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quinta-feira, 28 de março de 2024

Papa lava os pés de 12 detentas de prisão feminina de Roma, em meio a muita comoção

Papa lava os pés de 12 detentas (Vatican Media

Com humildade e ternura, Francisco imitou Jesus durante a Ceia do Senhor e lavou e beijou os pés de 12 mulheres que cumprem pena na Penitenciária Feminina de Rebibbia, em Roma. Algumas estavam visivelmente emocionadas em ver o líder da Igreja Católica repetir o gesto de Cristo com elas. Elas tinham entre 40 e 50 anos e eram provenientes de 8 países. "É um gesto que chama a atenção para a vocação do serviço. Peçamos ao Senhor que nos faça crescer na vocação do serviço", disse o Papa.

https://youtu.be/QyMOiaVTHBc

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Francisco, na tarde desta Quinta-feira Santa (28), foi saudado por muitas detentas e funcionários no início da sua visita à Penitenciária Feminina de Rebibbia, em Roma, que atende 360 mulheres e uma criança. Em outra ocasião, em 2015, o Pontífice esteve na setor masculino para a mesma celebração. A missa da Ceia do Senhor abre o Tríduo Pascal, que recorda a Paixão, Morte e Ressureição de Cristo, culminando na celebração do Domingo de Páscoa.

A chegada do Papa no local da visita (Vatican Media)

Na homilia, feita sem texto escrito, como é de costume, o Papa falou improvisamente algumas palavras sobre dois episódios importantes durante a Ceia do Senhor. Francisco chamou a atenção das cerca de 200 pessoas presentes na celebração, primeiro para a cerimônia do Lava-pés, quando Jesus se humilhou, fazendo entender que "veio para servir", ensinando "o caminho do serviço". O outro episódio - triste - foi a traição de Judas, incapaz de amar, revelando o que de ruim podem fazer o dinheiro e o egoismo. Mas Francisco recordou:

"Mas Jesus perdoa tudo. Jesus perdoa sempre. Só pede que nós peçamos o perdão. Certa vez, ouvi uma velhinha, sábia, uma velhinha avó, do povo... Ela disse assim: 'Jesus jamais se cansa de perdoar: somos nós que nos cansamos de pedir perdão'. Peçamos hoje ao Senhor a graça de não nos cansarmos. Sempre, todos nós temos pequenos fracassos, grandes fracassos - cada um tem a sua própria história. Mas o Senhor espera sempre por nós, de braços abertos, e jamais se cansa de perdoar."

“Agora faremos o mesmo que Jesus fez: lavar os pés. É um gesto que chama a atenção para a vocação do serviço. Peçamos ao Senhor que nos faça crescer, todos nós, na vocação do serviço.”

Foi durante a celebração eucarística que o Pontífice lavou os pés de algumas mulheres, imitando o gesto de Jesus durante a Ceia do Senhor, ao lavar os pés dos discípulos, em sinal de serviço e doação ao próximo. Com humildade e ternura, Francisco se dirigiu até um grupo - todo feminino - posicionado em uma altura capaz do Papa chegar com a sua cadeira de rodas. O Papa lavou e beijou os pés de 12 detentas, algumas visivelmente emocionadas e comovidas em ver o líder da Igreja Católica repetir o gesto de Jesus com elas. As mulheres tinham entre 40 e 50 anos e eram provenientes da Bulgária, Nigéria, Ucrânia, Rússia, Peru, Venezuela, Bósnia-Herzegovina e da própria Itália. Ao final do rito do Lava-pés, o sentimento das detentas era de muita gratidão.

O grupo de detentas provenientes de 8 países (Vatican Media)

Já ao final da celebração e as palavras da diretora de agradecimento ao Papa pela visita, ao dizer "não um, mas tantos 'obrigados'", o Pontífice recebeu alguns presentes das detentas. Entre eles, um grande cesto com produtos agrícolas cultivados pelas próprias mulheres na horta dentro da prisão e um terço, feito de crochê e pérolas, produzido na oficina de colares. Da parte de Francisco, um quadro de Nossa Senhora com Jesus nos braços. A visita terminou com a saudação individual do Papa às detentas.

Os produtos agrícolas presenteados ao Papa, da horta de dentro da prisão (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais (4)

O Poder de Maria e do Rosário (Presbíteros)

Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO
CARTA CIRCULAR
« PASCHALIS SOLLEMNITATIS »
A PREPARAÇÃO E CELEBRAÇÃO
DAS FESTAS PASCAIS
16 de janeiro de 1988

VII. O DOMINGO DE PÁSCOA

A) A vigília pascal da noite santa

77. Segundo uma antiquíssima tradição, esta noite é “em honra do Senhor”[79], e a vigília que nela se celebra, comemorando a noite santa em que o Senhor ressuscitou, deve ser considerada como “mãe de todas as santas vigílias”.[80] Nesta vigília, de fato, a Igreja permanece à espera da ressurreição do Senhor e celebra-a com os sacramentos da iniciação cristã.[81]

a) Significado da característica noturna da vigília pascal

78. “Toda a vigília pascal seja celebrada durante a noite, de modo que não comece antes do anoitecer e sempre termine antes da aurora de domingo”,[82] Esta regra deve ser interpretada estritamente. Qualquer abuso ou costume contrário, às vezes verificado, de se antecipar a hora da celebração da vigília pascal para horas em que, habitualmente, se celebram as missas vespertinas antes dos domingos, deve ser reprovado.[83] As razões apresentadas para antecipar a vigília pascal, como por exemplo a insegurança pública, não se têm em conta no caso da noite de Natal ou de reuniões que se realizam de noite.

79. A vigília pascal, na qual os judeus esperaram a passagem do Senhor que os libertaria da escravidão do Faraó, foi por eles observada como memorial a ser celebrado todos os anos; era a figura da futura e verdadeira Páscoa de Cristo, isto é, da noite da verdadeira libertação, na qual.. Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor”.[84]

80. Desde o início a Igreja tem celebrado a Páscoa anual, solenidade das solenidades, com uma vigília noturna. Com efeito, a ressurreição de Cristo é o fundamento da nossa fé e da nossa esperança, e por meio do Batismo e da Confirmação fomos inseridos no mistério pascal de Cristo: mortos, sepultados e ressuscitados com Ele, com Ele também havemos de reinar.[85]

Esta vigília é também espera da segunda vinda do Senhor.[86]

b) A estrutura da vigília pascal e a importância dos seus elementos e das suas partes

81. A vigília tem a seguinte estrutura: depois do lucernário e da proclamação da Páscoa (primeira parte da vigília), a santa Igreja contempla as maravilhas que Deus operou em favor do seu povo desde o início (segunda parte ou liturgia da Palavra), até ao momento em que, com os seus membros regenerados pelo Batismo (terceira parte), é convidada à mesa, preparada pelo Senhor para o seu povo, memorial da sua morte e ressurreição, à espera da sua nova vinda (quarta parte).[87]

Esta estrutura dos ritos por ninguém pode ser mudada arbitrariamente.

82. A primeira parte compreende ações simbólicas e gestos, que devem ser realizados com tal dignidade e expressividade, de maneira que os fiéis possam verdadeiramente compreender o significado, sugerido pelas advertências e orações litúrgicas.

Na medida em que for possível, prepare-se fora da igreja, em lugar conveniente, o braseiro para a bênção do fogo novo, cuja chama deve ser tal que dissipe as trevas e ilumine a noite.

Prepare-se o círio pascal que, no respeito da veracidade do sinal, “deve ser de cera, novo cada ano, único, relativamente grande, nunca artificial, para poder recordar que Cristo é a luz do mundo. A bênção do círio seja feita com os sinais e palavras indicados no Missal ou por outros aprovados pela Conferência Episcopal.[88]

83. A procissão com que o povo entra na igreja deve ser iluminada unicamente pela luz do círio pascal. Assim como os filhos de Israel eram guiados de noite pela coluna de fogo, assim também os cristãos, por sua vez, seguem a Cristo ressuscitado. Nada impede que, a cada resposta Demos graças a Deus!, se acrescente outra aclamação dirigida a Cristo.

A luz do círio pascal passará, gradualmente, às velas que os fiéis têm em suas mãos, permanecendo ainda apagadas as lâmpadas elétricas.

84. O diácono faz a proclamação da Páscoa, magnífico poema lírico que apresenta todo o mistério pascal inserido na economia da salvação. Se necessário, ou por falta de diácono ou por impossibilidade do sacerdote celebrante, tal proclamação seja confiada a um cantor. As conferências episcopais podem adaptar convenientemente esta proclamação, introduzindo nela algumas aclamações da assembléia.[89]

85. As leituras da Sagrada Escritura formam a segunda parte da vigília. Elas descrevem os acontecimentos culminantes da história da salvação, que os fiéis devem poder tranqüilamente meditar por meio do canto do Salmo responsorial, do silêncio e da oração do celebrante.

O renovado Ordo da vigília compreende sete leituras do Antigo Testamento, tomadas dos livros da lei e dos profetas, já utilizadas com freqüência nas antigas tradições litúrgicas tanto do Oriente como do Ocidente; e duas leituras do Novo Testamento, tomadas das cartas dos apóstolos e do Evangelho. Desta maneira, a Igreja “começando por Moisés e seguindo pelos profetas”[90], interpreta o mistério pascal de Cristo. Portanto, na medida em que for possível, leiam-se todas as leituras de maneira que se respeite completamente a natureza da vigília pascal, que exige uma certa duração.

Todavia, onde as circunstâncias de natureza pastoral exigem que se reduza ainda o número das leituras, leiam-se ao menos três do Antigo Testamento, a saber, dos livros da lei e dos profetas; nunca se pode omitir a leitura do capítulo 14 do Êxodo, com o seu cântico.[91]

86. O significado tipológico dos textos do Antigo Testamento tem as suas raízes no Novo, e aparece sobretudo na oração pronunciada pelo celebrante depois de cada uma das leituras; para chamar a atenção dos fiéis, poderá ser também útil uma breve introdução para que compreendam o significado das mesmas. Tal introdução pode ser feita pelo próprio sacerdote celebrante ou pelo diácono. As Comissões litúrgicas nacionais ou diocesanas poderão cuidar da preparação de subsídios oportunos, que sirvam de ajuda aos pastores.

Depois da leitura canta-se o salmo com a resposta do povo. Na repetição destes diversos elementos mantenha-se um ritmo que possa favorecer a participação e a devoção dos fiéis.[92] Evite-se com todo o cuidado que os salmos sejam substituídos por canções populares.

87. No final das leituras do Antigo Testamento canta-se o Glória a Deus, tocam-se os sinos segundo os usos locais, pronuncia-se a oração e passa-se às leituras do Novo Testamento. Lê-se a exortação do apóstolo sobre o Batismo, entendido como inserção no mistério pascal de Cristo.

Depois, todos se levantam: o sacerdote entoa por três vezes o Aleluia, elevando gradualmente a voz, e o povo repete-o.[93] Se necessário, o sal. mista ou um cantor entoa o Aleluia, que o povo prossegue intercalando a aclamação entre os versículos do Salmo 117, tantas vezes citado pelos apóstolos na pregação pascal.[94] Por fim, com o Evangelho é anunciada a ressurreição do Senhor, como ápice de toda a liturgia da Palavra. Não se deve omitir a homilia, ainda que seja breve.

88. A terceira parte da vigília é constituída pela liturgia batismal. A Páscoa de Cristo e nossa é agora celebrada no sacramento. Isto pode ser expresso de maneira mais completa nas igrejas que têm a fonte batismal, e sobretudo quando tem lugar a iniciação cristã dos adultos ou, pelo menos, o batismo de crianças.[95] Mesmo que não haja a cerimônia do Batismo, nas igrejas paroquiais deve-se fazer a bênção da água batismal. Quando esta bênção não é feita na fonte batismal mas no presbitério, num segundo momento a água batismal seja levada ao batistério, onde será conservada durante todo o tempo pascal.[96] Onde não haja a cerimônia do Batismo nem se deva benzer a água batismal, a memória do Batismo é feita na bênção da água que depois servirá para aspergir o povo.[97]

89. Em seguida tem lugar a renovação das promessas batismais, introduzida com uma palavra do celebrante. Os fiéis, de pé e com as velas acesas na mão, respondem às interrogações.

Depois eles são aspergidos com a água: desse modo, gestos e palavras recordam-lhes o Batismo recebido. O sacerdote celebrante asperge o povo passando pela nave da igreja, enquanto todos cantam a antífona Vidi aquam ou outro cântico de caráter batismal.[98]

90. A celebração da Eucaristia forma a quarta parte da vigília e o seu ápice, sendo de modo pleno o sacramento da Páscoa, ou seja, memorial do sacrifício da cruz e presença de Cristo ressuscitado, consumação da iniciação cristã e antegozo da Páscoa eterna.

91. Recomenda-se não celebrar apressadamente a liturgia eucarística; é muito conveniente que todos os ritos e as palavras que os acompanham alcancem toda a sua força expressiva: a oração universal, mediante a qual os neófitos participam pela primeira vez como fiéis e exercem o seu sacerdócio real[99]; a procissão do ofertório, com a participação dos neófitos, se estiverem presentes; a oração eucarística primeira, segunda ou terceira, possivelmente cantada, com os seus embolismos próprios[100]; a comunhão eucarística, que é o momento da plena participação no mistério celebrado. Durante a Comunhão é oportuno’ cantar o Salmo 117, com a antífona Cristonossa Páscoaou o Salmo 33, com a antífona AleluiaAleluiaAleluia, ou outro cântico de júbilo pascal.

92. É muito desejável que na comunhão da vigília pascal se alcance a plenitude do sinal eucarístico, recebido sob as espécies do pão e do vinho. O ordinário do lugar julgue sobre a oportunidade desta concessão e das suas modalidades.[101]

c) Algumas advertências pastorais

93. A liturgia da vigília pascal seja realizada de modo a poder oferecer ao povo cristão a riqueza dos ritos e das orações; é importante que seja respeitada a verdade dos sinais, se favoreça a participação dos fiéis e seja assegurada a presença de ministros, leitores e cantores.

94. É desejável que, segundo as circunstâncias, seja prevista a reunião de diversas comunidades numa mesma igreja, quando, por razão da proximidade das igrejas ou do reduzido número de participantes, não se possa ter uma celebração completa e festiva. Favoreça-se a participação de grupos particulares na celebração da vigília pascal, na qual todos os fiéis, formando uma única assembléia, possam experimentar de modo mais profundo o sentido de pertença à mesma comunidade eclesial.

Os fiéis que, por motivo das férias, estão ausentes da própria paróquia sejam convidados participar na celebração litúrgica no lugar onde se encontram.

95. Ao anunciar a vigília pascal, evite-se apresentá-la como o último ato do Sábado Santo. Diga-se antes que a vigília pascal se celebra “na noite da Páscoa” e como um único ato de culto. Recomenda-se encarecidamente aos pastores insistir na formação dos fiéis sobre a importância de se participar em toda a vigília pascal.[102]

96. Para poder celebrar a vigília pascal com o máximo proveito, convém que os próprios pastores adquiram um conhecimento melhor tanto dos textos como dos ritos, a fim de poderem dar uma mistagogia que seja autêntica.

B) O dia da Páscoa

97. A missa do dia da Páscoa deve ser celebrada com grande solenidade. Em lugar do ato penitencial, é muito conveniente fazer a aspersão com a água benzida durante a celebração da vigília. Durante a aspersão, pode-se cantar a antífona Vidi aquam ou outro cântico de caráter batismal. Com essa mesma água convém encher os recipientes (vasos, pias) que se encontram à entrada da igreja,

98. Conserve-se, onde ainda está em vigor, ou, segundo a oportunidade, instaure-se a tradição de celebrar as vésperas batismais do dia da Páscoa, durante as quais ao canto dos salmos se faz a procissão à fonte,[103]

99. O círio pascal, colocado junto do ambão ou perto do altar, permaneça aceso ao menos em todas as celebrações litúrgicas mais solenes deste tempo, tanto na missa como nas laudes e vésperas, até ao domingo de Pentecostes, Depois, o círio é conservado bom a devida honra no batistério, para acender nele os círios dos neo-batizados. Na celebração das exéquias o círio pascal seja colocado junto do féretro, para indicar que a morte é para o cristão a sua verdadeira Páscoa.

Fora do tempo da Páscoa não se acenda o círio pascal nem seja conservado no presbitério.[104]

VIII. O TEMPO PASCAL

100. A celebração da Páscoa continua durante o tempo pascal. Os cinqüenta dias que vão do domingo da Ressurreição ao domingo de Pentecostes são celebrados com alegria como um só dia festivo, antes como “o grande domingo”.[105]

101. Os domingos deste tempo devem ser considerados como “domingos de Páscoa” e têm precedência sobre qualquer festa do Senhor e qualquer solenidade. As solenidades que coincidem com estes domingos são celebradas no sábado anterior.[106] As festas em honra da bem-aventurada Virgem Maria ou dos santos, que ocorrem durante a semana, não podem ser transferidas para estes domingos.[107]

102. Para os adultos que receberam a iniciação cristã na vigília pascal, todo este tempo é reservado à mistagogia. Portanto, onde houver neófitos, observe-se tudo o que é indicado no Rito da Iniciação cristã dos adultos, n. 37-40 e 235-239. Faça-se sempre, na oitava da Páscoa, a oração de intercessão pelos neo-batizados, inserida na oração eucarística.

103. Durante todo o tempo pascal, nas missas dominicais, os neófitos tenham reservado um lugar especial entre os fiéis. Procurem eles participar nas missas juntamente com os seus padrinhos. Na homília e, segundo a oportunidade, na oração universal, faça-se menção deles.

No encerramento do tempo da mistagogia, nas proximidades do domingo de Pentecostes, faça-se alguma celebração segundo os costumes da própria região.[108] Além disso, é muito oportuno que as crianças recebam a sua Primeira Comunhão nestes domingos pascais.

104. Durante o tempo pascal os pastores instruam os fiéis, que já fizeram a Primeira Comunhão, sobre o significado do preceito da Igreja de receber neste tempo a Eucaristia.[109] Recomenda-se, sobretudo na oitava da Páscoa, que a sagrada Comunhão seja levada aos doentes.

105. Onde houver o costume de benzer as casas por ocasião das festas pascais, tal bênção seja feita pelo pároco ou por outros sacerdotes ou diáconos por ele delegados. É esta uma ocasião preciosa para exercitar o múnus pastoral.[110] O pároco faça a visita pastoral a cada família, tenha um colóquio com os seus membros e ore brevemente com eles, usando os textos contidos no Ritual das Bênçãos.[111] Nas grandes cidades veja-se a possibilidade de reunir mais famílias, para juntas celebrarem o rito da bênção.

106. Segundo a diversidade dos lugares e dos povos, existem muitos costumes populares vinculados com as celebrações do tempo pascal, que às vezes suscitam. maior participação popular que as mesmas celebrações litúrgicas; tais costumes não devem ser desprezados, e podem muitas vezes manifestar a mentalidade religiosa dos fiéis. Por isso, as conferências episcopais e os ordinários do lugar cuidem de que estes costumes, que podem favorecer a piedade, possam ser ordenados do melhor modo possível com a liturgia, estejam impregnados do seu espírito e a ela conduzam o povo de Deus.[112]

107. O domingo de Pentecostes conclui este sagrado período de cinqüenta dias, quando se comemora o dom do Espírito Santo derramado sobre os apóstolos, os primórdios da Igreja e o início da sua missão a todos os povos, raças e nações.[113] Recomenda-se a celebração prolongada da missa da vigília, que não tem um caráter batismal como a vigília da Páscoa, mas de oração intensa segundo o exemplo dos apóstolos e discípulos, que perseveravam unânimes em oração juntamente com Maria, a Mãe de Jesus, esperando a vinda do Espírito Santo.[114]

108. “É próprio da festividade pascal que toda a Igreja se alegre pelo perdão dos pecados, concedido não só àqueles que renascem no santo Batismo, mas também aos que há tempo foram admitidos no número dos filhos adotivos”.[115] Mediante uma atividade pastoral mais intensa e maior empenho espiritual da parte de cada um, com a graça do Senhor, será possível a todos os que tenham participado nas festas pascais testemunhar na vida o mistério da Páscoa celebrado na fé.[116]

Da sede da Congregação para o Culto Divino, a 16 de janeiro de 1988.

Paul Augustin Card. MAYER

Prefeito

† Virgílio NOÉ

Secretário

Notas:

[79] Ex 12, 42.

[80] Sto. Agostinho, Sermo 219, PL 38, 1088.

[81] Caeremoniale Episcoporum. n. 332.

[82] Ibid., n. 332; Missal Romano, Vigilia pascal, n. 3.

[83] S. Congr. dos Ritos, Instrução Eucharisticum mysterium, 25.5.1967, n. 28, AAS 59 (1967) 556-557.

[84] Missal Romano, Vigília Pascal, n. 19, Proclamação da Páscoa.

[85] Cf. Conc. VAT. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 6; cf. Rm 6, 3-6; Et 2, 5-6; Cl 2, 12-13; 2Tm 2, 11-12.

[86] “Illam noctem agimus vigilando quia Dominus resurrexit et illam vitam. ubi nec mors ulla nec somnus est, in sua carne nobis inchoavit; quam sic excitavit a mortuis ut iam non moriatur nec mors ei ultra dominetur. Proinde cui resurgenti paulo diuius vigilando concinimus, praestabit ut cum illosine fine vivendo regnemus”: Sto. Agostinho, Sermo Guelferbytan. 5, 4: PLS 2. 552.

[87] Cf. Missal Romano, Vigília Pascal, n. 2.

[88] Cf. Ibid., n. 10-12.

[89] Cf. ibid., n. 17.

[90] Lc 24, 27; cf. Lc 24, 44-45.

[91] Cf. Missal Romano, Vigília Pascal, n. 21.

[92] Cf. ibid. n. 23.

[93] Cf. Caeremoniale Episcoporum. n. 352.

[94] Cf. At 4, 11-12; Mt 21, 42; Mc 12, 10; Lc 20, 17.

[95] Cf. Rito do Batismo das Crianças, n. 6.

[96] Cf. Missal Romano, Vigília Pascal, n. 48.

[97] Cf. ibid., n. 45.

[98] Cf. ibid., n. 47.

[99] Cf. ibid., n. 49; Rito da iniciação cristã dos adultos, n. 36.

[100] Cf. Missal Romano, Vigília Pascal, n. 53; ibid., Missas Rituais, 3: para o Batismo.

[101] Cf. Missal Romano, “Princípios e Normas para o uso do Missal Romano”, n. 240-242.

[102] Cf. Conc. VAT. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 56.

[103] Cf. “Princípios e Normas para a Liturgia das Horas”, n. 213.

[104] Cf. Missal Romano, Domingo de Pentecostes, rubrica final: Rito do batismo das crianças, Iniciação cristã, Normas gerais n. 25.

[105] “Normas gerais para o ordenamento do ano litúrgico e do calendário”, n. 22.

[106] Cf. ibid., n. 5, 23.

[107] Cf. ibid., n. 58.

[108] Cf. Rito da iniciação cristã dos adultos, n. 235-237; cf. ibid., n. 238. 239.

[109] Cf. Código de Direito Canônico, cân. 920.

[110] S. Congr. dos Ritos, Decr. Maxima redemptionis nostrae mysteria. 16111955, n. 24, AAS 47 (1955) 847.

[111] De Benedictionibus, cap. I, II, Ordo benedictionis annuae familiarum in propriis domibus.

[112] Cf. Conc. VAT. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 13; cf. Congr. para o Culto Divino, Orientações propostas para celebração do Ano Mariano, 3.4.1987, n. 3, 51-56. 61

[113] 113. Cf. “Normas gerais para o ordenamento do ano litúrgico e do calendário”, n. 23.

[114] As primeiras vésperas da solenidade podem unir-se com a missa, segundo o modo previsto nos Princípios e Normas para a Liturgia das Horas, n. 96. Para conhecer mais profundamente o mistério deste dia, podem ser lidas mais leituras da Sagrada Escritura, dentre as propostas pelo Lecionário, como facultativas para esta missa. Neste caso, o leitor lê no ambão a primeira leitura; depois o salmista ou cantor diz o salmo, com a resposta do povo. Em seguida todos se levantam e o sacerdote diz Oremos. Depois de um breve espaço de tempo em silêncio, diz a oração adaptada à leitura (p. ex. uma das orações marcadas para os dias feriais depois do VII Domingo da Páscoa

[115] S. Leão Magno, VI Sermão da Quaresma, 1-2, PL 54, 285.

[116] Cf. Missal Romano, Sábado depois do VII Domingo da Páscoa, oração.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

A ceia do Senhor em São Paulo segundo São João Crisóstomo

A ceia do Senhor (Vatican News)

São João Crisóstomo teve presentes a lembrança dos mistérios, fator importante na vida das pessoas, pois o Senhor dignou-se fazer com que todos participassem da mesma mesa. O apóstolo Paulo falou da noite em que o Senhor Jesus foi entregue (cf. 1 Cor 11,23), cujo sentido e valor entregou-se Ele à humanidade para a sua salvação.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá. PA

Na missa do lava-pés, na quinta-feira santa, a segunda leitura (cf. 1 Cor 11,23-26) fala da ceia do Senhor segundo a tradição que São Pulo recebeu dos apóstolos e também da comunidade dos cristãos e das cristãs, na qual o apóstolo escreveu aos Coríntios, deixando como um grande testamento feito pelo Senhor, em relação ao pão e vinho, seu corpo e seu sangue, para fazerem memória dele junto aos discípulos até a consumação dos séculos. São João Crisóstomo[1], bispo de Constantinopla, séculos IV e V deu uma importante interpretação de modo que a seguir ver-se-á a sua doutrina sobre a eucaristia, como pão que prepara o povo de Deus em Jesus, rumo à casa do Pai.

A lembrança dos mistérios

São João Crisóstomo teve presentes a lembrança dos mistérios, fator importante na vida das pessoas, pois o Senhor dignou-se fazer com que todos participassem da mesma mesa. O apóstolo Paulo falou da noite em que o Senhor Jesus foi entregue (cf. 1 Cor 11,23), cujo sentido e valor entregou-se Ele à humanidade para a sua salvação. O bispo colocou o tempo em Jesus, pois naquele fim de tarde estiveram em conjunto a negação de Pedro e traição de Judas.

A condição do Senhor

A sua condição em relação à sua alma estava Ele triste até a morte(cf. Mt 26,38), no entanto ele estava em companhia com o Pai, com os discípulos, pelo fato de que foi traído, preso, arrastado e julgado até a morte de cruz, na qual ele foi se apartando da terra e de todo o luxo[2]. O fato era que o Senhor entregou-se a si mesmo de modo que a pessoa que segue a Jesus e à Igreja é chamada a fazer o mesmo ajudando a quem mais precisa dela[3].

O Apóstolo e o Senhor

São Paulo disse que ele recebeu do Senhor as coisas realizadas na última ceia (cf. 1 Cor 11,23). Ele não pertencia ao grupo dos apóstolos, mas ele viveu a alegria da conversão de modo que recebeu do Senhor a sua entrega pelo pão e o vinho dados para a salvação do mundo. Ele recebeu a última iniciação ao mistério e na mesma noite que ia ser imolado, Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: Tomai, comei. Isto é o meu corpo, que é dado por vós (1 Cor 1,23-24)[4]. Foi a unidade do Apóstolo Paulo com Jesus e Jesus com o Apóstolo Paulo.

A eucaristia e a vida

São João Crisóstomo afirmou que a eucaristia vai junto com a vida. Se pessoa se aproxima da eucaristia a sua vida anda bem de modo a não praticar indignidade na Ceia, como não ter vergonha das pessoas, não desprezar o faminto, não se embriagar, nem injuriar a Igreja[5]. É preciso se aproximar da Eucaristia dando graças pelo dom que a pessoa recebeu e por conseguinte retribuir ao Senhor o dom recebido, de modo que não será possível se apartar do seu próximo. O fato é que Cristo deu-se em alimento para todos ao dizer: Tomai, comei (cf. Mt 1,23). Assim o seguidor e a seguidora do Senhor ajudam aos outros com o pão material para se unir a Jesus, o pão espiritual[6].

O cálice e a nova aliança

Do mesmo modo, após a Ceia, também tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim(1 Cor 11, 25). O bispo de Constantinopla falou que não seria possível, uma pessoa celebrar a memória de Cristo, e ao mesmo tempo desprezasse os pobres, porque ela está em comunhão com as pessoas necessitadas. O sangue da Nova Aliança é o sangue do Senhor Jesus dado para todas as pessoas. Os discípulos receberam do próprio Cristo a vítima de doação do Senhor[7].

Comer do pão e beber do cálice

Pois todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha(1 Cor 11, 26). O Senhor pede segundo São João Crisóstomo, a realização da comida com o pão e da bebida com o cálice, anunciando a morte do Senhor, porque seria a sua entrega total ao Pai e à humanidade por amor infinito. Assim Jesus disse sobre o pão e o cálice: Fazei-o em memória de mim, (cf. 1 Cor 11,25) revelando aos seus discípulos e discípulas o motivo da instituição do mistério, declarando com os outros, também este é suficiente fundamento para a piedade[8]. A sua memória é de uma pessoa que amou a todas as pessoas com infinito amor.

A morte e a sua vinda

São Paulo também afirmou pela determinação do Senhor Jesus: Todas as vezes que comeis.. anunciais a sua morte. São João disse que aquela Ceia constou estes dados fundamentais para a vida eucarística do povo de Deus. O fato é que ela realiza-se pelos seus discípulos até a consumação dos séculos, segundo o desejo e a Palavra de Jesus, de modo que foi dito: Até que ele venha (1 Cor 11,26)[9].

São Paulo recebeu da tradição dados da última ceia na qual o Senhor entregou o seu corpo e o seu sangue, pelo pão e o vinho dados para os discípulos, sinais da Nova Aliança até a consumação dos tempos e feitos em seu nome, memória de Jesus. Para São João Crisóstomo a eucaristia leva a pessoa a amar Jesus Cristo nos pobres, nos necessitados, porque a pessoa une-se a Cristo, aos irmãos e irmãs no geral e com aquelas pessoas mais necessitadas e pobres, para um dia a pessoa se unir com o Senhor, pela vida eterna.

[1] Cfr. São João Crisóstomo. Comentário às Cartas de São Paulo/2. São Paulo: Paulus, 2010.

[2] Cfr. Idem, pg. 385.

[3] Cfr. Ibidem, pg. 385.

[4] Cfr. Ibidem, pg. 386.

[5] Cfr. Ibidem, pg. 386.

[6] Cfr. Ibidem, pg. 386.

[7] Cfr. Ibidem, pg. 387.

[8] Cfr. Ibidem, pg. 387.

[9] Cfr. Ibidem, pg. 387.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A angústia de uma ausência. Meditações no Sábado Santo (1)

Nestas páginas, miniaturas retiradas do livro evangélico do início do século XIII preservado na abadia beneditina de Gros Sankt Martin em Colônia: o depoimento | 30 Giorni

Revista 30Dias – 03/2006

Três meditações no Sábado Santo de Joseph Ratzinger

A angústia de uma ausência. Meditações no Sábado Santo

pelo Cardeal Joseph Ratzinger

PRIMEIRA MEDITAÇÃO 

Com cada vez maior insistência no nosso tempo ouvimos falar da morte de Deus. Pela primeira vez, em João Paulo, é apenas um sonho de pesadelo: Jesus morto anuncia aos mortos, do teto do mundo, que em sua jornada para a vida após a morte, ele não encontrou nada, nenhum céu, nenhum Deus misericordioso, mas apenas o nada infinito, o silêncio do vazio escancarado. Ainda é um sonho horrível que é deixado de lado, gemendo ao acordar, tal como um sonho, mesmo que nunca se consiga apagar a angústia sofrida, que sempre esteve à espreita, obscura, no fundo da alma. Um século depois, em Nietzsche, é uma seriedade mortal que se expressa num grito estridente de terror: «Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! Cinquenta anos depois, falamos sobre isso com distanciamento acadêmico e nos preparamos para uma “teologia depois da morte de Deus”, olhamos ao redor para ver como podemos continuar e encorajamos os homens a se prepararem para ocupar o lugar de Deus. O Sábado Santo, o seu abismo de silêncio, adquiriu portanto uma realidade esmagadora no nosso tempo. Porque este é o Sábado Santo: o dia da ocultação de Deus, o dia daquele paradoxo sem precedentes que expressamos no Credo com as palavras “desceu ao inferno”, desceu ao mistério da morte. Na Sexta-Feira Santa ainda podíamos assistir aos furados. O Sábado Santo está vazio, a pesada pedra do sepulcro novo cobre os defuntos, tudo está no passado, a fé parece desmascarada definitivamente como fanatismo. Nenhum Deus salvou este Jesus que se passou por seu Filho.

 Podemos ficar tranquilos: as pessoas prudentes que antes duvidavam em seus corações se talvez pudesse ser diferente, tinham razão. Sábado Santo: dia do sepultamento de Deus; Não é este o nosso dia impressionante? Não começa o nosso século a ser um grande Sábado Santo, o dia da ausência de Deus, em que até os discípulos têm no coração um vazio arrepiante que cresce cada vez mais, e por isso se preparam cheios de vergonha e angústia para o regresso voltam para casa e partem escuros e destruídos em seu desespero em direção a Emaús, sem perceber que aquele que foi considerado morto está entre eles? Deus está morto e nós o matamos: percebemos que esta frase é tomada quase literalmente pela tradição cristã e que muitas vezes em nossa viae crucis repetimos algo semelhante sem perceber a tremenda gravidade do que estávamos dizendo? Nós o matamos, encerrando-o na casca rançosa dos pensamentos habituais, exilando-o numa forma de piedade sem conteúdo de realidade e perdido no espaço dos clichês ou da preciosidade arqueológica; nós o matamos através da ambiguidade da nossa vida que estendeu um véu de escuridão também sobre ele: de fato, o que poderia ter tornado Deus mais problemático neste mundo senão a natureza problemática da fé e do amor dos seus crentes?

As trevas divinas deste dia, deste século que se torna cada vez mais um Sábado Santo, falam à nossa consciência. Temos que lidar com isso também. Mas apesar de tudo tem algo de consolador em si. A morte de Deus em Jesus Cristo é ao mesmo tempo uma expressão da sua solidariedade radical conosco. O mistério mais obscuro da fé é ao mesmo tempo o sinal mais claro de uma esperança que não tem limites. E mais uma coisa: só através do fracasso da Sexta-feira Santa, só através do silêncio mortal do Sábado Santo, os discípulos puderam ser levados a compreender o que Jesus realmente era e o que a sua mensagem realmente significava. Deus teve que morrer por eles para que pudesse realmente viver neles. A imagem que formaram de Deus, na qual tentaram forçá-lo, teve que ser destruída para que através dos escombros da casa em ruínas pudessem ver o céu, ele mesmo, que sempre permanece o infinitamente maior. Precisamos do silêncio de Deus para experimentar mais uma vez o abismo da sua grandeza e o abismo do nosso nada que se abriria se ele não estivesse presente.

Há uma cena no Evangelho que antecipa de forma extraordinária o silêncio do Sábado Santo e por isso aparece mais uma vez como o retrato do nosso momento histórico. Cristo dorme num barco que, fustigado pela tempestade, está prestes a afundar. O profeta Elias certa vez zombou dos sacerdotes de Baal, que em vão clamaram ao seu deus para lançar fogo sobre o sacrifício, exortando-os a gritar mais alto, caso o seu deus estivesse dormindo. Mas Deus não dorme realmente? A zombaria do profeta não afeta, em última análise, também os crentes do Deus de Israel que viajam com ele num barco que está prestes a afundar? Deus está dormindo enquanto suas coisas estão prestes a afundar, não é essa a experiência da nossa vida? A Igreja, a fé, não se assemelha a um pequeno barco prestes a afundar, lutando em vão contra as ondas e o vento, enquanto Deus está ausente? Os discípulos gritam em extremo desespero e sacodem o Senhor para acordá-lo, mas ele parece espantado e repreende a pouca fé deles. Mas é diferente para nós? Quando a tempestade passar, perceberemos como a nossa pequena fé estava cheia de tolices. E ainda assim, ó Senhor, não podemos deixar de sacudir-te, Deus que está calado e adormecido, e gritar-te: acorda, não vês que estamos afundando? Despertai, não deixeis que as trevas do Sábado Santo durem para sempre, deixeis cair também sobre os nossos dias um raio de Páscoa, acompanhai-nos quando nos dirigimos desesperadamente a Emaús para que os nossos corações se iluminem com a vossa proximidade. Você que guiou os caminhos de Israel de forma oculta para finalmente ser um homem com os homens, não nos deixe no escuro, não permita que sua palavra se perca no grande desperdício de palavras destes tempos. Senhor, dê-nos a sua ajuda, porque sem você afundaremos.
Amém.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa: diante de Deus estamos em débito, nunca em crédito. Cuidado com a hipocrisia clerical

Papa: diante de Deus estamos em débito...(Vatican Media)

Na Basílica Vaticana, Francisco presidiu à Missa Crismal, em que o Bispo e o presbitério renovam as promessas sacerdotais pronunciadas no dia da Ordenação: "Obrigado, queridos sacerdotes, pelo vosso coração aberto e dócil; obrigado pelas vossas fadigas e o vosso pranto".

https://youtu.be/wlt0ngOWMsI

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Na manhã desta Quinta-feira Santa, o Papa presidiu à Missa Crismal na Basílica de São Pedro, com a participação de quatro mil pessoas, entre as quais 1.500 sacerdotes. Esta celebração é o prelúdio do Tríduo pascal, que tem início esta tarde com a missa "in Coena Domini".

Na Missa do Crisma, o Bispo e o presbitério renovam as promessas sacerdotais pronunciadas no dia da Ordenação, reafirmando a própria fidelidade a Cristo, que os escolheu como seus ministros. Ainda na Missa Crismal, são abençoados o óleo dos enfermos e o dos catecúmenos, e é consagrado o Crisma. 

Em sua homilia, portanto, Francisco se dirigiu especialmente aos sacerdotes, propondo uma reflexão sobre uma palavra que ele mesmo definiu como "insólita": a compunção, ou seja, a contrição: "Não um sentimento de culpa que o lança por terra, nem uma série de escrúpulos que paralisam, mas uma 'picada' benéfica que queima intimamente e cura, pois o coração, quando se dá conta do próprio mal e se reconhece pecador, abre-se, acolhe a ação do Espírito Santo".

Entretanto, explicou o Papa, é preciso compreender bem o que significa "chorar por nós próprios": "Não é sentir pena de nós, é arrepender-nos seriamente de ter entristecido a Deus com o pecado; reconhecer que diante Dele sempre estamos em débito, nunca em crédito; é olhar para dentro e sentir pesar pela própria ingratidão e inconstância; meditar com tristeza nos meus fingimentos e falsidades; descer aos meandros da minha hipocrisia. A hipocrisia clerical, queridos irmãos, aquela hipocrisia na qual escorregamos tanto, tanto... Cuidado com a hipocrisia clerical. Assim, precisamente deste ponto, pode-se erguer o olhar para o Crucificado e deixar-se comover pelo seu amor que sempre perdoa e eleva".

Santa Missa do Crisma (Vatican Media)

As lágrimas são o sinal

A compunção requer esforço, continuou Francisco, mas restitui a paz; é o antídoto para a "esclerocardia", isto é, a dureza do coração frequentemente denunciada por Jesus. O coração sem arrependimento nem lágrimas torna-se rígido, rotineiro, intolerante com os problemas e indiferente às pessoas, advertiu o Pontífice, que exortou:

“Irmãos, pensemos em nós próprios e interroguemo-nos quão presente estejam a compunção e as lágrimas no nosso exame de consciência e na nossa oração. Perguntemo-nos se, com o passar dos anos, aumentam as lágrimas.”

Na vida espiritual, prosseguiu o Papa, é preciso chorar como as crianças, pois quem não chora retrocede, envelhece interiormente; já quem está compungido no coração sente-se cada vez mais irmão de todos os pecadores do mundo, sem qualquer aparência de superioridade nem dureza de juízo, mas com desejo de amar e reparar. "Queridos irmãos, a nós – seus Pastores –, o Senhor não pede juízos de desprezo contra quem não crê, mas amor e lágrimas por quem vive afastado."

A compunção, concluiu Francisco, é uma graça e como tal deve ser pedida na oração. Antes de finalizar, o Papa partilhou duas recomendações. A primeira é não olhar a vida e a vocação numa perspectiva de eficiência e imediatismo, mas alargar os horizontes para dilatar o coração. A segunda é se dedicar a uma oração que não seja obrigatória e funcional, mas livre, calma e prolongada.

Santa Missa do Crisma (Vatican Media)

O agradecimento do Papa aos sacerdotes

"Voltemos à adoração e à oração do coração. Repitamos: Jesus, Filho de Deus, tende piedade de mim, pecador. Sintamos a grandeza de Deus na nossa baixeza de pecadores, para olharmos para dentro de nós mesmos e nos deixarmos trespassar pelo seu olhar. (...) Obrigado, queridos sacerdotes, pelo vosso coração aberto e dócil; obrigado pelas vossas fadigas e o vosso pranto; obrigado porque levais a maravilha da misericórdia - perdoai sempre, sede misericordiosos - e levais esta misericórdia de Deus aos irmãos e irmãs do nosso tempo. Que o Senhor vos console, confirme e recompense!"

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF