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domingo, 27 de novembro de 2022

O Natal dos primeiros cristãos, segundo os Padres da Igreja

Natal | snpcultura

O Natal dos primeiros cristãos, segundo os Padres da Igreja

Alessandro Lima

Por Fr. Isidro Lamelas, OFM*

Chamamos “Padres da Igreja” ou “Pais da Igreja” aqueles homens que, entre os séculos II e VII, contribuíram, com a sua ação, pregação e obras escritas, para a transmissão, aprofundamento e consolidação da fé e da Igreja de Cristo que vem dos Apóstolos até aos nossos dias. Alguns destes mestres da palavra e da doutrina eram cristãos leigos, mas a maioria foram pastores das comunidades cristãs com as quais partilhavam e nutriam a fé através da palavra pregada ou escrita. Nem tudo ficou escrito, e muito do que escreveram perdeu-se no percurso dos séculos. Mesmo assim, chegou até nós uma significativa amostra do que foi a vida e a reflexão destes primeiros séculos cristãos. Nomeadamente, no que concerne ao Natal de Jesus, dispomos de um vasto conjunto de textos que nos introduzem no verdadeiro espírito da Natividade. Vale, pois, a pena, hoje que nos queixamos de um progressivo esvaziamento do verdadeiro “espírito do Natal”, escutar a voz daqueles que continuam a ser nossos “Pais” na fé e na cultura cristã.

Embora a máxima atenção dos primeiros cristãos se tenha concentrado na celebração do mistério da Páscoa de Cristo, eles sabem que esta solenidade é indissociável do Natal e de todo o acontecimento da Encarnação de Jesus. Para os cristãos de ontem e de hoje, o Natal assinala o apogeu da história de Deus com os homens. S. Leão Magno, papa entre 440 e 460 que, num dos seus numerosos sermões sobre o Natal, recorda-nos que «a bondade divina sempre olhou de vários modos e de muitas maneiras pelo bem do género humano, e são muitos os dons da sua providência, que na sua clemência concedeu nos séculos passados. Porém, nos últimos tempos superou os limites da sua habitual generosidade, quando, em Cristo, a própria Misericórdia desceu aos pecadores, a própria Verdade veio aos extraviados, e aos mortos veio a Vida. O Verbo, coeterno e igual ao Pai, assumiu a humildade da nossa natureza humana para nos unir à sua divindade, e Deus nascido de Deus, também nasceu de homem fazendo-se homem».

«A Palavra fez-se Carne»

O Deus dos cristãos não é um mito nem um livro, mas Palavra encarnada, uma presença interpelante na história dos homens. «Quando um profundo silêncio tudo envolvia e a noite ia a meio do seu curso, a vossa Palavra Omnipotente desceu dos céus, do seu trono real», lemos no Livro da Sabedoria (18, 14-15). E foi assim, em Belém, quando o vagir de um recém-nascido quebrou o silêncio do universo. Deus que, ao longo dos séculos tinha falado de muitos modos e a muitos povos, em Belém fez-se Pessoa. S. Inácio, bispo e mártir de Antioquia, pelos ano 100, fala desses “mistérios clamorosos que se realizaram no silêncio de Deus: a virgindade de Maria, o seu parto e a morte do Senhor». E logo explica como se revelaram tais mistérios ao mundo:

«No firmamento brilhou uma estrela maior do que todas as outras! A sua luz era indescritível. A sua novidade causou estranheza. Mas todos os demais astros, incluindo o Sol e a Lua, fizeram coro à Estrela. Esta, porém, ia arremessando a sua luz por sobre todos os demais. Houve, por isso, agitação. Donde lhes viria tão estranha novidade? Desde então, desfez-se toda a magia; suprimiram-se todas as algemas do mal. Dissipou-se toda a ignorância; o primitivo reino corrompeu-se, quando Deus se manifestou humanamente para a novidade de uma vida eterna».

O Natal assinala o triunfo de Cristo e a libertação de todas as formas de opressão, engano, alienação ou superstição. S. Efrém, teólogo e poeta sírio do século IV que nos deixou um vasto conjunto de poemas e textos sobre o Natal, retoma esta convicção de S. Inácio quando vê no «menino que se encontra na manjedoura … aquele que rompeu o jugo que a todos oprimia». Como operou tal libertação? «fazendo-se Ele mesmo – continua S. Efrém – servo para nos chamar à liberdade». Santo Agostinho refere-se frequentemente em seus sermões natalícios ao silêncio eloquente do bebé de Belém, patente na voz das criaturas que exteriorizam a alegria da sua libertação.

Belém é, pois, para nós, uma lição eloquente. Com o seu nascimento na silente noite de Belém, o Menino divino, diz S. Agostinho, «mesmo sem dizer nada, deu-nos uma lição, como se irrompesse num forte grito: que aprendamos a tornar-nos ricos nele que se fez pobre por nós; que busquemos nele a liberdade, tendo Ele mesmo assumido por nós a condição de servo; que entremos na posse do céu, tendo Ele por nós surgido da terra».

Nasceu o Sol de Justiça

O nascimento de Jesus em Belém marca erupção de uma nova era para toda a humanidade, mas também para todo o cosmo criado. Não admira, pois, que os cristãos tenham intencionalmente associado o Natal de Jesus ao destino da humanidade e do mundo que os antigos consideravam “estar escrito nos astros”. Se é verdade que estão por provar as razões e circunstâncias pelas quais os cristãos escolheram a data de 25 de dezembro para celebrar o Natal do Salvador, facto é que tirarão bom partido da coincidência desta data com as celebrações pagãs e as ocorrências cósmicas. É frequente encontrar nos escritos patrísticos exortações como esta de S. Agostinho: «Alegremo-nos, irmãos, rejubilem e alegrem-se os povos. Este dia tornou-se para nós santo não devido ao astro solar que vemos, mas devido ao seu Criador invisível, quando se tornou visível para nós, quando o deu à luz a Virgem Mãe». Prudêncio, poeta hispânico do século IV, exprime essa alegria universal num extenso hino composto para o dia 25 de dezembro. Neste dia, Cristo é apresentado como o verdadeiro “Sol invictus”: «Com crescente alegria brilhe o céu/ e dê-se parabéns a si a gozosa terra:/ de novo, passo a passo, sobre o astro/ do dia aos seus caminhos anteriores…/ Oh! Santo berço do teu presépio,/ eterno Rei, para sempre sagrado/ para todos os povos e pelos próprios/ animais sem voz reconhecida».

Cientes de que a vinda de Cristo não veio negar, mas responder às ânsias ancestrais da humanidade, os pregadores identificam Cristo, que «por nosso amor nasceu no tempo», com a luz libertadora das trevas do erro e da tirania dos astros:

«Reconheçamos o verdadeiro dia e tornemo-nos dia! Éramos, na verdade, noite quando vivíamos sem a fé em Cristo. E uma vez que a falta de fé envolvia, como uma noite, o mundo inteiro, aumentando a fé a noite veio a diminuir. Por isso, com o dia de Natal de Jesus nosso Senhor a noite começa a diminuir e o dia cresce. Por isso, irmãos, festejemos solenemente este dia; mas não como os pagãos que o festejam por causa do astro solar; mas festejemo-lo por causa daquele que criou este sol. Aquele que é o Verbo feito carne, para poder viver, em nosso benefício, sob este sol: sob este sol com o corpo, porque o seu poder continua a dominar o universo inteiro do qual criou também o sol. Por outro lado, Cristo com o seu corpo está acima deste sol que é adorado, pelos cegos de inteligência, no lugar de Deus que não conseguem ver o verdadeiro sol de justiça» (S. Agostinho).

Segundo S. Máximo, bispo de Turim no século IV, «Jesus é o novo sol que atravessa as paredes, invade os infernos, perscruta os corações. Ele é o novo sol que com os seus espíritos faz reviver o que está morto, restaura o que está velho, levanta o que está decadente e purifica ainda, com o seu calor, aquilo que é impuro, aquece o que está frio e consome o que o que não presta».

Como vemos, na pregação dos primeiros cristãos, o presépio está profundamente associado à natureza que, como livro de catequese escrito pelo Criador, nos ensina a celebrar e a viver o Natal do Salvador. Neste sentido, vale a pena continuarmos a ouvir as palavras sempre atuais de S. Máximo turinense:

«Preparemo-nos, pois, irmãos, para acolher o Natal do Senhor, adornemo-nos com vestes puras e elegantes! Falo, claro está, das vestes da alma, não do corpo… Adornemo-nos não com seda, mas com obras boas! Pois as vestes elegantes ornam o corpo, mas não podem adornar a consciência; pois seria muito vergonhoso trazer sob elegantes vestes elegantes, uma consciência contaminada. Procuremos acima de tudo embelezar os nossos afetos íntimos, e poderemos então vestir belas roupas; lavemos as manchas da alma para usarmos dignamente roupas elegantes! Não adianta dar nas vistas pelas vestes se estamos sujos em pecados, porque quanto a consciência está escura, todo o corpo fica nas trevas. Temos, porém, com que lavar as manchas da nossa consciência. Pois está escrito: Dai esmola e tudo será puro em vós (Lc 11,41). É importante este mandamento da esmola: graças a ele, ao operarmos com as mãos ficamos lavados no coração».

Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens

Cristo nasceu homem para restituir à humanidade e a toda a criação a sua beleza e dignidade. É neste sentido que os Padres interpretam a mensagem dos anjos na noite santa. Essa voz é a expressão da alegria pelo facto de céu e terra, Deus e humanidade se abraçaram para sempre. A partir de agora, anjos e homens podem cantar juntamente a beleza do cosmo que se exprime num único hino de louvor: glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade. A alegria foi, segundo S. Efrém, muito maior no nascimento do que na conceção, pois «só um anjo anunciou a sua conceção, enquanto que para o seu nascimento uma multidão de anjos O anunciaram». Ao lembrar esse grande acontecimento, o poeta siríaco do século VI, Romano Melode, exorta: «Terra e céu rejubilem juntamente, diante do Emanuel que os profetas anunciaram, tornado criança visível, que dorme num presépio». E, num outro poema, continua: «A alegria acaba de nascer numa gruta. Hoje o coro os coros dos anjos unem-se a todas as nações para celebrar a virgem imaculada que neste dia deu à luz o Salvador. Hoje toda a humanidade, desde Adão, dança. Bendito seja Deus, recém-nascido».

O Natal é a grande festa de toda a humanidade, em que ninguém se deve sentir à margem ou indiferente, como no-lo recordam os sermões natalícios da S. Leão Magno:

«Nasceu hoje, irmãos, o nosso Salvador. Alegremo-nos! Não pode haver tristeza quando nasce a vida; a qual, destruindo o temor da morte, nos enche com a alegria da eternidade prometida. Ninguém está excluído da participação nesta alegria; a causa desta alegria é comum a todos, porque nosso Senhor, aquele que destrói o pecado e a morte, não tendo encontrado ninguém isento de pecado, a todos veio libertar. Exulte o santo porque está próxima a vitória; rejubile o pecador, porque é convidado ao perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida… Por isso é que, quando o Senhor nasceu, os anjos cantaram em alegria ‘glória a Deus nas alturas’ e anunciaram ‘paz na terra aos homens de boa vontade’. Porque veem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo, obra inexprimível do amor divino, que, se dá tanto gozo aos anjos nas alturas do céu, que alegria não deverá dar aos homens cá na terra?».

Deus fez-se homem para que o homem venha a ser divino

Nesta sentença recorrente nos escritores cristãos antigos está sintetizado o significado profundo do Natal. Voltemos a dar a voz a S. Agostinho: «Hoje nasceu para nós o Salvador. Nasceu, portanto, para todo o mundo o verdadeiro sol. Deus Fez-se homem para que o homem se fizesse Deus. Para que o escravo se tornasse senhor, Deus assumiu a condição de servo. Habitou na terra o morador do céu para que o homem, habitante da terra, pudesse encontrar morada nos céus». E, num outro sermão de Natal, o bispo de Hipona volta a recordar que Deus, em Belém, se fez pobre para nos enriquecer com os seus dons:

«Ele está deitado numa manjedoura, mas contém o universo inteiro; mama num seio materno, mas é o pão dos anjos; veio em pobres panos, mas reveste-nos de imortalidade; é amamentado, mas é também adorado; não encontrou lugar na estalagem, mas constrói para si um templo no coração dos seus fiéis. Tudo isto para que a fraqueza se tornasse forte e a prepotência se tornasse fraqueza. Por isso, não só não menosprezamos, mas mais admiramos o seu nascimento corporal e reconhecemos neste acontecimento quanto a sua imensa dignidade se humilhou por nós».

A Verdade brotou da terra

A Palavra vinda do Céu fecundou a terra e desta brotou a verdade e a justiça. Uma das preocupações constantes dos Padres da Igreja vai ser a de afirmar que o Filho de Deus é também filho de Maria, isto é, o Menino de Belém é todo Deus e todo homem: «Aquele que estava deitado na manjedoura fez-se frágil, mas não renunciou à sua condição divina; assumiu aquilo que não era, mas permaneceu aquilo que era. Eis que temos diante de nós Cristo menino: cresçamos juntamente com Ele», diz S. Agostinho. O bispo hiponense, num outro sermão, dirige-se ao seu povo nestes termos:

«Chama-se dia do Natal do Senhor a data em que a Sabedoria de Deus se manifestou como criança e a Palavra de Deus, sem palavras, imitou a voz da carne. A divindade oculta foi anunciada aos pastores pela voz dos anjos e indicada aos magos pelo testemunho do firmamento. Com esta festividade anual celebramos, pois, o dia em que se realizou a profecia: A verdade brotou da terra e a justiça desceu do céu (Sl 84,12)».

Esta afirmação retomada do salmo 84 servirá de mote a vários dos sermões natalícios de Agostinho. Num outro sermão, o bispo de Hipona explica o significado profundo de tal expressão:

«Neste dia, o Verbo de Deus revestiu-se de carne e nasceu de Maria virgem. Nasceu de modo admirável… Donde veio Maria? De Adão. Donde veio Adão? Da terra. Se Adão veio da terra e Maria de Adão, também Maria é terra. E se Maria é terra, entendemos quando cantamos: a verdade brotou da terra».

Contra os negadores da dignidade da carne e das criaturas (docetas, Gnósticos, marcionitas, maniqueus…) não se cansam de salientar a realidade humana de Jesus, sublinhando os detalhes do seu nascimento. S. Efrém compôs vários poemas natalícios em que coloca na boca de Maria belíssimos solilóquios que se inspiram nas cantigas de embalar à moda antiga. Eis algumas das suas expressões: «Santa Maria, tua mãe, tua irmã, tua esposa e tua serva, logo te acaricia, te abraça e beija, canta, reza e agradece. Depois dá-te o peito, te aconchega e embala e sorri para ti e tu ris e mamas no seu peito». Maria, fez tudo o que faria qualquer mãe encantada com seu filho para o fazer feliz. Assim, contemplando a criança divina entre seus braços, exclama: «Como abrirei a fonte do leite, para ti que és a origem e termo de todas as coisas? E como te darei alimento, a ti que nutres tudo? Ou como tocarei os panos que te envolvem, Tu que te revestiste de esplendor? Filho do homem não és, para que eu te cante louvores à moda habitual». Entretanto o menino desperta e, com o seu choro infantil, interrompe estas meditações de Maria que continua a «acariciá-lo, a embalá-lo, beijando-o e afagando-o contra si. Ele olha para ela e baloiça como menino já nascido no presépio envolto em panos. E quando começa a chorar, ela dá-lhe o peito, acaricia-o, embala-o, baloiça-o sobre os joelhos e Ele acalma-se».

Os melhores preparativos para o Natal

Ontem, como hoje, os homens facilmente caíram na tentação do valorizar as aparências, os enfeites exteriores e até a tirar vantagens materiais das festas natalícias. Contra esta desvirtuação tão evidente nos nossos dias já advertiam os antigos pregadores.

«Esta é a nossa festa», proclama S. Gregório de Nazianzo, «isto celebramos hoje: a vinda de Deus ao meio dos homens, para que, também nós cheguemos a Deus… celebremos, pois, a festa: não uma festa popular, mas uma festa de Deus, não como o mundo quer, mas como Deus quer; não celebremos as nossas coisas, mas as coisas daquele que é nosso Senhor…».

Como fazê-lo? Pergunta este bispo de Constantinopla do século IV. E responde sem hesitar:

«Não embelezemos as portas das casas, não organizemos festas, nem adornemos as estradas, não dêmos banquetes em nosso proveito nem concertos para mero agrado dos ouvidos, não exageremos nos adornos nem nas comidas… e tudo isto enquanto outros padecem fome e necessidades, esses que nasceram do mesmo barro que nós».

* Professor de Patrística na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa

Coroa do Advento

Coroa do Advento | calendarr

Início do Advento

O Advento inicia-se no dia 27 de novembro de 2022 e termina no dia 24 de dezembro, Véspera de Natal.

Este é o período antes do Natal em que a igreja se prepara para a comemoração do nascimento do Menino Jesus.

A data muda a cada ano, uma vez que tem início no domingo mais próximo do dia 30 de novembro, mas sempre termina no dia 24 de dezembro.

A palavra "advento" vem do latim adventum e significa chegada. Neste caso, faz referência à chegada de Jesus ao mundo.

Tempo do Advento

O tempo do Advento tem a duração de quatro semanas. Este ano, vai de 27 de novembro a 24 de dezembro de 2022.

Os domingos do tempo do Advento chamam-se: 1.º, 2.º, 3.º e 4.º domingo do Advento. Este tempo que antecede o Natal é o primeiro tempo do calendário litúrgico. É um tempo de espera e de esperança para a chegada de Cristo.

As duas primeiras semanas do Advento visam a preparação para a chegada de Jesus Cristo e as duas últimas semanas do Advento propõem-se a fazer a preparação para a celebração do Natal.

Coroa do Advento

A coroa do Advento é um símbolo do Natal utilizado nas igrejas durante o Tempo do Advento.

Consiste em um ramo verde disposto em forma circular, onde são colocadas quatro velas nas seguintes cores: verde, vermelha, roxa e branca. A cada domingo uma vela é acesa, até que todas estejam acesas no último domingo do Advento.

As velas são acesas na ordem abaixo e têm os seguintes significados:

1.º Domingo do Advento: vela verde, significa a esperança que a vinda de Jesus nos traz.

2.º Domingo do Advento: vela vermelha, significa o amor de Deus por nós.

3.º Domingo do Advento: vela roxa, significa a reflexão que este tempo requer das pessoas, mas com alegria pela vinda de Jesus.

4.º Domingo do Advento: vela branca, significa Jesus, que é a luz que ilumina o mundo, tirando-o da escuridão.

Origem do Advento

Acredita-se que a primeira referência ao Advento seja do ano 380, na Península Ibérica, quando o Sínodo de Saragoça ordenou uma preparação de três semanas para a Epifania do Senhor.

Epifania significa revelação e, por isso, representa o dia em que Jesus foi apresentado ao mundo, o que teria acontecido com a chegada dos Reis Magos no local do nascimento de Jesus.

Dificuldades e testemunhos dos jovens no momento político brasileiro

Antoine Mekary | ALETEIA
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Pesquisador identificou três grupos distintos de jovens quanto a sua relação com a política.

Num artigo anterior, comentei como a posição dos jovens perante a realidade tende a ser marcado tanto pelo fascínio diante da beleza quanto pela indignação diante dos males do mundo. A revolta juvenil pode incomodar aos adultos, mas um mundo com jovens apáticos será muito pior: perderá o próprio impulso para a construção do novo e para a melhora das condições de toda a humanidade – e toda a humanidade precisa sempre melhorar em um aspecto ou outro.

Nossos jovens brasileiros estão vivendo um momento particularmente difícil para quem está definindo a própria visão de mundo e os caminhos futuros. Os efeitos da polarização política têm sido impiedosos para todas as posições. Para onde se olha, o que se vê são acusações e críticas, algumas indevidas, mas a maioria com pelo menos um fundo de razão… O extremismo estimula a raiva e distorce a compreensão da realidade, o medo de ser manipulado frequentemente é instrumentalizado pelos próprios manipuladores. Para quem está se formando, neste contexto não é fácil adquirir um discernimento realista, que se oriente pela busca da verdade e pelo amor ao próximo.

Três posturas dos jovens frente à política

Diante dessa situação, um recente artigo sobre a participação política de jovens chineses pode nos ajudar a uma reflexão sobre nosso momento atual aqui no Brasil. O autor, Jun Fu, da Universidade de Melbourne, identificou três grupos distintos de jovens, quanto a sua relação com a política. Chamou-os de “jovens raivosos”, “cínicos impotentes” e “idealistas realistas”.

O primeiro grupo se identifica por uma relação visceral e agressiva com a política. Tendem a uma adesão acrítica às próprias posições e à completa negação da posição do outro, ao extremismo ideológico, à intransigência e à falta de diálogo.

Os cínicos impotentes acreditam que nada irá conseguir mudar o mundo. Sendo assim, o importante é procurar se dar bem nas condições atuais. A postura desses jovens é individualista, acrítica, conformista.

Os idealistas realistas querem construir um mundo melhor, mas estão cientes de suas limitações e procuram trabalhar dentro dessas limitações, procurando “fazer a diferença” naquilo que lhes é possível fazer.

Sem nenhuma preocupação estatística, de saber quem é mais comum e quem é menos comum, podemos assumir que esses três grupos também estão presentes entre os jovens brasileiros de hoje.

Infelizmente, nenhum dos dois primeiros grupos dará grande ajuda para a construção de uma política melhor em nosso País. Os cínicos impotentes não se esforçam para consertar o que está errado, tornando-se coniventes com a situação atual. Os jovens raivosos desperdiçam seu idealismo, deixando-se levar por movimentos e lideranças que acabam se revelando mais preocupados em garantir suas próprias posições, aniquilando os adversários, do que em construir o bem comum. A raiva, mesmo que muitas vezes compreensível, nunca é boa conselheira.

Evidentemente, idealistas realistas representam o perfil mais adequado para construir uma sociedade mais justa. Todos os papas, ao se dirigirem aos jovens, procuraram incentivar essa posição. Mas, tal postura não é tão fácil. Se olharmos para o mundo adulto, veremos que os jovens idealistas frequentemente se tornam adultos cínicos ou raivosos.

A sabedoria dos velhos e a liberdade dos jovens

Na exortação Christus Vivit (CV) Francisco escreve: “Aos jovens, está confiada uma tarefa imensa e difícil. Com fé no Ressuscitado, poderão enfrentá-la com criatividade e esperança […] Misericórdia, criatividade e esperança fazem crescer a vida. […] Sei que ‘o teu coração, coração jovem, quer construir um mundo melhor […] Continuai a vencer a apatia, dando uma resposta cristã às inquietações sociais e políticas que estão surgindo em várias partes do mundo […] Não olheis da sacada a vida, mergulhai nela, como fez Jesus’ [Vigília da XXVIII Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro]. Lutai pelo bem comum, sede servidores dos pobres, sede protagonistas da revolução da caridade e do serviço, capazes de resistir às patologias do individualismo consumista e superficial”. (CV 173, 174)

A falta de referências adultas que mostrem que o idealismo pode ser vivido de forma realista é uma das maiores causas da desilusão e da revolta dos jovens quando pensam o mundo adulto. Mas, ao mesmo tempo, explicam o grande fascínio que idosos como o Papa Francisco exercem sobre os jovens. Pessoas como ele mostram aos jovens que é possível ter esperança, que o amor e a ternura não são sentimentos ilusórios, que a indignação pode não levar ao ressentimento e a uma violência desnorteada.

Por outro lado, em alguns momentos os próprios jovens podem se tornar uma referência para os adultos. Fiquei particularmente impressionado com o testemunho de um grupo de universitários católicos que, constatando a polarização política do momento atual, passaram a estudar a posição dos candidatos em que não votariam, não para criticá-los, mas para descobrir e o que tinham de bom. A maioria de nós procura sempre justificar a sua posição, desqualificando a do outro… Quanta liberdade tinham esses jovens para não se apegar a suas posições, mas, pelo contrário, procurar se abrir para o outro! 

Cabe a todo adulto cristão ser ele também um testemunho crível de uma postura humana capaz de criar uma política melhor – para que nossos jovens sejam “idealistas realistas”. Cada um de nós é chamado a praticar o discernimento e o amor característicos aos idosos sábios e idealistas, bem como a liberdade e o ímpeto desses jovens que se abriram para descobrir os valores do diferente.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Catequista dá dicas de como falar do Advento com as crianças

Foto: Flickr - Manuel (CC-BY-NC-ND-2.0)
Por Natália Zimbrão

REDAÇÃO CENTRAL, 25 Nov. 22 / 03:13 pm (ACI).- No domingo (27) começa o Advento, quando a Igreja se prepara para o Natal. Trata-se, segundo o catequista Wanderson Saavedra de um “tempo muito importante para a catequese, tempo de falar com as crianças sobre Cristo que vem habitar entre nós, de preparação para a chegada do Salvador”. Para isso, deu algumas dicas de como abordar esse tema na catequese infantil.

Wanderson Saavedra é catequista na paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Luziânia (GO), coordenador da Iniciação à Vida Cristã na diocese de Luziânia e secretário da Comissão para Animação Bíblico-Catequética do Regional Centro-Oeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em janeiro deste ano, foi instituído no ministério de catequista pelo papa Francisco em missa celebrada na basílica de São Pedro, no Vaticano.

Segundo as Normas Gerais para o Ano Litúrgico e o Calendário, da congregação para o Culto Divino: “O Tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa”.

Assim, nas duas primeiras semanas do Advento, reflete-se sobre a vinda do Senhor quando ocorrer o fim dos tempos, enquanto nas duas seguintes se reflete sobre o nascimento de Jesus no Natal.

Nesse tempo, a cor litúrgica é o roxo como símbolo de preparação e penitência. A exceção é o terceiro domingo do Advento, também chamado Domingo Gaudete (da alegria), quando se pode usar a cor rósea e a Igreja convida os fiéis a se alegrarem porque está próxima a vinda do Senhor. Além disso, neste tempo litúrgico não é entoado o hino do Glória, a fim de expressar essa característica de preparação e penitência.

A Instrução Geral do Missal Romano também dá indicações em relação à ornamentação da Igreja e ao uso do órgão e outros instrumentos musicais nas missas e determina que ambos se façam “com a moderação que convém à índole deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor”.  

Para Saavedra, “falar para as crianças do Cristo que está chegando, que vem habitar entre nós é muito interessante. É um tempo de esperança, de preparação. Quando você começa a trabalhar na catequese esses pequenos passos da esperança, do Salvador que está para chegar, fica uma catequese muito tranquila, muito mais serena”, disse. Ele destacou a importância de abordar o tema de “uma forma mais vivencial”, a fim de que as crianças possam “perceber que este é um tempo próprio, é um momento de espera”.

Segundo o catequista, uma maneira para falar sobre o Advento na catequese infantil é “fazer alguns trabalhos manuais” e “o primeiro deles é o presépio”. “É muito rico trabalharmos na catequese durante esse tempo o presépio, a preparação. A cada encontro, você vai acrescentando algum detalhe e as crianças vão trabalhando essa expectativa da espera”, disse.

Outra dica dada por Saavedra é utilizar a coroa do Advento. “Podemos trabalhar com as crianças a confecção da coroa, explicando todos os seus significados, dizer porque a cada final de semana se acende uma vela”. Segundo ele, essa abordagem gera também uma “conexão entre catequese e liturgia”. “É tão interessante quando fazemos esses trabalhos com as crianças nos encontros que, quando elas chegam à celebração da missa, elas lembram”, disse.

Também é possível propor às crianças “compromissos semanais”. “Em cada encontro, temos compromissos que o próprio evangelho nos pede, como a questão da esperança, do anúncio de Jesus, da caridade. Então, o catequista pode propor como viver isso em família, fazer momentos de oração, pequenos gestos. E, no encontro seguinte, a criança relata como foi. Isso sempre baseado no evangelho que foi trabalho nesse período do Advento”, sugeriu.

Wanderson Saavedra destacou ainda a importância de envolver as famílias, por exemplo, com “encontros familiares voltados para o nascimento de Cristo”. “Por causa da pandemia, tivemos uma pausa, mas aqui costumamos fazer o sarau de Natal, com encenação com as crianças, a presença das famílias e eles se sentem muito próximos”, contou.

Além disso, afirmou, “devemos trabalhar a questão do Advento dentro das famílias usando a novena de Natal”, que “traz um aspecto muito rico sobre a vinda de Cristo”. O catequista disse que as crianças “gostam de fazer esses momentos e de estar à frente”. Segundo ele, “muitas vezes, acaba que a própria criança catequiza a família e consegue passar essa mensagem tão linda do Natal”.

Por fim, Saavedra afirmou que, além de pensar nas crianças, os catequistas devem também estar atentos a si próprios, pois “para preparar as crianças, é preciso primeiro estar preparado”. “Nós, como catequistas, precisamos ter esse discernimento, estarmos preparados. Para as crianças, falamos muito que Cristo vai nascer, que Ele está conosco. Mas, e nós? Precisamos nos preparar e o Advento é isso, esse momento de espera, de preparação, de anúncio que o nosso Salvador está para chegar”.

Fonte: https://acidigital.com/

Reflexão para o 1º Domingo do Advento - Ano A

Evangelho do domingo | Vatican News

Vivamos de modo feliz, alegre, fazendo o que o Senhor nos pediu, sem outra preocupação a não ser amar e servir.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

Iniciamos um novo ano litúrgico e, com ele, nova oportunidade para colocarmos nossa vida de acordo com a mensagem cristã extraída da Sagrada Escritura.

O Evangelho de hoje nos fala da segunda vinda de Jesus. O tempo do Advento, que ora iniciamos, tem o objetivo de nos preparar para essa segunda vinda. É verdade que tudo nos leva a nos preparamos para o Natal, mas a liturgia deseja, de modo especial, nos preparar para o encontro definitivo com Cristo, cuja celebração natalina também tem idêntico objetivo.

No Evangelho, Jesus nos diz que é no dia a dia que Deus vem ao nosso encontro, como aconteceu na época de Noé. Apesar de se comentar que aquele tempo chegava ao seu fim, nem todos acreditavam e até zombavam dos que levaram a notícia a sério.

Também nós estamos em um mundo onde as coisas terminam, até o ser humano se extingue! Portanto estamos em um mundo que tem seu fim e para tal deveremos nos preparar.  Se meus antepassados já não mais existem, se pessoas que eu conheci já não mais estão sobre a terra, devo me preparar porque minha hora, meu momento vai chegar. Essa preparação não deve ser de modo estático ou trágico como algumas pessoas pensam, mas de modo dinâmico, dentro da vida diária, sem se fazer nada de especial, apenas praticando os ensinamentos do Senhor, amando a Deus e ao próximo. Nosso fim, nossa morte é certa e inevitável. Da morte ninguém escapa, é uma certeza! Apenas não sabemos quando e nem como.

Por isso é importante que estejamos preparados para esse momento que eternizará nossa existência.

Lembro-me de uma brincadeira de criança chamada “brincar de estátua”. As crianças estão pulando, dançando, fazendo qualquer coisa e aí o coleguinha grita “estátua” e todos deverão permanecer paralisados, como estavam quando ouviram o grito “estátua”. Também assim será o momento do encontro com Deus. Quando o Senhor nos chamar, quando disser “estátua”, não haverá possibilidade alguma de mudança, mas nos apresentaremos a Ele como fomos encontrados. Portanto aquele ditado que diz “Para onde a árvore pende, para lá cairá”, é uma grande verdade.

Aquele será o dia da nossa realidade, quando não mais poderemos mudar de coisas. Ao preencher a última página no livro de nossa existência, tudo estará consumado. Tudo estará nas mãos de Deus.

Portanto, vivamos de modo feliz, alegre, fazendo o que o Senhor nos pediu, sem outra preocupação a não ser amar e servir.

Nossa vida, nossa saúde, nossos dons e bens, intelectuais, espirituais e materiais deverão ser colocados à disposição de Deus, ou seja, das pessoas que Ele colocou em nossa vida, para que sejam felizes, para que O conheçam e O amem. Isso será eternizado quando chegar ao fim nossa participação neste mundo. Não sirvamos de nossa vida e dos bens que possuímos para nossa própria ruína. Deus nos criou livres e assim nos deixa viver. Sejamos responsáveis!

Poderíamos nos perguntar: Meu marido, minha mulher, meu filho, minha filha, meu pai, minha mãe, meu irmão, minha irmã, meu amigo, minha amiga, meu companheiro, minha companheira, enfim essas pessoas que Deus colocou por um tempo em minha vida, se tornaram mais felizes porque conviveram comigo ou minha presença foi ocasião de desilusão e fracasso? Aí já está o nosso juízo. Minha vida valeu? Ainda há tempo! Estamos vivos! Poderemos mudar!

É tempo de Advento

Advento | dioceseleopoldina

É TEMPO DE ADVENTO

 

 

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

Este domingo abre o tempo do Advento. Dois temas são centrais no tempo preparatório para a o Natal: a celebração da primeira vinda de Jesus Cristo no Natal e o anúncio da sua segunda vinda. No tempo presente os cristãos são convidados a acolherem nos acontecimentos diários da história pessoal e comunitária as vindas e manifestações de Deus. O Advento é um tempo a ser vivido na vigilância, conforme os textos bíblicos da liturgia Isaías 2,1-5, Salmo 121, Romanos 13,11-14 e Mateus 24,37-44). Também é um tempo a ser vivido na virtude teologal da esperança pois Deus realiza maravilhas em favor de seu povo. 

A vinda de Deus em direção aos homens é uma constante na história que começa na criação e vai até a parusia. O primeiro movimento é sempre de Deus, tanto que é Ele é definido como “Aquele que vem”. Por isto, o Advento convida-nos a andar ao seu encontro e deixar-se encontrar por Ele. A admoestação de São Paulo aos romanos elucida como deve-se ser feito este caminho de aproximação. “Já é hora de despertar” (…) a noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia (…), revesti-vos do Senhor Jesus Cristo”. Vigiar é não se deixar tomar pela distração, pela superficialidade, pelo desencorajamento, mas viver preocupado consigo, com o próximo e com o mundo.  Portanto, a vigilância permite perceber a presença da Deus nas mais variadas situações da vida pessoal e social.   

O Advento é tempo de esperança. “Na esperança é que fomos salvos”, diz São Paulo aos romanos 8, 24. A grande esperança é Deus que abraça o universo e nos pode propor aquilo, que sozinhos, não podemos conseguir. O Advento é tempo favorável para a redescoberta da esperança, não aquela vaga e ilusória, mas certa e confiável, porque está fundamentada em Jesus Cristo, sendo Deus assumiu a vida humana.  

A liberdade humana permite dizer “sim” ou “não” a Deus. O ser humano pode apagar a esperança eliminando do seu horizonte a presença de Deus para viver somente por si mesmo. Como Deus conhece os humanos, não cesse de buscá-los e bater à sua porta, como um humilde peregrino em busca de hospedagem como aconteceu em Belém. Através da Igreja Deus fala à humanidade e se aproxima dela. A liturgia do Advento é a resposta da Igreja para despertar no mundo o desejo de Deus. 

A esperança cristã chama-se “teologal” porque Deus é a sua fonte, o seu ponto de apoio e o seu fim. A esperança está relacionada com a fé. Cremos no Deus que veio habitar entre nós, no Deus misericordioso e bondoso, na morte e ressurreição de Jesus na qual revelou uma esperança inabalável que nem a morte pode derrubar, porque a vida de quem se entrega a Deus abre-se à perspectiva da eternidade. Por isso a grande esperança, a plena e definitiva, é garantida por Deus, que é Amor, que nos visitou. É em Cristo que esperamos. É Ele que aguardamos no Natal. 

A espera, a expectativa está presente no cotidiano, desde o aguardar numa fila de mercado até momentos mais importantes que empenham mais atenção e dedicação, como a espera de um filho da parte dos esposos. É possível dizer que os humanos vivem enquanto esperam, enquanto no seu coração estiver viva a esperança. Pode-se dizer que a estatura moral e espiritual das pessoas pode ser medida a partir daquilo que aguardam, daquilo que esperam. A pergunta que cabe a cada um de nós, especialmente no tempo do Advento que prepara para o Natal: o que espero? para onde tende o meu coração? da minha família, do mundo? Espero a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo?

sábado, 26 de novembro de 2022

Ciência revela que mostrar gratidão nos torna mais felizes

Ground Picture | Shutterstock
Por Cerith Gardiner

Ser grato gera muitos benefícios - e este é um bom momento para nos comprometermos novamente com a prática.

Quando temos um verdadeiro sentimento de gratidão, estamos fazendo um grande favor a nós mesmos, de acordo com estudos relatados no Daily Health Post.

Os cientistas descobriram que o próprio ato de sentir-nos gratos é benéfico para nossa saúde. Um estudo liderado pelos psicólogos Dr. Robert Emmons, da Universidade da Califórnia em Davis, e Dr. Michael McCullough, da Universidade de Miami, se baseou no feedback de três grupos de pessoas sobre os efeitos físicos da prática da gratidão. O que eles constataram é que o cérebro responde a sentimentos genuínos de gratidão. Portanto, quando você ensina os seus filhos a dizer “obrigado”, você também está fazendo um favor a eles.

Durante a pesquisa, os psicólogos pediram aos diferentes grupos de estudo que registrassem informações diferentes: o primeiro manteve um diário de gratidão; o segundo anotou pontos que os incomodaram naquele dia; e o último apenas registrou os sentimentos daquele dia.

Após dez semanas, os pesquisadores puderam afirmar que as pessoas que expressaram gratidão diária se mostraram mais positivas e otimistas do que as dos outros grupos, além de estarem fisicamente mais dispostos, com menos idas ao médico do que os outros dois grupos.

Esse feedback positivo já é animador, mas estudos posteriores mostraram efeitos mais tangíveis da gratidão no indivíduo. Primeiro, as pessoas que praticam a gratidão sentem menos ansiedade e, portanto, têm melhores noites de sono. Por sua vez, o bom sono e o menor estresse reduzem as chances de insuficiência cardíaca.

Sendo o cérebro tão complexo, há efeitos ainda mais positivos da gratidão. Os cientistas descobriram que um dos neuroquímicos liberados pelo ato de gratidão é o hormônio do prazer, a dopamina – que, aliás, pode ser reexperimentada quando a pessoa revive a emoção da gratidão.

O artigo do Daily Health Post registra sobre a ciência da gratidão:

“O simples ato de escrever palavras gratas se mostrou associado a uma sensibilidade neural significativamente maior e duradoura à gratidão – os indivíduos que participaram da ação de escrever cartas de agradecimento mostraram aumentos comportamentais na própria gratidão e uma modulação neural significativamente maior pela gratidão no córtex pré-frontal medial depois de três meses”.

Estes fatos têm impacto positivo também nos adolescentes que expressam gratidão. O sentimento positivo advindo de sentir-se gratos parece criar um sentimento de autoestima no adolescente, bem como de compaixão pelos outros, segundo um estudo da Frontiers. Portanto, é uma prática a ser incentivada em qualquer adolescente, para que eles possam cuidar dos outros e, ao mesmo tempo, manter-se num caminho positivo ao longo desses anos conturbados.

Expressar gratidão pode ser útil ainda no casamento. Em vez de criticar e criticar, quando um cônjuge dedica tempo a mostrar gratidão ao outro, ele não apenas faz o outro sentir-se valorizado, mas ele próprio também sente prazer, conforme detalhado em relatório da Clinical Psychology Review.

A ciência da gratidão mostra que vale a pena fazer dessa atitude um hábito diário, como indivíduos e como família, para colher os frutos positivos que ela pode fazer germinar.

Você pode ler o artigo completo do Daily Health Post aqui.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Cardeal Sergio da Rocha: Cuidar de si e do outro

Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador e
Primaz do Brasil 

O cuidado de si necessita do outro, a partir dos círculos mais próximos de relacionamentos, como a família. A experiência de ser amado é fundamental na superação de enfermidades, especialmente quando se trata de distúrbios de cunho psicológico.

Cardeal Sergio da Rocha - Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil

O cuidado da pessoa tem incluído, sempre mais, a atenção à saúde, apesar das dificuldades constatadas na prevenção de enfermidades e no atendimento médico-hospitalar. É preciso considerar a pessoa humana com suas várias dimensões, que não devem ser descuidadas, incluindo-se a emocional e a espiritual, que nem sempre recebem a devida atenção. Infelizmente, muitas vezes, a busca de ajuda ocorre quando já se instalou ou agravou uma enfermidade. As dificuldades de acesso aos serviços de saúde e os seus altos custos pesam bastante, agravando situações que poderiam ser prevenidas ou tratadas no devido tempo.

Embora seja sempre necessário o papel de cada um no cuidado da própria saúde, é muito importante a atenção das pessoas mais próximas, como familiares, amigos e colegas de trabalho. A ajuda fraterna respeitosa, sem alarmismos, pode contribuir bastante para que alguém possa reconhecer quadros de enfermidade e a buscar o devido tratamento, sem medo ou vergonha. A presença amiga e solidária é sempre muito importante junto de quem passa por situações de maior fragilidade na saúde, mas a ajuda especializada pode ser muito necessária.

Os casos de depressão, ansiedade e estresse aumentaram no contexto da pandemia. As incertezas, o medo, a enfermidade ou morte de familiares e amigos, as dificuldades econômicas, têm repercutido na vida das pessoas, afetando também a saúde mental. Dentre os diversos fatores importantes de proteção da saúde mental estão o sentido dado à própria existência, a redescoberta do valor e da alegria de viver e as atividades religiosas.  No campo da espiritualidade têm sido revalorizados, hoje, a meditação, o silêncio e a oração, assim como a participação numa comunidade fraterna e acolhedora.

O cuidado de si necessita do outro, a partir dos círculos mais próximos de relacionamentos, como a família. A experiência de ser amado é fundamental na superação de enfermidades, especialmente quando se trata de distúrbios de cunho psicológico. O amor que se expressa no cuidado de quem sofre contribui para a cura. Não podemos cansar de amar quem passa por momentos de angústia e depressão e necessita de maior atenção fraterna e de cuidados. Amigos, familiares e profissionais de saúde compartilham a tarefa bela e exigente de cuidar.  Contudo, os problemas não se restringem ao interior das casas ou ambientes de trabalho. Merecem especial atenção, dentre outros, os que estão abandonados nas ruas, os que estão nas prisões e quem está em situação de extrema pobreza. As doenças mentais não implicam em menor dignidade humana ou menos direito à assistência médica. É necessário olhar com mais atenção e cuidar da vida fragilizada pelas enfermidades, com especial atenção aos problemas de saúde de cunho psiquiátrico ou psicológico.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF