde o nascimento até à morte pela mesma necessidade das coisas. E que é necessário que as mãos, os pés e tudo o demais estejam preparados para esta saída a fim de ter segurança no caminho. Para que não sejamos feridos nos pés desprotegidos e descalços pelos espinhos desta vida, os espinhos poderiam ser os pecados, protejamo-los com a defesa dos sapatos. Isto é a vida casta e austera, que quebra e dobra por si mesma as pontas dos espinhos, e evita que o mal penetre dentro de nós com um começo pequeno e imperceptível. Uma túnica que flutua solta sobre os pés e que se enreda entre as pernas seria um estorvo para quem anda corajosamente por este caminho, segundo Deus. Neste contexto, poderíamos entender a túnica como a relaxação prazenteira nos cuidados desta vida a qual uma mente sábia, convertendo-se em cinturão do caminhante, reduz e aperta. Que o cinturão é a temperança, se atesta pelo lugar ao qual cinge. O bastão que defende das feras é a palavra da esperança, com a qual sustentamos a alma em suas fadigas e afugentamos os que ladram. O alimento para nós preparado no fogo comparo com a fé cálida e ardente que acolhemos sem demora, de que comemos quanto de comestível está à mão do que come, enquanto deixamos de lado, sem buscar e sem espiar curiosamente, a doutrina que está velada em conceitos duros e dificilmente assimiláveis, entregando ao fogo um alimento semelhante. Para explicar os símbolos utilizados em relação a isto, dizemos o seguinte: alguns dos ensinamentos divinos têm um sentido exeqüível; não convém recebê-los preguiçosamente nem de má vontade, mas saciar- nos, como famintos impelidos pelo apetite, dos ensinamentos que estão diante de nós, de forma que o alimento se converta em robustecimento para nossa saúde. Outros ensinamentos são obscuros, como o indagar qual é a substância de Deus, ou o que existia antes da criação, ou o que há alem das aparências, ou que necessidade marca os acontecimentos, e todas as coisas deste estilo que são investigadas pelos curiosos; é necessário deixar que estas coisas só sejam conhecidas pelo Espírito Santo, que penetra as profundidades de Deus, como diz o Apóstolo (1Co 2, 10). Com efeito, ninguém que esteja familiarizado com a Escritura ignora que nela o Espírito freqüentemente é lembrado e é designado como fogo. Somos levados a esta interpretação pela advertência da Sabedoria: Não especules sobre o que te ultrapassa (Eclo 3, 22), isto é, não rompas os ossos do ensinamento, pois não te é necessário o que está escondido (Eclo 3, 23).

Capítulo 15

Assim é que Moisés tira o povo do Egito. Do mesmo modo, todo o que segue as pegadas de Moisés livra da tirania egípcia a todos aqueles a quem chega a palavra. Penso que os que seguem a quem os conduz à virtude não devem ser privados da riqueza egípcia, nem carecer dos tesouros estrangeiros, mas devem levar consigo todas as coisas que pertencem a seus adversários por empréstimo. Isto é o que Moisés manda o povo fazer (Ex 12, 35-36). Que ninguém, tomando isto ao pé da letra, entenda o propósito do Legislador como se ele mandasse despojar os ricos e se convertesse assim em condutor da injustiça. Ninguém que considere atentamente as leis que seguem em continuação proibindo a injustiça contra os que estão perto, tanto aos que estão acima como aos que estão abaixo, diria na verdade que o Legislador tivesse ordenado isto, ainda que a alguns pareça ser justo que, com este subterfúgio os israelitas paguem a si mesmos os salários pelos trabalhos prestados aos egípcios. Com efeito, uma ordem assim não estaria livre da acusação de não estar limpa de mentira e engano. De fato, quem toma uma coisa emprestada, e sendo alheia não a devolve a seu dono, comete injustiça por privá-lo dela; e se esta coisa é sua, ao menos é chamado mentiroso por enganar a quem a tinha com a esperança de tirar proveito. Por esta razão, mais apropriada que a interpretação literal, é a interpretação espiritual que exorta aqueles que buscam uma vida livre através da virtude a abastecer-se com a riqueza estrangeira na qual se glorificam os que são alheios à fé. Assim ocorre com a ética, a física, a geometria, a astronomia, a dialética e todas as demais ciências que são cultivadas por quem não pertence à Igreja. O guia da virtude exorta a tomá-las de quem, no Egito, as possui em abundância, e a usá-las quando forem necessárias a seu tempo, quando seja necessário embelezar o divino templo do mistério com as riquezas da inteligência. Na verdade, aqueles que haviam entesourado para si esta riqueza a apresentaram a Moisés quando trabalhava na construção da tenda do testemunho, prestando cada um sua contribuição para a preparação das coisas santas. Podemos ver que isto também ocorre hoje. Muitos apresentam à Igreja de Deus, como um dom, a cultura pagã. Assim fez o grande Basílio que adquiriu formosamente a riqueza egípcia no tempo de sua juventude, a dedicou a Deus, e embelezou com esta riqueza o verdadeiro tabernáculo da Igreja.

ECCLESIA Brasil

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF