Translate

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Um grande educador

São João Bosco (UBEC)
31 de janeiro

UM GRANDE EDUCADOR

 Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo de  São João Maria Vianney

            “Toda a educação se inspira numa específica concepção do homem. A educação cristã tende a favorecer a realização do homem através do desenvolvimento de todo o seu ser, espírito incarnado, e dos dons da natureza e da graça com os quais foi enriquecido por Deus. A educação cristã está radicada na fé que nos ilumina…” (C. p Educação Católica, 1983). 

             No século XIX, um menino pobre, órfão de pai aos dois anos, que recebeu uma forte educação humana e cristã de sua mãe, Margarida, mulher simples, sem estudos, mas de muita fé, tornou-se o maior educador daquele século e modelo de todos os educadores. Estamos falando do grande São João Bosco, cuja festa celebramos hoje, com os seus filhos salesianos. 

​         Estamos em Turim, Itália, na época do começo da industrialização, com o problema decorrente da imigração juvenil. Inundada de jovens procurando emprego, que nem sempre conseguiam, essa cidade oferecia ocasião para muitas desordens e perigos para essa juventude. É nesse contexto que entra em ação o Padre João Bosco, Dom Bosco, como se chamam os padres na Itália, como hábil organizador de iniciativas, implantando um fantástico sistema educacional que mais tarde se chamaria “sistema preventivo”, fundado na razão, na religião e na amabilidade. E assim ele conquistou a juventude. 

​            Seu sistema de educação consistia em prevenir as quedas, em tirar os jovens das ocasiões de pecado. Vigilância, palavrinha de conselho ao ouvido de cada um, compreensão, amabilidade e amor no trato com os jovens, vida pessoal de oração e uso dos sacramentos da Igreja, eram os seus instrumentos didáticos e pedagógicos. E todos o amavam e procuravam imitar. Não seria esse o melhor método para educar a nossa juventude tão desnorteada hoje?! 

​              Enfrentando ataques violentos dos anticlericais, ele implantou o oratório festivo de Valdocco, enriqueceu-o de laboratórios artesanais e profissionais, com escolas de artes e ofícios para jovens trabalhadores e com escolas humanísticas para os jovens encaminhados ao sacerdócio. Em pouco tempo, já havia oitocentos jovens, provenientes das camadas populares da Itália. E sua obra se espalhou por todo o mundo. 

​             Para assegurar o futuro de sua obra, fundou a Pia Sociedade de São Francisco de Sales, os Salesianos, e, com a ajuda da Irmã Maria Mazzarello, o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, das quais temos ilustres representantes em nossa cidade, dedicados à educação dos jovens. A eles e a elas a nossa homenagem e imensa gratidão.

​             São João Bosco foi considerado o novo São Vicente de Paulo, pela sua dedicação aos mais carentes. Foi grande escritor de livros populares, sobretudo para os jovens. 

​              Esse grande apóstolo da juventude, exemplo para todos os educadores, faleceu santamente em 31 de janeiro de 1888. Foi proclamado pelo Papa João Paulo II “pai e mestre dos jovens”. Que São João Bosco proteja a nossa juventude! 

            “Toda a educação se inspira numa específica concepção do homem. A educação cristã tende a favorecer a realização do homem através do desenvolvimento de todo o seu ser, espírito incarnado, e dos dons da natureza e da graça com os quais foi enriquecido por Deus. A educação cristã está radicada na fé que nos ilumina…” (C. p Educação Católica, 1983). 

             No século XIX, um menino pobre, órfão de pai aos dois anos, que recebeu uma forte educação humana e cristã de sua mãe, Margarida, mulher simples, sem estudos, mas de muita fé, tornou-se o maior educador daquele século e modelo de todos os educadores. Estamos falando do grande São João Bosco, cuja festa celebramos hoje, com os seus filhos salesianos. 

​         Estamos em Turim, Itália, na época do começo da industrialização, com o problema decorrente da imigração juvenil. Inundada de jovens procurando emprego, que nem sempre conseguiam, essa cidade oferecia ocasião para muitas desordens e perigos para essa juventude. É nesse contexto que entra em ação o Padre João Bosco, Dom Bosco, como se chamam os padres na Itália, como hábil organizador de iniciativas, implantando um fantástico sistema educacional que mais tarde se chamaria “sistema preventivo”, fundado na razão, na religião e na amabilidade. E assim ele conquistou a juventude. 

​            Seu sistema de educação consistia em prevenir as quedas, em tirar os jovens das ocasiões de pecado. Vigilância, palavrinha de conselho ao ouvido de cada um, compreensão, amabilidade e amor no trato com os jovens, vida pessoal de oração e uso dos sacramentos da Igreja, eram os seus instrumentos didáticos e pedagógicos. E todos o amavam e procuravam imitar. Não seria esse o melhor método para educar a nossa juventude tão desnorteada hoje?! 

​              Enfrentando ataques violentos dos anticlericais, ele implantou o oratório festivo de Valdocco, enriqueceu-o de laboratórios artesanais e profissionais, com escolas de artes e ofícios para jovens trabalhadores e com escolas humanísticas para os jovens encaminhados ao sacerdócio. Em pouco tempo, já havia oitocentos jovens, provenientes das camadas populares da Itália. E sua obra se espalhou por todo o mundo. 

​             Para assegurar o futuro de sua obra, fundou a Pia Sociedade de São Francisco de Sales, os Salesianos, e, com a ajuda da Irmã Maria Mazzarello, o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, das quais temos ilustres representantes em nossa cidade, dedicados à educação dos jovens. A eles e a elas a nossa homenagem e imensa gratidão.

​             São João Bosco foi considerado o novo São Vicente de Paulo, pela sua dedicação aos mais carentes. Foi grande escritor de livros populares, sobretudo para os jovens.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Estudo aponta: quem lê vive mais

A leitura reforma as funções cognitivas mais complexas do cérebro — Foto: Getty Images

Especialistas indicam 30 minutos diários de leitura para uma vida mais longeva.

Por Bradesco Seguros

22/01/2024

Ninguém duvida que a leitura estimula o raciocínio, ativa o cérebro, aumenta a imaginação e desenvolve a capacidade de concentração. Mas o que poucos sabem é que, com apenas 30 minutos de prática diária, a vida pode se prolongar por até dois anos. Resultado de uma pesquisa realizada pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, batizada de Um capítulo por dia, que acompanhou 3.635 pessoas 50+ durante 12 anos, foi provado que o exercício cerebral diário faz toda diferença quando o assunto é longevidade.

A explicação para isso está na reorganização neurológica que o hábito promove.

— A leitura reforma as funções cognitivas mais complexas do cérebro —, afirma a neuropsicanalista Priscila Gasparini Fernandes, que completa: — Quando a gente lê, estimula o córtex, que está diretamente ligado a pensamentos, memórias e à consciência.

É como se ela consertasse os neurônios que estão funcionando mal, compara Priscila.

E não são só os livros que têm esse poder.

— Qualquer tipo de exercício mental atua na plasticidade do cérebro”, afirma a expert.

Pode ser um jogo de tabuleiro com estratégias, uma reportagem que desperte o interesse do leitor e até uma série escolhida para maratonar. O importante aqui é que a atividade leve no mínimo 30 minutos e que estimule o raciocínio.

— Nosso poder de absorção de informação dura em média 45 minutos — Por isso, as aulas, em geral, têm esse tempo de duração e são seguidas de intervalos — pontua Priscila, acrescentando que essas pausas são fundamentais para resetar o cérebro e prepará-lo para mais um período de aprendizado.

Mas atenção: a leitura de notícias não entra nessa conta.

— Essa é uma função prática, do dia a dia, que não tem efeito profundo. Portanto, não atinge o córtex e não age em funções cognitivas.

De nada adianta também se prostrar em frente à televisão sem prestar atenção direito em nada. O importante, garante a neuropsicanalista, é o raciocínio estar presente na atividade:

— Ler coisas de seu interesse faz com que você aumente o vocabulário, trabalhe as memórias recentes, a remota e a operacional

NA ESTANTE

Datado de 2016, o estudo coordenado pela Universidade de Yale dividiu os participantes em três grupos — os que não tinham o hábito da leitura, os que liam três horas e meia semanais e os acostumados a ler mais de 30 minutos por dia. Doze anos depois, concluiu-se que o grupo intermediário apresentou 17% menos chance de morrer antes do que os avessos à leitura — número que chegou a 23% entre os devoradores de obras literárias.

Segundo Priscila, qualquer assunto que desperte o interesse do leitor vale para prolongar a existência aqui na Terra. A exceção são os contos muito curtos que, a menos que promovam conexões com a vida do leitor, gerem pensamentos lógicos ou associativos, não preenchem os 30 minutos de exercício diário.

Fonte: https://oglobo.globo.com/

NAZARENO: A dúvida de Pedro, a mão de Jesus (O Nazareno caminha sobre as águas) - Cap. 29

Nazareno (Vatican News)

Cap. 29 - A dúvida de Pedro, a mão de Jesus (O Nazareno caminha sobre as águas)

Os apóstolos não haviam se afastado do Mestre por vontade própria, deixando-o sozinho em Betsaida. Eles estão preocupados com ele, com medo de que as multidões o encontrem. Eles continuaram conversando, mal percebendo a chegada de uma nova tempestade. O barco já estava a muitos quilômetros da terra e era agitado pelas ondas: o vento estava contra. Também dessa vez Jesus não os deixa sozinhos, mas se junta a eles andando sobre as águas. Os discípulos estão assustados, mas ele os tranquiliza e Pedro pede que ele prove que é ele: “Manda que eu vá ao teu encontro sobre as águas”. E Jesus respondeu: “Vem”. Ele também caminha como Jesus na superfície da água, mas então começa a ficar com medo, Pedro grita: "Senhor, salva-me!" e imediatamente Jesus estende a mão, agarra-o e diz: "Homem de pouca fé, por que duvidaste?" Assim que entraram no barco, o vento parou de soprar e todos se prostraram diante dele, dizendo: "Verdadeiramente tu és o Filho de Deus!" Eles finalmente desembarcam em Genesaré, e Jesus se apresenta como o pão da vida: "Se alguém comer deste pão, viverá para sempre, e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo". Vendo que muitos de seus seguidores estavam se afastando após essas palavras, ele se volta para os doze apóstolos: "Vocês também querem ir embora?". Simão Pedro lhe respondeu: “Senhor, a quem iremos? Tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”. 

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/01/29/16/137660046_F137660046.mp3


Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Papa: Quaresma, a humanidade tateia ainda na escuridão das desigualdades

Pegadas impressas na areia do deserto, para o profeta Oséias "o lugar do primeiro amor", onde Deus educa o seu povo para a liberdade (Vatican News)

Em sua mensagem para a Quaresma 2024, Francisco reconhece que a humanidade de hoje atingiu “níveis de desenvolvimento científico, técnico, cultural e jurídico capazes de garantir dignidade a todos”, mas o risco é que, sem rever os estilos de vida, se caia na “escravidão” de práticas que arruínam o planeta e alimentam as desigualdades.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Foi divulgada, nesta quinta-feira (1°/02), a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2024 sobre o tema "Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade".

Francisco inicia o texto com um versículo do Livro do Êxodo: «Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa da servidão». "Assim inicia o Decálogo dado a Moisés no Monte Sinai", escreve o Papa, acrescentando que "quando o nosso Deus se revela, comunica liberdade".

Deserto, lugar do primeiro amor

"O povo sabe bem de que êxodo Deus está falando: traz ainda gravada na sua carne a experiência da escravidão. Como Israel no deserto tinha ainda dentro de si o Egito, também hoje o povo de Deus traz dentro de si vínculos opressivos que deve optar por abandonar. Damo-nos conta disto, quando nos falta a esperança e vagueamos na vida como em terra desolada, sem uma terra prometida para a qual tendermos juntos", sublinha o Papa.

A seguir, Francisco recorda que "a Quaresma é o tempo de graça em que o deserto volta a ser – como anuncia o profeta Oseias – o lugar do primeiro amor. Deus educa o seu povo, para que saia das suas escravidões e experimente a passagem da morte para a vida. Como um esposo, atrai-nos novamente a si e sussurra ao nosso coração palavras de amor".

Ver a realidade

"O êxodo da escravidão para a liberdade não é um caminho abstrato. A fim de ser concreta também a nossa Quaresma, o primeiro passo é querer ver a realidade. Também hoje o grito de tantos irmãos e irmãs oprimidos chega ao céu", escreve o Pontífice. A seguir, Francisco pergunta: o grito desses nossos irmãos e irmãs "chega também a nós? Mexe conosco? Comove-nos? Há muitos fatores que nos afastam uns dos outros, negando a fraternidade que originariamente nos une".

A este propósito, o Papa recorda sua viagem a Lampedusa, em 8 de julho de 2013, ressaltando que à globalização da indiferença ele contrapôs duas perguntas, que se tornam cada vez mais atuais: «Onde estás?» e «Onde está o teu irmão?». Segundo Francisco, "o caminho quaresmal será concreto, se, voltando a ouvir tais perguntas, confessarmos que hoje ainda estamos sob o domínio do Faraó. É um domínio que nos deixa exaustos e insensíveis. É um modelo de crescimento que nos divide e nos rouba o futuro. A terra, o ar e a água estão poluídos por ele, mas as próprias almas acabam contaminadas por tal domínio. De fato, embora a nossa libertação tenha começado com o Batismo, permanece em nós uma inexplicável nostalgia da escravidão. É como uma atração para a segurança das coisas já vistas, em detrimento da liberdade".

A Quaresma é tempo de conversão, tempo de liberdade

Segundo o Pontífice, "o êxodo pode ser interrompido: não se explicaria de outro modo porque é que tendo uma humanidade chegado ao limiar da fraternidade universal e a níveis de progresso científico, técnico, cultural e jurídico capazes de garantir a todos a dignidade, tateie ainda na escuridão das desigualdades e dos conflitos".

"Deus não se cansou de nós. A Quaresma é tempo de conversão, tempo de liberdade. O próprio Jesus foi impelido pelo Espírito para o deserto a fim de ser posto à prova na sua liberdade. O deserto é o espaço onde a nossa liberdade pode amadurecer numa decisão pessoal de não voltar a cair na escravidão. Na Quaresma, encontramos novos critérios de juízo e uma comunidade com a qual avançar por um caminho nunca percorrido", escreve ainda Francisco, ressaltando que "isto comporta uma luta: assim nos dizem claramente o livro do Êxodo e as tentações de Jesus no deserto".

Mais temíveis que o Faraó são os ídolos

De acordo com Francisco, "mais temíveis que o Faraó são os ídolos: poderíamos considerá-los como a voz do inimigo dentro de nós. Poder tudo, ser louvado por todos, levar a melhor sobre todos: todo o ser humano sente dentro de si a sedução desta mentira. É uma velha estrada. Assim podemos apegar-nos ao dinheiro, a certos projetos, ideias, objetivos, à nossa posição, a uma tradição, até mesmo a algumas pessoas. Em vez de nos pôr em movimento, nos paralisam. Em vez de nos fazer encontrar, nos dividem".

Porém, "existe uma nova humanidade, o povo dos pequeninos e humildes que não cedeu ao fascínio da mentira. Enquanto os ídolos tornam mudos, cegos, surdos, imóveis aqueles que os servem, os pobres em espírito estão imediatamente disponíveis e prontos: uma força silenciosa de bem que cuida e sustenta o mundo".

Agir é também parar

"É tempo de agir e, na Quaresma, agir é também parar: parar em oração, para acolher a Palavra de Deus, e parar como o Samaritano na presença do irmão ferido", sublinha o Papa. Segundo ele, "a oração, esmola e jejum não são três exercícios independentes, mas um único movimento de abertura, de esvaziamento: lancemos fora os ídolos que nos tornam pesados, fora os apegos que nos aprisionam. Então o coração atrofiado e isolado despertará".

Quaresma, tempo de decisões comunitárias

Segundo o Papa, "a forma sinodal da Igreja, que estamos redescobrindo e cultivando nestes anos, sugere que a Quaresma seja também tempo de decisões comunitárias, de pequenas e grandes opções contracorrente, capazes de modificar a vida quotidiana das pessoas e a vida de toda uma coletividade: os hábitos nas compras, o cuidado com a criação, a inclusão de quem não é visto ou é desprezado".

"Na medida em que esta Quaresma for de conversão, a humanidade extraviada sentirá um abalo de criatividade: o lampejar de uma nova esperança", escreve ainda o Papa, recordando as suas palavras dirigidas aos jovens da JMJ de Lisboa, no verão passado: «Procurai e arriscai; sim, procurai e arriscai. Neste momento histórico, os desafios são enormes, os gemidos dolorosos: estamos vivendo uma terceira guerra mundial feita aos pedaços. Mas abracemos o risco de pensar que não estamos numa agonia, mas num parto; não no fim, mas no início de um grande espetáculo. E é preciso coragem para pensar assim».

"É a coragem da conversão, da saída da escravidão. A fé e a caridade guiam pela mão esta esperança menina. Elas a ensinam a caminhar e, ao mesmo tempo, ela as puxa para a frente", conclui a mensagem do Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A Terra Santa entre medos e esperanças (3/3)

Dois padres ortodoxos gregos na Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém (30Giorni)

Arquivo 30Dias – 01/02 – 2006

A POLÍTICA DO ORIENTE MÉDIO DA SANTA SÉ

A Terra Santa entre medos e esperanças

O Médio Oriente, na encruzilhada de três continentes, é o berço das três religiões monoteístas. É a fonte mais importante de abastecimento de hidrocarbonetos, mas é também vítima da situação criada pelo conflito não resolvido israelo-palestiniano. É a zona do mundo onde mais se gasta em armas, apesar dos gigantescos bolsões de pobreza. As reflexões do cardeal francês que trabalhou na diplomacia vaticana durante trinta anos.

do Cardeal Jean-Louis Tauran

As religiões não devem ser divisivas ou assustadoras. Pelo contrário, deveriam constituir um poderoso fator de humanização e de unidade da sociedade humana. Louis Massignon, eminente estudioso do Oriente, ousou um dia dizer que, na sua opinião, cada uma das três religiões monoteístas ilustrava uma das virtudes teologais: Israel, esperança; Islã, fé; Cristianismo, caridade!

5. Quem conhece os textos dos Papas e da Santa Sé sobre o Médio Oriente observará que utilizam muito pouco a expressão Médio Oriente, preferindo falar da “Terra Santa”. A razão é óbvia: é uma região que tem uma relação especial com a fé. É “santa”: para os judeus, pois é a terra dos seus antepassados, a terra do Livro; para os cristãos, porque é a terra onde Jesus viveu, onde aconteceram os grandes acontecimentos da Redenção e onde têm origem as comunidades cristãs; para os muçulmanos, porque é a terra onde nasceu a sua religião e onde estão presentes há mais de mil anos.

Além disso, no centro, como fonte e síntese da sacralidade desta terra, está Jerusalém, a pátria ideal de todos os descendentes espirituais de Abraão. Jerusalém, hoje dividida, mas cuja vocação é ser símbolo de união e de paz para toda a família humana. Isto explica a perseverança e a intensidade com que os papas, desde 1947, defenderam o caráter único e sagrado daquela cidade. Já em 29 de Novembro de 1947, a Resolução 181 da ONU propunha um regime especial, sob a égide da comunidade internacional: um "corpus separatum". Após a anexação forçada por Israel da zona “oriental” da cidade, a mesma comunidade internacional defendeu a adoção de “um estatuto garantido internacionalmente” para as partes mais sagradas da cidade, caras às três religiões monoteístas. A Santa Sé sempre apoiou esta opinião, tendo, no entanto, o cuidado de distinguir o aspecto territorial de Jerusalém (capital de dois Estados?) - que deverá ser objeto de negociações bilaterais entre israelitas e palestinianos - do aspecto multilateral, uma consequência da dimensão religiosa e universal dos Lugares Santos das três religiões, cujos fiéis estão espalhados pelo mundo. Em suma, caberia à comunidade internacional garantir o carácter único e sagrado da parte "intra muros" de Jerusalém, que acolhe os Lugares Santos rodeados de comunidades humanas com as suas línguas, tradições culturais, escolas, hospitais, lojas ...

 A Santa Sé é de opinião que um estatuto especial, garantido pela comunidade internacional, é o único meio eficaz para evitar, no futuro, sob a pressão de acontecimentos ou mudanças políticas, que uma das duas partes reivindique o controle dos santuários e das realidades humanas que os rodeiam.

Estas minhas reflexões inspiraram-se essencialmente no ensinamento e na ação do Papa João Paulo II, tendo também em consideração o facto de que dos meus vinte e oito anos de serviço na diplomacia papal, vinte e cinco anos pertencem ao pontificado daquele grande Pontífice.

Mas gostaria de observar que o seu sucessor também retomou o seu legado no plano internacional e, em particular, no Médio Oriente.

Basta ler a primeira mensagem para o Dia de Oração pela Paz de 1º de janeiro de 2006 ou o discurso de Bento XVI por ocasião da apresentação das saudações do Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé para se convencer disso. Tal como João Paulo II, Bento XVI baseia a atividade internacional na justiça, no perdão e na reconciliação. Confie na força da lei. A este respeito, a mensagem de 1º de janeiro contém uma bela homenagem ao direito humanitário. Perante os diplomatas, o atual Papa também insistiu no diálogo entre religiões e culturas, elogiando a fecundidade dos intercâmbios entre “o judaísmo e o helenismo, entre o mundo romano, o mundo germânico e o mundo eslavo... o mundo árabe e o mundo mundo europeu". Um dos primeiros gestos do novo Papa foi uma visita a uma sinagoga em Colônia, em agosto passado. Com o mesmo vigor do seu antecessor, condenou o terrorismo, descrevendo-o como «atividade criminosa, que cobre de infâmia aqueles que a perpetram, tornando-o tanto mais culpável quanto mais se esconde atrás do escudo de uma religião, rebaixando-se assim ao nível de sua própria cegueira e de sua perversão moral, a pura verdade de Deus”. E pensando no Médio Oriente, Bento XVI reafirmou o direito do Estado de Israel a existir na Terra Santa, «de acordo com as normas do direito internacional», bem como o direito «do povo palestiniano de poder desenvolver pacificamente a sua próprias instituições democráticas para um futuro livre e próspero."

Para concluir, permitam-me evocar o que a paz significaria para o Médio Oriente:
– libertaria energia humana e recursos económicos para o desenvolvimento económico, social e cultural de povos inteiros;
– consolidaria a sociedade civil e a democratização;
– eliminaria qualquer motivo para ações violentas por parte dos extremistas, que se alimentam da frustração dos desfavorecidos;
– favoreceria um diálogo construtivo entre religiões e culturas, evitando assim o extremismo religioso e a emigração de cristãos.

Precisamente nestes dias, em que novas situações ameaçam mais uma vez os equilíbrios precários alcançados numa parte do mundo onde, entre outras coisas, se investe mais financeiramente na compra de armamento, é dever de todo homem de boa vontade lembrar todos que a guerra será sempre o pior meio de garantir a paz. Os cristãos pelo menos acreditam na possibilidade de outra lógica que pode ser resumida em poucas palavras: todo homem é meu irmão. Sim, nós, cristãos, pensamos que se todos estivéssemos convencidos de que somos chamados a viver juntos, que é bonito conhecer-nos, respeitar-nos e ajudar-nos, o mundo seria totalmente diferente.

Ninguém, exceto alguns fanáticos, tem qualquer interesse em ver o Médio Oriente sangrar novamente. É por isso que a Santa Sé continuará, com convicção e perseverança, a ajudar todos os povos desta região, forçados pela geografia, pela história - diria mesmo pela religião - a viverem juntos e a praticarem o respeito pelos direitos humanos fundamentais e pelas leis internacionais. lei. E isso só acontecerá se a força da lei conseguir finalmente prevalecer sobre a lei da força!


Fonte: https://www.30giorni.it/

Maria Domenica Mantovani

Maria Domenica Mantovani (Vatican News)
02 de fevereiro
Maria Domenica Mantovani

A Serva de Deus Maria Domenica Mantovani, primogênita de quatro irmãos, nasceu em Castelletto de Brenzone, província de Verona, no dia 12 de novembro de 1862, sendo seus pais João Batista Mantovani e Prudência Zamperini. Foi batizada no dia seguinte, 13 de novembro.

Recebeu a Crisma no dia 12 de outubro de 1870 e a Primeira Comunhão no dia 4 de novembro de 1874.

Freqüentou com grande proveito a escola primária, mas não pôde prosseguir os estudos por causa da pobreza da família. Supriram nela a falta de cultura os belos dotes de inteligência, vontade e grande bom senso prático. Desde criança mostrou-se muito propensa à oração e a tudo o que se referia a Deus. À base dessa profunda sensibilidade religiosa e cristã e de tanta riqueza de graça, que se desenvolveria sempre mais e irradiaria forte luz, estava o testemunho dos pais e dos familiares, gente simples, trabalhadora, honesta e rica de fé.

Fonte privilegiada, da qual a Serva de Deus bebeu em grande quantidade a sua formação cristã, foi o Catecismo que, unido aos ensinamentos da família, ajudou-a a pôr sólidas bases para, ao longo do tempo, poder construir sua personalidade humana e cristã. Casa, escola e igreja foram os campos em que foi plasmado seu caráter desde menina e deram um precioso rumo a toda a sua vida.

Transcorreu toda a juventude, até os 30 anos, na família. Cresceu sã no espírito e no corpo, distinguindo-se sempre pela bondade, docilidade, transparência de vida e singular piedade. Já nos tempos de moça, tornara-se apóstola de suas coetâneas, que formava, oferecendo-lhes boas leituras e, sobretudo, o testemunho de sua vida.

A Serva de Deus tinha 15 anos, quando o Beato José Nascimbene chegou a Castelletto, primeiro como professor e coadjutor (1877-1885), depois como pároco (1885-1922). Desde sua chegada, Nascimbene tornou-se seu diretor espiritual, seguro e lúcido, e ela sua primeira e generosa colaboradora nas muitas atividades paroquiais. Era a alma da juventude de toda a paróquia e era por todos amada e ouvida.

Dedicava-se com muito zelo ao ensino do catecismo às crianças. Visitava e assistia, com caridade evangélica, os doentes e os pobres.

Inscrita na Pia União das Filhas de Maria, foi sempre fiel na observância do Regulamento, tornando-se espelho e modelo para suas companheiras, às quais, gozando de forte ascendência, transmitia boas lições de vida.

Sendo devotíssima da Virgem Imaculada, no dia 8 de dezembro de 1886, nas mãos de seu diretor e pároco Padre José Nascimbeni, fez o voto de perpétua virgindade. A devoção para com a Virgem Imaculada foi o respiro de sua alma. A intimidade com Jesus Cristo e a contemplação da Sagrada Família tornaram-se a força de sua vida.

Desejando consagrar-se ao Senhor, chegou ao conhecimento da vontade de Deus, através do bem-aventurado Nascimbene, que a quis como colaboradora na fundação da Congregação das Pequenas Irmãs da Sagrada Família (6 de novembro de 1892). Tornou-se, assim, a co-fundadora e primeira Superiora geral.

Nas atividades paroquiais e no governo do Instituto, a Serva de Deus foi sempre de grande ajuda ao Fundador, a quem queria muito bem e de quem foi sempre fiel intérprete de seus projetos e desejos.

Contribuiu muito na elaboração das Constituições, inspiradas na Regra da Ordem Terceira Regular de São Francisco, e na formação das Irmãs. Sua colaboração e o testemunho de sua vida contribuíram de modo determinante para o desenvolvimento e expansão do Instituto. Sua obra completou à do Fundador, imprimindo na espiritualidade da nova congregação religiosa as notas características que distinguiam sua vida e seu modo de agir na Igreja e no mundo. A obra do Fundador se confundia com a da co-fundadora no inculcar nas primeiras Irmãs o carisma recebido do Espírito Santo. A ação do Beato Nascimbene era intensa, forte, enérgica; a de Maria era delicada e escondida, embora também firme e longe de qualquer fraqueza. Ambas se apoiavam em eloquentes exemplos e pacientes esperas.

Nos escritos da Serva de Deus aparecem claras suas qualidades de mãe amorosa e boa, de mestra sábia e lúcida, zelosa e, às vezes, exigente.

Depois da morte do Fundador, ela, rica em virtude, sabedoria e prudência, continuou a guiar o Instituto, com fortaleza de ânimo, grande abandono a Deus e profundo senso de responsabilidade, desejosa de transmitir às filhas os ensinamentos do Fundador, para que o genuíno espírito das origens se conservasse e fosse vivido integralmente.

Antes de morrer, teve a consolação de ver aprovadas de forma definitiva as Constituições e o próprio Instituto, de ver a obra continuada por cerca de 1200 Irmãs espalhadas por 150 casas filiais na Itália e do exterior, dedicadas às mais variadas atividades apostólicas e caritativas.

A Serva de Deus, até o fim de seus dias, cresceu no caminho da santidade, dando provas de todas as virtudes, especialmente da humildade.

No dia 2 de fevereiro de 1934, depois de alguns dias de enfermidade, terminou sua gloriosa caminhada terrena.

No dia 24 de abril de 2001, o Santo Padre João Paulo II, acolhendo e ratificando os votos da Congregação para a Causa dos Santos, a declarou venerável.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

A Terra Santa entre medos e esperanças (2/3)

Duas meninas palestinas que abandonam a escola retornam ao campo de refugiados de Ain Al Hilhew, no Líbano (30Giorni)

Arquivo 30Dias – 01/02 – 2006

A POLÍTICA DO ORIENTE MÉDIO DA SANTA SÉ

A Terra Santa entre medos e esperanças

O Médio Oriente, na encruzilhada de três continentes, é o berço das três religiões monoteístas. É a fonte mais importante de abastecimento de hidrocarbonetos, mas é também vítima da situação criada pelo conflito não resolvido israelo-palestiniano. É a zona do mundo onde mais se gasta em armas, apesar dos gigantescos bolsões de pobreza. As reflexões do cardeal francês que trabalhou na diplomacia vaticana durante trinta anos.

do Cardeal Jean-Louis Tauran

Diante desta situação, qual foi a linha seguida pela Santa Sé? 

Eu diria que se desenvolveu em torno de cinco crenças: 1. os papas estavam preocupados em permanecer “super partes”, como último recurso para todos os partidos; 2. a Santa Sé, como sujeito de direito internacional de natureza religiosa, não propôs soluções técnicas, mas tentou facilitá-las, recordando antes de tudo o que está estipulado pelo direito internacional; 3. nunca esqueceu a presença das comunidades cristãs e defendeu os seus direitos específicos, em particular o direito à liberdade de consciência e de religião; 4. encorajou o diálogo inter-religioso Judaísmo-Cristianismo-Islão; 5. defendeu um estatuto especial, garantido internacionalmente, para os Lugares Santos das três religiões. Gostaria agora de ilustrar estas cinco crenças que fundamentam a acção da diplomacia pontifícia no Médio Oriente.

1. Para a Santa Sé, a liberdade, a segurança e a justiça são os principais factores sobre os quais assenta uma paz justa. Uma paz que não fosse percebida pelas partes interessadas como equitativa não seria duradoura; na verdade, daria origem a sentimentos de frustração sempre susceptíveis de degenerar. Para a Igreja Católica, cada pessoa tem a mesma dignidade e os mesmos direitos fundamentais.
Consequentemente, todo povo tem direito à sua terra com soberania e liberdade. Os papas sempre disseram isso e o disseram a todos e para todos. Você não pode defender os seus direitos legítimos pisoteando os dos outros. É por isso que os papas se pronunciaram a favor da existência de dois Estados – Israelita e Palestiniano – que gozem da mesma liberdade, soberania, dignidade e segurança, de acordo com os ditames do direito internacional.

2. A Santa Sé recordou a todos os princípios do direito internacional que devem ser aplicados de forma inequívoca para evitar a lógica dos "duplos pesos e duas medidas". O diálogo, a negociação, a mediação da comunidade internacional, se necessário, são os únicos meios dignos do homem para alcançar a solução pacífica das inevitáveis ​​disputas entre os Estados.

A paz é também o resultado do respeito pelas ferramentas técnicas da colaboração internacional. O direito internacional garante a liberdade dos indivíduos e dos povos. O respeito pelos compromissos assumidos, segundo o antigo ditado "pacta sunt servanda", a fidelidade aos textos elaborados, muitas vezes à custa de grandes sacrifícios, a prioridade dada ao diálogo, são meios capazes de evitar que os mais fracos sejam vítimas da força dos mais fortes e lembrar aos mais poderosos que terão de prestar contas dos seus atos perante a comunidade das nações. É por isso que, por exemplo, no caso da crise do Iraque, a Santa Sé recordou que tudo devia ser empreendido e decidido no contexto da ONU, em particular do capítulo VII da Carta, que prevê que só o Conselho de Segurança pode, devido a circunstâncias particulares, decidir se um país membro representa uma ameaça à paz. Mas isto não significa que o uso da força seja, para o próprio Conselho de Segurança, a única resposta adequada. O direito internacional proibiu a guerra, em particular graças à Carta das Nações Unidas: refiro-me ao art. 2 § 4, que afirma que os Estados membros renunciarão à guerra para resolver os seus conflitos.

3. A sua dimensão extraordinariamente religiosa levou a Santa Sé a tentar proteger a liberdade de consciência e de religião numa região de maioria muçulmana. Durante os últimos dois séculos, o destino dos cristãos esteve ligado aos interesses das potências europeias. Durante o processo de descolonização do século XX, os cristãos do Médio Oriente sentiram-se muitas vezes abandonados face a uma maioria islâmica, a um novo Estado criado para acolher os judeus e os palestinianos em busca de terras. Eles se sentiram uma minoria três vezes!

Dito isto, não gostaria que ninguém pensasse que a Santa Sé tem em mente proteger os cristãos do Médio Oriente, reunindo-os num gueto ou em pequenos "enclaves" religiosamente puros! Para os cristãos – especialmente para os católicos – as pontes devem ser preferidas aos muros. A Igreja é católica, universal em essência. A sobrevivência dos cristãos naquela parte do mundo não pode ser concebida senão em simbiose com o Judaísmo e o Islão. É por isso que a Santa Sé assinou um Acordo fundamental com o Estado de Israel (30 de Dezembro de 1993) e um Acordo básico com a Autoridade Palestiniana (15 de Fevereiro de 2000): para proteger os direitos dos católicos, protegendo-os das crises e das mudanças da situação política. vida das duas sociedades.

4. Além disso, as comunidades cristãs que se sentem respeitadas estarão mais dispostas a colaborar na vida da sociedade em que vivem e, portanto, na construção da paz. E um dos meios mais eficazes para ter êxito nesta tarefa é o diálogo inter-religioso. Todos nos lembramos da visita de João Paulo II à Sinagoga de Roma, da sua paragem diante do Muro das Lamentações e do seu encontro com os rabinos em Jerusalém, da sua visita a Belém, do encontro com o reitor da Universidade Al-Azhar do Cairo , a sua visita ao Líbano ou mesmo a paragem na histórica mesquita de Damasco. Para a Santa Sé, o diálogo entre os crentes é o melhor antídoto para derrotar o terrorismo islâmico, que é uma perversão do Islão. Na sua mensagem por ocasião do Dia de Oração pela Paz, em 1 de Janeiro de 2002, João Paulo II afirmou que matar em nome de Deus nada mais é do que uma perversão da religião: «A violência terrorista é contrária à fé em Deus, o Criador da 'homem, em Deus, que cuida do homem e o ama."

Isto explica a preocupação da Santa Sé pelo Líbano, onde as religiões e as culturas se fertilizaram mutuamente e moldaram o país mais tolerante e democrático do Médio Oriente. Um país onde todas as comunidades vivam em igualdade de condições. Um país que constitui uma mensagem para toda a região.

Não gostaria que ninguém pensasse que a Santa Sé tem em mente proteger os cristãos do Médio Oriente, reunindo-os num gueto ou em pequenos "enclaves" religiosamente puros! Para os cristãos – especialmente para os católicos – as pontes devem ser preferidas aos muros. A sobrevivência dos cristãos naquela parte do mundo só pode ser concebida em simbiose com o Judaísmo e o Islã.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Palavra admirável

Os ensinamentos de Jesus (Catequese)

PALAVRA ADMIRÁVEL

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

Palavras, palavras e mais palavras fazem parte do cotidiano. São proferidas por cada um nós, pelas pessoas que nos rodeiam e divulgadas pelos inúmeros meios de comunicação. Há palavras ditas com sinceridade e são verdadeiras, outras duvidosas e maldosas. Há palavras vãs e sem efeito, outras com forte dinamismo de transformação. Se faz necessário um exercício permanente de discernimento para acolher as palavras que fazem sentido, que constroem solidariedade, fraternidade e o bem comum, daquelas que são destrutivas e induzem à falsidade, ao erro, à vingança.  

A Palavra de Deus, deste domingo, conta que Jesus profere palavras dignas de admiração, que curam e libertam. (Deuteronômio 18,15-20, Salmo 94, 1 Coríntios 7,32-35 e Marcos 1,21-28). Jesus está no começo da vida pública de pregador. Inicia na sinagoga de Cafarnaum e sua fama se espalha rapidamente. “Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei. […] O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem”.  

Os evangelistas registram que Jesus ocupava a maior parte do seu tempo ensinando. Ensinar é próprio de quem é mestre. Diversas vezes se faz o registro que ensinava, mas não é dito o conteúdo do ensino. Diante disso, é melhor estar próximo ao Mestre e percorrer com ele a estrada por ele escolhida: somente assim será possível assimilar a sua mensagem. Podemos dizer que o conteúdo é sua própria pessoa de Jesus a ser acolhida e seguida, como fizeram os primeiros discípulos. 

Se algumas vezes falta o conteúdo do ensinamento de Jesus, mas não falta o efeito que as palavras dele produzem. Os ouvintes são atingidos com as palavras que escutam e têm diversas reações. Ficam admirados com as palavras porque são ditas com autoridade. Sua palavra se impõe por libertar a inteligência trazendo-a à luz, aquecer o coração, revigorar a vida. É uma palavra potente porque cria, cura e renova. 

O resultado final que os ensinamentos de Jesus querem atingir é a libertação do mal. Na sinagoga onde Jesus anunciava havia um homem “possuído por espírito mau. Ele gritou: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”. Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!”. A palavra poderosa de Jesus contra o “espírito mau” será uma ação constante na luta para passar da escravidão para a liberdade. 

“O mal no homem são as suas várias alienações, nas quais ele não é aquele que deveria ser; e é dependente. O homem é alienado quando não realiza a si mesmo, porque não está em harmonia com os outros ou consigo mesmo ou com as coisas, tornando-se escravo. O mal, então, é uma potência, que domina e subjuga o homem. [.. ] O espírito do mal expressa-se e encarna-se nas várias estruturas ou círculos da sociedade e a nível pessoal. […] No campo econômico, temos a exploração dos pobres; no social, verificamos o privilégio de uma classe sobre outra; no “político” encontramos o poder que domina as pessoas reduzindo-as a objetos […]; no cultural, encontramos as várias “ideologias” […] Chega-se, assim, a um sistema de males que contagia e condiciona todos os homens e que, por sua vez, é alimentado por eles: esse é o “pecado do mundo” do qual provém o mal do homem. Jesus se engaja na luta contra o mal, antes de tudo, com o poder de sua palavra”. ( T.BECK e outros: Uma comunidade lê o Evangelho de Marcos, p. 73-74). Diante disso, será importante conservar a admiração pela palavra admirável de Jesus e sobretudo pela sua pessoa.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

NAZARENO: "Dai-lhes de comer" (Multiplicação dos pães e peixes) - Cap. 28

Nazareno (Vatican News)

Cap. 28 - "Dai-lhes de comer" (Multiplicação dos pães e peixes)

Ao retornarem, os apóstolos contaram a Jesus tudo o que haviam feito durante as semanas que passaram em missão sem Ele. Tanta hostilidade, mas Pedro, por exemplo, confiava que a palavra de Jesus havia reacendido a esperança no coração de uma pobre mulher provada pela vida. O Mestre os reúne para seguir em direção a Betsaida, mas a multidão os segue por toda parte. É tarde, Jesus passa horas e horas entre as pessoas espalhadas em um campo, a noite está se aproximando e os apóstolos dispensam a multidão para que eles possam ir buscar comida e abrigo nos arredores. Jesus lhes diz: "Vocês mesmos lhes deem de comer". Eles responderam: "Temos apenas cinco pães e dois peixes".  "Sentem-nos em grupos de cinquenta ou mais." Então Jesus pega a pouca comida que havia, pega os cinco pães e dois peixes, levanta os olhos para o céu, recita a bênção sobre eles, parte-os e os dá aos discípulos para que os distribuam à multidão. Os pães são partidos e partidos novamente, e a partilha parece não ter fim. Todos comeram à vontade e os pedaços que sobraram foram levados embora: doze cestos.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/01/29/16/137660034_F137660034.mp3


Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Papa: educação católica não significa fechamento, é preciso expandir o coração

O Papa recebe uma delegação da Universidade de Notre Dame (Vatican Media)

Na manhã desta quinta-feira (01/02), Francisco recebeu em audiência uma delegação da Universidade de Notre Dame. Em seu discurso, o Pontífice incentivou os esforços para promover entre os estudantes "um compromisso com as necessidades das comunidades desfavorecidas" e pediu aos educadores que ajudem os jovens a "sonhar" e "cultivar uma abertura para tudo o que é verdadeiro, bom e belo".

Thulio Fonseca - Vatican News 

Na manhã desta quinta-feira, 1º de fevereiro, o Papa Francisco recebeu em audiência no Vaticano, uma delegação da Universidade de Notre Dame, localizada em South Bend, Indiana, nos Estados Unidos. Durante o encontro, o Pontífice proferiu um discurso e enalteceu a missão da instituição católica em promover a educação integral da juventude.

“Desde sua fundação, a Universidade de Notre Dame tem se dedicado a promover a missão da Igreja de proclamar o Evangelho por meio da formação de cada pessoa em todas as suas dimensões.", afirmou o Pontífice, ao recordar uma frase do fundador da Congregação de Santa Cruz, que mantém a universidade:

“De fato, como disse o Beato Basil Moreau, "a educação cristã é a arte de conduzir os jovens à plenitude". E não apenas com a cabeça, mas com as três linguagens: cabeça, coração e mãos. Este é o segredo da educação: que pense no que sente e no que faz, que sinta o que pensa e o que faz, e que faça o que sente e o que pensa. Esse é o núcleo, não se esqueça. E sobre esse assunto de conduzir à maturidade, gostaria de refletir com vocês por um momento sobre três linguagens: a da cabeça, a do coração e a das mãos. Juntas, elas formam um horizonte dentro do qual as comunidades acadêmicas católicas podem se esforçar para formar personalidades sólidas e bem integradas, cuja visão da vida é animada pelos ensinamentos de Cristo.”

Harmonia entre fé e razão

Ao falar sobre a educação da “cabeça”, Francisco destacou a necessidade de buscar o conhecimento por meio do estudo e da pesquisa acadêmica, e destacou a importância da harmonia entre fé e razão: 

“Os esforços educacionais empreendidos pelas instituições católicas, de fato, baseiam-se na firme convicção da harmonia intrínseca entre fé e razão da qual decorre a relevância da mensagem cristã para todas as esferas da vida, pessoal e social. Consequentemente, tanto os educadores quanto os alunos são chamados a apreciar cada vez mais, além do valor do aprendizado em geral, a riqueza da tradição intelectual católica em particular. A tradição intelectual existe, o que não significa fechamento, não, é abertura; existe uma tradição intelectual que devemos preservar e sempre cultivar”.

O papel essencial da religião

Sobre a educação do “coração”, o Santo Padre instou a comunidade universitária a acompanhar os jovens com sabedoria e respeito, ajudando-os a cultivar uma abertura para a verdade, o bem e o belo. Ao enfatizar a importância de promover o diálogo e a cultura do encontro para construir relacionamentos genuínos e fraternos, Francisco questionou os educadores:

“Vocês ajudam os jovens a sonhar? Isso também significa promover o diálogo e a cultura do encontro, para que todos possam aprender a reconhecer, apreciar e amar a todos como irmãos e irmãs e, acima de tudo, como filhos amados de Deus. Nesse sentido, não podemos ignorar o papel essencial da religião na educação do coração das pessoas.”

Construir um mundo melhor

O último ponto que o Papa sublinhou foi a educação que acontece também através das “mãos”, e encorajou a universidade a ir além dos muros acadêmicos, incentivando seus alunos a se comprometerem com a construção de um mundo melhor:

“Não podemos permanecer fechados dentro dos muros ou limites de nossas instituições, mas devemos nos esforçar para ir às periferias, para encontrar e servir a Cristo em nosso próximo. Nesse sentido, incentivo os esforços contínuos da Universidade para promover em seus alunos o compromisso de solidariedade com as necessidades das comunidades mais desfavorecidas.”

Ao concluir, Francisco pediu aos presentes na audiência a permanecer consistentemente fiel ao caráter e identidade como uma instituição católica de ensino superior: “espero que vossas contribuições continuem a aprimorar o legado da sólida educação católica e permitam que ela seja na sociedade, como desejava seu fundador, padre Edward Sorin, ‘um poderoso meio para o bem’.”

Universidade de Notre Dame

A Universidade de Notre Dame, fundada em 1842 pelo padre francês Edward Sorin, religioso da  Congregação de Santa Cruz, é uma das instituições mais respeitadas dos Estados Unidos e do mundo, conhecida por sua excelência acadêmica e seu compromisso com os valores cristãos. Com aproximadamente 8 mil alunos, a universidade continua a inspirar gerações com sua busca pela verdade, bondade e beleza, mantendo vivo o legado de uma educação integral.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF