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domingo, 3 de setembro de 2023

O Papa: temos sede de amor, porque só o amor nos sacia verdadeiramente

O Papa Francisco durante a missa celebrada na "Steppe Arena", em Ulan Bator, Mongólia

"Trazemos dentro de nós uma sede inextinguível de felicidade; andamos à procura de significado e orientação para a nossa vida, de motivação para as atividades que realizamos cada dia. Queridos irmãos e irmãs, a fé cristã é resposta a esta sede", disse Francisco em sua homilia.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco celebrou a missa na "Steppe Arena", neste domingo (03/09), em Ulan Bator, no âmbito de sua viagem apostólica internacional à Mongólia. Participaram da missa mais de duas mil pessoas, dentre as quais peregrinos das Filipinas, Vietnã e Camarões.

Francisco iniciou sua homilia, citando o Salmo 63 que diz: «Ó Deus, (...) a minha alma tem sede de Ti, todo o meu ser anela por Ti, como terra árida, exausta, sem água». A seguir, recordou que Jesus "nos mostra o caminho para ficarmos saciados: é o caminho do amor, que Ele percorreu até ao fim, até à cruz".  Depois, o Papa se deteve em dois aspectos: a sede que nos habita e o amor que sacia a nossa sede.

Peregrinos à procura da felicidade

"Primeiramente, somos chamados a reconhecer a sede que nos habita", disse o Papa, recordando que "o salmista grita para Deus a sua secura, porque a sua vida se assemelha a um deserto. As suas palavras têm uma ressonância particular numa terra como a Mongólia: um território imenso, rico de história e cultura, mas caraterizado também pela aridez da estepe e do deserto". "Muitos de vocês estão habituados ao encanto e à fadiga de caminhar. Com efeito, todos somos «nômades de Deus», peregrinos à procura da felicidade, viandantes sedentos de amor", disse o Pontífice, acrescentando:

Assim o deserto evocado pelo salmista refere-se à nossa vida: somos aquela terra árida que tem sede de água límpida, água que mata a sede em profundidade; é o nosso coração que deseja descobrir o segredo da verdadeira alegria, aquela que nos pode acompanhar e sustentar mesmo no meio da aridez existencial.

“É verdade! Trazemos dentro de nós uma sede inextinguível de felicidade; andamos à procura de significado e orientação para a nossa vida, de motivação para as atividades que realizamos cada dia; e sobretudo temos sede de amor, porque só o amor nos sacia verdadeiramente, faz sentir bem, abre à confiança fazendo-nos saborear a beleza da vida. Queridos irmãos e irmãs, a fé cristã é resposta a esta sede.”

A seguir, Francisco passou ao segundo aspecto: o amor que sacia a nossa sede. Segundo o Pontífice, "este é o conteúdo da fé cristã: Deus, que é amor, no seu Filho Jesus, fez-se próximo de ti, deseja partilhar a tua vida, as tuas fadigas, os teus sonhos, a tua sede de felicidade. É verdade que, às vezes, nos sentimos como terra deserta, árida e sem água, mas é igualmente verdade que Deus cuida de nós e nos oferece a água límpida e refrescante, a água viva do Espírito que, brotando em nós, nos renova, libertando-nos do perigo da secura. Esta água nos é dada por Jesus".

Só o amor sacia verdadeiramente a nossa sede

Recordando as palavras de Santo Agostinho, «Deus teve misericórdia de nós e abriu-nos um caminho no deserto: nosso Senhor Jesus Cristo. E proporcionou-nos uma consolação no deserto: os pregadores da sua Palavra», o Papa disse:

Estas palavras, queridos amigos, recordam a vossa história: nos desertos da vida e nas limitações por serdes uma comunidade pequena, o Senhor não vos deixa faltar a água da sua Palavra, especialmente através dos pregadores e missionários que, ungidos pelo Espírito Santo, a semeiam em toda a sua beleza. E a Palavra sempre nos remete para o essencial da fé: deixar-se amar por Deus para fazer da nossa vida uma oferta de amor. Porque só o amor sacia verdadeiramente a nossa sede.

"Se pensamos que o sucesso, o poder, as coisas materiais são suficientes para saciar a sede de nossas vidas, esta é uma mentalidade mundana, que não leva a nada de bom, pelo contrário nos deixa mais áridos do que antes", sublinhou Francisco.

O melhor caminho de todos é este: abraçar a cruz de Cristo

Irmãos, irmãs, o melhor caminho de todos é este: abraçar a cruz de Cristo. No coração do cristianismo, temos esta notícia impressionante e extraordinária: quando perdes a tua vida, quando a ofereces generosamente, quando a pões em risco comprometendo-a no amor, quando fazes dela um dom gratuito para os outros, então a vida volta para ti em abundância, derrama dentro de ti uma alegria que não passa, uma paz do coração, uma força interior que te sustenta.

"Esta é a verdade que Jesus nos convida a descobrir, que Jesus quer desvendar a todos vós, nesta terra da Mongólia: para ser feliz, não serve ser grande, rico ou poderoso. Só o amor nos sacia o coração, só o amor cura as nossas feridas, só o amor nos dá a verdadeira alegria. Este é o caminho que Jesus nos ensinou e abriu para nós. Com a graça de Cristo e do Espírito Santo, poderemos trilhar o caminho do amor", concluiu.

Obrigado, por serdes bons cristãos e honestos cidadãos

No final da missa celebrada em Ulan Bator, o Papa Francisco saudou os presentes, dizendo que partiu "para esta peregrinação animado de grande esperança, no desejo de os encontrar e conhecer".

Obrigado, por serdes bons cristãos e honestos cidadãos! Ide em frente, com mansidão e sem medo, sentindo a proximidade e o encorajamento de toda a Igreja, e sobretudo o olhar terno do Senhor que não se esquece de ninguém e olha com amor para cada um dos seus filhos.

A seguir, o Papa saudou os bispos, os sacerdotes, os consagrados e consagradas, e todas as pessoas de várias regiões do imenso continente asiático que foram à Mongólia. Expressou particular reconhecimento a quantos ajudam a Igreja local, apoiando-a espiritual e materialmente. Agradeceu ao presidente e às autoridades pelo acolhimento e cordialidade, bem como por todos os preparativos realizados.

Continuemos a crescer juntos na fraternidade

A seguir, saudou de coração os irmãos e irmãs de outras confissões cristãs e religiões: "Continuemos a crescer juntos na fraternidade, como sementes de paz num mundo tristemente funestado por demasiadas guerras e conflitos."

Francisco agradeceu também a todos aqueles que trabalharam para tornar frutuosa e possível esta viagem, e a quantos a prepararam com a oração.

A palavra «obrigado», na língua mongol, deriva do verbo «regozijar-se». "O meu obrigado corresponde a esta bela intuição da língua local, pois é cheio de alegria", disse Francisco, acrescentando: "É um obrigado grande a vós, povo mongol, pelo dom da amizade que recebi nestes dias, pela vossa capacidade genuína de apreciar até os aspectos mais simples da vida, de preservar sabiamente as relações e as tradições, de cultivar com cuidado e solicitude a vida do dia-a-dia."

Eucaristia, centro vital do Universo

"A missa é ação de graças, “Eucaristia”. Celebrá-la nesta terra fez-me lembrar a oração do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin, elevada a Deus exatamente há 100 anos, no Deserto de Ordos, não muito distante daqui. Diz assim: «Prostro-me, meu Deus, diante da vossa presença no Universo volvido ardente e, sob os traços de tudo o que eu encontrar, e de tudo o que me acontecer, e de tudo o que realizar no dia de hoje, desejo-vos e espero-vos»", disse o Papa.

O Padre Teilhard estava ocupado com pesquisas geológicas. Desejava ardentemente celebrar a Santa Missa, mas não trazia consigo nem pão nem vinho. Eis, então, que compôs a sua “Missa sobre o Mundo”, expressando assim a sua oferenda: “Recebei, Senhor, esta Hóstia total que a Criação, movida pelo vosso apelo, vos apresenta na nova aurora”.

Segundo o Papa, "uma oração semelhante já havia surgido em sua mente, enquanto se encontrava na frente de batalha, durante a Primeira Guerra Mundial, servindo como carregador de macas".

"Este sacerdote, muitas vezes incompreendido, tinha percebido que «a Eucaristia é sempre celebrada, de certo modo, sobre o altar do mundo» e é «o centro vital do Universo, centro transbordante de amor e de vida sem fim», inclusive num tempo como o nosso, de tensões e de guerras", sublinhou Francisco, citando alguns trechos de sua Encíclica Laudato si'.

"Irmãos e irmãs da Mongólia, obrigado pelo vosso testemunho! Que Deus vos abençoe. Estais no meu coração e, no meu coração, permanecereis. Por favor, lembrai-vos de mim nas vossas orações e nos vossos pensamentos", concluiu.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Inculturação no primeiro milênio (1/2)

Os ofertantes apresentados a Santo Ambrósio pelos mártires Gervásio e Protásio, 
lado leste do cibório (século X), Basílica de Santo Ambrósio, Milão

Arquivo 30Dias – 08/09 - 2003

Inculturação no primeiro milênio

Bruno Luiselli, professor catedrático de literatura latina, explica em seu último livro como o cristianismo se difundiu entre os analfabetos e os pobres nos primeiros séculos, falando em sua língua e através de sua cultura. Desde o início, a dinâmica da inculturação foi uma necessidade óbvia, ainda que não teorizada. Entrevista

por Paolo Mattei

O professor Bruno Luiselli chama o período do século V ao VIII d.C. na Europa Ocidental de «era romano-bárbara». Séculos de convulsões históricas, de fronteiras violadas, de emigrações massivas e violentas de populações nómadas e pagãs nos territórios do antigo Império Romano. Séculos que sempre foram metaforizados às pressas na imagem do pôr-do-sol, com a noite de silêncio cultural e humano que naturalmente se seguiria. «Eu, por outro lado, sempre estudei este período com os olhos não voltados para o seu passado, mas para o seu futuro. Considero essa idade não em retrospectiva mas em perspectiva», explica ao 30DiasLuiselli, professor titular de literatura latina na Universidade La Sapienza e professor do Instituto Patrístico Augustianum de Roma. A perspectiva de “perspectiva” adoptada pelo professor permite-nos observar melhor a riqueza dos frutos que durante os séculos da época romano-bárbara amadureceram na Europa Ocidental em termos de crescimento humano e cultural. No seu último livro, A Formação da Cultura da Europa Ocidental (Herder, Roma 2003), Luiselli reconstitui as etapas dessas grandes transformações. E presta especial atenção ao processo de evangelização dos povos do Império e dos chamados bárbaros, utilizando as categorias sociológicas de cunhagem muito recente como “inculturação” e “aculturação”. Fizemos algumas perguntas a ele.

Qual é o sentido de falar de inculturação nos primeiros séculos do cristianismo?
BRUNO LUISELLI: Inculturação é um termo que constitui uma conquista de hoje, especialmente desde o Concílio Ecumênico Vaticano II. É a dinâmica através da qual a mensagem evangélica e a doutrina cristã entram nas línguas e nas culturas locais, são inculturadas precisamente, para chegar adequadamente aos destinatários da própria mensagem, da própria doutrina. Uma bibliografia agora rica floresceu sobre inculturação durante muitos anos; conferências são realizadas e muito se teoriza sobre isso. Então me perguntei: uma dinâmica desse tipo, mesmo que não fosse teorizada como agora, estava ausente no cristianismo antigo, na Igreja antiga? Comecei a refletir e percebi que muitos aspectos e dinâmicas do cristianismo primitivo nada mais eram do que inculturação. Não houve teorização sobre inculturação, mas era uma necessidade óbvia. E então decidi escrever esta história da cristianização dentro do mundo romano e nas vertentes ditas bárbaras, germânicas e celtas.

Você explica que uma das primeiras manifestações do conceito de inculturação pode ser encontrada no discurso de Paulo aos atenienses no Areópago.
LUISELLI: Sim, é o episódio que lemos em Atos dos Apóstolos 17,22-31. Paulo é o primeiro a afirmar a assunção do cristianismo de elementos da cultura pagã, justamente o altar ao deus desconhecido e o verso do poeta-filósofo grego Arato: “desse deus somos a linhagem”. O Apóstolo proclama que o altar que os pagãos dedicaram ao deus que não conhecem, eles ergueram inconscientemente ao Deus verdadeiro. Paulo então enuncia a assunção das realidades pagãs para usá-las para os propósitos da proclamação cristã. Mas gostaria de dizer que a inculturação na história do cristianismo se manifesta ainda antes do discurso no Areópago. Acontece pela primeira vez precisamente na própria Encarnação, quando o Verbo com P maiúsculo, Deus, assume a natureza humana e se expressa com a palavra do homem, ao longo do tempo, no lugar e na cultura particulares em que Jesus viveu. «O Verbo se fez carne e habitou entre nós», diz João.

Quem são os destinatários da inculturação cristã nos primeiros séculos?
LUISELLI: Em primeiro lugar, os pobres. Em Mateus 11:5 lemos que “a boa notícia é anunciada aos pobres”. E os destinatários da primeira das bem-aventuranças ( Mt 5,3) são «os pobres de espírito» que, na minha opinião, são precisamente os pobres, aqueles que não possuem riquezas. Isto é confirmado pela bem-aventurança paralela, a de Lucas 6,20, na qual se diz apenas “bem-aventurados os pobres”. Com efeito, o esclarecimento “no espírito” sublinha, na minha opinião, a condição que não permite aos pobres a arrogância e o carácter dogmático típicos das classes economicamente hegemónicas.

Como se expressa esta preferência pelos pobres na evangelização do mundo romano?
LUISELLI: Os pobres, as massas analfabetas, são o componente enormemente majoritário da sociedade antiga. Então a mensagem cristã é inculturada entre os pobres, entre as massas analfabetas, falando com a sua língua e com a sua cultura. Mostro neste livro como o latim, através do qual a mensagem cristã é expressa quando dirigida às massas do mundo romano, é um latim humilde e degradado. É por isso que faz os intelectuais pagãos torcerem o nariz. Os apologistas cristãos respondem às suas críticas com uma magnífica postura antigramatical e antipurista. Como explica Arnóbio: “O que é dito talvez seja menos verdadeiro se cometemos erros de número, de caso, de preposição, de particípio ou de conjunção?”. O próprio Agostinho mostra, desde a sua pregação, o desejo de se fazer compreender pelos humildes destinatários das suas palavras: «Que nos importam as reivindicações dos gramáticos? É melhor que você nos compreenda enquanto proferimos barbáries, do que ser abandonado por nós enquanto falamos eloquentemente”; ou: “É preferível ser repreendido pelos professores de gramática do que não ser compreendido pelas pessoas”.

Mas a mensagem cristã é por natureza dirigida a todos…
LUISELLI: Claro. As classes socialmente elevadas, a intelectualidade romana, certamente não estão excluídas da redenção. Assim, a mensagem cristã também se expressa através da cultura da intelectualidade aristocrática. A este respeito, devemos ter em mente que o Cristianismo, embora sendo e permanecendo uma “religião da Tradição”, é também uma “religião do Livro”. Os apóstolos de Cristo e os seus sucessores trouxeram a Tradição oral e o Livro, ou seja, o corpus de textos do Antigo e do Novo Testamento, para todo o mundo. Para ler e compreender o Livro por excelência, os intelectuais cristãos encontraram confortáveis ​​e úteis os instrumentos de leitura que a tradição escolástica romana e helenística disponibilizou. A cultura profana greco-romana encontrou-se assim com a cristã. A cultura profana consistia em gramática, retórica, artes liberais, que posteriormente, a partir da antiguidade tardia e depois ao longo da Idade Média, será denominado "trivium" e "quadrivio". Este é outro tipo de inculturação, inteiramente dentro do mundo romano. Quando a mensagem cristã é dirigida à intelectualidade pagã, utiliza uma linguagem apropriada, valendo-se da parafernália retórica tradicional, como se vê, por exemplo, na literatura que defende o credo cristão dos ataques dessa mesma intelectualidade. Muitos cristãos eram discípulos de professores pagãos e eles próprios se tornaram mestres da gramática e da retórica com os discípulos pagãos. Desta forma, o cristianismo assimilou e salvou o produto mais prestigiado do paganismo: grande parte da cultura clássica e da escola. Resumindo,

E o que aconteceu nas encostas bárbaras do mundo ocidental?
LUISELLI: O cristianismo difundiu-se segundo a mesma dinâmica de inculturação também entre os povos germânicos e entre os povos celtas, com o uso de línguas e culturas locais quando se tratava de se expressar ao nível das massas pobres. Quando, pelo contrário, foi necessário explicar o Livro por excelência, não foi possível encontrar nessas áreas a culta tradição expressiva e a doutrina gramatical e retórica presentes no mundo romano. Tornou-se então necessário introduzir essas mesmas ferramentas interpretativas do texto bíblico nas vertentes extra-romanas. Assim, naquelas áreas não romanas, a inculturação do segundo nível, do mais alto nível, foi transformada em “aculturação” no sentido romano. Assim, a dinâmica da inculturação, utilizando línguas e culturas locais, legitimou e valorizou essas mesmas línguas e culturas ao favorecer o nascimento de literaturas nacionais no vernáculo. Enquanto a dinâmica de aculturação no sentido romano criou o koiné intelectual de formação romana capaz de escrever e falar em latim.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Reflexão para o XXII Domingo do Tempo Comum (A)

Evangelho do domingo  ( BAV Vat.lat.39, f.67v)

Seguir Jesus significa abrir mão de toda ambição pessoal, aceitar o que Deus enviar, significa assinar uma folha em branco e confiar absolutamente em Deus.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

No Evangelho Jesus nos mostra a necessidade de assumirmos nossa cruz se quisermos segui-lo.

Esse seguimento, do Mestre carregando a cruz, de acordo com o Senhor, possui quatro etapas:

ir a Jerusalém: “Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém”, local de resistência e de oposição à sua missão; aceitar os sofrimentos causados pelos membros do Sinédrio - anciãos, sumos sacerdotes e mestres da Lei - ou seja, os ricos, os poderes religiosos e os ideólogos; ser julgado, condenado e morto por esses grupos formadores da opinião pública; e ressuscitar ao terceiro dia.

Essa situação proposta por Jesus desagrada aos discípulos e Pedro, encorajado por ter há pouco reconhecido o Senhor como o Filho de Deus e ter recebido um grande elogio por parte de Jesus, permite-se contestar o Mestre.

Jesus discorda radicalmente de um de seus três discípulos preferidos e até o chama de “satanás, pedra de tropeço porque não pensa as coisas de Deus e sim as coisas dos homens!”

Essa advertência de Jesus a Pedro de que ele não pensa nas coisas de Deus e sim nas dos homens, quer dizer que o pensamento e o coração dos discípulos ainda estão tomados pelas coisas mundanas e que por isso ele deseja fazer com que Deus mude de orientação. Para Pedro será Deus que deverá se tornar imagem e semelhança da sua criatura, e não o inverso.

Consequentemente, aceitar a cruz e suas consequências, por este ser o seguimento de Jesus, é divinizar-se, é tornar-se imagem e semelhança de Deus, como quer o Criador. Por isso ela leva à ressurreição.

Disse, então, Jesus: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la: e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida?”

Seguir Jesus - e isso deve ser feito livremente pela adesão do coração - significa abrir mão de toda ambição pessoal, aceitar o que Deus enviar, significa assinar uma folha em branco e confiar absolutamente em Deus.

Não importa se seguir Jesus trará mais ou trará menos sofrimentos. Não é por aí que deveremos nos conduzir. Seguir Jesus é segui-lo por onde ele for, livremente, por adesão do coração e aceitando o que vier,  por fidelidade e amor.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Gregório Magno

São Gregório Magno (A12)

03 de setembro

São Gregório Magno

Gregório nasceu no ano 540 em Roma. Sua família, de sobrenome Anícia, tradicional na alta corte romana, era rica, poderosa e influente; seu pai, que havia sido senador e prefeito da cidade, participava ativamente do seu governo. Além disso, ele viveu e foi educado num ambiente cristão: as três mulheres mais responsáveis pela sua formação espiritual e cultural, a mãe Silvia e as tias paternas Emiliana e Tarsila, são santas canonizadas. A mansão familiar erguia-se num dos lados do monte Célio, lugar privilegiado no centro da Roma antiga, de onde se avistavam, já naquela época, ruínas da antiga grandeza romana, causadas por catástrofes naturais e pelas invasões bárbaras.

De fato, durante mais de 150 anos, a península italiana foi invadida por hordas estrangeiras, que sucessivamente saquearam e dizimaram Roma: em 410, os visigodos; em 455, os vândalos; em 472, os suevos e burgúndios; em 476, os germanos; em 489, os ostrogodos; a partir de 526, godos e bizantinos ali se bateram por mais de duas décadas; por fim, os bizantinos a serviço de Constantinopla, sob o imperador Justiniano, derrotaram os ostrogodos, que haviam invadido Roma em 546, período da infância de Gregório. Seguiu-se um tempo de relativa paz que permitiu a Gregório, seguindo a tradição familiar, cursar a carreira jurídica.

De inteligência e capacidade organizativa superiores, Gregório destacou-se nos meios cultos da época, e aos 30 anos foi nomeado prefeito de Roma, exercendo o cargo com austeridade e honestidade, seguindo seus princípios católicos. Mas já nesta época, nova invasão ocorreu na Itália: em 568, os lombardos, que haviam adotado a heresia ariana (a qual considerava Jesus inferior ao Pai), e cujo método de ação era a violência extrema, com a eliminação metódica das elites latinas, conquistaram o norte do país. Inúmeros sobreviventes foram para Roma; entre eles, monges beneditinos de Montecassino, o primeiro mosteiro fundado por São Bento. Gregório doou a eles um palácio da família no monte Célio, onde fundaram o mosteiro de Santo André. A frequente convivência com eles levou Gregório a se tornar religioso.

Durante a sua atividade civil, Gregório já sentia o chamado da vocação monacal, e tendo concluído seu mandato em 575, ingressou no mosteiro de Santo André. Foi o melhor período da sua vida, como admitiu depois, quando pôde dedicar-se ao silêncio, à oração, à meditação da Palavra de Deus e às leituras sagradas. Depois de quatro anos, foi ordenado pelo Papa Bento I diácono regional, ou seja, encarregado da administração de uma das regiões eclesiásticas que nessa época dividiam a cidade de Roma. E como suas qualidades não podiam ficar escondidas, não muito tempo depois o novo Papa, Pelágio II, o enviou como Apocrisário (núncio) à capital do Império do Oriente, Constantinopla.

Passou ali seis anos lidando com as dificuldades da corte e no firme combate às influências das heresias monofisita (Cristo só teria a natureza divina, mas não a humana) e nestoriana (Cristo não seria uma única pessoa, com natureza divina e humana, mas duas pessoas, o Jesus humano o Logos divino), e conseguindo manter um estilo de vida monástico, além de escrever, neste período, a maior parte da sua obra literária. Voltou a Roma por volta de 585, sendo eleito abade em Santo André, e neste cargo ficou conhecido pela sua caridade, dedicação, firmeza e austeridade.

Em 589 chuvas de intensidade absurda provocaram uma calamidade em Roma, com destruição e fome, seguidas por uma epidemia devastadora de peste bubônica, da qual morreu o Papa Pelágio II. O clero, o senado e o povo, unanimemente, aclamaram Gregório como o novo Papa; ele, sentindo-se indigno do cargo, fugiu para as montanhas e florestas vizinhas, até ser achado e então, humildemente reconhecendo a vontade de Deus, ser sagrado em 590. Não quis receber outro título senão o de servus servorum Dei — servo dos servos de Deus.

Gregório I assumiu o pontificado numa época de caos civil e abalos heréticos na Igreja. Ele reconheceu a sua época como uma de transição, do fim do ius civitatis romano (conjunto de direitos e deveres de um indivíduo em relação à comunidade em que vive) a ser substituído pelo donum caritatis cristão (presente da caridade), se é que a civilização ocidental deveria continuar. Procurou assim elevar os espíritos às realidades sobrenaturais, para que vivessem os acontecimentos temporais sob uma perspectiva eterna; e desse modo fez o transporte definitivo da Europa pagã do mundo antigo para a nova civilização cristã sob o Evangelho, regada pelo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador.

A desolação provocada pelos lombardos continuava, e por duas vezes Roma foi por eles sitiada. Nas duas ocasiões, a intervenção de Gregório obteve o levantamento pacífico do cerco. Foram assinadas tréguas, e o Papa empenhou-se na conversão dos invasores da Itália. Conseguiu, com a ajuda da princesa Teodolinda, esposa do chefe lombardo e filha do rei católico da Baviera, o batismo do filho do casal – primeiro passo na futura conversão de todo este povo.

Protegeu os judeus, na Itália, contra a perseguição dos hereges. Na Espanha, Gregório apoiou São Leandro na conversão do rei Recaredo, visigodo e ariano, e por conseguinte desta nação; na Gália, isto é, França, manteve boas relações com os monarcas francos, conseguindo a renovação do clero em decadência, a convocação de sínodos e a extinção de persistentes e cruéis práticas pagãs; e sobretudo obteve a conversão da Grã-Bretanha (Inglaterra), ex-província do império romano, no seu tempo paganizada pelos invasores anglo-saxões: conseguiu o casamento de uma princesa católica francesa com um dos seus reis e enviou inúmeros missionários, destacando-se Santo Agostinho de Cantuária, responsável direto pela conversão de milhares de insulares . Seu desejo caridoso de chamar os infiéis a Cristo, e não de meramente combatê-los, fez florescer no Ocidente a Igreja e “o bom perfume” de Cristo (cf. 2Cor 2,14-15). Fez com que o cristianismo fosse respeitado por sua piedade, prudência e magnanimidade, sendo assim muito amado pelo povo simples e acreditado pelos pagãos.

Não menos importante foi a sua ação dentro da própria Igreja. Levando uma vida monacal, dispensou do palácio pontifício os servidores leigos, o que diminuiu os abusos cortesãos e levianos. Exigiu o trabalho, a disciplina, a moralidade (incluindo a observância do celibato pelo clero) e o respeito às tradições da Doutrina. Reformou a Liturgia, introduzindo a oração do Pai Nosso na Santa Missa, e criando o Canto Gregoriano, próprio para com a dignidade necessária elevar a música como adequado auxílio às orações litúrgicas. Escreveu a Regra Pastoral, como orientação, ainda atual, para a santidade do clero, e várias outras obras: Livro dos Diálogos, para a edificação dos fiéis; Vida de São Bento, Sacramentária Gregoriana, Comentário Sobre Jó, Comentário Sobre I Reis, Homilias sobre Ezequiel, Sermões, Cartas.

A constituição física de Gregório sempre fôra um tanto frágil, e sofreu muito com várias doenças, o que não lhe impediu de permanecer firme nas suas atividades até o falecimento, em 604. A data da sua festa é a da sua consagração Papal. Ficou conhecido como “Magno”, isto é, aquele que é superior a tudo o que lhe é congênere, o que tem importância máxima. Foi declarado Doutor da Igreja.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A obra de São Gregório I é verdadeiramente magna. Deus sempre provê as pessoas certas para as missões necessárias, e o período de afirmação para o início da Idade Média Cristã, que glorificou a Europa e o Catolicismo, irradiando seus bens para o mundo inteiro, tem seu marco no pontificado deste santo Papa. (infelizmente, as ideologias modernistas e ateias fazem de tudo para incutir a ideia de que a Idade Média na Europa foi um “período de trevas” da Humanidade, quando, ao contrário, foi um ápice da civilização e da espiritualidade; certamente este mundo não é e nunca será perfeito após o Pecado Original, e os seres humanos de todas as épocas cometerão erros e pecados, mas sem a civilização católica europeia firmada na Idade Média, e sua benéfica influência no mundo ocidental, a História não conheceria os progressos, espirituais e civilizatórios, de que pôde desfrutar. E que foram perdidos e/ou deturpados posteriormente, até a caótica atualidade, exatamente pela negação progressiva dos valores católicos e seus desdobramentos, depois deste período). Neste sentido, são perenes e esclarecedoras as palavras do próprio São Gregório: “Estamos contemplando a que extremo foi reduzida Roma, a mesma que outrora parecia ser a senhora do mundo! (…) Nela desapareceu todo o esplendor das glórias terrenas. Desprezemos com toda a alma este mundo quase extinto, e imitemos a conduta dos santos”. De acordo com o Primeiro Mandamento da Lei de Deus, São Gregório Magno desejou ardentemente o bem do próximo, sob o amor de Deus, e por isso alcançou um vasto horizonte de conversões e pacificação. Ora, o mesmo devemos fazer nós, os católicos de hoje, visando pela oração, vida santa e apostolado firme, profundo e correto, trazer para o amor de Cristo as hordas de pessoas com pensamento mundano que vagam pelo orbe. O tempo do Reinado de Maria, que Nossa Senhora nos prometeu em 1917, em Fátima, quando por gerações a maior parte da humanidade viverá em estado de graça, vai chegar, e possivelmente não demorará muito; porém entraremos nele ou pela conversão e apaziguamento verdadeiro em Deus, ou pela Sua punição a um mundo perdido e recalcitrante, como já aconteceu na época do Dilúvio. Não existe uma terceira via, portanto o momento de rezar e trabalhar, especialmente através da santificação pessoal, é agora. Este trabalho inclui, naturalmente, a santificação da própria Igreja, nos seus membros, e por isso atenção muito particular deve ser dada à Tradição, à Doutrina, à Liturgia, à sã Teologia. A dignidade e seriedade das celebrações litúrgicas, com ênfase na Santa Missa, é uma necessidade primordial. Daí a formação indispensável, do clero e dos fiéis, para a importância de tesouros eclesiásticos como o uso do Latim (aliás, língua oficial da Igreja, portanto nada mais natural que seja ensinada e conhecida) e do Canto Gregoriano (igualmente oficial no uso da Igreja), por exemplo. A verdadeira inculturação não significa tornar indigno o que é sacro, mas elevar o que é humano ao sobrenatural, também e necessariamente pela via da Cultura, da Arte.

Oração:

Senhor, Pai Eterno, que fostes o primeiro a servir, por amor gratuito, às Vossas criaturas, começando por dar a elas a sua mesma existência, concedei-nos pela intercessão e exemplos de São Gregório Magno resistir às invasões da barbárie moderna, buscando unicamente sermos como ele servos dos servos de Deus pelos Mandamentos e Sacramentos da Igreja, de modo a abandonar o que é pagão e antigo, para construir este mundo sobre a Boa Nova de Cristo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 2 de setembro de 2023

Pensar de acordo com Deus

Deus fala comigo (Facebook)

PENSAR DE ACORDO COM DEUS

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

O Mês da Bíblia que iniciamos exorta para que a Palavra de Deus ocupe o lugar que lhe é de direito na vida pessoal, na liturgia e na pastoral da Igreja. A escolha deste mês tem como inspiração São Jerônimo que viveu de 340 a 420. Naquela época, muitos cristãos de língua latina não conseguiam ter acesso a Bíblia por causa da língua. Jerônimo foi residir em Belém e se empenhou para que toda Sagrada Escritura pudesse ser lida em latim. Além de traduzir, escreveu muitos comentários sobre a Sagrada Escritura que se conservam e contêm uma riqueza de conteúdo com validade permanente. 

O Cardeal José Tolentino de Mendonça, especialista em estudos bíblicos, oferece orientações muito sábias para nos aproximarmos da Palavra de Deus. Escreve na introdução de sua obra A leitura infinita: a Bíblia e a sua interpretação.  “Por um lado, a Bíblia exerce uma atração inesgotável. Por outro, essa atração mostra-nos rapidamente que precisamos de uma iniciação ao mundo textual que ali está presente. Não basta lermos a Bíblia: precisamos de uma hermenêutica, por mais simples ou complexa que seja. A Palavra bíblica é uma janela, um espelho, uma fonte ou uma lâmpada, e em todas essas modalidades é imprescindível não só a construção do caminho crente, mas também a maturação cultural. Porém, não se acede a ela sem ativar uma espécie de arte da leitura”.  

Se por um lado o texto bíblico atrai por aquilo que revela e ensina, por outro lado exige o esforço do leitor. O leitor precisa situar a leitura bíblica no contexto histórico onde foi escrito e na interpretação procurar ser fiel ao que foi escrito. Em outras palavras, não é possível interpretar o texto simplesmente ao gosto do leitor e nem fazê-lo dizer o que não está escrito.  

Não é possível dizer em poucas palavras o que é a Bíblia. São sugestivas as analogias que o Cardeal faz: A Palavra bíblica é uma “janela” através da qual se descortina um horizonte bem amplo. É um “espelho”, pois quando estamos diante do espelho, vemo-nos refletido nele, isto é, o leitor começa a fazer parte da cena bíblica. A Bíblia é “fonte” que nunca se esgota e para a qual se pode voltar sempre e sempre terá novidade. É “lâmpada” pois a luz é essencial para ter vida e para permitir os olhos verem. 

O Cardeal José Tolentino também alerta “que é inútil impor um programa de compreensão, quando nos é pedido o contrário: que nos exponhamos ao texto, na nossa fragilidade, a fim de receber dele, e à maneira dele, um eu mais vasto”. Para orientar os fiéis na leitura bíblica, a Igreja distribuiu os textos bíblicos na liturgia eucarística. Os textos bíblicos dos domingos estão organizados num ciclo de três anos e os dos dias das semana em dois anos. Deste modo, o fiel ao participar das celebrações eucarísticas terá contato com toda Escritura. Não são lidos apenas os textos escolhidos pelo leitor, mas aqueles que lhe são oferecidos, assim o leitor acolhe o que foi oferecido. 

Neste domingo os textos que Igreja nos oferece são Jeremias 20,7-9, Salmo 62, Romanos 12,1-2 e Mateus 16,21-27. Os leitores são convidados a se exporem a estes textos e acolherem o que transmitem. Jesus anuncia que deve ir a Jerusalém onde irá sofrer, ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. Pedro na tentativa de proteger Jesus age ao modo humano, por isso lhe é dito: “não pensas de acordo com Deus, mas de acordo com os homens”.  Toda a Escritura tem por objetivo aperfeiçoar o modo de pensar e ser para configurar o leitor ao modo divino. Diz a Carta aos Romanos: “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Nove razões para tirar a pornografia de sua vida

Imagem referencial | Pixabay

Por REDAÇÃO CENTRAL, 31 de agosto de 2023

A pornografia é considerada por especialistas como uma nova droga que gera uma dependência semelhante à gerada por drogas pesadas em pessoas de qualquer idade, destrói o amor de Deus na alma e distorce a verdadeira sexualidade humana.

Sam Guzman, fundador e editor do blog ‘The Catholic Gentleman’ (O cavalheiro católico), publicou um artigo com nove razões para tirar a pornografia da vida do homem.

1. Fere as mulheres reais

Sam Guzman disse que, muitas vezes, tem-se a impressão de que a pornografia é inofensiva e que as mulheres que saem nesses vídeos “estão se divertindo e fazendo-o por escolha”.

“É mentira. Muitas estrelas da pornografia que deixaram a indústria contaram histórias de abuso físico, emocional, coerção, automutilação, depressão, violência e tentativa de suicídio. Dizem com veemência que ser uma estrela pornô era miserável, não divertido. Isso sem mencionar milhões de mulheres que são traficadas e vendidas como escravas para alimentar a indústria”, disse o autor.

Finalmente, disse que quando se “vê um vídeo ou olha uma imagem, está causando uma dor incalculável a milhões de mulheres e crianças que merecem ser amados e apreciados, não abusados e vistos como objetos”.

2. Mata o amor

Os casamentos foram destroçados pela pornografia porque esta destrói a intimidade, disse Guzman.

“Ver pornografia crava uma faca no coração de seu cônjuge. Faz-lhe perder toda confiança. Diz-lhe que nunca será o suficientemente bom. Zomba de seus votos matrimoniais. Planta as sementes da amargura e do ressentimento. Causa-lhe dor profunda, emocional e espiritual”, acrescentou.

3. Faz com que se desfrute menos do sexo

Segundo uma pesquisa recente, há um número crescente de homens que preferem a pornografia ao sexo real.

“Por quê? Porque é mais fácil. Com um botão, você tem acesso infinito a mulheres preparadas que fazem coisas que nenhuma mulher em sua mente faria. Nem tem que se preocupar por dar prazer a outra pessoa. Em comparação, o sexo real se sente como uma tarefa. Muitos homens relatam até mesmo que já não conseguem estimular-se o suficiente para ter relações sexuais com mulheres reais. Basicamente, arruína a sua vida sexual”, disse Guzman.

4. Destorce a visão do homem em relação à mulher

O blogueiro disse que a forma mais rápida e absoluta de distorcer a visão sobre as mulheres é ver pornografia, porque ali “as mulheres são só objetos”.

“Não têm emoção, nem necessidades, nem alma. São instrumentos de gratificação. Simplesmente você não pode ver a mulher ser abusada das formas mais horríveis na tela várias vezes e esperar ter uma visão saudável delas na vida real. Simplesmente não é possível”, acrescentou.

Ele disse que as mulheres merecem “respeito e proteção, não luxúria”, porque vendo pornografia não se verá uma mulher como “feita à imagem de Deus”, mas “começará a fantasiar sobre ela como se fosse seu brinquedo”.

5. Extingue a graça de Deus na alma

Um pecado mortal é um pecado que destrói o amor de Deus em sua alma. É um pecado tão grave, tão horrível que nos separa de Deus, deixando uma alma fria, sem vida e doente”, disse Guzman.

Ele disse que se pode “criar muitas desculpas”, mas “ver pornografia é um pecado mortal e traça um caminho para o inferno”.

“São Paulo deixa claro: aqueles que toleram o pecado sexual em suas vidas ‘não herdarão o Reino de Deus’ (Gálatas 5,19-21). Pode ter o céu ou a pornografia, mas não ambos. Escolha sua opção”, disse.

6. Agrava-se com o tempo

Guzman disse ainda que a pornografia se torna “muito rapidamente um vício como o crack ou a metanfetamina”.

“Os meses passam e as mesmas coisas ficam chatas. Necessita-se de mais e mais coisas extremas para que se emocione. Logo está vendo coisas que pouco tempo antes deixariam você horrorizado. E não importa o quanto veja, nunca é o suficiente”, acrescentou.

7. Torna-se egoísta

Segundo Guzman, quando se passa horas gerando satisfação com imagens obscenas, as pessoas começam a “ficar obcecadas consigo mesmas”.

“Em vez de abraçar o sacrifício requerido pelo amor verdadeiro, começa a ver os demais como objetos desenhados para servir às suas necessidades e desejos, como as mulheres de fantasia das telas. Em vez que dar e servir como Cristo, fica obcecado em tomar e consumir. Torna-se egoísta, irritado, abusivo, sem nem perceber. Torna-se um narcisista que usa os outros em vez de amá-los”, acrescentou.

8. Rouba a alegria

Para Guzman, a pornografia deixa a pessoa com sentimento de culpa e miséria.

“Não importa o quanto mintamos a nós mesmos, sabemos no fundo que a pornografia é errada. E cada vez que a vemos, nossa consciência naturalmente nos incomoda”, disse.

9. Torna-o escravo

Segundo Guzman, o problema da pornografia é que torna as pessoas viciadas no pecado e as devolve voluntariamente à escravidão do demônio.

Entretanto, o blogueiro disse que “Cristo nos redimiu e, quando fomos batizados, nos libertou dessa cruel escravidão e nos traçou a liberdade de filhos de Deus. Se é batizado, está morto ao pecado e vivo a Deus. Vocês compartilham a liberdade de Jesus Cristo e já não são ‘escravos mas filhos’ (Gálatas 4,7)”.

Por https://www.acidigital.com/

Precisamos conversar sobre a saúde mental das mães

Arsenii Palivoda | Shutterstock
Por Theresa Civantos Barber

Parece estranho querer saber como está a saúde mental da mãe de um recém-nascido. Mas isso é extremamente importante.

Quando você pensa em uma mãe que acabou de dar à luz, talvez imagine coisas doces como o aconchego do bebê ou roupas adoravelmente minúsculas dos recém-nascidos. Parece chocante pular imediatamente para a pergunta: “Como está a saúde mental da mamãe?”

Mas superar a sensação de constrangimento é extremamente importante na atual crise de saúde mental materna.

Uma em cada cinco mulheres nos EUA, por exemplo, sofre de problemas de saúde mental ligados à maternidade (por vários motivos, entre eles a falta de apoio no pós-parto ). Isso inclui ansiedade e depressão pós-parto.

No primeiro ano após o parto, o suicídio e o uso de substâncias são as principais causas de mortes maternas. O suicídio é responsável por 9% da taxa de mortalidade materna.

Tragicamente, 75% das mulheres afetadas não recebem tratamento, embora 100% dessas condições respondam a intervenções e tratamentos precoces.

Persiste o estigma em torno da saúde mental pós-parto. A narrativa de que as mulheres devem “se recuperar” dessa enorme mudança física e emocional pode causar culpa e vergonha nas novas mães.

A corajosa história de Rachel

Uma jovem mãe está em uma missão para aumentar a conscientização sobre a saúde mental materna e incentivar outras mulheres a procurar ajuda. Rachel sofreu de depressão pós-parto grave depois que seus gêmeos nasceram, em fevereiro de 2021, quando seu filho mais velho tinha apenas um ano de idade.

O cuidado de três crianças com menos de dois anos de idade veio depois de uma gravidez de alto risco. Ela se afogou no modo de sobrevivência e apresentou todos os sintomas da depressão pós-parto, incluindo automutilação e ideias suicidas. “A angústia e a desesperança que eu sentia eram imensuráveis”, disse ela.

Felizmente, Rachel procurou ajuda e começou o tratamento. “Com a ajuda de meus médicos e terapeutas, consegui iniciar o longo caminho da recuperação e encontrar meu caminho de volta para mim mesma”, disse ela.

Hoje, dois anos e meio após o nascimento dos gêmeos, ela está feliz, saudável e totalmente curada.

Agora, Rachel está determinada a aumentar a conscientização e ajudar outras mamães, a fim de que elas não tenham que sofrer sozinhas.

Em agosto de 2023, ela correu a Captain Bill Gallagher e arrecadou mais de US$ 20.000 para uma fundação de apoio às mães.

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Rachel durante a corrida; arrecadação foi revertida 
para instituição que atende novas mães.

Mensagem de Rachel para novas mamães

Não apenas as novas mães, mas também as suas famílias e entes queridos podem preparar-se, aprendendo sobre a saúde mental pós-parto e os seus sinais de alerta. Rachel pediu às mães recentes:

“Não espere para pedir ajuda. Fale sobre o que você está vivenciando com quem quiser ouvir. Há tantas mães que sofrem silenciosamente sem saber que o que estão sentindo outras pessoas também já sentiram. Se não fosse por algumas das mulheres da minha vida que levaram a sério o que eu lhes disse, realmente, acho que não ainda estaria aqui hoje.”

Ela também encorajou parceiros, familiares e amigos de novas mães a se conscientizarem dos sinais de alerta para transtornos de saúde mental materna:

“Não cabe apenas às novas mães ficarem atentas às questões pós-parto. Depende também dos seus parceiros. Meu marido fez o possível para me ajudar da melhor maneira que pôde, mas, como tantos parceiros, não foi devidamente educado sobre questões de saúde mental materna. Pode ser assustador e alarmante, por isso estar preparado para o que esperar e quais passos tomar pode ser muito útil.”

Superando o estigma para obter ajuda

Embora a conscientização sobre a saúde mental tenha aumentado nos últimos anos, muito menos atenção foi dada à saúde mental materna e aos transtornos de humor perinatais. “Devemos ter tudo resolvido com nossos filhos e ainda assim conseguir agir como nós mesmas, como se nada tivesse nos mudado física e hormonalmente, e provavelmente virado nosso mundo de cabeça para baixo”, disse Rachel. 

Quando ela começou a compartilhar publicamente sua história, muitas mulheres estenderam a mão para agradecê-la, até mesmo mulheres que ainda não tiveram filhos, mas que desejam ter um dia. “É útil saber que elas não estarão sozinhas no que muitas vezes pode ser uma experiência muito opressora e intimidante para as mulheres”, afirmou.

Conhece uma nova mãe? “Verifique seu pessoal”, disse Rachel. “Eu não posso te dizer quantas vezes as pessoas me disseram o quão ótimo eu estava indo e eu apenas sorri e balancei a cabeça porque queria mostrar que estava tudo sob controle”, esclareceu Rachel.

Então quando um amigo ou familiar for dar as boas-vindas a um recém-nascido, que sejam os primeiros a perguntar à mãe: “Como vai você? Você está bem?”

Cada uma de nós pode ajudar a construir uma cultura de vida abundante que apoie e valorize as mulheres que se tornam mães.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF