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sábado, 26 de junho de 2021

JESUS CRISTO: MÉDICO E SALVADOR

Jesus, Médico dos médicos | Apologistas da Fé Católica

JESUS CRISTO: MÉDICO E SALVADOR

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)

            O Senhor Jesus é Deus, homem e Salvador. A sua presença é ainda mais suplicada na atualidade frente à crise sanitária mundial decorrente do novo corona vírus e outras doenças do corpo e da alma. Os fiéis recorrem ao Senhor pedindo auxílio e cura para seus sofrimentos e suas angústias, assim como clamam a Deus para que o Espírito Santo ilumine os cientistas e profissionais da saúde no desenvolvimento de vacinas e medicamentos para a superação da pandemia. Assim como os médicos oferecem aos doentes os medicamentos necessários à cura das enfermidades, Cristo Jesus, que é o verdadeiro médico, oferece muito mais, sarando todos os males do corpo e da alma, pois Ele é o salvador da humanidade. Apresentamos, a seguir, na visão dos primeiros padres da igreja, a concepção de Jesus Cristo na sua missão de médico e salvador.

 Cristo, o ungido do Pai

            A Igreja nascente enfatizou a dimensão do Messias, o Ungido do Senhor, Christòs, Cristo, pré-anunciado pela tradição judaica, o qual fora concebido na sua dimensão humana e, portanto, capaz de sofrer e de morrer. Ele foi predito como o Filho de Deus, sendo Deus Ele mesmo, por meio do qual o mundo foi criado e também foi redimido[1]. Jesus Cristo, o Verbo Divino que se fez carne (cfr. Jo 1,14) veio ao mundo para a remissão da humanidade, marcada pela sombra do pecado, de modo a prevalecer a vida sobre a morte. Nesta perspectiva, Ele formou os seus discípulos, curou muitos doentes e evangelizou os pobres, anunciando-lhes o Reino de Deus. Pela sua morte e ressurreição, restaurou a humanidade decaída, reconciliando-a com o Deus Criador.

O Filho se encarnou na realidade humana

            Tertuliano, padre do século III, seguindo o credo apostólico, asseverou que todas as coisas foram criadas pelo Senhor Jesus. Ele foi enviado pelo Pai e se encarnou no seio da Virgem Maria, dela nascendo como homem e Deus, Filho do Homem e Filho de Deus, chamado Jesus Cristo, o qual sofreu, morreu, foi sepultado segundo as Escrituras, ressuscitado pelo Pai, elevado ao céu, sentou-se à direita do Pai e virá para julgar os vivos e os mortos[2]. A encarnação do verbo de Deus é a dimensão de vida e de salvação para o gênero humano.

O Senhor Deus assumiu a natureza humana

            Orígenes, padre do século III, afirmou que o Senhor Deus assumiu o corpo e a alma para a salvação humana. Para o alexandrino, na pessoa do Cristo, é possível afirmar a troca das propriedades como ser humano e como Deus. O Filho de Deus morreu, isto é, pela natureza que de fato podia sofrer a morte; e é chamado Filho do Homem, o qual retornará na glória de Deus Pai com os santos anjos[3].

Cristo, médico da alma

            Pseudo-Macário, um monge do Egito do século IV, afirmou que o Senhor Deus é o único médico que sara as nossas almas pela Sua paixão, morte e ressurreição. Ele bate à porta de nosso coração a fim de que repouse em nossas almas e acalente todo o nosso ser. Por essa razão, o Senhor aceitou sofrer a morte, com o fim de resgatar-nos da escravidão do pecado e de permanecer em nossas almas. Ele nunca desiste do ser humano. O autor pede que nós O acolhamos e que Ele seja introduzido na nossa intimidade, pois Ele é o nosso alimento, a nossa bebida, a nossa vida eterna[4].

Os merecimentos de Cristo Jesus

            Pseudo-Macário sustentou, ainda, que a alma humana alcançará o remédio para sarar as contínuas e incuráveis feridas, adquiridas pelas suas faltas, através dos merecimentos de Cristo. Desta forma, o Senhor se faz presente na humanidade para fornecer-lhe todas as curas, Ele que é o único e verdadeiro médico e sara as almas dos fiéis, libertando-os das paixões e de suas malícias[5].

Adão encontrou em Cristo a glória perdida

            Efrém, o Sírio, teólogo do século IV, afirmou que o nascimento de Cristo Jesus concedeu à Adão a glória que tinha perdido por causa do pecado original. De sua infinita grandeza, Deus se fez pequeno, habitando entre nós, por amor ao ser humano. Ele deixou-se humilhar para vencer o mal, que no princípio da criação enganou o ser humano, para elevá-lo até o céu. Graças à divina misericórdia que foi derramada sobre os habitantes da terra, o mundo doente sarou pelo médico divino e humano que nela apareceu[6].

A missão do Cristo médico e salvador

Santo Agostinho, bispo dos séculos IV e V, exaltou a missão do Cristo médico e salvador, que oferta uma medicina para toda a humanidade, a qual reprime todos os tumores, reanima tudo o que é fraco, arranca todos os crescimentos, guarda tudo o que é essencial, repara todas as perdas e corrige todas as depravações. Desta forma, o reino dos céus não é fechado, pois os publicanos e as prostitutas ouviram a mensagem do Precursor e do Senhor e O seguiram pelo caminho da conversão (cfr. Mt 21,32)[7].

Cristo veio para dizer que Deus ama o ser humano

Seguindo o apóstolo São João, Santo Agostinho exaltou o amor infinito de Deus pelo ser humano, a fim de que este se inflamasse de amor para com aquele que o amou primeiro (cfr. 1 Jo 4,10-19) e também amasse o próximo, a exemplo daquele que, por amor, se fez próximo de quem não lhe era próximo. O Senhor Jesus Cristo, Deus homem, é a manifestação do amor divino para conosco e o exemplo de humildade junto a nós. O orgulho humano foi curado por um remédio ainda maior, o amor de Deus. Se o ser humano, quando é orgulhoso, diz Santo Agostinho, converte-se em uma grande desgraça, o Deus humilde torna-se fonte de infinita misericórdia[8].

A encarnação do Verbo como Salvador

            Teodoreto de Cirro, bispo na Síria do século V, assegurou que a encarnação de nosso Salvador é o atestado eloqüente de seu projeto de amor para com a humanidade. Se todas as obras da criação são importantes, muito mais importante foi a bondade do Salvador, pelo fato que o mesmo Unigênito Filho de Deus, que possui a natureza divina (cfr. Fl 2,6), esplendor da sua glória, expressão da sua substância (cfr. Hb 1,3), que existia desde o princípio e estava junto de Deus, e Ele mesmo Deus do qual foi criada todas as coisas (cfr. Jo 1,1-3), foi revelado com o aspecto de um escravo (cfr. Fl 2,7) para ser semelhante ao ser humano na aparência exterior, para assumir em si as nossas enfermidades e superar os nossos males[9].

Cristo morreu por nós

            Ainda em Teodoreto de Cirro, que seguiu também o apóstolo São Paulo, afirma-se que Cristo morreu por nós ainda que sejamos pecadores (cfr. Rm 5,8). São João enaltece que Deus amou o mundo ao ponto de sacrificar o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que Nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna (cfr. Jo 3,16). Deus amou de fato o mundo ao enviar o seu Filho, que se fez médico e salvador da humanidade. O Criador veio ao nosso encontro para a nossa salvação[10], dando-nos a vida e a saúde necessárias para a continuidade da nossa existência.

A doutrina de Cristo como médico e salvador completa-se no Senhor Jesus Cristo que se fez carne, humano como nós em tudo, menos no pecado (cfr. Hb 4,15). Tal doutrina está presente nos evangelhos, nos primeiros escritores cristãos e no mundo atual, especialmente neste momento delicado de pandemia e tantos outros males, sejam eles materiais ou espirituais, em que a presença do Senhor Jesus é essencial para a cura de todas as doenças e salvação da humanidade, preparando-nos para a vida eterna.

[1] Cfr. M. Simonetti, Cristologia. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane, diretto da Angelo Di Berardino. . Marietti, Genova-Milano, 2006, pg. 1283.

[2] Cfr. Tertulliano, Contro Prassea, 2,1, a cura di Giuseppe Scarpat, Società Editrice Internazionale, Torino, 1985, pgs. 145-147.

[3] Cfr. Orígenes, Tratado sobre os Princípios, 6,3. Paulus, SP, 2012, pg. 163.

[4] Cfr. Pseudo-Macario, Omelie spirituali, 30,9. In: Idem, pg. 99.

[5] Cfr. Idem, 48,1-3, pg. 180.

[6] Cfr. Efrem, Siro, Inno per la nascita di Cristo, 1. In: Idem, pgs. 162-163.

[7] Cfr. Il Combattimento Cristiano, 11,12. In: Opere di Sant`Agostino. Morale e Ascetismo Cristiano, VII/2. Nuova Biblioteca Agostiniana, Città Nuova Editrice, Roma, 2001, pg. 97.

[8] Cfr. Santo Agostinho, Primeira Catequese aos não cristãos, IV, 8. Paulus, SP, 2013, pgs. 79-80.

[9] Cfr. Tedoreto di Ciro, La provvidenza divina, 10. In: La teologia dei padri, v. 2. Città Nuova Editrice, Roma, 1982, pg. 52.

[10] Cfr. Idem, pg. 53.

Fonte: CNBB

Papa: atenção à saúde mental

Vatican News
A Itália promove a partir desta sexta-feira (25) a II Conferência Nacional da Saúde Mental, e o Pontífice enviou uma mensagem de encorajamento diante dos desafios enfrentados pelo país no âmbito da assistência aos mais de 3 milhões de adultos que precisam de atendimento na área. O Papa exorta o fortalecimento do sistema de saúde no setor, incluindo o apoio à pesquisa científica, mas vinculado à sensibilidade de uma “cultura de comunidade” para saber “se aproximar e cuidar do outro”.

Andressa Collet – Vatican News

Uma mensagem de encorajamento do Papa foi dirigida na manhã desta sexta-feira (25) aos participantes da II Conferência Nacional da Saúde Mental que, durante dois dias, em modalidade virtual, vai debater sobre os desafios e problemas enfrentados por quem sofre de distúrbios psíquicos na Itália. Inclusive em se tratando de um contexto pós-pandêmico que reforça a preocupação em oferecer condições adequadas de tratamentos, fazendo “prevalecer a cultura da comunidade sobre a mentalidade do descarte”.

Os desafios da Itália no atendimento aos pacientes

A segunda edição do simpósio acontece após 20 anos da primeira e marca a conclusão de um percurso de aprofundamento dentro de grupos técnicos do Ministério da Saúde. A Itália, segundo Nerina Dirindin, especialista do governo na área de saúde mental, afirma que o país, apesar de ser considerado pela OMS como “ponto de referência para a desinstitucionalização, o fechamento de manicômios e a ativação de uma rede de serviços territoriais”, as pessoas com distúrbios mentais “continuam recebendo respostas inadequadas”. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (ISTAT), mais de 3 milhões de adultos precisam de atendimento nessa área.

Uma realidade que ratifica ser de “máxima importância adquirir cada vez mais conhecimento das exigências profissionais e humanas necessárias para cuidar dos nossos irmãos e irmãs”, afirma o Papa na mensagem, para atender “às condições daqueles que sofrem de distúrbios mentais, oferecendo-lhes tratamento adequado” para o bem deles e da sociedade.

A missão que une ciência e cuidado solidário

Francisco, assim, exorta tanto o fortalecimento do sistema de saúde para a proteção de doenças mentais, incluindo o apoio à pesquisa científica, como a promoção de associações e do voluntariado que cuidam dos pacientes e das famílias. É dessa forma que não irá faltar “o calor e o afeto de uma comunidade”, diz o Pontífice, ao acrescentar:

“O próprio profissionalismo médico se beneficia do cuidado integral da pessoa. Cuidar do outro, de fato, não é apenas um trabalho qualificado, mas uma verdadeira missão que é plenamente realizada quando o conhecimento científico encontra a plenitude da humanidade e se traduz na ternura que sabe se aproximar e cuidar dos outros.”

O desejo do Papa também é para que a conferência possa inspirar as instituições, agências educacionais e de outras esferas da sociedade, “uma sensibilidade renovada” por aqueles que sofrem de problemas de saúde mental e são “marcados pela fragilidade”. É também uma questão de ajudar a “fazer prevalecer a cultura da comunidade sobre a mentalidade do descarte”, enfatiza Francisco.

Ao finalizar a mensagem, o Pontífice também recorda o quanto esses pacientes, “na sensibilidade que acompanha a fragilidade deles, sentiram com particular gravidade os efeitos psicológicos devastadores da pandemia”. Assim como os próprios profissionais de saúde que enfrentaram enormes desafios, mostrando a todos “a necessidade de ter fórmulas apropriadas de assistência à saúde para não deixar ninguém para trás e para cuidar de todos de uma forma inclusiva e participativa”. O último desejo do Papa, enfim, é para que os participantes da conferência continuem “no caminho fecundo do cuidado solidário”.

Fonte: Vatican News

Arquidiocese de Brasília

Católicos podem basear-se no sistema de personalidade do Eneagrama?

Evgeniy Belyaev | Shutterstock
Por Philip Kosloski

A Igreja alertou repetidamente sobre a espiritualidade não cristã promovida por este sistema.

Católicos podem basear-se no sistema de personalidade do Eneagrama? É uma pergunta que tem sido feita com frequência porque, nos últimos anos, este sistema disparou em popularidade, inclusive com muitos cristãos o adotando na sua vida cotidiana.

Mas a Igreja Católica se manteve firme nas suas advertências a respeito do Eneagrama. Por quê?

Possíveis origens no ocultismo

As origens do Eneagrama são calorosamente debatidas. Há quem diga que o sistema foi desenvolvido por um místico cristão do século IV, Evagrius Ponticus. Estritamente falando, ele não desenvolveu nenhum sistema de personalidade, mas escreveu sobre “oito pensamentos mortais” que podem ter influenciado o desenvolvimento dos “sete pecados capitais”. Vale recordar que a sua espiritualidade foi muito criticada por São Jerônimo e condenada pelo Segundo Concílio de Constantinopla.

Outra possível origem do Eneagrama é atribuída aos escritos do filósofo grego Plotino, que descreveu o que chamou de “nove qualidades divinas” encontradas na natureza humana. Parte dos seus ensinamentos exerceu influência sobre a vida de Santo Agostinho e de Santo Ambrósio.

A origem mais provável do sistema do Eneagrama tal como é hoje utilizado, no entanto, é o escritor George Gurdjieff, do século XIX. De ascendência armênia, mas nascido sob o Império Russo, Gurdjieff era fascinado pelo ocultismo, estudou várias formas de espiritualidade e acabou criando a sua própria escola de pensamento.

Ainda assim, o sistema do Eneagrama não ficou totalmente desenvolvido até que o filósofo boliviano Óscar Ichazo fundasse a Escola Arica, na qual são expostos o seu legado e seus ensinamentos.

O sistema de personalidade do Eneagrama

O alegado objetivo deste sistema é levar as pessoas a “transcender dos níveis mais baixos ao mais alto estado mental. Esse estado é encontrado em todos nós e está ao alcance de cada um. Esse estado superior é o nosso Eu Desperto e é experimentado como um estado repleto de grande Felicidade, Luz, Libertação e Unidade”.

Ichazo afirmou ter descoberto o significado dos tipos de personalidade do Eneagrama durante uma espécie de transe ou estado de êxtase, influenciado por algum espírito ou ser angelical.

Advertências oficiais da Igreja

O sistema do Eneagrama se baseia mais em posições filosóficas e em correntes de espiritualidade do que em pesquisa científica, razão pela qual a Igreja alerta os católicos para guardarem prudente distância.

Existe um documento oficial do Vaticano que faz explicitamente esse alerta: “Jesus Cristo: Portador da Água da Vida“, de 2003. Esse texto recorda que o gnosticismo sempre existiu lado a lado com o cristianismo, às vezes assumindo a forma de um movimento filosófico, mas mais frequentemente assumindo as características de uma religião ou para-religião em conflito distinto, ou mesmo declarado, com tudo o que é essencialmente cristão. Um exemplo disto, prossegue o documento, pode ser visto no sistema de personalidade do Eneagrama, ferramenta que propõe nove tipos para análise de caráter: quando usada como meio de crescimento espiritual, ela introduz ambiguidade na doutrina e na vida da fé cristã.

A Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USSCB) também elaborou um documento sobre o Eneagrama, no qual alerta:

“Em conclusão, quem busca auxílio para o desenvolvimento pessoal e psicológico deve estar ciente de que o ensino do Eneagrama carece de fundamento científico e de que o Eneagrama tem valor questionável como ferramenta científica para a compreensão da psicologia humana. Além disso, os cristãos que buscam auxílio para o crescimento espiritual devem estar cientes de que o Eneagrama tem origens numa cosmovisão não cristã, permanecendo vinculado a um complexo de ideias filosóficas e religiosas que não estão de acordo com a fé cristã”.

Alternativas ao sistema de personalidade do Eneagrama

Alternativas ao sistema de personalidade do Eneagrama que são mais coerentes com a fé católica são o de Myers-Briggs e o clássico sistema dos quatro temperamentos conforme exposto no livro Temperament God gave you (O temperamento que Deus lhe deu).

É importante observar, a propósito, que os quatro temperamentos também têm raízes na filosofia clássica, mas foram bastante estudados em círculos científicos.

Fonte: Aleteia

Dom You Heung-sik: Rezo para que o papa visite a Coreia do Norte

Dom Lazzaro You Heung-sik, Prefeito da Congregação para o Clero.
Crédito: Bohumil Petric / CNA

REDAÇÃO CENTRAL, 25 jun. 21 / 04:41 pm (ACI).- Dom Lazzaro You Heung-sik, novo prefeito da Congregação para o Clero e bispo de Daejon, na Coreia do Sul, afirmou que está orando para que o papa Francisco visite a Coreia do Norte e, assim, ajude na pacificação entre os dois países.

Dom You Heung-sik foi nomeado Prefeito da Congregação para o Clero no último dia 11 de junho tornando-se o primeiro bispo coreano na Cúria Romana.

Em uma entrevista concedida à Fides, agência de notícias das Missões Pontifícias, dom You Heung-sik disse que, depois que o papa Francisco lhe comunicou a nomeação, “estando em oração e reflexão, humanamente senti certa incapacidade para assumir uma tarefa tão importante. Com o tempo o bispo sentiu ter crescido a convicção de que “o amor e a misericórdia de Deus são certamente maiores” que sua imperfeição.

“Lembrei-me, sobretudo, de Santo André Kim Taegon e de tantos outros mártires coreanos, que disseram sempre ´sim´ à vontade de Deus e da Igreja sem hesitar, amando a Deus e ao próximo até o fim. Por isso, pedindo sua intercessão, disse com alegria meu ´sim´ a Deus através do Santo Padre”, afirmou.

Sacerdotes santos

“Sou consciente de que é uma tarefa árdua e uma grande responsabilidade ajudar o Santo Padre neste dicastério especial, que quer oferecer atenção e cuidados especiais aos sacerdotes, diáconos e seminaristas do mundo”, disse o prelado, que confia “na ajuda do Espírito Santo” e na “profunda comunhão com o papa Francisco”.

Em relação ao seu trabalho como prefeito da Congregação para o Clero, Dom You Heung-sik assegurou que “os sacerdotes santos renovam a Igreja e mostram seu rosto mais bonito”, e frisou que é muito importante “formar sacerdotes que saibam inclinar-se diante do sofrimento humano de tantos irmãos, que estejam dispostos a lavar os pés uns aos outros e que vivam o amor fraterno, como o do bom samaritano”.

Nesse sentido, o bispo destacou que “estes bons sacerdotes não surgem do nada”, e insistiu na “necessidade de seguir um caminho sério de formação permanente, que os ajude a viver com serenidade o seu ministério pastoral, a enfrentar com coragem os desafios do mundo e, sobretudo, a redescobrir o precioso valor do amor fraterno que podem experimentar com os seus irmãos”.

“O celibato sacerdotal, que todos aceitamos como um dom do Pai, não nos obriga a viver o nosso ministério como órfãos, mas sabemos que estamos felizes incluídos numa grande família, a família sacerdotal, onde podemos experimentar a amizade e a comunhão”, afirmou.

Convite do papa à Coreia do Norte

Em relação a uma possível visita do papa Francisco à Coreia do Norte, o bispo de Daejon disse que, em outubro de 2018, o presidente da República da Coreia, Moon Jae-in, foi recebido em audiência pelo papa Francisco. Naquele encontro, ele lhe transmitiu um convite de Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, para uma possível viagem apostólica. “O papa então respondeu que estava disposto a visitar a Coreia do Norte a partir do momento que recebesse um convite formal das autoridades de Pyongyang”, disse o prelado, que assegura que, quando soube da disposição do papa se sentiu “verdadeiramente comovido”.

“Desde então, rezo constantemente para que a visita do papa à Coreia do Norte se realize. Quase dez milhões de coreanos vivem em uma separação forçada pela divisão entre o sul e o norte”, afirmou.

“O confronto na península da Coreia é um dos maiores sofrimentos da humanidade atualmente. Cabe frisar que a chamada 'Zona Desmilitarizada' (DMZ) entre o sul e o norte é, ironicamente, o lugar mais militarizado do mundo. Estou convencido de que uma eventual visita a Pyongyang poderia ser um ponto de inflexão, que nos permitiria dialogar entre coreanos e entender-nos melhor, começando pelas pequenas coisas e terminando pelas grandes, para chegar talvez à reunificação do sul e do norte”, afirmou.

“A mediação do Santo Padre poderia ser uma ocasião propícia para pôr fim ao conflito, fruto da desconfiança mútua entre as duas partes da península que já dura demasiadas décadas”, declarou à agência Fides.

Ele também disse que está orando para que haja um entendimento entre as duas Coreias, embora existam “humanamente poucas esperanças”, “mas como Deus é todo-poderoso, orando, trato de acolher tudo o que possa ser útil para promover a paz. Ao assumir a minha nova missão na Igreja, se eu puder dar o meu apoio ao restabelecimento da paz na península da Coreia, farei isso com prazer”. 

Fonte: ACI Digital

O Óbolo de São Pedro, ajudemos o Papa a ajudar

Na Viagem Apostólica à África em 2015, o Papa Francisco
cumprimenta a Irmã Maria Concetta Esu, em Bangui

No ano da pandemia foram inúmeras as intervenções para responder às necessidades e emergências, com atenção particular às populações que vivem em condições mais desfavorecidas. Mas a arrecadação anual para a caridade do Bispo de Roma também serve para sustentar o seu serviço às Igrejas de todo o mundo: serviço de unidade, de paz, de anúncio do Evangelho.

VATICAN NEWS

Ajudemos o Papa a ajudar. Nos próximos dias, em particular entre o domingo 27 e a terça-feira 29 de junho, festa dos Santos Pedro e Paulo, realiza-se nas igrejas de todo o mundo as ofertas do Óbolo de São Pedro, a tradicional coleta para apoiar a caridade do Bispo de Roma para com quem mais precisa e seu serviço às Igrejas do mundo por meio da Cúria Romana.  Ao longo de todo ano também será possível doar diretamente pelo site do Óbolo.

https://www.obolodisanpietro.va/it.html    

https://www.obolodisanpietro.va/es.html    

https://www.obolodisanpietro.va/en.html     

"Em tempos de crise - lê-se no site do Óbolo – há ainda maior necessidade da parte de todos nós em dar um sinal concreto de pertença à Igreja e de amor ao Papa, como símbolo da sua unidade. Mesmo a menor das ofertas contribuirá para apoiar o Papa Francisco em suas atividades de magistério, de guia da Igreja universal e de caridade”.

https://www.obolodisanpietro.va/it.html

Para exemplos do uso específico dos recursos da Óbolo para as iniciativas de caridade e apoio em situações de emergência, é útil consultar a seção específica do site,

https://www.obolodisanpietro.va/it/carita-del-papa/interventi-caritativi.html

https://www.obolodisanpietro.va/es/carita-del-papa/interventi-caritativi.html

https://www.obolodisanpietro.va/en/carita-del-papa/interventi-caritativi.html

Especialmente no contexto da pandemia.

https://www.obolodisanpietro.va/it/carita-del-papa/emergenza-covid-19.html

https://www.obolodisanpietro.va/es/carita-del-papa/emergenza-covid-19.html

https://www.obolodisanpietro.va/en/carita-del-papa/emergenza-covid-19.html

Ainda temos nos olhos as comoventes imagens da viagem do Papa ao Iraque em março passado. Com os fundos do Óbolo foram financiadas intervenções em favor daquela população martirizada.

https://www.obolodisanpietro.va/it/carita-del-papa/progetti/2021/il-papa-per-iraq.html

https://www.obolodisanpietro.va/es/carita-del-papa/progetti/2021/il-papa-per-iraq.html

https://www.obolodisanpietro.va/en/carita-del-papa/progetti/2021/il-papa-per-iraq.html

Mas a coleta do Óbolo também serve para assegurar a missão do Papa ao serviço da Igreja universal e pela paz no mundo por meio dos colaboradores da Cúria Romana.

https://www.obolodisanpietro.va/it/missione-della-santa-sede/dentro-il-vaticano.html

https://www.obolodisanpietro.va/es/missione-della-santa-sede/dentro-il-vaticano.html

https://www.obolodisanpietro.va/en/missione-della-santa-sede/dentro-il-vaticano.html

O serviço específico prestado e a utilização dos recursos recebidos durante vários meses são explicados por cada um dos dicastérios da Cúria.

https://www.vaticannews.va/it/taglist.chiesa-e-religioni.Vaticano.dentroilvaticano.html

https://www.vaticannews.va/es/taglist.chiesa-e-religioni.Vaticano.dentroilvaticano.html

https://www.vaticannews.va/en/taglist.chiesa-e-religioni.Vaticano.dentroilvaticano.html

https://www.vaticannews.va/fr/taglist.chiesa-e-religioni.Vaticano.dentroilvaticano.html

https://www.vaticannews.va/pt/taglist.chiesa-e-religioni.Vaticano.dentroilvaticano.html

As doações podem ser feitas por meio de:

https://www.obolodisanpietro.va

Ou por transferência ao IOR:

IBAN VA78001001000000019887028 para transferências em EURO

IBAN VA510010010000000000019887029 para remessas em US$

Uma forma de entrar em contato com o Escritório Óbolo é pelo e-mail: obolo@spe.va, ou pelo correio, escrevendo para: Ufficio Obolo, Segreteria per l’Economia, 00120 Città del Vaticano.

Fonte: Vatican News

Biografia de São Josemaria

S. Josemaria Escrivá y Balaguer | Opus Dei
26 de junho
Vida de São Josemaria Escrivá de Balaguer (1902-1975), fundador do Opus Dei.

Josemaria Escrivá nasceu em Barbastro (Huesca, Espanha), em 9 de janeiro de 1902. Seus pais chamavam-se José e Dolores. Teve cinco irmãos: Carmen (1899-1957), Santiago (1919-1994) e outras três irmãs menores do que ele, que faleceram ainda pequenas. O casal Escrivá deu aos seus filhos uma profunda educação cristã.

Em 1915, a indústria de tecidos do pai abre falência, e ele tem de mudar-se para Logronho, onde encontrou outro emprego. Nessa cidade, Josemaria dá-se conta pela primeira vez da sua vocação: depois de ver umas pegadas na neve dos pés descalços de um religioso, intui que Deus deseja alguma coisa dele, embora não saiba exatamente o quê. Pensa que poderá descobri-lo mais facilmente se se fizer sacerdote, e começa a preparar-se, primeiro em Logronho e, mais tarde, no seminário de Saragoça.

Seguindo um conselho de seu pai, cursa na Universidade de Saragoça a Faculdade de Direito, como aluno livre. Seu pai morre em 1924, e ele fica como chefe de família. Recebe a ordenação sacerdotal em 28 de março de 1925 e começa a exercer o ministério numa paróquia rural e depois em Saragoça.

Em 1927, transfere-se para Madri, com permissão do seu bispo, a fim de doutorar-se em Direito. Ali, no dia 2 de outubro de 1928, Deus faz-lhe ver a missão que lhe vinha inspirando havia anos, e funda o Opus Dei. A partir desse momento, passa a trabalhar com todas as suas forças no desenvolvimento da fundação que Deus lhe pede, ao mesmo tempo que continua a exercer o ministério pastoral que lhe fora encomendado naqueles anos, e que o punha diariamente em contato com a doença e a pobreza dos hospitais e bairros populares de Madri.

Quando eclode a guerra civil, em 1936, encontra-se em Madri. A perseguição religiosa obriga-o a refugiar-se em diferentes lugares. Exerce o seu ministério sacerdotal clandestinamente, até que consegue sair de Madri. Depois de atravessar os Pireneus até o sul da França, instala-se em Burgos.

NO DIA DA SUA CANONIZAÇÃO, JOÃO PAULO II DISSE QUE SÃO JOSEMARIA É "O SANTO DO ORDINÁRIO".

Quando termina a guerra, em 1939, volta a Madri. Nos anos seguintes, dirige numerosos retiros espirituais para leigos, sacerdotes e religiosos. Nesse mesmo ano de 1939, conclui os estudos de doutorado em Direito.

Em 1946, fixa a sua residência em Roma. Obtém o Doutorado em Teologia pela Universidade Lateranense. É nomeado consultor de duas Congregações vaticanas, membro honorário da Pontifícia Academia de Teologia e Prelado de honra de Sua Santidade. Acompanha com atenção os preparativos e as sessões do Concílio Vaticano II (1962-1965) e mantém um relacionamento intenso com muitos padres conciliares.

De Roma, faz numerosas viagens a diversos países europeus para impulsionar o estabelecimento e a consolidação do Opus Dei nesses lugares. Com o mesmo objetivo, realiza entre 1970 e 1975 longas viagens até o México, a Península Ibérica, a América do Sul e Guatemala, e nelas também tem reuniões de catequese com grupos numerosos de homens e mulheres.

Falece em Roma no dia 26 de junho de 1975. Vários milhares de pessoas, entre elas muitos bispos de diversos países - quase um terço do episcopado mundial -, solicitam à Santa Sé a abertura da sua causa de canonização.

No dia 17 de maio de 1992, João Paulo II beatifica Josemaria Escrivá. Proclama-o santo dez anos depois, em 6 de outubro de 2002, na Praça de São Pedro, em Roma, diante de uma grande multidão. « Seguindo as suas pegadas », disse o Papa nessa ocasião na sua homilia, « difundam na sociedade, sem distinção de raça, classe, cultura ou idade, a consciência de que todos estamos chamados à santidade ».

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Texto integral: Mensagem para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos

Dia Mundial dos Avós e dos Idosos 

Na manhã desta terça-feira (22) foi divulgada a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos que será celebrado no 4° domingo de julho, neste ano, no dia 25.

Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos

(4º domingo de julho – 25 de julho de 2021)

«Eu estou contigo todos os dias»

Queridos avôs, queridas avós!

«Eu estou contigo todos os dias» (cf. Mt 28, 20) é a promessa que o Senhor fez aos discípulos antes de subir ao Céu; e hoje repete-a também a ti, querido avô e querida avó. Sim, a ti! «Eu estou contigo todos os dias» são também as palavras que eu, Bispo de Roma e idoso como tu, gostaria de te dirigir por ocasião deste primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos: toda a Igreja está solidária contigo – ou melhor, connosco –, preocupa-se contigo, ama-te e não quer deixar-te abandonado.

Bem sei que esta mensagem te chega num tempo difícil: a pandemia foi uma tempestade inesperada e furiosa, uma dura provação que se abateu sobre a vida de cada um, mas, a nós idosos, reservou-nos um tratamento especial, um tratamento mais duro. Muitíssimos de nós adoeceram – e muitos partiram –, viram apagar-se a vida do seu cônjuge ou dos próprios entes queridos, e tantos – demasiados – viram-se forçados à solidão por um tempo muito longo, isolados.

O Senhor conhece cada uma das nossas tribulações deste tempo. Ele está junto de quantos vivem a dolorosa experiência de ter sido afastado; a nossa solidão – agravada pela pandemia – não O deixa indiferente. Segundo uma tradição, também São Joaquim, o avô de Jesus, foi afastado da sua comunidade, porque não tinha filhos; a sua vida – como a de Ana, sua esposa – era considerada inútil. Mas o Senhor enviou-lhe um anjo para o consolar. Estava ele, triste, fora das portas da cidade, quando lhe apareceu um Enviado do Senhor e lhe disse: «Joaquim, Joaquim! O Senhor atendeu a tua oração insistente».[1] Giotto dá a impressão, num afresco famoso[2], de colocar a cena de noite, uma daquelas inúmeras noites de insónia a que muitos de nós se habituaram, povoadas por lembranças, inquietações e anseios.

Ora, mesmo quando tudo parece escuro, como nestes meses de pandemia, o Senhor continua a enviar anjos para consolar a nossa solidão repetindo-nos: «Eu estou contigo todos os dias». Di-lo a ti, di-lo a mim, a todos. Está aqui o sentido deste Dia Mundial que eu quis celebrado pela primeira vez precisamente neste ano, depois dum longo isolamento e com uma retomada ainda lenta da vida social: oxalá cada avô, cada idoso, cada avó, cada idosa – especialmente quem dentre vós está mais sozinho – receba a visita de um anjo!

Este anjo, algumas vezes, terá o rosto dos nossos netos; outras vezes, dos familiares, dos amigos de longa data ou conhecidos precisamente neste momento difícil. Neste período, aprendemos a entender como são importantes, para cada um de nós, os abraços e as visitas, e muito me entristece o facto de as mesmas não serem ainda possíveis em alguns lugares.

Mas o Senhor envia-nos os seus mensageiros também através da Palavra divina, que Ele nunca deixa faltar na nossa vida. Cada dia, leiamos uma página do Evangelho, rezemos com os Salmos, leiamos os Profetas! Ficaremos comovidos com a fidelidade do Senhor. A Sagrada Escritura ajudar-nos-á também a entender aquilo que o Senhor nos pede hoje na vida. De facto, Ele manda os operários para a sua vinha a todas as horas do dia (cf. Mt 20, 1-16), em cada estação da vida. Eu mesmo posso dar testemunho de que recebi a chamada para me tornar Bispo de Roma quando tinha chegado, por assim dizer, à idade da aposentação e imaginava que já não podia fazer muito de novo. O Senhor está sempre junto de nós – sempre – com novos convites, com novas palavras, com a sua consolação, mas está sempre junto de nós. Como sabeis, o Senhor é eterno e nunca vai para a reforma. Nunca.

No Evangelho de Mateus, Jesus diz aos Apóstolos: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado» (28, 19-20). Estas palavras são dirigidas também a nós, hoje, e ajudam-nos a entender melhor que a nossa vocação é salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos. Atenção! Qual é a nossa vocação hoje, na nossa idade? Salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos. Não vos esqueçais disto.

Não importa quantos anos tens, se ainda trabalhas ou não, se ficaste sozinho ou tens uma família, se te tornaste avó ou avô ainda relativamente jovem ou já avançado nos anos, se ainda és autónomo ou precisas de ser assistido, porque não existe uma idade para aposentar-se da tarefa de anunciar o Evangelhoda tarefa de transmitir as tradições aos netos. É preciso pôr-se a caminho e, sobretudo, sair de si mesmo para empreender algo de novo.

Portanto existe uma renovada vocação, também para ti, num momento crucial da história. Perguntar-te-ás: Mas, como é possível? As minhas energias vão-se exaurindo e não creio que possa ainda fazer muito. Como posso começar a comportar-me de maneira diferente, quando o hábito se tornou a regra da minha existência? Como posso dedicar-me a quem é mais pobre, se já tenho tantas preocupações com a minha família? Como posso alongar o meu olhar, se não me é permitido sequer sair da residência onde vivo? Não é um fardo já demasiado pesado a minha solidão? Quantos de vós se interrogam: Não é um fardo já demasiado pesado a minha solidão? O próprio Jesus ouviu Nicodemos dirigir-Lhe uma pergunta deste tipo: «Como pode um homem nascer, sendo velho?» (Jo 3, 4). Isso é possível – responde o Senhor –, abrindo o próprio coração à obra do Espírito Santo, que sopra onde quer. Com a liberdade que tem, o Espírito Santo move-Se por toda a parte e faz aquilo que quer.

Como afirmei já mais de uma vez, da crise que o mundo atravessa, não sairemos iguais: sairemos melhores ou piores. E «oxalá não seja mais um grave episódio da história, cuja lição não fomos capazes de aprender [somos de cabeça dura!]. Oxalá não nos esqueçamos dos idosos que morreram por falta de respiradores (...). Oxalá não seja inútil tanto sofrimento, mas tenhamos dado um salto para uma nova forma de viver e descubramos, enfim, que precisamos e somos devedores uns dos outros, para que a humanidade renasça» (Papa Francisco, Enc. Fratelli tutti, 35). Ninguém se salva sozinho. Devedores uns dos outros. Todos irmãos.

Nesta perspetiva, quero dizer que há necessidade de ti para se construir, na fraternidade e na amizade social, o mundo de amanhã: aquele em que viveremos – nós com os nossos filhos e netos –, quando se aplacar a tempestade. Todos devemos ser «parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas» (Ibid., 77). Entre os vários pilares que deverão sustentar esta nova construção, há três que tu – melhor que outros – podes ajudar a colocar. Três pilares: os sonhos, a memória e a oração. A proximidade do Senhor dará – mesmo aos mais frágeis de nós – a força para empreender um novo caminho pelas estradas do sonho, da memória e da oração.

Uma vez o profeta Joel pronunciou esta promessa: «Os vossos anciãos terão sonhos e os jovens terão visões» (3, 1). O futuro do mundo está nesta aliança entre os jovens e os idosos. Quem, senão os jovens, pode agarrar os sonhos dos idosos e levá-los por diante? Mas, para isso, é necessário continuar a sonhar: nos nossos sonhos de justiça, de paz, de solidariedade reside a possibilidade de os nossos jovens terem novas visões e, juntos, construirmos o futuro. É preciso que testemunhes, também tu, a possibilidade de se sair renovado duma experiência dolorosa. E tenho a certeza de que não será a única, pois, na tua vida, terás tido tantas e sempre conseguiste triunfar delas. E, dessa experiência que tens, aprende como sair da provação atual.

Nisto se vê como os sonhos estão entrelaçados com a memória. Penso como pode ser de grande valor a memória dolorosa da guerra, e quanto podem as novas gerações aprender dela a respeito do valor da paz. E, a transmitir isto, és tu que viveste a tribulação das guerras. Recordar é uma missão verdadeira e própria de cada idoso: conservar na memória e levar a memória aos outros. Segundo Edith Bruck que sobreviveu à tragédia do Holocausto, «mesmo que seja para iluminar uma só consciência, vale a pena a fadiga de manter viva a recordação do que foi… e continua. Para mim, a memória é viver».[3] Penso também nos meus avós e naqueles de vós que tiveram de emigrar e sabem quanto custa deixar a própria casa, como fazem muitos ainda hoje à procura dum futuro. Talvez tenhamos algum deles ao nosso lado a cuidar de nós. Esta memória pode ajudar a construir um mundo mais humano, mais acolhedor. Mas, sem a memória, não se pode construir; sem alicerces, tu nunca construirás uma casa. Nunca. E os alicerces da vida estão na memória.

Por fim, a oração. Como disse o meu predecessor, Papa Bento (um idoso santo, que continua a rezar e trabalhar pela Igreja), «a oração dos idosos pode proteger o mundo, ajudando-o talvez de modo mais incisivo do que a fadiga de tantos».[4] Disse-o quase no fim do seu pontificado, em 2012. É belo! A tua oração é um recurso preciosíssimo: é um pulmão de que não se podem privar a Igreja e o mundo (cf. Papa Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 262). Sobretudo neste tempo tão difícil para a humanidade em que estamos – todos na mesma barca – a atravessar o mar tempestuoso da pandemia, a tua intercessão pelo mundo e pela Igreja não é vã, mas indica a todos a serena confiança de um porto seguro.

Querida avó, querido avô! Ao concluir esta minha mensagem, gostaria de indicar, também a ti, o exemplo do Beato (e proximamente Santo) Carlos de Foucauld. Viveu como eremita na Argélia e lá, naquele contexto periférico, testemunhou «os seus desejos de sentir todo o ser humano como um irmão» (Enc. Fratelli tutti, 287). A sua história mostra como é possível, mesmo na solidão do próprio deserto, interceder pelos pobres do mundo inteiro e tornar-se verdadeiramente um irmão e uma irmã universal.

Peço ao Senhor que cada um de nós, graças também ao seu exemplo, alargue o próprio coração e o torne sensível aos sofrimentos dos últimos e capaz de interceder por eles. Oxalá cada um de nós aprenda a repetir a todos, e em particular aos mais jovens, estas palavras de consolação que ouvimos hoje dirigidas a nós: «Eu estou contigo todos os dias». Avante e coragem! Que o Senhor vos abençoe.

Roma, São João de Latrão, na Festa da Visitação da Virgem Santa Maria, 31 de maio de 2021.

FRANCISCO

[1] O episódio é narrado no Protoevangelho de Tiago.

[2] Trata-se da imagem escolhida como logótipo do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos.

[3] «La memoria è vita, la scrittura è respiro», in L'Osservatore Romano (26 de janeiro de 2021).

[4] Visita à casa-família “Viva gli anziani”, 12 de novembro de 2012.

Fonte: Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF