Translate

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

São Raimundo Nonato

S. Raimundo Nonato | Mercedários
31 de agosto
São Raimundo Nonato

Vida de São Raimundo Nonato

Portell, Pátria de São Raimundo Nonato – seu prodigioso nascimento

São Raimundo Nonato nasceu em Portell, pequeno povoado da região da Catalunha, nordeste da Espanha. O tempo era de muito fervor religioso, mas conflitos por defesa ou avanço de fronteiras se multiplicavam. Embora descendendo da ilustre família dos Viscondes de Cardona, seus pais, Arnal e Armesinda Salons, eram de condição humilde. O pai era militar alistado ali numa das tantas cavalarias condais da região.

Por volta do ano de 1302, na ausência do pai, a jovem esposa chegara ao momento de dar à luz ao seu filho. Os embaraços no parto e a falta de assistência médica levaram ao desfecho da morte da mãe, antes da criança nascer. A comoção fora geral entre a vizinhança ali presente. Mas o que fazer? Mãe e filho mortos? Não. Aquele era um desses momentos de Deus. Algumas horas depois, chegando ao lugar o Visconde de Cardona, Raimundo de Folch, movido por impulso superior, abre com uma faca de caça o ventre da mãe falecida e oferece à vista das testemunhas daquela cena inédita um formoso menino, que a admiração geral apelida de NONATO, sobrenome que se impôs e se conserva até hoje, como lembrança do insigne mistério de sua vida.

O Visconde conferiu ao menino seu próprio nome, com sobrenome de NONATO e o tomou sob sua proteção, comprometendo-se ministrar-lhe posteriormente sua educação.

Infância e adolescência de Raimundo Nonato

Raimundo passa sua infância no seu povoado. Era um garoto comum, dócil, piedoso, educado, bondoso, sem caprichos e de bom trato. Parentes e vizinhos cuidavam do menino. O pai tinha que fazer, às vezes também de mãe.

Raimundo aprende, desde cedo, as primeiras orações e, enquanto crescia, manifestava sua piedade no repetido gesto de ornamentar as imagens de Nossa Senhora com flores silvestres, ou prolongar-se em orações diante dos seus altares.

Como as demais crianças do seu lugarejo, aprendia os primeiros ensinamentos na escola paroquial de Portell.

Naquele momento, o longo confronto entre cristãos e mulçumanos tinha desaparecido, mas permanecia a dolorosa realidade do cativeiro, como uma chaga difícil de sarar, porquanto rendia capital aos que se dedicavam a esse negócio. Uma das estratégias encontradas para aliviar o sofrimento de milhares de cristãos, vítimas dessas emboscadas, fora a libertação de suas vidas, mediante resgate. São Pedro Nolasco, comerciante barcelonês, tinhas fundado a Ordem de Nossa Senhora das Mercês com o objetivo de empenhar seus seguidores na obra da libertação dos cristãos cativos. O movimento crescera, o ideal se propalara e aumentara o número de jovens fascinados pela defesa da liberdade de quem a tivesse perdido.

Quando pré-adolescente, o pai de Raimundo Nonato, afim de educá-lo para a carreira militar, o enviara a Barcelona. Raimundo de Cardona tinha –se comprometido com a formação escolar do menino. Contudo, o pai soube que o garoto tinha trato com alguns clérigos.

Com receio de que o menino se inclinasse para a vida religiosa, o pai trouxe de volta a Portell e lhe encomendou o cuidado de umas ovelhas numa pequena propriedade a poucos quilômetros da aldeia. Com razão seu pai intuíra que o espírito de piedade do filho inclinaria cada vez mais para a vida religiosa do que para levar adiante as glórias militares da família.

Raimundo não protestara da decisão de seu pai, até porque lhe eram típicas a obediência e a humildade. Mas não deixou por menos o apelo de Deus no seu coração.

A mística Mercedária tinha levado já, durante todo o século XIII, centenas de redentores mercedários e trinitários aos cárceres maometanos. A região Catalã estava povoada de conventos mercedários. Naquele ambiente crescia o jovenzinho Raimundo Nonato, fascinado por levar às pessoas a liberdade. Era um rapaz apaixonado por tudo, logo também pelo projeto de Deus. Desejava escolher o melhor. E passara a pensar cada vez mais na libertação dos cativos.

Cuidando dos rebanhos do pai. Opção Religiosa.

Ordenado Presbítero.

S. Raimundo Nonato | Mercedários

A uns 3 Km do povoado de Portell havia um convento prioral, onde se erguia uma capela dedicada a São Nicolau. Este convento e capela foram doados a São Pedro Nolasco pelo prepósito de Solsona. A solidão do lugar deveria ser impressionante. Porém, muito adequada aos frades, pois favorecia a contemplação. Próximo da capela de São Nicolau ficava a pequena fazenda dos Salons. Era ali aonde se dirigia o rapaz para cuidar dos rebanhos do pai.

Mas fora justamente ali onde ele encontrara a paz e o sossego que propiciaram sua formação espiritual. Raimundo amava enormemente a Virgem Maria e assim escapava frequentemente para orar na capela de São Nicolau. Tecia bonitas grinaldas de flores silvestres para adornar o menino Jesus e sua Mãe. E aproveitava bom tempo do serviço de vigilância para ir até o convento dos Mercedários, ali próximo. Ele tinha então apenas 14 anos de idade.

Um dia seus amigos delataram ao pai que Raimundo Nonato estava abandonado o gado. Para confirmá-lo, o pai foi observar e o encontrou de joelhos e em êxtase, diante da imagem da Virgem Maria. Mas, por sua vez, constatou que as ovelhas voltavam ao redil sem entrar pelos roçados e muito bem ordenadas, guiadas por um pastor que reluzia como o sol. Era um anjo. O episódio certamente mexeu com a consciência de Arnal, o pai.

O rapaz aproveitara a solidão do seu retiro para discernir sua vocação e deliberar sua emancipação, que ele decidiu algum tempo depois, ingressando como mercedário na vida religiosa. Pronto, Raimundo pediu o hábito ao superior do convento. Ao cabo de 4 anos fez a profissão religiosa, em 1320, naquele convento da sua terra. Ele tinha então a idade de 18 anos.

Raimundo Nonato continuou se dedicando aos estudos eclesiásticos em Barcelona. Ali convivia permanentemente com as chegadas periódicas de centenas de redimidos, que aportavam a Barcelona, trazidos pelos confrades, desde as Costas Da África, Argélia, Mauritânia, Túnis, ou dos reinos mulçumanos espanhóis: Granada, Cádiz, Valência e outros.

Toda expedição tinha sua história de sucesso, de redenções, mas também, de malogros e de martírios. E, todo os mercedários conviviam com esta realidade, todos tinha consciência da sua vocação de risco.

Todos eram candidatos a mártir. Pois sabiam que a qualquer momento poderiam ser designados, em Assembleias Capitulares, para ir ao trabalho de resgates. É lógico que a escolha incidia preferentemente sobre homens corajosos, inteligentes, hábeis conhecedores da política árabe, perspicazes nos negócios, tarimbados nas relações humanas, corajosos para enfrentar as tormentosas viagens pelo Mediterrâneo, boa saúde física e psicológica. Mas, acima de tudo, pacientes, humildes e apaixonados pela causa que defendiam, com a disposição de entrega da própria vida em favor da libertação de algum cristão, ameaçado de perder sua fé nas masmorras sarracenas.

Aos 22 anos de idade, Raimundo Nonato foi ordenado presbítero em Barcelona e a partir daí amadurecia nos conventos mercedários o seu ideal de cavalheiro libertador. Recebia e atendia cativos redimidos; pregava e ensinava; organizava expedições, participava de Capítulos, recolhia esmolas; sobretudo orava. Seu amor à Eucaristia e à SS. Virgem Maria levava-o às alturas do êxtase.

Ânsia redentora – Cuidados com os pobres e os doentes

A ação redentora não era uma aventura improvisada. As expedições aconteciam uma ou duas vezes ao ano e eram decididas em Assembleias capitulares. Ali se aportavam as esmolas do Fundo da Redenção, escolhia-se o local, listavam-se os cativos a serem redimidos e se designavam os redentores. Lembramos que os comerciantes relacionados, sobretudo com os mulçumanos, tinham que ser audaciosos para empreender longas travessias, saber comprar, vender e trocar mercadorias, conhecer línguas e costumes de outros povos, ser hábeis para enfrentar os riscos de combates, a pirataria e a bandidagem.

Os perigos rondavam em mar e terra. As travessias pelo Mediterrâneo cobravam uma elevada cota de vidas desses religiosos. Quando Raimundo Nonato ingressara na Ordem como religioso, esta já contabilizava dezenas de mártires de várias regiões da Espanha e de outros países da Espanha e de outros países da Europa, todos mortos de forma brutal: decapitados, crivados com flechas, crucificados, enforcados, apedrejados, atravessados por espadas, esquartejados, estripados, arrojados ao mar com pedras atadas ao pescoço, jogados vivos em fogueiras, diante dos palácios dos reis para entreter o povo.

Apesar disto, Raimundo Nonato não via a hora de ser enviado como redentor. Enquanto os anos passavam, Raimundo forjava sua ânsia redentora, tornava-se homem de quilate. As mais antigas biografias o descrevem como “discípulo diligentíssimo do mestre Pedro Nolasco”, aplicado aos estudos e de caridade borbulhante. Dizem que andava de cidade em cidade; que cavalheiros e nobres o respeitavam e que todos os povos o amavam. De fato, enquanto se preparava para ir, um dia, às redenções, Raimundo se exercitava na oração e no sacrifício, impunha-se a penitência como forma de doação. No trato com os doentes, deixava marcas de inesgotável caridade.

Todos queriam ser atendidos por aquele jovem cheio de encanto e paciência, que se desdobrava em cuidados com os enfermos e achacados. Os pobres o procuravam agradecidos pelas dádivas que dele recebiam; e ele buscava atender a todos porque via neles a imagem de Jesus. Era assíduo na oração. O amor pelo mistério Eucarístico fazia dele um apaixonado por seus irmãos, um obsessivo defensor dos oprimidos pela ferida social, visível e sangrante da estrutura econômica, política e ideológica daquela sociedade.

Nos cárceres de Argélia -torturas: Proibido de falar

Em 1335, Raimundo Nonato, aos 33 anos de idade foi nomeado para uma redenção na Argélia. Ele embarcou na expedição com um confrade. Chegando àquelas cidades, os redentores podiam, com liberdade vigiada, percorrer os mercados humanos, entrar nos cárceres, conhecer a situação dos prisioneiros, oferecer câmbio. A condição do cativo pesava nas negociações. Se estava como prisioneiro um cortesão influente, um nobre, um militar, um clérigo ou um comerciante rico, os vendedores mudavam as regras do jogo.

Conforme o interesse comercial impunham soluções unilaterais e arbitrárias; tornavam-se inflexíveis e provocadores. Raimundo Nonato fizera então em Argélia 140 redenções. Mas como acontecera em outras ocasiões, o dinheiro não fora suficiente para resgatar, desta vez, mais alguns sofridos pais, cujas famílias não tinham como pagar o resgate. O religioso se propôs a ficar no seu lugar, até a próxima vinda dos mercedários à Argélia.

Pronto, Raimundo Nonato se dedicara a falar em nome de Jesus Cristo, tentando fortalecer a fé dos cativos cristãos. Era tudo o que ele sempre desejara: visitar, animar e converter. Então passara a visitar os cárceres, orava com os prisioneiros e até ousava catequizar os próprios mulçumanos, atraindo alguns para Jesus Cristo. Isto fora tomado como afronta. Era crime capital entre mouros falar de outra religião aos que professavam o islamismo.

Raimundo Nonato foi denunciado e condenado à morte. Mas o temor de perder a soma da sua libertação e de outros cativos levara os interessados a alcançarem dos seus magistrados a comutação da pena por terríveis suplícios.

Mandaram então açoitá-lo nas ruas e praças da cidade e o prenderam depois numa masmorra comum. Com isso, ele se dedicou mais e mais a confortar e a pregar aos cativos a paciência, e aos carrascos o amor. Cumpria-se aí o desejo do seu coração: consumir-se na obra da caridade. Sabia da força simbólica da entrega martirial como estímulo para os prisioneiros, um eloquente gesto de proclamação da fé em Jesus e viva lição de amor perante todos.

Depois de lhe fustigarem com várias torturas, um dia dois esbirros lhe infligiram um cruel suplício: p e r f u r a r a m com ferro q u e n t e os seus lábios e os fecharam com um cadeado, que ele tivera de amargar durante oito meses.

Não conseguiram com isso silenciá-lo. Com gestos e sinais ele continuava a transmitir a todos o calor de seu afeto e a força de sua mensagem. Homem de Deus, garimpava nas profundas experiências da oração a tranquilidade do espírito e alegria da fé. Forte e sereno impressionava a todos com a irradiação da paz e do amor. Ganhava o respeito e a simpatia dois próprios carrascos a quem repassava uma extraordinária lição do amor de cristo.

Retorno a Barcelona – Nomeado Cardeal.

S. Raimundo Nonato | Mercedários

As redenções eram feitas uma vez por ano. Alguma viagem extraordinária pelo Mediterrâneo podia acontecer sobretudo quando algum dos redentores ficava como refém. Foi assim que, passados 8 meses, chegara à Argélia outra expedição mercedária, levando o dinheiro    do resgate de Raimundo Nonato, bem como o da libertação de outros prisioneiros.

Puseram-se, então, à viagem de volta. Completada a travessia pelo Mediterrâneo, alcançaram o porto de Barcelona. A população costumava aguardar com ansiedade o retorno das barcas redentoras. Para os religiosos torturados havia sempre manifestações de solidariedade e de entusiasmada expressão de reverência e agradecimento.

Acercavam-se de Raimundo Nonato, para lhe beijar as mãos e se maravilhavam com a placidez e doçura do seu sofrido semblante. Crescia a veneração de todos pelo jovem redentor. E se multiplicavam as súplicas a Deus, bem como as revelações de favores alcançados do céu em seu nome. E o povo acorria a ele como a um querido e poderoso servo de Deus.

Sem perder a humildade, Raimundo Nonato continuava com seu gesto de caridade em favor dos pobres de Barcelona. Aumentava sua fama de santidade e muitos acorriam a ele com pedidos. A todos atendia com solicitude.

Por outro lado, crescia nele o fervor eucarístico, lugar da sua profunda comunhão com Deus. Enquanto o tempo passava, Raimundo trabalhara em vários conventos da Catalunha. Pregava, pedia esmolas para os resgates, falava da condição miserável dos oprimidos e da necessidade de mudar o quadro social que mantinha tanta gente excluída. E voltara a realizar outras redenções.

Sua fama atravessara então as fronteiras da Espanha e chegara a Avinhão, naquele momento, sede do Papado. Conhecido do clero e dos príncipes, Raimundo Nonato alcançava simpatia nos meios eclesiásticos, além da crescente ressonância no coração da população.

Em 1338, Raimundo Nonato tinha 36 anos de idade, quando o Papa Bento XII resolveu chamá-lo para junto de si. Movido por sua profunda humildade, Raimundo Nonato chegou a externar a não aceitação do cargo. Mas o Papa contava com a sua habilidade nos negócios com os mulçumanos e viu como poderia ser útil para o governo da Igreja. Insistiu nomeando-o Cardeal, no Consistório de dezembro de 1338.Raimundo Nonato permaneceu ainda alguns meses em Lérida, viajando depois para Avinhão, passando por Cardona, para despedir-se dos seus parentes.

Apesar de jovem na idade, seu corpo estava prematuramente esgotado pelo estresse, resultante do excesso de zelo nas atividades e dura austeridade que se impunha a si mesmo. Em Cardona, de repente, sentiu-se mal, acometido de uma febre violenta. Mesmo com os cuidados dispensados pelos parentes, viu-se logo que os sintomas anunciavam sua morte. Sentiu que chegara seu fim. E se preparara para ir ao encontro definitivo com o Senhor.

O Encontro da Eucaristia – Presente do céu na sua morte

Desde a formação das primeiras comunidades cristãs a Eucaristia se constitui no centro e alma da Igreja.

Era desta fonte que Raimundo Nonato tirava força e heroísmo para levar adiante tantos e duríssimos trabalhos feitos ao longo da sua vida, por amor a Jesus Cristo e aos irmãos. A Eucaristia fora seu alimento e sustento, sua fortaleza, seu tudo. Por isso passava horas e horas e até noites inteiras diante do SS. Sacramento, ensimesmado na contemplação deste insondável mistério. E na celebração cotidiana da Eucaristia encantava os fiéis pela unção e fervor na realização da liturgia; e os animava à piedade eucarística como fonte de comunhão e força propulsora das tarefas diárias.

Agora, vendo que chegara o momento da plenitude do repouso, seu desejo do céu se junta ao esgotamento físico e anseia que o Senhor o venha a buscar. Suplica que lhe tragam, antes de morrer, o celeste alimento. Enquanto os familiares providenciam o santo viático, o quarto de Raimundo Nonato se enche de luz; ouve-se uma sinfonia angelical e ao acudirem ao seu aposento, ali encontram o religioso num profundo êxtase, comungando sob a espécie do pão, o corpo de Cristo, milagrosamente ministrado ao Santo, segundo a crônica da sua morte, pelo próprio Jesus, acompanhado de uma corte de anjos e santos.

Tão puro como nascera, assim morre o intrépido religioso mercedário, com a idade de 37 anos. Era 31 de agosto de 1339, quando sua alma vôa para o céu. Deixa neste mundo o exemplo do bom fazer mercedário, a auréola que começa a se traduzir em inúmeros favores divinos, obtidos pelo povo, por sua intercessão. Assim terminou sua trajetória de amor e liberdade.

Morreu jovem, porém carregado de méritos, cercado de estima popular e agraciado por Deus com estupendos prodígios.

O Desígnio de Deus também no seu sepultamento.

Raimundo Nonato acabava de morrer e já começavam as manifestações de devoção à sua pessoa. De fato, já eram conhecidas as marcas profundas de santidade, bem como as práticas de virtude, em grau heroico, deixadas por onde ele passara: Liam-se os desígnios de Deus em todos os traços de sua vida: no seu nascimento extraordinário, no decidido ideal libertário, na entrega martirial do cativeiro em favor do próximo, nas duras provações da vida e na hora da sua morte. Deus o exaltara com dons extraordinários, especialmente o da caridade, da obediência, da humildade e da alegria, levados ao extremo.

Ele iria se tornar um dos santos mais populares da Igreja. E sua popularidade começara de forma prodigiosa no momento mesmo de se dar sepultura ao seu corpo. Como se tratava de despojos tão venerados, surgiu ali em Cardona um pleito: O visconde e seus familiares, sob pretexto de parentesco, insistiam em lhe dar sepultura ali mesmo. Os mercedários reivindicaram o direito de sepultamento do confrade, de acordo com as Constituições da Ordem, que determinavam enterrar os religiosos defuntos no convento mais próximo de onde falecessem.

Por fim, ambas as partes concordaram em deixar a solução a um sinal da providência de Deus. Puseram sobre uma avalgadura a urna funerária com o seu corpo e dispuseram o animal no ângulo de dois caminhos, concordando em que a direção tomada pela viatura com os sagrados despojos seria o sinal do céu indicando onde o santo devesse ser sepultado.

E o animal tomou o caminho da ermida de São Nicolau, onde Raimundo Nonato gastara boa parte da sua adolescência campeando rebanhos e onde tinha iniciado, na juventude, o noviciado de santidade. Segundo a mais antiga tradição, ao chegar ali o animal com o corpo do santo, acompanhado de grande séquito, dera três voltas em torno da Igreja e caiu extenuado.

Ali o seu corpo foi sepultado e ali permaneceu até 1936, quando as facções comunistas da guerra civil espanhola, profanando aquele santuário, queimaram suas relíquias.

O Culto a São Raimundo Nonato – Sua popularidade na Igreja”

O culto a São Raimundo Nonato começou desde os primeiros momentos, depois da sua morte. O lugar onde fora sepultado passou a receber devotos de toda parte, como testemunhas de favores obtidos por sua intercessão. Multiplicavam-se os relatos de graças alcançadas pelo seu intermédio.

O antigo priorado, devido à f a m a de santidade do religioso e dos numerosos e insignes milagres que se atribuíam à sua intercessão, logo ficara pequeno para atender o crescente número de devotos. Tornou-se necessário se construir uma Igreja de maiores proporções para dar cabida ao massivo número de fiéis que chegavam, atraídos pela fama do santo.

Os mercedários então edificaram ali, em 1625, um grande convento com uma monumental Igreja. Estimulados pelo crescente fervor em relação ao santo, naquelas comarcas leridanas, obrigaram-se a construir um convento ainda maior.

A sua grandeza emergindo daquela verde planície, encanta aos viajantes que circulam pela autopista que passa quase roçando a cidade que ali cresceu, com o nome de São Raimundo Nonato. Mesmo sem a Igreja se pronunciar oficialmente sobre as virtudes heróicas daquele homem de Deus, o povo se encarregou de fazê-lo. Os devotos o viam glorificado por Deus pelos dons extraordinários recebidos em vida e exaltado depois da morte. A história de seus milagres espalhou-se por todo o mundo cristão.

Diante de tantos testemunhos e fatos, a Igreja se propôs examinar, num Processo, a vida e virtudes do santo de Portell. Passado algum tempo, como a devoção se expandia por toda a Espanha, Itália e toda América espanhola, os pedidos à Santa Sé sobre a sua canonização, cresceram; e Roma viu que era a vontade de Deus que o Bem-aventurado Raimundo fosse invocado como santo por toda a Igreja. Um processo perante o Tribunal Eclesiástico levou à aprovação do seu culto imemorial em 1625.

Três anos mais tarde, em solene liturgia na Basílica de São Pedro, diante de toda a Família Mercedária, a corte pontifícia e multidão de fiéis de várias partes do mundo, especialmente da Espanha, Raimundo Nonato foi canonizado e aclamado santo, pelo Papa Urbano VIII, em dezembro de 1628, juntamente com  São Pedro Nolasco, o heroico fundador da Obra da Redenção. Mais tarde, em 1657, o Papa Alexandre II inscreveu seu nome no Martirológio Romano e mandou que toda Igreja celebrasse sua festa no dia da sua morte, 31 de agosto.

S. Raimundo Nonato | Mercedários

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Humildade

Humildade | Catequizar

HUMILDADE 

 

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

A Palavra de Deus da liturgia dominical orienta-nos a refletir e rezar a virtude da humildade. (Eclesiástico 3,19-21.30-31, Salmo 67(68), Hebreus 12, 18-19-22-24, Lucas 14, 1.7-14). O Catecismo da Igreja Católica define a virtude como “uma disposição habitual e firme para praticar o bem. Permite à pessoa não somente praticar atos bons, mas dar o melhor de si mesma. A pessoa virtuosa tende para o bem com todas as suas forças sensíveis e espirituais; procura o bem e opta por ele em atos concretos. Confere facilidade, domínio e alegria para se levar uma vida moralmente boa. Homem virtuoso é aquele que livremente pratica o bem”. 

O que significa a humildade? A palavra humildade evoca sentimentos diversos e contrastantes. Pode ser sinônimo de servilismo, incapacidade, baixeza, incompetência. Também significa uma virtude nobre e sábia. Os textos bíblicos citados orientam a compreensão cristã de humildade. O livro de Eclesiástico olha a vida humana sob a ótica da sabedoria ensinada a partir das Escrituras e recomenda vivamente. “Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade, e assim encontrarás graça diante do Senhor”. Os ensinamentos tem por denominador o “amor pela humildade”. O texto inicia com apelativo “filho” que na linguagem sapiencial cria uma relação de familiaridade. A pessoa que possui a sabedoria pode transmiti-la à pessoa que deseja acolhê-la.  

No Evangelho Lucas encontramos Jesus como um peregrino e um hóspede. Todas os lugares que visita e é acolhido se tornam oportunidade e vitrine para o seu magistério. No texto de hoje, o lugar é a refeição na casa do chefe dos fariseus. Os fariseus, diversas vezes, foram os críticos mais contundentes das palavras e das ações de Jesus. Mesmo assim, ele não faz dificuldade para aceitar convites, porque é livre e aberto ao diálogo, não se rege por preconceitos e nem se fecha diante dos conflitos anteriores. Mesmo naquela refeição, “eles o observavam”. Mas também Jesus observa o que acontecia, notando que os convidados disputavam os primeiros lugares. O olhar atento desencadeia o ensinamento sobre a humildade.  

A parábola que Jesus conta não pretende ensinar etiqueta, nem falar somente para aquela refeição. Os ensinamentos dele sempre pretendem ter validade eterna e universal. Por isso, se concentra sempre no essencial das coisas e das situações, não se preocupa com as coisas marginais e secundárias. Na parábola acentua que a definição do local onde o convidado ficará sentado é da responsabilidade de quem convidou e não de quem foi convidado. Quem convidou julga a importância do convidado e fá-lo sentar-se no lugar adequado. Inicialmente a parábola passa a impressão de não ter ligação com Deus, mas a conclusão dela aponta claramente que quem avalia é Deus. “Porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado”. Não cita explicitamente Deus, porém poder-se-ia ler: “Deus o exaltará”, “Deus o humilhará”.  

O que significa humildade? Na compreensão cristã é preciso ir ao encontro de Cristo e ver como viveu e explicou a humildade. Ela tem a haver com Deus como causa exemplar e origem. Deus é aquele que em Cristo presta tanta atenção ao homem, ao ponto de estar disposto a dar tudo. Jesus está pronto a morrer por todos os homens. Humildade tornar-se assim uma virtude divina antes de ser humana. Por isso Jesus pode dizer: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). 

Humildade é, antes de tudo, o reconhecimento da grandeza de Deus e a necessidade de relacionar-se sempre com ele. Daí deriva o justo modo de relacionar-se com os outros, sem servil submissão em relação aos poderosos, nem orgulhosa superioridade em direção aos mais simples. Humildade é atenção a todos, disponibilidade ao serviço. Humildade é o justo conhecimento de si para ocupar exatamente o próprio lugar na história oferecendo o próprio contributo para o desenvolvimento do homem.

As melhores maneiras de ajudar os idosos a conviver mais pacificamente com a tecnologia

Shutterstock | StockLite
Por Cerith Gardiner

Se for difícil viver em uma sociedade que está se tornando cada vez mais “inteligente”, os idosos poderão sentir que não há lugar para eles.

A velocidade com que a sociedade avançou em termos de tecnologia é bastante impressionante. Se você pensar bem, o fato de podermos ir a uma loja e nem precisar sacar nossa carteira para pagar é algo com o qual não poderíamos sonhar apenas algumas décadas atrás.

Hoje, os pagamentos sem contato se tornaram, praticamente, a norma. Também estamos vivendo em um mundo em que, quando você está doente, não precisa ir ao médico, pois as consultas on-line se tornaram uma solução que economiza tempo. E quanto ao setor bancário? Bem, as agências estão fechando a uma velocidade impressionante, e se você tiver um problema, terá que passar por uma infinidade de pessoas nos call centers para resolver.

Sou uma mulher de meia-idade bastante experiente em tecnologia. Porém, às vezes ainda me sinto frustrada com a falta de interação física. Embora eu me maravilhe com a forma como esses desenvolvimentos tecnológicos são tão práticos e eficientes em termos de tempo, também gostaria que pudéssemos voltar a usar dinheiro, conversar com o pessoal do caixa e realmente ver um médico pessoalmente.

Os idosos e a tecnologia

Recentemente, também percebi como todas essas mudanças são assustadoras para meus pais idosos (não que eles quisessem admitir isso!). 

Por exemplo: meu pai, que tem 80 anos, ficou particularmente frustrado quando não conseguiu completar seu check-in no aplicativo da companhia aérea. Eu tentei ajudá-lo e não consegui. Meu filho, de 23 anos, também tentou e falhou miseravelmente. Foi a minha irmã que conseguiu. E, no momento em que resolvemos o problema, o voo dele estava quase para decolar. Este sistema supostamente rápido e fácil de usar, sem dúvida, fez com que sua pressão arterial aumentasse, algo que poderia ser letal em sua idade.

Depois fui fazer compras com minha mãe. Quando chegou a hora de pagar, ela teve que ir a um autoatendimento. Ela se mostrou um pouco confusa diante da máquina, mas orgulhosamente disse que já a tinha utilizado antes. No entanto, a máquina se recusou a registrar alguns de seus itens e minha mãe ficou em pânico. Ela sentiu a pressão das pessoas esperando na fila e também se sentiu um pouco idiota.

Conhecimento e habilidade

Assegurei a ela que esse tipo de coisa acontecia comigo o tempo todo e que teríamos que esperar por ajuda. Mais uma vez, ela ficou agitada e envergonhada por sua considerada falta de conhecimento ou habilidade com a tecnologia.

Esse incidente também me deixou bastante irritada. Minha mãe é uma mulher inteligente, que conseguiu acompanhar algumas mudanças tecnológicas. Ela domina o uso de seu smartphone e pode navegar nas compras on-line como uma profissional. No entanto, esse pequeno incidente a fez se sentir mal.

Claro que eu assegurei a ela que isso não era uma coisa de idade. Também apontei que as habilidades práticas que ela adquiriu como dona de casa com nove filhos causariam inveja na minha geração. Parece que hoje valorizamos a tecnologia acima da maioria das coisas, e isso parece minimizar os esforços e talentos das gerações anteriores.

Minha preocupação adicional é que, à medida que a sociedade avança, as gerações mais velhas se sentirão cada vez mais isoladas. Se for difícil viver em uma sociedade que está se tornando cada vez mais “inteligente”, os idosos poderão sentir que não há lugar para eles.

Felizmente, existem maneiras de ajudar nossos cidadãos mais velhos. Aqui estão apenas algumas delas:

Observe

Fique atento: quando você estiver fora de casa e vir um idoso lutando com a tecnologia, ofereça-lhe uma mão amiga.

Mantenha seus entes queridos atualizados

Se você tem familiares mais velhos, reserve um tempo para tentar ensinar-lhes alguns fundamentos de tecnologia. Mas atenção: não seja muito detalhista e vá no ritmo deles.

Matricule-os em alguns cursos

Existem alguns centros comunitários que oferecem aulas para idosos, a fim de ajudá-los a aprender mais sobre as tecnologias. Se seu ente querido puder, incentive-o a se inscrever!

Acompanhe-os

Se você sabe que seu ente querido idoso vai às compras em um horário regular, organize-se para ir com ele, se puder. Você será uma força tranquilizadora se as coisas não saírem conforme o planejado. 

Uma das atividades mais frustrantes e demoradas é qualquer coisa que envolva papelada, embora hoje em dia os órgãos governamentais prefiram que todas as informações sejam enviadas eletronicamente – o que abre uma outra caixa de Pandora. Então seja uma mão amiga para os idosos.

Peça-lhes ajuda

A maioria das pessoas gosta de se sentir útil. Este é especialmente o caso dos idosos. Em idades mais avançadas, eles tendem a pensar que são apenas um fardo pesado. Portanto, reserve um tempo para pedir-lhes conselhos ou ajuda, mesmo que você realmente não precise. Uma das coisas que minha mãe adora é quando eu pergunto a ela como tirar uma mancha teimosa da roupa ou peço-lhe para compartilhar alguns conselhos de culinária.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

São Félix e Santo Adauto

SS. Félix e Adauto | arquisp
30 de agosto

São Félix e Santo Adauto

Poucos são os registros encontrados sobre Félix e Adauto, que são celebrados juntos no dia de hoje. As tradições mais antigas dos primeiros tempos do cristianismo narram-nos que eles foram perseguidos, martirizados e mortos pelo imperador Diocleciano no ano 303.

A mais conhecida diz que Félix era um padre e tinha sido condenado à morte por aquele imperador. Mas quando caminhava para a execução, foi interpelado por um desconhecido. Afrontando os soldados do exército imperial, o estranho declarou-se, espontaneamente, cristão e pediu para ser sacrificado junto com ele. Os soldados não questionaram. Logo após decapitarem Félix, com a mesma espada decapitaram o homem que tinha tido a ousadia de desafiar o decreto do imperador Diocleciano.

Nenhum dos presentes sabia dizer a identidade daquele homem. Por isso ele foi chamado somente de Adauto, que significa: adjunto, isto é "aquele que recebeu junto com Félix a coroa do martírio".

Ainda segundo as narrativas, eles foram sepultados numa cripta do cemitério de Comodila, próxima da basílica de São Paulo Fora dos Muros. O papa Sirício transformou o lugar onde eles foram enterrados numa basílica, que se tornou lugar de grande peregrinação de devotos até depois da Idade Média, quando o culto dedicado a eles foi declinando.

O cemitério de Comodila e o túmulo de Félix e Adauto foram encontrados no ano de 1720, mas vieram a ruir logo em seguida, sendo novamente esquecidos e suas ruínas, abandonadas. Só em 1903 a pequena basílica foi definitivamente restaurada.

Esses martírios permaneceram vivos na memória da Igreja Católica, que dedicou o mesmo dia a são Félix e santo Adauto para as comemorações litúrgicas. Algumas fontes, mesmo, dizem que os dois santos eram irmãos de sangue.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Cardeal Sérgio da Rocha: a dimensão de serviço é fundamental para a Cúria Romana

Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil - foto arquivo

Um encontro para refletir sobre a última Constituição Apostólica do Papa Francisco: Praedicate Evangelium. Esse é o propósito do encontro que nos dias 29 e 30 de agosto, na Sala do Sínodo, reúne todos os cardeais da Igreja, também os eméritos.

Padre Modino - CELAM

Um dos presentes no encontro no Vaticano, que reúne todos os cardeais da Igreja, também os eméritos é o arcebispo de Salvador de Bahia, Dom Sérgio da Rocha, que vê esse momento como “muito especial, de vivência da colegialidade entre nós bispos, mas muito atentos, muito em sintonia com a missão da Igreja no mundo inteiro”. O Primaz do Brasil lembra que “o Papa Francisco tem falado muito em sinodalidade e naturalmente em colegialidade episcopal”, destacando que é um momento “de vivência da própria sinodalidade entre os cardeais, que somos os primeiros a estar em sintonia com o Papa Francisco e a valorizar sempre mais essa proposta do caminhar juntos nas várias instâncias da própria Igreja”.

O cardeal da Rocha reconhece que “sempre se espera por reformas ou por iniciativas que expressem mudanças de ordem prática, mas acima de tudo é necessário acolher o Espírito da própria constituição, da própria proposta para a Cúria Romana, que é justamente de comunhão, de serviço e missão”. Ele insiste na necessária “vivência da comunhão, vivência da missão numa atitude permanente de serviço, de Igreja servidora e solidária”. Nesse sentido, dom Sergio afirma que isso tem que ser assumido pela Cúria Romana “em seu dia a dia e nas suas estruturas, aquilo que se quer para toda a Igreja, que nós sejamos mesmo uma Igreja que promova sempre mais, vivencie sempre mais a comunhão, essa dimensão do serviço, os que estão atuando na Cúria Romana são servidores e hoje servidoras da Igreja, e é claro, em vista da missão da Igreja”.

O arcebispo de Salvador não hesita em dizer que “essa dimensão de serviço, de missão, são fundamentais para a Cúria Romana, assim como para o conjunto da Igreja”. Estamos diante de um convite do Papa, também para a Cúria, que “quer incluir nessa perspectiva sinodal o conjunto da Igreja”. O propósito do Papa, segundo o Primaz do Brasil, é “tornar a Cúria Romana sempre mais participativa em relação à diversidade, à pluralidade da Igreja no mundo”. Ele destaca a importância de “que a Cúria conte cada mais com a diversidade de vocações e ministérios, mas também com a diversidade regional, a pluralidade de expressões da Igreja no mundo, já que nós temos tido um esforço muito bonito do Papa em trazer para a Cúria Romana, representantes da Igreja nos vários continentes”.

Dom Sérgio da Rocha insiste em que “a catolicidade da Igreja, na sua essência mais genuína, exige esta pluralidade da Igreja na sua atuação”. Ele diz que “aqueles que atuam na Cúria, podem expressar bem melhor e cumprir bem melhor a realidade pluriforma da própria missão da Igreja no mundo, sempre buscando aquilo que é essencial, aquilo que nos une como Igreja. Mas sem dúvida que essa representação contando sobretudo hoje com a presença de mulheres, é fundamental”.

O purpurado coloca como exemplo o Dicastério para os Bispos, do qual faz parte, mostrando sua alegria e felicitando o Papa Francisco “pela escolha de mulheres para integrar o próprio dicastério”, algo que considera de grande relevância, diante desta “tarefa muito exigente que é a do Dicastério dos Bispos”.

Uma diversidade que se faz presente no Colégio Cardinalício, que “ajuda a nós cardeais, porque é muito importante que cada cardeal tenha também outras perspectivas, conheça ou ouça a respeito de outras realidades da Igreja no mundo para poder ajudar melhor ao Papa no nosso serviço à Igreja”, ressalta Dom Sérgio. Ele destaca que “nós cardeais somos servidores da Igreja, em primeiro lugar ao serviço do próprio Papa, daquilo que o Papa define como serviço para cada cardeal”.

Essa presença de cardeais das mais diferentes regiões do mundo, aqueles que muitas vezes chamam de periféricos, de regiões com uma importância que se considera secundária na geopolítica atual mundial, o Papa ao fazer isso, diz o Arcebispo de Salvador, “está não só valorizando a Igreja que está presente no mundo inteiro, nos diferentes contextos socioculturais, mas também com isso a Igreja local, através de seus cardeais possa contribuir melhor com o Colégio Cardinalício, mas sobretudo com o Papa, de quem nós estamos ao serviço”.

Ele vê como sinal de esperança essa pluralidade de origens dos próprios cardeais, algo que “tem um significado eclesiológico muito bonito, enquanto expressão da catolicidade da Igreja, essa pluralidade de origens dos próprios bispos, mas também tem uma dimensão pastoral, de ordem prática, de que com essa presença plural a Igreja possa realizar cada vez melhor a sua missão buscando sim a unidade, mas sempre respeitando a pluralidade dos contextos onde a missão acontece”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF