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domingo, 5 de novembro de 2023

São Zacarias e Santa Isabel

São Zacarias e Santa Isabel (Instituto Hesed)

05/11/2023

SANTO DO DIA – 05 DE NOVEMBRO – SANTA ISABEL E SÃO ZACARIAS, PAIS DE SÃO JOÃO BATISTA

A história deste santo casal é narrada no primeiro capítulo do evangelho de Lucas, que em poucas palavras sintetiza os títulos da sua santidade: ‘Ambos eram justos diante de Deus e […] seguiam todos os mandamentos e estatutos do Senhor’.

A prima de Nossa Senhora teve o privilégio de trazer em seu seio o precursor do Messias, evento extraordinário mesmo no plano humano, dada a avançada idade e a esterilidade da santa mulher. Zacarias, cujo cântico (o Benedictus) foi definido como a última profecia messiânica do Antigo Testamento e a primeira do Novo, rende louvor a Deus por ter mantido a promessa feita aos pais, com o advento do Messias.

A obra da salvação havia feito seu caminho na surdina, no silêncio e na oração feita na casa de Maria, em Nazaré, e em Ain Karim, pouco distante de Jerusalém, onde o nascimento do precursor havia soltado a língua do sacerdote ancião. Entre as paredes de sua casa, Maria, a humilde serva do Senhor, elevou a Deus o cântico do Magnificat. Então, depois do alegre evento do nascimento de João, os dois santos cônjuges desapareceram na sombra, para reaparecerem mais tarde na tradição apócrifa e, o que mais conta, no grande livro dos santos.

Fonte: Paulinas Internet

São Zacarias e Santa Isabel, rogai por nós!

A Igreja latina celebra hoje a festa da mãe de João Batista e une à sua memória a do marido Zacarias. De ambos o evangelho de Lucas nos dá poucas notícias, limitadas ao período da dupla anunciação a Zacarias e à Virgem e do nascimento do precursor de Jesus. Todavia, com poucas palavras, o evangelista sintetiza a santidade deles, seu espírito de oração, a retidão dos seus corações no cumprimento não só externo, mas também interior dos preceitos mosaicos: “Ambos eram justos aos olhos de Deus e observavam irrepreensivelmente os mandamentos e as leis do Senhor.”

Encontramos a sua história narrada no magnífico evangelho de são Lucas, onde ele descreveu que havia, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias; a sua mulher pertencia à descendência de Aarão e se chamava Isabel. Eles viviam na aldeia de Ain-Karim e tinham parentesco com a Sagrada Família de Nazaré.

Foram escolhidos por Deus por sua fé inabalável, pureza de coração e o grande amor que dedicavam ao próximo. Isabel, apesar de sua santidade, era estéril: uma vergonha para uma mulher hebreia, que era prestigiada somente através da maternidade. Mas foi por sua esterilidade que ela se tornou uma grande personagem feminina na historia religiosa do Povo de Deus. Juntos, foram os protagonistas dos momentos que antecederam o mais incrível advento da história da humanidade: a encarnação de Deus entre os seres humanos.

A grande obra da salvação começara em surdina, no silêncio e na oração da casa de Maria em Nazaré e naquela de Ain Karim, povoado não bem identificado a cinco milhas de Jerusalém, onde os cônjuges idosos Zacarias e Isabel aguardavam o nascimento do precursor de Jesus. Aqui aconteceu o encontro entre a Virgem Mãe e sua prima Isabel, que “repleta do Espírito Santo” saudou a jovem parenta com as palavras que pelos séculos os cristãos repetem com a oração da ave-maria: “bendita entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre”.

Zacarias e Isabel estavam com idade avançada, e como não tinham filhos, julgavam essa graça impossível de ser alcançada. Foi quando o anjo do Senhor apareceu ao velho sacerdote Zacarias no templo e disse-lhe que sua mulher, Isabel, teria um filho que teria o nome de João, que significa “o Senhor faz graça”. O menino seria repleto do Espírito Santo desde a gestação de sua mãe, reconduziria muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus e seria precursor do Messias.

Zacarias, inicialmente, manteve-se incrédulo ante o anúncio celeste do nascimento de um filho pelo qual havia rezado com tanto ardor; para que pudesse crer, precisou de um sinal: ele ficou mudo até que João veio à luz do mundo. Na ocasião, sua voz voltou e ele entoou o salmo profético em que, repleto do Espírito Santo, profetizou a missão do filho.

Enquanto isso, devido à proximidade da maternidade, Isabel recolheu-se por cinco meses, para estar em união com Deus. Os dias ela dividia em três períodos: de silêncio, oração e meditação. E foi assim que Isabel, grávida de João e inspirada pelo Espírito Santo, anunciou à Virgem Maria, sua prima, quando esta a visitou: “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre”.

Após o nascimento de João, Zacarias e Isabel recolheram-se à sombra da fama do filho, como convém aos que sabem ser o instrumento do Criador. Com humildade, alegraram-se com a santidade da missão dada ao filho, sendo fiéis a Deus até a morte.

Fonte: RS21

https://templariodemaria.com/

sábado, 4 de novembro de 2023

A Bruxaria e a Feitiçaria no contexto da Inquisição – Parte 3

A Bruxaria e a Feitiçaria (Ed. Cléofas)

A Bruxaria e a Feitiçaria no contexto da Inquisição – Parte 3

 POR PROF. FELIPE AQUINO

A partir do século XV a questão das bruxas intensificou de tal forma que a Igreja atuou com mais vigor.

Quase a metade dos 200 processos por bruxaria na Alemanha, ficaram aos cuidados de dois inquisidores alemães: Jacob Sprenger (1436-1495) e Heinrich Institores (1432-1492). A sua rígida perseguição às bruxas no Sul da Alemanha provocou a oposição das autoridades civis e eclesiásticas. Os dois inquisidores, porém, apelaram para o Papa Inocêncio VIII (1484-1492), que respondeu com a bula “Summis Desiderantes Affectibu”, de 5 de dezembro de 1484, bula na qual enumera os malefícios causados pelas bruxas. Entre outras coisas diz a Bula:

“Inocêncio Bispo, Servo dos Servos de Deus, para a perpétua recordação dos fatos… Recentemente chegou aos nossos ouvidos, não sem nos molestar profundamente, a notícia de que em territórios da Alemanha Setentrional (províncias da Mogúncia, Colônia, Tréviris) assim como nas províncias, cidades, terras e nos locais de Salzburg e Bremen, várias pessoas de ambos os sexos, esquecidas de sua salvação desviadas da fé católica tem relações com demônios íncubos e súcubos e mediante encantamentos, canções renegam sacrilegamente a fé do seu Batismo… por instigação do inimigo do gênero humano…”. “Matam as crianças no ventre das mães, assim como os fetos do gado, tiram a fertilidade dos campos, destroem as vinhas e as uvas, enfeitiçam os homens, mulheres e animais… fazem fracassar as plantações e pomares, pastos, trigais e outras plantas; além de molestar e torturar homens e mulheres com espantosos e terríveis sofrimentos e dolorosas enfermidades internas e externas…” O texto completo pode ser lido no Anexo 2 das Atas do Simpósio do Vaticano, p. 596.

Esta bula papal foi colocada em anexo no Manual de Heinrich Institoris e Jacob Sprenger e teve milhares de cópias a partir de 1468. A partir daí houve forte perseguição às bruxas no século XVI, na Itália, França e Alemanha, com milhares de vítimas.

Em sua Bula Inocêncio VIII dá seu apoio a Kramer e Sprenger:

“E embora nossos queridos filhos Heinrich Kramer e Johann Sprenger… tenham sido por cartas Apostólicas delegados como Inquisitores… Nós decretamos… que os acima citados inquisidores tenham poderes para proceder à justa correção, prisão e castigo de qualquer pessoa, sem folga ou embaraço” (Baigent, p. 123).

Havia uma ênfase exagerada na época entre os protestantes e católicos em relação à ação do demônio. É preciso notar que não se tinha na época uma noção correta como a teologia tem hoje sobre o demônio e seus poderes, bem como sua ação no mundo. Não havia naquele tempo a psicologia, a neurologia, a psiquiatria, a psico-análise, etc., que ajudam a discernir melhor casos reais de possessão diabólica, de problemas mentais e psicológicos.

O historiador W. Neuss diz que a razão deste pânico demoníaco consistia também na decadência religiosa da época:

“…onde a ação repressiva contra a bruxaria continuava na competência da Inquisição, como na Itália e Espanha, não as produziram perseguições de notável importância. Só depois da cisão religiosa pela Reforma, principalmente no século XVII, elas deviam – primeiro na Alemanha e propagadas dali nos demais países do Norte – celebrar suas horrendas orgias” (Bernard, p. 26).

O inquisidor Heinrich Kramer era um dominicano que, por volta de 1474, foi nomeado inquisidor em Salzburgo e no Tirol; e em 1500 foi nomeado Núncio Papal e inquisidor para a Boêmia e Moravia. J. Sprenger, também dominicano, foi prior do convento da Ordem em Colônia e nomeado inquisidor para as províncias de Colônia, Mainz e Treveris. Em 1480 tornou-se diretor de toda a província germânica da Ordem.

Kramer e Johann Sprenger redigiram o “Malleus Maleficarum”, o “Martelo das bruxas”, com mais de 500 páginas. Em 1520 já havia treze edições. O livro se propõe a mostrar as manifestações da bruxaria, para os juízes, magistrados e autoridades seculares; fornece fórmulas de exorcismo. Tornou-se um manual para os inquisidores e “era aceito não só pela legislatura católica, como também pela protestante” (Baigent, p. 125).

O Manual refere-se a várias práticas de bruxaria. Crianças que são assassinadas, cozinhadas e comidas nos Sabás das bruxas, o espetamento de alfinetes em imagem de cera, o sexo com o demônio incubo, etc.

O “Malleus Maleficarum”, em consonância com a Bula de Inocêncio VIII, de 1486, afirma que: “Esta pois é a nossa proposta: os demônios, com sua arte, causam maus efeitos por meio da bruxaria, mas é verdade que, sem a ajuda de algum agente, não podem fazer nenhuma forma… e não afirmamos que podem afligir danos sem a ajuda de algum agente, mas com um tal agente doenças, e quaisquer paixões ou males humanos, podem ser causados, e estes são reais e verdadeiros” (idem, p.126).

Para esses inquisidores o demônio é impotente sozinho, e só pode fazer o mal por meio de uma pessoa humana. E através das bruxas podiam causar os males citados pelo Papa em sua Bula. Acreditava-se que podiam por exemplo: causar chuvas de granizo e tempestades, causar impotência e esterilidade em homens e animais, causar pragas, doenças, assassinar crianças como oferendas aos demônios, levar um cavalo a enlouquecer sob o cavaleiro, causar grande amor ou ódio entre os homens, matar homens ou animais com um olhar (mau olhado), revelar o futuro, viajar pelos ares. Era o contexto da época onde a ciência era pouco desenvolvida.

O Malleus garante que as bruxas “não podem fazer mal aos inquisitores e outras autoridades, porque eles ministram justiça pública” (idem, p. 127).

“Existem três classes de homens abençoados por Deus, aos quais essa detestável raça não pode fazer mal com sua bruxaria. E a primeira são os que ministram a justiça pública contra eles, ou os processam em qualquer condição oficial pública. A segunda são aqueles que, segundo a tradição e os santos ritos da Igreja, fazendo uso legal do poder e virtude que a Igreja, com seu exorcismo, fornece na aspersão da Água Benta, na tomada do sal consagrado, no porte de velas bentas… a terceira classe são aqueles que, de várias e infinitas formas, são abençoados pelos Santos Anjos… Pois os exorcismos da Igreja são para esse mesmo propósito, e remédios inteiramente eficazes para preservar-nos dos males das bruxas” (idem, 127).

O Malleus é fortemente motivado pela ação do demônio:

“Pois quando as moças são corrompidas, e foram desprezadas por seus amantes, após terem imodestamente copulado com eles, na esperança e promessa de casamento com eles, e viram-se desapontadas em todas as suas esperanças e em toda parte desprezadas, se voltam para a ajuda e proteção dos demônios” (idem, p. 128).

Os autores do Malleus parecem ter visto na imensa gravidade do ato sexual com um espírito desencarnado, como que uma tentativa de simular a concepção milagrosa de Jesus no seio da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo; e aí parece estar a gravidade do pecado. Não nos esqueçamos que a teologia também evolui como toda ciência.

Baigent e Leigh afirmam que a perseguição em massa às bruxas continuava, fanaticamente, também por parte dos protestantes (p. 153).

Fonte: https://cleofas.com.br/

Caridade na Verdade: a Defesa da Vida

A Defesa da Vida (Presbíteros)

Caridade na Verdade: a Defesa da Vida.

Dissemos anteriormente que, segundo Bento XVI, “a abertura moralmente responsável à vida é uma riqueza social e econômica” (Caritas in veritate, n. 44). Ele relacionou explicitamente a crise econômica com a crise demográfica, que ocorre especialmente nos países ricos, mas afeta também o Brasil atual.

Houve quem dissesse que o papa merecia o Nobel de Economia devido a esse ensinamento. O número 28 de Caritas in veritate (Caridade na Verdade) trata um assunto relacionado com esses: o do respeito pela vida. Esse tema “não pode ser de modo algum separado das questões relativas ao desenvolvimento dos povos.

Trata-se de um aspecto que, nos últimos tempos, está a assumir uma relevância sempre maior, obrigando-nos a alargar os conceitos de pobreza e subdesenvolvimento às questões relacionadas com o acolhimento da vida, sobretudo onde o mesmo é de várias maneiras impedido”. O papa indica que a pobreza atual não é simplesmente econômica, mas sobretudo moral, quando não se elabora políticas sociais que promovam a vida, mas sim o que João Paulo II chamava de “cultura da morte”.

De fato, não é só a pobreza que provoca altas taxas de mortalidade infantil, “mas perduram também, em várias partes do mundo, práticas de controle demográfico por parte dos governos, que muitas vezes difundem a contracepção e chegam mesmo a impor o aborto. Nos países economicamente mais desenvolvidos, são muito difusas as legislações contrárias à vida, condicionando já o costume e a práxis e contribuindo para divulgar uma mentalidade antinatalista que muitas vezes se procura transmitir a outros Estados como se fosse um progresso cultural”.

Essa mentalidade de morte não provém apenas de governos e de Estados, mas também de “algumas organizações não governamentais”, que “trabalham ativamente pela difusão do aborto, promovendo nos países pobres a adopção da prática da esterilização, mesmo sem as mulheres o saberem. Além disso, há a fundada suspeita de que às vezes as próprias ajudas ao desenvolvimento sejam associadas com determinadas políticas de saúde que realmente implicam a imposição de um forte controle dos nascimentos”. É preocupante ainda as legislações a favor da eutanásia e as pressões de grupos que reivindicam o seu reconhecimento jurídico.

Segundo Caritas in veritate (Caridade na Verdade), a abertura à vida e a sua proteção legal, desde a concepção até a morte natural, é central para o verdadeiro desenvolvimento. Quando uma sociedade começa a suprimir a vida, acaba por perder as energias para trabalhar em vistas do autêntico bem do homem.

“Se se perde a sensibilidade pessoal e social ao acolhimento duma nova vida, definham também outras formas de acolhimento úteis à vida social”. Como diz o famoso Ditktum de Böckënforde, que foi muito discutido pelo pensamento político europeu, “o estado secular liberal vive de premissas que ele próprio não pode garantir”. 

Por outro lado, a acolhida da vida revigora as energias morais de um país e torna os seus membros capazes de ajuda recíproca e de sacrifícios. De forma que, “os povos ricos, cultivando a abertura à vida, podem compreender melhor as necessidades dos países pobres, evitar o emprego de enormes recursos econômicos e intelectuais para satisfazer desejos egoístas dos próprios cidadãos e promover, ao invés, ações virtuosas na perspectiva duma produção moralmente sadia e solidária, no respeito do direito fundamental de cada povo e de cada pessoa à vida”.

Pe. Anderson Alves

Fonte: https://presbiteros.org.br/

A estrutura típica de um mosteiro católico

Mosteiro de Santo Domingo de Silos, na Espanha
(Jose Angel Astor Rocha - Shutterstock)

Por Daniel R. Esparza - publicado em 03/11/23

O modo de funcionamento de um mosteiro varia conforme a ordem e tradição, mas esta visão geral ajuda a entender as instalações típicas de um mosteiro.

Um típico mosteiro católico é o local em que os membros de uma ordem religiosa levam uma vida contemplativa compartilhada, dedicada à oração, ao trabalho e à comunidade, seguindo uma regra monástica estabelecida.

Os mosteiros são locais de espiritualidade, desenvolvimento intelectual e trabalho manual árduo, enriquecidos pelos valores decorrentes dos conselhos evangélicos da pobreza, da castidade e da obediência, num ambiente de estabilidade. As comunidades monásticas vivem regularmente uma série de práticas litúrgicas, como o Ofício Divino, e, em muitos casos, oferecem hospitalidade a visitantes que procuram orientação ou retiro espiritual.

Além disso, historicamente, os mosteiros desempenharam um papel vital na preservação de textos religiosos, filosóficos e literários, promovendo a educação e servindo como potências espirituais dentro da tradição católica.

POBLET
Vista aérea do Mosteiro de Poblet, na Catalunha

A estrutura e o funcionamento específicos de um mosteiro variam conforme as diferentes ordens e tradições, mas aqui está uma visão geral das instalações típicas de um mosteiro, bem como as suas funções.

Capela ou igreja: o espaço central de qualquer mosteiro é a sua capela ou igreja, espaço sagrado em que os monges ou freiras se reúnem para a oração comunitária e para a celebração da Eucaristia. A capela, muitas vezes adornada com as mais importantes peças de arte sacra preservadas no mosteiro, funciona como o coração da comunidade.

Dormitório: monges ou freiras têm dormitórios privados, normalmente celas ou quartos simples – embora, em algumas ordens, essas celas possam incluir pequenos jardins ou pomares onde os monges trabalham. As celas são intencionalmente modestas, refletindo o compromisso monástico com uma vida de simplicidade e contemplação.

Refeitório: é onde a comunidade monástica se reúne para as refeições. É comum, no refeitório dos mosteiros, que as refeições sejam feitas em silêncio, enquanto um membro da comunidade lê em voz alta textos religiosos para estimular a reflexão durante as refeições.

Casa capitular: é um espaço dedicado a reuniões, debates, leitura e estudos compartilhados da regra monástica. As regras fornecem as diretrizes para a vida diária e para a disciplina das comunidades, enfatizando princípios como os conselhos evangélicos (pobreza, castidade e obediência), a estabilidade e uma vida equilibrada de oração e trabalho.

Biblioteca: os mosteiros, muitas vezes, mantêm extensas bibliotecas compostas de livros religiosos, documentos históricos e obras acadêmicas. A biblioteca é um centro de estudos, pesquisas e investigação intelectual.

Claustro: é uma área interna, circundada por um pátio central, que serve como ambiente reservado, sereno, para meditação, reflexão e solidão. O claustro simboliza a separação da vida monástica das distrações do mundo, mas guarda também muitos outros significados teológicos alegóricos.

Alojamento de hóspedes: muitos mosteiros recebem hóspedes, incluindo os que procuram retiro espiritual. Os alojamentos proporcionam a esses visitantes um local acolhedor, como apoio para a sua participação nas orações e no trabalho da comunidade.

Cozinha e horta: promovendo a autossuficiência, a cozinha dos mosteiros costuma estar próxima da horta, onde se cultiva grande parte dos alimentos que são preparados e servidos à comunidade. Essa ligação à terra e ao trabalho é uma parte muito importante da vida monástica.

Oficinas: os mosteiros, no geral, abrigam oficinas onde os monges ou as freiras fazem seus trabalhos manuais, que podem incluir a agricultura, a elaboração de arte sacra, a encadernação de livros ou a fabricação de cerveja, por exemplo.

Enfermaria: os mosteiros maiores frequentemente possuem uma enfermaria para os cuidados de membros doentes ou idosos da comunidade, garantindo-lhes apoio físico e espiritual.

Scriptorium: nos mosteiros históricos, o “scriptorium” era o salão de trabalho dos monges encarregados de transcrever e ilustrar manuscritos, de modo a preservar e difundir conhecimento. Essa ilustração era chamada de “iluminação”. Embora menos comuns hoje em dia, alguns mosteiros continuam essa tradição artística e acadêmica – alguns deles com equipamento gráfico profissional.

Celas ou áreas de retiro solitário: alguns mosteiros oferecem celas individuais ou eremitérios, para que os monges ou freiras contem com espaços mais isolados de oração privada, contemplação e retiro espiritual.

Edifício administrativo: para assuntos de gestão comunitária, pode haver um edifício administrativo específico destinado à administração do mosteiro.

Campanário: geralmente há nos mosteiros um campanário, cujos sinos tocam para sinalizar atividades diversas como os momentos de oração, os períodos de trabalho e os horários de refeições, orientando a rotina diária da comunidade monástica.

O ritmo cotidiano de um mosteiro católico gira em torno da Liturgia das Horas, que consiste em momentos de oração comunitária espalhados ao longo do dia. Esse horário estruturado de oração permite que a comunidade se reúna e aprofunde os seus vínculos espirituais. Os membros da comunidade, além de orarem juntos, também se envolvem nos trabalhos manuais e nos estudos, além de disporem de momentos de oração pessoal.

É importante recordar que as instalações, as regras e as práticas cotidianas podem variar significativamente de um mosteiro para outro, devido à riquíssima diversidade das ordens religiosas católicas e às suas tradições distintas. A Regra de São Bento serviu como texto fundamental, inspirando e orientando muitas dessas comunidades monásticas na sua busca por uma vida dedicada à oração e ao trabalho, mas ela não é a única regra de que se servem os mosteiros no catolicismo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Ele fez bem o seu trabalho como papa

Bento XV foi pontífice de 1914 a 1922 (30Giorni)

Arquivo 30Dias - 11/2001

Ele fez bem o seu trabalho como papa

Ele liderou a Igreja durante a Primeira Guerra Mundial, que chamou de “massacre inútil”. Ele se contentou em salvaguardar o depositum fidei sem desafios teológicos. Ele aceitou o desamparo da Santa Sé nos assuntos do mundo, fazendo o máximo pelas vítimas da guerra, especialmente as crianças. Entrevista com Giuseppe Butturini, professor de História das Missões da Universidade de Pádua.

por Gianni Valente

No Vaticano chamavam-no de “o rapazinho”. Na altura do conclave que o elegeu Papa, o seu colega, o cardeal Pietro Maffi, influente arcebispo de Pisa, definiu-o como “mediocris homo”. Um jornalista americano escreveu sobre ele: "Com sua figura inexpressiva e seu rosto inexpressivo, não há nele majestade espiritual nem temporal." Segundo o chefe da legação britânica nos anos 1914-15: «O atual Papa é definitivamente uma mediocridade. Ele tem a mentalidade de um pároco italiano e uma forma tortuosa de conduzir as coisas”.
Mesmo percorrendo as páginas da biografia recentemente publicada na Itália, Bento XV, nascido Giacomo della Chiesa, foi durante o seu reinado a prova viva de que se pode ser pontífice mesmo sem ter o Physique du rôle . E que um Papa pode fazer grandes coisas pela Igreja, ter intuições proféticas, simplesmente fazendo o seu trabalho. Mesmo que os poderes do mundo não o aplaudam e, em vez disso, o humilhem, deixando que as suas palavras caiam em ouvidos surdos.
30Giorni pediu ao professor Giuseppe Butturini, professor de História das Missões na Universidade de Pádua, que delineasse os traços marcantes do pontificado de Bento XV. Também coberto por uma biografia recente (John Pollard, O Papa Desconhecido . Benedict Butturini, 65 anos e nove filhos, é conhecido e apreciado especialmente pelos seus estudos sobre a história das missões católicas.

Segundo a historiografia eclesiástica, a carta apostólica Maximum illud de Bento XV , de novembro de 1919, marca um ponto de viragem na história missionária.

GIUSEPPE BUTTURINI: Maximum illud não diz coisas novas a respeito da tradição missionária da Igreja. Li o que sugeria, já em 1659, uma esclarecedora instrução romana da Sagrada Congregação da Propaganda Fide dirigida aos missionários que se dirigiam à China e à Indochina: «Não façam nenhum esforço, não usem nenhum meio de persuasão para induzir esses povos a mudar os seus ritos, os seus hábitos e costumes, a menos que sejam abertamente contrários à religião e aos bons costumes. Na verdade, o que é mais absurdo do que transplantar França, Espanha, Itália ou algum outro país europeu para a China? Não é isso que deveis introduzir, mas a fé, que não rejeita os ritos e costumes de nenhum povo, desde que não sejam maus, mas antes quer salvaguardá-los e consolidá-los”. Coisas semelhantes foram repetidas em 1846 na instrução Neminem profectode Gregório XVI, indicando que o objetivo da ação missionária era a promoção de uma Igreja local, guiada pelo seu episcopado indígena. A obra missionária, entendida como o envio de pessoas de terras distantes, seria apenas a fase inicial e provisória, como acontecera na época apostólica. Então, a responsabilidade da atividade missionária teria passado para as comunidades locais, às quais deveria ser garantida, na medida do possível, a autonomia a nível eclesiástico, económico e cultural.
Infelizmente, na segunda metade do século XIX, o mecenato hispano-português foi sucedido pelo francês. Apesar de todas estas formas, as missões eram mais uma expressão da dominação política colonial do que uma realidade religiosa. No mesmo período, foi imposto o ius commissionis . Um instrumento compreensível para libertar as missões dos constrangimentos políticos, mas arriscado porque colocou as missões nas mãos das ordens religiosas que praticamente acabaram por aí se instalar, a ponto de considerarem como sua própria posse os territórios que lhes foram confiados por Roma. Em vez de ajudarem no crescimento de uma estrutura eclesiástica confiada aos locais, monopolizaram as posições hierárquicas nos territórios de missão. O grande missionário Padre Paolo Manna, beatificado no passado dia 4 de Novembro, tirando o termo do mundo anglicano, definiu este fenómeno como congregacionalismo , chegando a escrever que «onde as missões são mais fortes, a Igreja é mais fraca», e quase esperando que uma espécie de moratória , um limite estabelecido para a ajuda externa, tanto pessoal como monetária.
Mas então onde está a “novidade” missionária de Bento XV?
BUTTURINI: Com Benedetto o fôlego católico da missão continua. Mas acima de tudo não se trata de declarações de intenções, mas de gestos eficazes para uma viragem missionária. No plano político, com a nomeação de um delegado apostólico para Pequim, apesar da oposição da França (foi estabelecida uma espécie de acordo cordial entre a China e o Vaticano à margem da Paz de Versalhes); no nível eclesiástico, com a celebração de sínodos. Exemplar é o que será celebrado em Xangai em 24, dois anos após a morte do Papa Bento XVI, cujo objetivo era precisamente a aplicação do Maximum illud . A nível cultural, reafirmando a catolicidade da Igreja. Não se tratava apenas de aprender a língua das terras de missão para comunicar uma mensagem. Era necessário conhecer a língua e os costumes para que o Evangelho pudesse ser reexpresso através deles. Esta foi a linha seguida pelo delegado apostólico na China Celso Costantini, com o seu renascimento das formas artísticas chinesas. Em resumo, passamos de uma estratégia que visava criar uma hierarquia ordinária estável, composta por missionários, para a intenção de favorecer o crescimento de uma hierarquia e de uma Igreja local.
O que levou Bento XV a enfrentar a questão missionária com tanta determinação?
BUTTURINI: A situação vinha evoluindo desde o Vaticano I, quando os contatos entre a Santa Sé e as nações orientais, em particular a China, se intensificaram. Tudo começou a desmoronar com a revolta dos Boxers, no início do século XX, e com a queda do Império, em 1911. São os anos em que no Ocidente se fala do “perigo amarelo”. Os missionários perceberam que estavam à margem da sociedade. Na verdade, os cristãos eram frequentemente “comprados” com um punhado de arroz. A análise mais lúcida da condição missionária na China veio dos missionários lazaristas Antonio Cotta e Vincent Lebbe. Os seus memoriais enviados a Roma refletiam a metodologia missionária romana, contextualizando-a na nova situação chinesa, onde o nacionalismo dos missionários e o comportamento das congregações religiosas bloquearam a formação de uma Igreja indígena. Entre 1915 e 1920, a situação nas missões chinesas parecia insustentável para observadores mais lúcidos, como o belga Lebbe, que alcançou fama nacional ao fundar o primeiro jornal católico chinês. A crise missionária que começou dentro das congregações espalhou-se por todas as missões e chegou ao Vaticano. Houve o envio de um visitante apostólico, mas sobretudo um cardeal de mente aberta, o prefeito da Propaganda Fide Willem Van Rossum, que reelaborou a metodologia tradicional através da análise apresentada por Lebbe e Cotta. Era agora necessário lançar as bases de uma Igreja Chinesa. Para serem evangelizados, os chineses não precisavam de um superbatismo, como afirmou o Padre Kervyn num dos seus livros de 1911. Foi suficiente aplicar ali também a metodologia descrita nos Atos dos Apóstolos.
A China desempenha um papel central em tudo isto.
BUTTURINI: Pode-se dizer que a Maximum illud nasceu nas missões da China. No período entre as duas guerras, a China tornou-se uma espécie de laboratório missionário. Em 1926 foram consagrados os primeiros seis bispos indígenas, e eram chineses. Em 1927, a Santa Sé, surpreendendo todas as nações europeias, reconheceu a legitimidade do novo governo chinês, não pedindo quaisquer privilégios para a Igreja, mas apenas para poder regressar ao direito comum. Depois, em 1929, ao participar no funeral do presidente chinês Sun Yat Sen, fundador da República Chinesa, iniciou a solução da infeliz questão dos “ritos chineses”, que foi encerrada entre 1934 e 1939. Naqueles anos, toda a Igreja olhava para as missões com um olhar chinês. E nisso Celso Costantini e Paolo Marella, delegado apostólico no Japão, tiveram um papel decisivo.
Que reações houve ao documento?
BUTTURINI: Para permanecer na China, muitos missionários, especialmente franceses, reagiram mal. Eles não tinham compreendido a aceleração das mudanças. Costantini confidenciou a alguém que já não sabia o que fazer, «se estar com a Máxima ilusão contra os missionários ou com os missionários contra a Máxima ilusão ». No grande heroísmo dos missionários também vieram à luz os limites e os erros da metodologia missionária. Precisamente a seriedade com que Bento XVI enfrentou o problema missionário teria aberto novas perspectivas, que seriam seguidas pelos seus sucessores.

Uma imagem da Primeira Guerra Mundial (30Giorni)

Vamos passar para outra coisa. Com respeito à situação interna da Igreja, depois da crise modernista, que atitude tomou Bento XV?
BUTTURINI: Ele tentou tornar a situação sustentável. Certamente, ele não concordou com a forma como a crise modernista foi abordada no pontificado anterior. Desmantelou decisivamente o sodalitium pianum , aquela rede de controle que havia sido criada na Igreja (mesmo que suas dimensões tenham sido esclarecidas e redimensionadas pelos estudos de Émile Poulat) para denunciar e atingir todos os suspeitos de conivência modernista. Até Giacomo della Chiesa, quando era bispo de Bolonha, viu de perto alguns excessos da campanha antimodernista. Ettore Lodi, reitor do seminário diocesano, foi demitido. E o manual de Dom Alfonso Manaresi, professor de história da Igreja, foi colocado no índice.
Diz-se que ele também entrou pessoalmente na mira dos antimodernistas.
BUTTURINI: Ele reconheceu a falta de propensão da Igreja para questões teológicas. Como papa, ele se contentou em salvaguardar o Depositum fidei tal como o havia herdado. Nas páginas da sua encíclica programática Ad Beatissimi , além de repetir a condenação do modernismo, afirma querer manter intacta a antiga fórmula de Vicente de Lérins: «Não se renove nada senão o que foi transmitido». Onde pelo menos a ênfase está no equilíbrio. Já como bispo de Bolonha, na sua primeira carta pastoral, havia afirmado que não era sua intenção condenar toda discussão e toda nova doutrina, mas que todas as novas teorias deveriam ser submetidas à verificação do sensus Ecclesiae . Nesse sentido, também mostrou certa abertura a algumas solicitações apoiadas por estudiosos suspeitos de modernismo, mas que mais tarde serão reconhecidas como legítimas, como a aplicação das ferramentas da crítica histórica e filológica ao campo da exegese bíblica. Para ele, a lição de Leão XIII permaneceu fundamental. Era necessário “historicizar” o Cristianismo, sem corrompê-lo por dentro.
O pontificado de Bento XV foi inteiramente condicionado pela Primeira Guerra Mundial.

BUTTURINI: Existem muitos aspectos. Até o conclave que o elegeu foi um “conclave de guerra”. Com os cardeais europeus divididos pela frente, como aconteceu com toda a Europa “católica”. Diante do conflito, sua intenção era manter a Igreja “perfeitamente” neutra. Ele conseguiu? A nível prático, foi condicionado por muitos factos concretos. Ele não pôde deixar de ver com certa apreensão que a Áustria, a única potência católica, caminhava para a ruína. Isto explica a sua pressão para que a Áustria cumprisse as exigências italianas e impedisse a Itália de entrar na guerra. Além disso, quando se tornou Papa, a cultura católica e o ambiente da Santa Sé estavam sob a influência do mundo germânico, depois de as relações entre a França e a Santa Sé terem entrado em crise em 1905. Naquela época, diziam: “Docet Alemanha”. Embora Benedetto, afilhado do cardeal Rampolla, tivesse herdado dele a preferência pela França, ele sentiu a pressão sobre si mesmo da opinio communis do ambiente do Vaticano, onde operava um forte lobby pró-alemão.
Houve também o caso Gerlach.

BUTTURINI: Rudolph Gerlach, capelão secreto papal, foi acusado pela polícia italiana no início de 1917 de estar envolvido no naufrágio do navio de guerra Leonardo da Vinci no porto de Taranto. A acusação descreveu-o (na verdade, sem muitas provas) como a figura central de uma rede de espionagem espalhada por Itália e como o elo de contacto entre os serviços secretos alemães e austríacos. O Papa o defendeu, e isso foi visto como uma negação da tão afirmada neutralidade. A opinião pública, especialmente a francesa, voltou-se contra ele.
Os seus apelos à paz também caíram em ouvidos surdos.
BUTTURINI: Para a intelectualidade católica da França e da Itália, participar na guerra foi um teste para se redimirem aos olhos da liderança política do seu país. A elite católico-liberal era a favor da guerra. Neste ponto o Papa estava mais próximo da sensibilidade do catolicismo popular e intransigente. Os católicos populares eram pela paz. Tiveram que lidar com os agricultores, com os trabalhadores, ou seja, com aqueles que, concretamente, teriam pago mais, acabando como bucha de canhão. Os seus apelos ignorados para pôr fim ao “massacre inútil”, tal como o definiu na Nota de Paz de Agosto de 1917, não surgiram de um irenismo ingénuo. Eles foram nutridos pela percepção realista de que todos pagariam pela loucura da guerra, especialmente as massas mais fracas. E que o conflito não foi resolvido tomando partido de um lado ou de outro, mas tentando compreender as causas que o produziram. Como se diz numa das passagens mais intensas da Nota de Paz: «As nações não morrem: humilhadas e oprimidas, carregam trêmulas o jugo que lhes é imposto, preparando a recuperação e transmitindo de geração em geração um triste legado de ódio e vingança». Com Bento, em certo sentido, exprime-se uma nova presença da Igreja no mundo: do “temporalismo territorial” de Pio IX e do “social” de Leão XIII, passamos ao humanitário, que trabalha em defesa da paz e, depois, cada vez mais, dos direitos humanos.
Outro aspecto fundamental do seu pontificado é precisamente a ação da Santa Sé no sistema das relações internacionais.

BUTTURINI: Pense no que aconteceu naqueles anos: milhões de mortes; quatro impérios terminaram em ruína; a Revolução Russa, a potência emergente dos Estados Unidos da América. Face a toda esta convulsão, Bento XVI não se sente tentado a ver a Santa Sé como uma entidade geopolítica líder. Mesmo a humilhante exclusão do congresso de paz de Versalhes, devido ao ostracismo do Ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Sidney Sonnino, foi um antídoto para qualquer sobrestimação do peso do Vaticano. Mas isto não significa que Bento XVI tenha reduzido a importância que atribuía à atividade diplomática da Santa Sé. No início do seu pontificado havia apenas dez nações representadas no Vaticano. No final, serão vinte e sete.
Para concluir, gostaria sobretudo de recordar o incrível empenho deste Papa na ajuda humanitária às vítimas da guerra, especialmente às crianças. Por esta razão, Bento XVI não hesitou em gastar uma enorme quantidade de dinheiro na época, levando o Vaticano à beira da falência.

Fonte: https://www.30giorni.it/

São Carlos Borromeu, padroeiro dos Catequistas

São Carlos Borromeu (Templários de Maria)

SANTO DO DIA – 04 DE NOVEMBRO – SÃO CARLOS BORROMEU
Bispo (1538-1584)

A obra de são Borromeu, um dos santos mais importantes e mais queridos da Igreja, poderia ser resumida em duas palavras: dedicação e trabalho. Mas para fazer justiça, como ele sempre pregou, temos de acrescentar mais uma, sem dúvida a mais importante: humildade. Oriundo da nobreza, Carlos Borromeu utilizou a inteligência notável, a cultura e o acesso às altas elites de Roma para posicionar-se na frente, ao lado e até abaixo dos pobres, doentes e, principalmente, das crianças.

Nasceu no castelo da família em Arona, próximo de Milão, em 2 de outubro de 1538. O pai era o conde Gilberto Borromeu e a mãe era Margarida de Médicis, da mesma casa da nobreza de grande influência na sociedade e na Igreja. Carlos era o segundo filho do casal, e aos doze anos a família o entregou para servir a Deus, como era hábito na época. Com vocação religiosa acentuada, penitente, piedoso e caridoso como os pobres.

Levou a sério os estudos diplomando-se em direito canônico, aos vinte e um anos de idade. Um ano depois, fundou uma Academia para estudos religiosos, com total aprovação de Roma. Sobrinho de Pio IV, aos vinte e quatro anos já era sacerdote e bispo de Milão. Na sua breve trajetória, deixou-se guiar apenas pela fé, atuando tanto na burocracia interna da Igreja quanto na evangelização, sem fazer distinção para uma ou para a outra. Talvez tenha sido o primeiro secretário de Estado no sentido moderno da expressão. Formado pela Universidade de Pávia, liderou uma reforma radical na organização administrativa da Igreja, que naquele período era alicerçada no nepotismo, abusos de influências e sintomas graves de corrupção e decadência moral.

Para isso conquistou a colaboração de instituições, das escolas, dos jesuítas, dos capuchinhos e de muitos outros. Foi um dos maiores fundadores que a Igreja já teve. Criou seminários e vários institutos de utilidade pública para dar atendimento e abrigo aos pobres e doentes, o que lhe proporcionou o título de ‘pai dos pobres’. Orientou muitas Ordens e algumas que surgiram depois de sua morte o escolheram para padroeiro, dando continuidade à grandiosa obra de amparo aos mais pobres que nos deixou. Contudo tudo foi muito difícil, porque encontrou muita resistência de Ordens conservadoras. Aliás, foi até vítima de um covarde atentado enquanto rezava na capela. Mas saiu ileso e humildemente perdoou seu agressor.

Chegou 1576 e com ele a peste. Milão foi duramente assolada e mais de cem padres pagaram com a própria vida as lágrimas que enxugaram de casa em casa. Um dos mais ativos era Carlos Borromeu. Visitava os contaminados, levando-lhes o sacramento e consolo sem limites nem precauções, num trabalho incansável que lhe consumiu as energias. Chegou a flagelar-se em procissões públicas, pedindo perdão a Deus em nome de seu povo.

Até que um dia foi apanhado, finalmente, pela febre, que minou seu organismo lentamente. Morreu anos depois, dizendo-se feliz por ter seguido os ensinamentos de Cristo e poder encontrar-se com ele de coração puro. Tinha apenas quarenta e seis anos de idade, quando isso aconteceu no dia 4 de novembro de 1584, na sua sede episcopal, na Itália. O papa Paulo V canonizou-o em 1610 e designou a festa em homenagem à memória de são Carlos Borromeu para o dia de sua morte.

Texto: Paulinas Internet

Conheça mais sobre São Carlos Borromeu, Bispo

A obra de São Carlos Borromeu, um dos santos mais importantes e mais queridos da Igreja, poderia ser resumida em duas palavras: dedicação e trabalho.

Mas para fazer justiça, como ele sempre pregou, temos que acrescentar mais uma, sem dúvida a mais importante: humildade.

Oriundo da nobreza, Carlos Borromeu utilizou a inteligência notável, a cultura e o acesso às altas elites de Roma para posicionar-se à frente, ao lado e até abaixo dos pobres, doentes e, principalmente, das crianças.

Nasceu no castelo da família em Arona, próximo de Milão, a 02 de outubro de 1538. O pai era o conde Gilberto Borromeu e a mãe era Margari. São Carlos Borromeu de Médicis, a mesma casa da nobreza de grande influência na sociedade e na Igreja. Carlos era o segundo filho do casal, e aos doze anos a família o entregou para servir à Deus, como era hábito na época. Com vocação religiosa acentuada, penitente, piedoso e caridoso como os pobres.

Levou a sério os estudos diplomando-se em Direito Canônico, aos vinte e um anos de idade. Um ano depois fundou uma Academia para estudos religiosos, com total aprovação de Roma. Sobrinho de Pio IV, aos vinte e quatro anos já era sacerdote e Bispo de Milão. Na sua breve trajetória, deixou-se guiar apenas pela fé, atuando tanto na burocracia interna da Igreja quanto na evangelização, sem fazer distinção para uma ou para a outra.

Talvez tenha sido o primeiro secretário de estado no sentido moderno da expressão. Formado pela universidade de Pávia, liderou uma reforma radical na organização administrativa da Igreja, que naquele período era alicerçada no nepotismo, abusos de influencias e sintomas graves de corrupção e decadência moral.

Para isso, conquistou a colaboração de instituições, das escolas, dos jesuítas, dos capuchinhos e de muitos outros. Foi um dos maiores fundadores que a Igreja possuiu. Criou seminários e vários institutos de utilidade pública para dar atendimento e abrigo aos pobres e doentes, o que lhe proporcionou o título de “pai dos pobres”.

Orientou muitas ordens e algumas que surgiram depois de sua morte o escolheram para padroeiro, dando continuidade à grandiosa obra de amparo aos mais pobres, que nos deixou. Contudo, tudo foi muito difícil, porque encontrou muita resistência de ordens conservadoras. Aliás, foi inclusive vítima de um covarde atentado enquanto rezava na capela. Mas saiu ileso e humildemente perdoou seu agressor.

Chegou o ano 1576 e com ele a peste. Milão foi duramente assolada e mais de cem padres pagaram com a própria vida as lágrimas que enxugaram de casa em casa. Um dos mais ativos era Carlos Borromeu. Visitava os contaminados, levando-lhes o sacramento e consolo sem limites nem precauções, num trabalho incansável que lhe consumiu as energias. Chegou a flagelar-se em procissões públicas, pedindo perdão a Deus em nome de seu povo.

Até que um dia foi apanhado finalmente pela febre, que minou seu organismo lentamente. Morreu anos depois se dizendo feliz por ter seguido os ensinamentos de Cristo e poder se encontrar com ele de coração puro.

Tinha apenas quarenta e seis anos de idade, quando isso aconteceu no dia 04 de novembro de 1584, na sua sede episcopal, na Itália. O Papa Paulo V o canonizou no ano 1610 e designou a festa em homenagem à memória de Santo Carlos Borromeu, para o dia de sua morte [1].

Bento XVI a ele referindo-se (Ângelus – 4/10/2007) afirmou: “Sua figura destaca-se no século XVI como modelo de pastor exemplar pela caridade, doutrina, zelo apostólico e sobretudo, pela oração.

Dedicou-se por completo à Igreja ambrosiana: a visitou três vezes; convocou seis sínodos provinciais e onze diocesanos; fundou seminários para formar uma nova geração de sacerdotes; construiu hospitais e destinou as riquezas de família ao serviço dos pobres; defendeu os direitos da Igreja contra os poderosos; renovou a vida religiosa e instituiu uma nova Congregação de sacerdotes seculares, os Oblatos. (…) Seu lema consistia em uma só palavra: “Humilitas”. A humildade o impulsionou, como o Senhor Jesus, a renunciar a si mesmo para fazer-se servo de todos”.

São Carlos Borromeu,

Um príncipe passava por Milão: para homenageá-lo, celebraram-se divertimentos públicos. De repente, uma notícia sinistra se espalhou celeremente: manifestara-se a peste em dois lugares da cidade.

São Carlos Borromeu (Templários de Maria)

O príncipe, imediatamente, e com precipitação retirou-se, seguido do governador e de grande parte da nobreza e dos magistrados.

Ficaram na cidade apenas o povo e os pobres com um pequeno número de magistrados e alguns bons padres ou religiosos, num terror e desolação inenarráveis.

O santo arcebispo Carlos fora administrar os últimos sacramentos a um bispo da província. Quando regressou, toda a agente se lhe reuniu ao redor, a gritar, consternada, e a chorar:

– Misericórdia, Senhor, misericórdia! A peste aqui ficará por seis meses!

Carlos foi o salvador do povo. Secundado por padres e religiosos, que animava à caridade, proveu as necessidades corporais e espirituais dos doentes, visitando-os e administrando-lhes, ele mesmo, os sacramentos. Para alimentá-los ou vesti-los, vendia tudo aquilo que tinha, até a cama, resignando-se a dormir sobre tábuas. E jejuando e orando, sofrendo pela saúde de todos, procurou afastar a ira de Deus. Orava e jejuava, sem cessar.

Nascido duma ilustre família, sobrinho do Papa Pio IV, cardeal e arcebispo, empregou toda a superioridade para melhor servir a Igreja, secundar os sábios regulamentos do santo concílio de Trento, que vinha de concluir-se por seu desvelo, reprimir as heresias, reformar os costumes do clero e do povo, reanimar o fervor dos claustros, renovar, numa palavra, a face da terra.

Por si mesmo, viveria com mais austeridade, que um trapista. Muitos anos antes de sua morte, que se deu em 1584, propôs a si mesmo uma lei: jejuar todos os dias, passar a pão e água, excetuando os domingos e dias de festas, nos quais comia um pouco deste ou daquele legume ou fruta. Continuamente fazia uso do cilício, dormia muito pouco, passando em orações as vigílias das grandes festas.

Quem quer que rogasse a São Carlos lhe traçasse as regras a seguir, para progredir na virtude, dava-lhe o santo, invariavelmente, esta resposta:

– Aquele que deseja progredir no serviço de Deus, deve começar cada dia da vida com um novo ardor, ater-se na presença de Deus o mais possível e tudo fazer para que as ações que praticar sejam para a glória do Senhor.

E o que São Carlos Borromeu dizia, cumpria-o. Quanto a nós, façamos o que nos diz.

De resto, o que São Carlos fez durante a peste de Milão, fê-lo durante toda a vida, nada aspirando, senão à glória de Deus e à salvação do próximo. Na diocese toda, veem-se monumentos vários que lhe exaltam a caridade.

Em Milão, fundou um convento de capuchinhos, onde a filha de João Batista Borromeu, seu tio, professou e morreu com reputação de santidade. Um mosteiro de Ursulinas, para instrução de órfãs, um hospital para pobres, onde eram recebidos todos os que estavam necessitados, outro para convalescentes, etc.

Os oblatos tiveram a direção dos colégios e seminários diocesanos. Quanto ao colégio que fundou em Pavia, entregou-o São Carlos à direção dos cleros regulares de Somasque.

Além do governo-geral da província e da diocese, ocupava-se ainda com a direção particular das almas. Gostava imensamente de assistir aos moribundos. Ao ter conhecimento de que, isso em 1583. O duque de Saboia, adoecera em Vercelli, e os médicos estavam desesperançados, para lá partiu, chegando ainda com tempo para o encontrar vivo.

O duque, ao pressentir o santo arcebispo no quarto, exclamou:

– Estou curado!

São Carlos, administrou-lhe a comunhão, no dia seguinte e ordenou orações para que se restabelecesse. O duque viveu persuadido de que, depois de Deus, devia a cura aos méritos do santo. Quando, afinal, veio a falecer, deixou ordenado lhe acendessem uma lâmpada de prata no túmulo, em, sinal de agradecimentos por aquele benefício.

Ia São Carlos, de quando em quando, fazer retiros em Camaldules e noutros lugares solitários. Apreciava, especialmente, fazê-lo em Monte-Varalli, na diocese de Novara, nas fronteiras da Suíça. Ali os mistérios da paixão eram representados nas diferentes capelas. Em 1584, reuniu-se com seu confessor, para preparar-se para a morte, que dizia, já estava próxima. E passou, então, a redobrar as austeridades.

Neste último retiro, parecia mais embevecido em Deus do que nunca, livre de todas as coisas terrenas, bem longe de tudo o que formigava cá embaixo. A abundância de lágrimas, tanto chorava, obrigava-o a interromper, constantemente, a celebração as santa missa. Passava a maior parte do tempo na capela chamada Súplica do Jardim, e naquela Do Sepulcro. Dir-se-ia um morto, tão engolfado vivia no Salvador, para reconhecer a si mesmo.

São Carlos Borromeu (Templários de Maria)

Aos 24 de outubro, terça-feira, foi tomado por uma grande febre. Aos 29, tendo terminado o retiro, partiu para Arona. A febre aumentava, e o que era pior, era contínua. No Dia dos Mortos, foi levado para Milão, em liteira. A doença que o acometera foi julgada gravíssima. Havia momentos de melhora, mas em breve, o recrudescimento da febre anunciou-se por sintomas tão incômodos, que os médicos que a ele assistiam perderam toda a esperança que, havia bem pouco, ainda nutriam de o salvar.

Carlos, que não interrompera os exercícios de devoção, recebeu o julgamento dos médicos com uma serenidade sobrenatural, com uma tranqüilidade difícil de se acreditar, e pediu os sacramentos da Igreja, sacramentos que recebeu com o maior fervor e unção.

De tarde, principiava docemente a noite de 4 de novembro, morria, pronunciando estas palavras:

– Ecce venio – Eis que eu venho.

Por testamento, deixou para a catedral uma baixela, a biblioteca para o cabido, os manuscritos para o bispo de Vercelli, instituindo o hospital geral, seu herdeiro. Quanto aos funerais, deixou ordens explícitas para que se fizessem com a maior simplicidade. Escolhera como sepultura um recanto existente perto do coro, e não queria outra inscrição senão aquela que ainda hoje se lê numa pequena placa de mármore, que diz assim:

“Carlos, Cardeal com o título de São Praxedes, arcebispo de Milão, que implora o socorro das orações do clero, do povo e dos devotos em geral, escolheu esta tumba, quando em vida.”

E fez-se esta edição:

“Viveu 46 anos, um mês e um dia, governou esta igreja por 24 anos, 8 meses, 24 dias, tendo falecido aos 4 de novembro de 1584.

(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XIX, p. 174 à 179)

Fonte: https://templariodemaria.com/

S. MARTINHO DE PORRES, RELIGIOSO DOMINICANO

São Martinho de Porres, século XVI (Vatican Media)

03 novembro

O convento de Nossa Senhora do Rosário, em Lima, era uma estrutura impressionante. Ali, no final de 1600, viviam 100 frades Dominicanos. Seu maior problema era financeiro.

Certo dia, o prior decidiu fazer um pacote, com alguns objetos preciosos, e foi vendê-los para pagar as dívidas e ter um pouco de alívio. O jovem converso, encarregado dos afazeres mais humildes, por ser mulato, correu atrás do prior e, sem fôlego, lhe disse: "Não venda os objetos preciosos, mas me venda como escravo". O prior, petrificado, comoveu-se e mandou de volta aquele jovem que via todos os dias com a vassoura na mão e de bom humor, sem nunca se incomodar de ser "invisível" pela comunidade.

Cor da pele errada

Aquele jovem, um pouco mais que adolescente, chama-se Martinho: é de Lima, mas tinha a cor da pele errada, por ser a cor dos escravos. Sua mãe, Ana, era escrava, e tinha concebido Martinho por ter tido uma relação com seu patrão aristocrático espanhol, Juan de Porres. Uma história como tantas: uma mulher solteira com um filho ilegítimo, que era como inexistente. Mas Martinho era uma criança incomum: esperto, disposto, capaz, apesar de viver na miséria. Até seu próprio pai o percebeu, não obstante lhe tenha dado as costas, por tantos anos, por causa da cor da sua pele. Quando se transferiu para o Panamá, para desempenhar o cargo de Governador, Juan de Porres reconheceu seu filho e dispensou víveres à sua mãe para se manter com o menino, sem problemas.

Dom de curar

Martinho não foi apenas especialista em vassoura. Antes de entrar para o Convento, aprendeu, com alguns farmacêuticos vizinhos, as primeiras noções desta profissão. Além do mais, por algum tempo, frequentou uma barbearia, um trabalho que, não raramente, era associado ao de um cirurgião. Desta forma, em um convento lotado, o rapaz teve muitas oportunidades para ser apreciado como barbeiro e por dar bons conselhos, do ponto de vista médico. Mas, seu dom mais cristalino era a sua fé, que transparecia pelo seu modo de ser. Demonstrou a sua fé também com uma capacidade insuspeitável de transmitir o Evangelho aos pobres, que os entendia melhor que muitos outros.

Como São Francisco

A fama de Martinho aumentou rapidamente. Ele lembrava bem as incursões dos conquistadores no Peru. Por isso, o frade conquistou os corações, também de nobres e vice-reis. A ele são atribuídos sinais extraordinários. Mas, extraordinária era, certamente, a extensão da sua caridade. A enfermaria do convento, onde tinha a capacidade de curar, não apenas o corpo, o tornou uma autoridade indiscutível; muitas vezes, tornava-se casa provisória para migrantes e desempregados.
Para as crianças pobres, mandou construir um colégio, o primeiro da América do Sul. Além do mais, suscitava estupor também seu amor pelos animais, que os tratava com delicadeza e respeito. Tornou-se famoso o episódio dos ratos que roíam as roupas dos doentes. Martinho prometeu-lhes que mataria a sua fome se saíssem daquela casa. E assim foi. O convento ficou “livre” dos ratos e Martinho nunca se esqueceu de lhes levar comida.
Lendas, talvez, de uma história que, em todo o caso, fala de um amor pelas criaturas, semelhante ao de São Francisco de Assis.
Martinho faleceu serenamente na noite de 3 de novembro de 1639. Em 1962, o Papa João XXIII o proclamou Santo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF