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sexta-feira, 21 de abril de 2023

Santa Sé cria comissão para estudar autenticidade de fenômenos ligados a Nossa Senhora

Albo | Shutterstock
Por Francisco Vêneto

Observatório acompanhará casos que ainda não foram reconhecidos pela Igreja.

APontifícia Academia Mariana International (PAMI) criou uma comissão para a observação de aparições e fenômenos místicos ligados à Santíssima Virgem Maria, com o objetivo de acompanhar os casos que ainda não foram reconhecidos como autênticos pela Igreja Católica.

Além das aparições, também serão estudados os casos de alegadas lacrimações, locuções, estigmas e quaisquer outros fenômenos místicos levados ao conhecimento da Santa Sé, mas ainda sem resposta oficial das autoridades eclesiásticas.

O pe. Stefano Cecchin, presidente da PAMI, comenta a iniciativa:

“O objetivo é dar apoio concreto ao estudo, autenticação e divulgação correta de tais eventos, sempre em harmonia com o magistério eclesiástico, as autoridades competentes e as normas vigentes da Santa Sé sobre o assunto”.

O sacerdote acrescenta que a comissão trabalhará “de forma sistemática, estratégica, multidisciplinar e qualificada, em parceria com especialistas e pesquisadores, personalidades de alto nível no campo científico e autoridades eclesiásticas”. A diretriz é “agir com eficiência e capilaridade, ativar comissões nacionais e internacionais para avaliar e estudar aparições e fenômenos místicos relatados em várias áreas do mundo, para promover atividades de atualização e treinamento sobre esses tipos de eventos e seus múltiplos significados espirituais e culturais”.

No tocante aos treinamentos, o padre observa que os relatos de supostos fenômenos costumam “causar confusão” e, portanto, reforça a importância de se contar com uma equipe qualificada para analisar cada caso. O observatório, de fato, é composto por um comitê diretor e um comitê científico central.

A iniciativa pretende ainda promover atividades de divulgação e consultorias a dioceses, assim como “pesquisa transdisciplinar em conjunto com instituições acadêmicas, tanto leigas quanto eclesiásticas”, além de coordenar a publicação dos resultados dessas investigações.

As atividades já começaram oficialmente neste sábado, 15 de abril, na própria sede da PAMI em Roma.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Dia Mundial da Terra: live e lançamento de livro

Capa do livro: Laudato Si': prática educativa para uma ecologia integral

Como iniciativa pelo Dia Mundial da Terra, o Movimento Laudato Si' convida para uma live especial, com o lançamento do novo livro do Prof. Luciano Rodolfo de Moura Machado.

Irmã Grazielle Rigotti, ascj - Vatican News

No próximo sábado, dia 22 de abril, celebra-se o Dia Mundial da Terra. E para comemorar este dia, o Movimento Laudato Si' promoverá uma live de lançamento do livro "Laudato Si': prática educativa para uma ecologia integral", que acontecerá às 14h (horário de Brasília). O encontro contará com a fala do autor, Prof. Luciano Rodolfo de Moura Machado, e com a mediação do Jornalista Donizete Eugênio, da Rádio Mensagem da Diocese de São José dos Campos. Ainda como participação especial estarão presentes Mayra Santos e Letícia Florêncio, do Movimento Laudato Si’. 

O livro toma como base a Carta Encíclica do Papa Francisco, Laudato si, sobre o cuidado da Casa Comum como instrumento para uma prática educadora junto às comunidades, analisando o alcance e limitações na prática educativa. Segundo o Prof. Luciano, "acredita-se que seja relevante identificar quais práticas educativas orientadas pela Carta Encíclica podem sensibilizar a sociedade para o cuidado com o ambiente, encontrando no interior de uma espiritualidade crítica o repensar da individualidade contemporânea, tendo por apoio uma nova relação, mais harmoniosa, com a natureza e que incorpore as dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e históricas."

A live pode ser acompanhada pelos canais oficiais do Movimento Laudato Si': Facebook /vivalaudatosi e Instagram @educalaudatosi

https://youtu.be/iSqc_IHOrI0

* Prof. Luciano, é especialista em ecologia integral, mestre em ensino de ciências e doutor em educação, membro fundador da Comissão Socioambiental da Diocese de São José dos Campos, também é Animador Laudato Si'. Atualmente é coordenador da Pastoral da Ecologia Integral do Regional Sul 1 da CNBB.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Família reunida: um dos maiores sucessos da vida

Evgeny Atamanenko/Shutterstock
Por Guillermo Dellamary

Do que alguém pode se orgulhar na vida? De ter um carro? Um bom trabalho? O psicólogo Guillermo Dellamary fala sobre a riqueza que é alcançar a união familiar.

Há alguns dias, uma pessoa me disse que ficou impactada ao ouvir uma entrevista de alguém muito famoso que dizia que uma das maiores realizações para um pai era o fato de seus filhos adolescentes quererem estar com ele. E mais: acompanhá-lo de perto em suas viagens.

Essa é uma boa ideia do que significa o verdadeiro sucesso, já que a maioria das pessoas o reduz a conquistas financeiras ou profissionais, mas não conseguem ver o grande valor da família reunida.

Uma mulher também me disse que achava muito egoísta o marido querer tanto ir visitar os pais. E considerou que, quando se casa, não se deve mais dar tanta importância à família de origem e focar mais no esposo (ou na esposa) e nos filhos.

Claro, é uma questão de debate, já que não é fácil ter um equilíbrio claro entre dar atenção à sua nova vida e deixar seus pais e irmãos de lado.

Prioridades

Certamente há quem pense que, para os casados, os pais devem ficar em segundo plano. E haverá quem não concorde com essa posição e conclua que não é uma questão de prioridades, mas de ser gentil e atencioso com todos.

A questão é manter um equilíbrio prudente e tentar atender a todos na medida certa. Pessoas possessivas sempre terão a sensação de que devem ser as únicas a ter toda a atenção de seu parceiro ou filhos, e que ninguém mais deve usurpar o primeiro lugar.

O verdadeiro objetivo é manter a família unida e que as crianças, em qualquer idade, queiram estar com a família, em vez de dar tanta importância aos amigos e outras atividades extrafamiliares. 

Uma pessoa de sucesso mantém sua família unida.

Daí a importância de ensinar aos nossos filhos o grande valor de almejar esse sucesso transcendente, e não apenas querer obter bens materiais, fama, conforto e luxo.

O que falta para atingir esse sucesso

Manter a proximidade e a união com os entes queridos começa com a criação de um ambiente agradável, amigável e respeitoso. Que nossos filhos sintam o ambiente familiar positivo, desde a primeira infância. Que gostem de estar em casa, que sintam no seu lar um espaço seguro, onde recebam carinho, carinho e compreensão, juntamente com bens essenciais para cobrir as necessidades básicas. 

É importante que os pais realmente se esforcem para fazer do lar o melhor lugar para se estar, que sintam tanta paz e alegria que nenhum membro da família as procure em outras famílias, com amigos ou na rua.

Um espaço em que os verdadeiros valores são cultivados e praticados sem repreensões ou violência de qualquer tipo. Que a autoridade dos pais seja fonte de sabedoria e bom exemplo, não de vigilantes que corrigem, recompensam ou castigam.

Que os filhos sintam a proteção e orientação de seus pais, para crescerem com segurança e com os recursos emocionais necessários para se livrarem do luto e da vergonha.

Lar: o maior santuário

Só se atingirá esse sucesso se, desde o início, os membros da família sentirem a liberdade de escolher estar em casa, ao invés de preferirem estar fora dela; que desejem conversar com seus pais e cultivar uma relação amigável com os irmãos.

O lar é o maior santuário que temos, onde a criança deve crescer sabendo que aquele é o lugar mais bonito que se pode encontrar.

Quem quer sair de um lugar assim?

Podem chegar os agradáveis ​​momentos de convívio na adolescência e a descoberta de novos mundos e desafios a enfrentar, mas, no coração de cada um, ficará a sensação de que a sua casa é um espaço especial e os seus familiares são seres excepcionais. Eles não terão que fugir, ou sair por medo e represálias, ou porque é um território desagradável de onde emanam demandas agressivas.

Enfim, o verdadeiro sucesso é que todos da família tenham amor, carinho e afeto em casa e não sintam um vazio que os obrigue a ter que ir procurá-lo em outro lugar.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Laico que é cristão (2/4)

O livro de registro do Almo Collegio Capranica com o nome e a data de ingresso do aluno Giacomo Della Chiesa. Observe as adições posteriores até a data de sua eleição como papa

Arquivo 30Dias – Abril/2006

Laico que é cristão

Bento XV promoveu a caridade, a paz e a liberdade dos filhos de Deus através do respeito pelas pessoas e instituições. Quarta e última parcela da revisão dos papas que adotaram o nome de Bento.

por Lorenzo Cappelletti
Da entrada na diplomacia ao episcopado bolonhês
Dois nomes, ambos ligados à diplomacia leonina, marcarão a partir de agora a biografia de Giacomo Della Chiesa mais do que outros: o de um professor extraordinário como foi para ele Mariano Rampolla del Tindaro, secretário de Estado de Leão XIII com quem treinou desde os anos de seu aprendizado diplomático entre 1881 e 1882; e o de igual nível que foi seu talentoso contemporâneo Pietro Gasparri, nomeado secretário para os assuntos eclesiásticos extraordinários em 1901, ao mesmo tempo que a nomeação de Giacomo Della Chiesa como substituto. Gasparri, que mais tarde se tornaria o inteligente secretário de Estado de Bento XV, também seria seu sucessor mais significativo, mantendo esse cargo durante o pontificado subsequente do Papa Pio XI (1922-1939). «Um fato quase sem precedentes na história do papado», escreve John F. Pollard em uma recente biografia dedicada a Bento XV. No entanto, Gasparri, na linha, estava nos antípodas em relação a Della Chiesa. Às vezes - escreveu Don Giuseppe De Luca no Osservatore Romano em 19 de novembro de 1952, em um belo retrato dedicado ao cardeal "pastor" no centenário de seu nascimento - "seu desprezo pela forma atingiu extremos deploráveis, dos quais ele foi o primeiro a rir". Então, o que os uniu? Gostamos de traçar o ponto de contacto entre ambos, bem como no escrupuloso apego ao respetivo ofício e no pragmatismo de ambos, num soberano desapego de si. Com efeito, se Gasparri, escreve De Luca no mesmo artigo, «da força que já sentia na sua natureza, e naquela outra força que tinha nas mãos de homem de governo, desconfiava continuamente como de armas muito perigosas », Benedetto, mutatis mutandis não era menos. Basta reler suas palavras ao diretor de Civiltà Cattolica no momento crucial pouco antes da entrada da Itália na guerra: «Devemos distinguir as opiniões pessoais do papa do que é essencial para a doutrina. Mesmo seu comportamento como papa não é imposto a todos. O papa é supranacional: não faz votos pelo triunfo da Itália; mas se um católico italiano os fizesse, ele não iria contra o papa. Então ele nunca disse que a guerra desta ou daquela nação é justa ou injusta." Palavras citadas pelo padre Sale no volume recém-publicado Direito popular e católico no tempo de Bento XV .
Mas voltemos ao cursus honorum de Giacomo Della Chiesa quando ainda não era beneditino.
Quando Rampolla se tornou núncio em Madri em 1883, ele o quis com ele e, uma vez que foi chamado de volta a Roma como secretário de Estado em 1887, voltou a trazê-lo de volta à Cúria como assistente de minutos. Della Chiesa ocupou fielmente este cargo por muito tempo. E em 1901, como já dissemos, tornou-se suplente.
Mas durante o pontificado de Leão XIII, com uma rapidez muito maior do que Della Chiesa e Gasparri, embora fosse muito mais jovem, outro diplomata abriu caminho, monsenhor Raffaele Merry del Val, que, no momento do encerramento do conclave subsequente à morte do Papa Pecci, como recordou recentemente nestas páginas Gianpaolo Romanato (ver 30Dias, n. 1-2, janeiro-fevereiro de 2006, pp. 86-91), será escolhido como Secretário de Estado por Pio X. Para surpresa de todos, inclusive Monsenhor Della Chiesa, que em 8 de novembro de 1903 escreveu com muitos pontos de exclamação: «Amanhã teremos o Consistório que será seguido , pouco depois, a nomeação definitiva do secretário de Estado! quem diria isso há dez anos!!!».
Rampolla foi imediatamente posto de lado. Della Chiesa permaneceu no cargo por um tempo, mas também ele, no momento oportuno, em 1907, foi designado para outro cargo: o arcebispado de Bolonha. Certamente estava destinado ali pela estima que tinha, mas talvez também para ver como teria se saído numa diocese até ali governada pelo arcebispo Domenico Svampa, suspeito de simpatias modernistas e democratas-cristãs por ter protegido, entre outros dons Giulio Belvederi e Don Alfonso Manaresi. O que monsenhor Della Chiesa escreveu com sua habitual sutil ironia em outubro de 1907 ao amigo Teodoro Valfrè di Bonzo (que acreditava já partir para a nunciatura de Madri) parece confirmar que o destino de Bolonha não deveria estar livre de tais intenções: «Não respondi por telegrama ao seu polido telegrama de felicitações pela minha suposta nomeação como núncio em Madrid porque lamentei desmentir publicamente a sua suposição. O fato é que não sou e não serei nomeado núncio em Madri porque o Santo Padre me quer... Arcebispo de Bolonha. Nesse desejo do Santo Padre reconheci a vontade de Deus, porque nada me era mais estranho do que a possibilidade de me tornar Arcebispo de Bolonha. Ao primeiro anúncio do testamento pontifício fiquei abalado, e a ideia da difícil situação em que se deve encontrar o pobre arcebispo de Bolonha aumentou a minha emoção: mas o Senhor que me quer em Bolonha não me dará as graças necessárias para fazer você um pouco de bom?». Nesse desejo do Santo Padre reconheci a vontade de Deus, porque nada me era mais estranho do que a possibilidade de me tornar Arcebispo de Bolonha. Ao primeiro anúncio do testamento pontifício fiquei abalado, e a ideia da difícil situação em que se deve encontrar o pobre arcebispo de Bolonha aumentou a minha emoção: mas o Senhor que me quer em Bolonha não me dará as graças necessárias para fazer você um pouco de bom?». Nesse desejo do Santo Padre reconheci a vontade de Deus, porque nada me era mais estranho do que a possibilidade de me tornar Arcebispo de Bolonha. Ao primeiro anúncio do testamento pontifício fiquei abalado, e a ideia da difícil situação em que se deve encontrar o pobre arcebispo de Bolonha aumentou a minha emoção: mas o Senhor que me quer em Bolonha não me dará as graças necessárias para fazer você um pouco de bom?».
Durante os anos do seu episcopado bolonhês (sobre o qual agora podemos ver um volume altamente documentado publicado por Antonio Scottà em 2002), evidentemente a graça do estado o apoiou se ele agiu não apenas com prudência, mas também com caridade pastoral, dando imediatamente origem a um cansativo visita à diocese e interesse pela formação catequética e pelo seminário. Quanto às tendências modernistas ou suspeitas de modernismo, embora aplicando diligentemente as disposições que vieram de Roma – ele poderia ter feito de outra forma? – ele nunca desrespeitava as pessoas – o que era tudo que ele podia fazer.
Apesar de tudo isso, ele só foi criado cardeal em maio de 1914, poucos meses antes de entrar no conclave do qual sairia como papa. Talvez não seja coincidência que o chapéu do cardeal só tenha chegado depois da morte de Rampolla, ocorrida em dezembro anterior. Provavelmente eles não queriam que seu entendimento fosse reconstituído no Sacro Colégio e pesasse.

Fonte: http://www.30giorni.it/

10 marcos para recordar os 10 anos do pontificado do Papa Francisco

Francisco comemorou 10 anos de pontificado em 13 de março de 2023  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

O ano de 2023 é marcado pelo aniversário de 10 anos de pontificado de Francisco. Angelo Ricordi, doutor em Teologia pela PUCPR e especialista em Identidade, Missão e Vocação da Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS), assina artigo destacando 10 marcos do caminho percorrido pelo Papa.

Angelo Ricordi*

No dia 13 de março de 2013, os cardeais reunidos em Roma elegeram como papa, o argentino Jorge Mario Bergóglio. Para a surpresa dos fiéis reunidos na Praça da Basílica de São Pedro, além da escolha de um latino-americano, o nome Francisco causou grande comoção. Dias depois o Papa explicou a escolha do nome: “Na eleição, eu tinha ao meu lado o arcebispo emérito de São Paulo, um grande amigo. Quando a coisa começou a ficar um pouco perigosa, ele começou a me tranquilizar. E quando os votos chegaram a 2/3, aconteceu o aplauso esperado, pois, afinal, havia sido eleito o Papa. [...] Ele me abraçou, me beijou e disse: 'Não se esqueça dos pobres'. Aquilo entrou na minha cabeça. Imediatamente lembrei de São Francisco de Assis."

O cardeal cubano Jaime Ortega revelou que na Conferência Geral do dia 09 de março de 2013, que antecedeu a eleição de Francisco, falando aos demais cardeais, Bergóglio descreveu qual deveria ser o perfil do próximo Papa: “Um homem que, através da contemplação de Jesus e da adoração de Jesus, ajude a Igreja a “sair de si mesma rumo às periferias existenciais, que a ajude a ser a mãe fecunda que vive da doce e reconfortante alegria de evangelizar[1]”. Ao ser eleito, esse modelo programático de papado pode ser encontrado na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: “Quero , com essa exortação, dirigir-me aos fiéis cristãos a fim de convidá-los para uma nova etapa evangelizadora marcada por essa alegria e indicar caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos” (EG, n.1).

Inspirados nessas palavras, queremos nesse artigo sublinhar 10 marcos do caminho percorrido pelo Papa Francisco nesses 10 anos do seu pontificado.

1. Conversão e reforma eclesial:

O primeiro marco nos é revelado pelo teólogo Marcio de França Miranda, na obra a Reforma de Francisco ao destacar que um dos núcleos centrais do seu pontificado está em recuperar o anúncio da mensagem cristã por meio de uma Igreja que anuncie e proclame o coração da mensagem de Jesus Cristo : “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação (EG, n.27) “Uma pastoral em chave missionária não está obcecada pela transmissão desarticulada de uma imensidade de doutrinas que se tentam impor à força de insistir. Quando se assume um objetivo pastoral e um estilo missionário, que chegue realmente a todos sem exceções nem exclusões, o anúncio concentra-se no essencial, no que é mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário (EG, n.34).

2. Igreja “em saída

O segundo aspecto que queremos destacar do seu pontificado é o modelo de uma Igreja missionária e descentrada. “O principal sentido da Igreja é estar a serviço da implantação do Reino de Deus; ela não é o fim, ela é meio, instrumento de Deus”[2]. Para isso, nos recorda Francisco: “Cada cristão e comunidade há de discernir qual o caminho que o Senhor lhe pede [...] sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho (EG, n.20).

3. Redescobrir a dimensão pessoal do encontro com Cristo

O aspecto central do encontro com Cristo marca fortemente o pensamento do Papa Francisco. Tanto do Documento de Aparecida, como na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, Francisco recupera uma afirmação magistral do Papa Bento XVI: “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (EG, n.7; Documento de Aparecida, n. 243).

4. A santidade ao alcance de todos

Como decorrência primeira do encontro com Cristo e da vivência trinitária de uma espiritualidade encarnada, Papa Francisco nos ensina na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate: “Para um cristão, não é possível imaginar a própria missão na terra sem a conceber como um caminho de santidade, porque “a vontade de Deus é que sejais santo (1ª Ts 4,3). Cada santo é uma missão, um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, em um momento determinado da história, um aspecto do Evangelho (n. 19). Essa santidade não se restringe aos santos canonizados ou beatificados, mas às pessoas que vivem no cotidiano de suas vidas a santidade ao pé da porta, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus” (n. 7).

5. O discernimento

Como bom filho de Santo Inácio, Francisco nos ensina que o discernimento é a característica mais importante da espiritualidade inaciana: “O discernimento é a leitura narrativa dos momentos bons e dos momentos escuros, das consolações e desolações que experimentamos ao longo da nossa vida. No discernimento é o coração que nos fala de Deus, e nós devemos aprender a compreender a sua linguagem. Perguntemo-nos, no final do dia, por exemplo: o que aconteceu hoje no meu coração? Alguns pensam que fazer este exame de consciência é fazer a contabilidade dos pecados que cometemos – e cometemos muitos – mas é também perguntar-se “o que aconteceu dentro de mim, tive alegrias? O que me causou alegria? Fiquei triste? Qual o motivo da tristeza? E assim aprender a discernir o que acontece dentro de nós” (Catequese do Discernimento, 19/11/2022).

6. O nome de Deus é misericórdia

Em 13 de março de 2015 o Papa Francisco ao anunciar a proclamação de um Ano Santo Extraordinário escreveu: “Decidi convocar um Jubileu Extraordinário que tenha seu centro na Misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia”. O paradigma de uma Igreja Misericordiosa estava no centro de sua reflexão: “A Igreja não está no mundo para condenar, mas para permitir o encontro com aquele amor visceral que é a misericórdia de Deus. Para que isso aconteça, tenho repetido muitas vezes, é preciso sair [...] Espero que o jubileu extraordinário faça emergir cada vez mais o rosto de uma Igreja que redescobre as entranhas da misericórdia e que vai ao encontro de tantos feridos necessitados da escuta, compreensão e amor (Deus é misericórdia, p.86). 

7. A fraternidade e a amizade social

O discernimento no pensamento de Francisco nos conduz à misericórdia, vivida como um projeto onde todos somos irmãos, onde a fraternidade e amizade social são o caminho para a recuperação da dignidade de cada pessoa humana: “Aqui está um ótimo segredo para sonhar e tornar nossa vida uma bela aventura. Ninguém pode enfrentar a vida isoladamente [...] precisamos de uma comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar para frente. Como é importante sonhar juntos. Sozinho corre-se o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é junto que se constroem sonhos” (FT, n.8).

8. A casa comum

Sobre a ecologia nos adverte o Papa Francisco: “A ecologia humana é inseparável da noção de bem comum, princípio este que desempenha um papel central e unificador na ética social. É o conjunto das condições da vida social que permite, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (LS, n.156). Em outras palavras, a ecologia e o cuidado com a Casa Comum passam pelo enfrentamento das desigualdades a que estão submetidos os homens e mulheres mais vulneráveis.

9. Pacto educativo global

Tudo começa e termina na educação integral: “Se queremos um mundo mais fraterno, devemos educar as novas gerações para reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada um nasceu ou habita (FT, 1). Este princípio fundamental – «conhece-te a ti mesmo» – orientou sempre a educação, mas é necessário não descurar outros princípios essenciais: «conhece o teu irmão», a fim de educar para o acolhimento do outro [cf. Carta enc. Fratelli tutti; Documento sobre A fraternidade humana (Abu Dhabi, 04/II/2019)]; «conhece a criação», a fim de educar para o cuidado da casa comum (LS); e «conhece o Transcendente», a fim de educar para o grande mistério da vida. Temos a peito uma formação integral que se resume no conhecer-se a si mesmo, ao próprio irmão, à criação e ao Transcendente. Não podemos esconder às novas gerações as verdades que dão sentido à vida. (Papa Francisco, Audiência 05/11/2021).

10. Economia solidária

A economia e a política estão interconectas fortemente no Pacto Global de Francisco: “Necessitamos de políticos apaixonados pela missão de garantir para todo o povo os três Ts – terra, teto, trabalho.- além da educação e serviços de saúde. Isto é, políticos com horizontes amplos, que abram novos caminhos para que o povo se organize e se expresse” (Vamos sonhar juntos, p.123).

A escolha destes 10 marcos não exclui outras perspectivas ou diferentes visões sobre o papado de Francisco. Ela tem uma função pedagógica que nos convida a perceber que nestes 10 anos de pontificado, Francisco foi fiel ao projeto de uma Igreja descentrada, que redescobre a pessoa e a mística de Jesus de Nazaré, vivida na perspectiva da misericórdia, encarnada no discernimento, na vivência da fraternidade, na educação integral e ecológica que nos convidam a uma práxis revolucionária. O Pacto Educativo Global e a Economia de Francisco e Clara, mais do que simples movimentos, são apostas concretas da utopia e do desenvolvimento integral presentes no sonho de Jesus para toda a humanidade: vida em plenitude para todos (Jo 10,10). 

Ao percorrermos o caminho realizado até aqui por Francisco nos deparamos com um modelo de liderança profética e servidora que ultrapassa as fronteiras da Igreja Católica e dialoga com o mundo todo. Ao fazer esse diálogo de maneira propositiva e consciente, reconhecemos os limites e o alcance de sua proposta, seja dentro da própria Igreja, seja na oposição sistemática do mercado à proposta de um desenvolvimento integral. O modelo da liderança humilde de Francisco é mais complexo do que seus detratores pensam. Exige ampliação da consciência, reposicionamento da própria Igreja diante do mundo e dos seus problemas. Termino com a imagem do peregrino, metáfora presente no pensamento de Francisco: “alguém que descentra e, assim, consegue transcender. Sair de si mesmo, se abre para um novo horizonte e, quando volta para casa, já não é mais o mesmo, e sua casa também não será. É tempo de peregrinação” (FRANCISCO, 2020).

REFERÊNCIAS

DOCUMENTO DE APARECIDA. Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. São Paulo: Edições CNBB, Paulus, Paulinas, 2008.

FRANCISCO, Papa. Evangelii Gaudium. A alegria do Evangelho sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. São Paulo: Paulus-Loyola, 2013.

FRANCISCO, Papa. Carta Encíclica Laudato Si – sobre o cuidado da Casa Comum. São Paulo: Paulinas, 2015.

FRANCISCO, Papa. O nome de Deus é misericórdia. São Paulo: Planeta, 2016.

FRANCISCO, Papa. Gaudete et Exsultate – Sobre o chamado à santidade no mundo atual. São Paulo: Paulus, 2018.

FRANCISCO, Papa. Fratelli Tutti – Sobre a Fraternidade e a Amizade Social. São Paulo: Paulus, 2020.

FRANCISCO, Papa. Vamos sonhar juntos: o caminho para um futuro melhor. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2020.

FRANCISCO, Papa. Discursos. Encontro “Religiões e Educação: Pacto Educativo Global”. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2021/october/documents/20211005-pattoeducativo-globale.html. Acesso em: 01 de fevereiro de 2022.

FRANCISCO, Papa. Audiência Geral. Catequese sobre o discernimento 6. Os elementos do discernimento. O livro da própria vida (19/10/2022). Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2022/documents/20221019-udienza-generale.html. Acesso em: 01 de fevereiro de 2022.

MIRANDA, Mario de França. A reforma de Francisco. Fundamentos teológicos. São Paulo: Paulinas, 2017.

Rodari, Paolo. O discurso de Bergoglio que convenceu os cardeais a elegê-lo: “A Igreja deve sair de si mesma”. Tradução de Moisés Sbardelotto. In: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/186-noticias-2017/565907-o-discurso-de-bergoglio-que-convenceu-os-cardeais-a-elege-lo-a-igreja-deve-sair-de-si-mesma  Acesso em 01 de jan. 2023.

[1] https://www.ihu.unisinos.br/categorias/186-noticias-2017/565907-o-discurso-de-bergoglio-que-convenceu-os-cardeais-a-elege-lo-a-igreja-deve-sair-de-si-mesma

[2] MIRANDA, Mario de França. A reforma de Francisco, fundamentos teológicos. São Paulo: Paulinas, 2017, p.60.

* doutor em Teologia pela PUCPR, especialista em Identidade, Missão e Vocação da Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O bom pastoreio na visão dos Padres da Igreja

Cristo Bom Pastor (diocesedetaubate)

O BOM PASTOREIO NA VISÃO DOS PADRES DA IGREJA

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)

            Jesus é o pastor dos pastores. Ele deu a sua vida pelas ovelhas (Jo 10,11). Sendo o bom pastor, ele conhece as suas ovelhas e as ovelhas o conhecem (Jo 10,14). O Pai ama a Jesus porque dá a vida pelas suas ovelhas e pela humanidade. Jesus indica a si mesmo do verdadeiro Pastor. A utilização da imagem do bom Pastor foi bem presente nos Padres da Igreja e bem comentada por muitos deles[1]. Eles foram pastores de seu povo nos quais viviam as suas lutas e as suas alegrias, em vista da doação em Jesus Cristo. Pastor vem do latim pastor-oris, cujo significado é pastorear, quem guia ao pasto, as ovelhas e os cabritos, tendo todo o cuidado de governar bem sobre animais e as pessoas[2].

            O pastoreio a exemplo de Jesus

            São Gregório Magno, Papa nos séculos V e VI, afirmou a importância de pastorear o povo de Deus a ser dado como foi em Jesus Cristo. Ele foi ao encontro das pessoas, sobretudo dos pobres para lhes dar uma palavra de salvação. Não se chama pastor, mas mercenário aquela pessoa que pastoreia as ovelhas do Senhor não por intimo amor, mas pelo ganho pessoal. É mercenária a pessoa que está no lugar do pastor, não ganhando as ovelhas, gozando pela honra do seu estado, os ganhos temporais. Esta é a recompensa do mercenário tanto que o seu esforço de governo encontra a recompensa ainda aqui na terra, sendo excluído da herança do pastoreio. O mercenário foge dos perigos, porque viu a injustiça, e vai logo esconder-se no silêncio[3]. É preciso ser bom pastor a exemplo de Jesus de Nazaré que deu a sua vida pela causa do Reino de Deus.

           Amor por ser guia das pessoas

            São Gregório Magno ainda afirmava que o pastor tenha muito amor pelas pessoas nas quais está governando na terra. O pastor reconheça que é pecador como todos os outros, mas ele está sempre em busca da conversão de vida. A santidade das obras merece a união na igualdade, vivendo no zelo para exercitar o seu justo poder. São Paulo colocou a importância de se fazer servo por Cristo (2 Cor 4,5:), porque o poder recebido dos apóstolos pelo Senhor Jesus é sempre em vista do serviço, não pela dominação[4].

            O cultivo da virtude da humildade

            São Gregório Magno ainda dizia a importância de cultivar a virtude da humildade nos pastores. A severidade e o rigor não devem ser pelo zelo excessivo, que tudo seja perdido de modo que a mansidão não seja eliminada na vida. O fato é que os vícios não devam sobrepor-se às virtudes; a crueldade pela justiça; a debilidade venha à indulgência. A firmeza e a misericórdia andam juntas. O pastor é chamado ao amor nas relações com as pessoas[5].

            A importância da atividade ministerial

            Gregório Magno também reforçou a idéia de que é preciso assumir bem, a atividade ministerial que foi confiada aos pastores, pessoas do rebanho do Senhor. O exemplo maior vem do próprio Senhor que veio a este mundo para revelar o amor de Deus para conosco (Jo 3,16). Os pastores seguem o exemplo de Jesus que são chamados a propor a vida em favor das pessoas. O Senhor deseja que os pastores sejam fiéis à palavra do Senhor no mundo de hoje. O amor a Deus e ao próximo como a si mesmo prevaleça no pastoreio que é dado para o Senhor e para com o povo de Deus[6].

            O pastor vizinho pela compaixão e compreensão

            O Papa Gregório disse que um pastor de almas seja vizinho a toda a pessoa com a linguagem da compaixão e compreensão. Elevar-se-á sobre todos os outros pela oração e a contemplação. Os sentimentos de piedade e de compaixão permitem-lhe de fazer sua a debilidade dos outros. O desejo da conquista das alturas espirituais não o faça esquecer as exigências dos fiéis. De outro lado a atenção das exigências do próximo, não o faça deixar de lado o dever de elevar-se às coisas celestes[7].

            O silêncio e a palavra útil do pastor

            O Papa Gregório teve presente o silêncio oportuno do pastor e a sua palavra útil para as pessoas, para assim não revelar o que deve calar e não cale o que deve revelar. O fato é que uma palavra imprudente conduzirá ao erro e um silêncio excessivo mantém no erro aqueles que seriam instruídos. Os pastores imprudentes, não perdendo o favor popular não ousam dizer onde reside o bem, e não cuidando do rebanho a eles confiado, agem como mercenários que fogem ao ver o perigo, o lobo chegar, escondendo-se no seu silêncio[8]. O pastor viverá o dom do discernimento para pensar e agir conforme o plano do Senhor Jesus.

            Jesus deu a sua vida pelas ovelhas

            São João Damasceno, presbítero nos séculos VII e VIII teve presente Jesus que deu a sua vida pelas ovelhas, O madeiro da cruz do Salvador aboliu a maldição do madeiro, o poder da morte matou com o seu sepulcro; iluminou a herança humana com a sua ressurreição. Por isso o Senhor Jesus é doador de vida para toda a humanidade. Quando ele morreu foi evangelizar o mundo dos mortos, todas as pessoas que esperavam a sua vinda, fazendo-os habitar no paraíso, antes que o mundo dos mortos[9]. Jesus pela sua morte deu a vida pelas ovelhas, pela humanidade inteira.

            A misericórdia do Senhor

            São Leão Magno, Papa do século V afirmou a importância da misericórdia do Senhor como exemplo para os pastores seguirem em suas vidas. As palavras passam, mas os exemplos permanecem quando enaltecem a pessoa e outros no seguimento a Jesus Cristo. A misericórdia do Senhor enche a terra e a vitória de Cristo é sempre ao lado humano, para o cumprimento da palavra do Senhor, para que os pastores tenham coragem, porque Cristo venceu o mundo (Jo 16,33). Toda vez que as pessoas superam as ambições do mundo, e sendo seguidoras de Jesus, deixam-se admoestar pela cruz do Senhor, pela festividade da Páscoa, que deu novo fermento e vida no pastoreio do povo de Deus no mundo de hoje. É preciso amar o que Jesus amou para assim encontrar nele a graça de Deus[10] presente em Jesus Cristo e em todas as pessoas que o seguem na realidade atual.

            A importância de ser pastor no mundo de hoje é fundamental para corresponder à missão de dar a vida a exemplo de Jesus que deu a sua vida pela salvação da humanidade. O Espírito Santo ilumine a muitos dos jovens para serem pastores do Reino de Deus e à glória de Deus Uno e Trino.

[1] Cfr. Pastore (Il buon). In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane. Genova – Milano Editrice Marietti, 2008, pgs. 3947-3948.

[2] Cfr. Pastóre. In: Il Vocabolario Treccani. Il Conciso. Milano, Trento, 1998, pg. 1140.

[3] Cfr. Gregorio Magno. Omelia per la seconda domenica dopo Pasqua, Vol. IV, Citttà Nuova Editrice. 1982, pgs 127-128.

[4] Cfr. Gregorio Magno. Lettera a Giovanni di Costantinopoli. In: Idem, pg. 125.

[5] Cfr. Idem, pg. 125.

[6] Cfr. IdemLettera al Vescovo Ciriaco di Costantinopoli, pg. 130.

[7] Cfr. IdemLa Regiola pastorale, 2,3. In: Ogni giorno com i Padri della Chiesa. A cura di Giovanna della Croce, presentazione di Enzo Bianchi. Milano, Paoline, 1996, pg. 219.

[8] Cfr. Gregório Magno. Regra Pastoral 4,15. São Paulo, Paulus, 2010, pg. 67.

[9] Cfr. Giovanni Damaceno. Ochtoêchos, II. In:  Idem, pg. 123.

[10] Cfr. Leone Magno. Sermone, 72,4. In: Idem, pg. 134.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Hoje é dia de Santa Inês de Montepulciano, dominicana que multiplicou o pão

Santa Inês de Montepulciano (ACI Digital)

REDAÇÃO CENTRAL, 20 Abr. 23 / 05:00 am (ACI).- Hoje (20) é celebrada Santa Inês de Montepulciano, uma das figuras mais importantes da Ordem de Santo Domingo ou Ordem dos Pregadores, os dominicanos. Inês foi uma abadessa que se destacou por sua sabedoria e espiritualidade. Santa Catarina de Sena tinha uma grande devoção por ela.

Uma abadessa educada com simplicidade

Inês Segni, seu nome de batismo, nasceu por volta de 1268 em Gracciano, Itália, em uma família nobre. Desde muito jovem teve contato com a espiritualidade dominicana graças ao fato de seus pais terem confiado sua educação às freiras do mosteiro de Montepulciano, que fica muito perto de Gracciano. Inês começou sua formação aos nove anos cercada pelas freiras do "mosteiro do saco", as freiras de Montepulciano eram conhecidas por seus hábitos feitos com um pano muito rústico, como de saco.

No mosteiro, Inês ficou conhecida por sua generosidade, sua capacidade de sacrifício e sua intensa vida de oração. Lá permaneceu por cerca de cinco anos até os quinze anos, quando foi enviada junto com a irmã Margarita, sua mestra do noviciado, para fundar um mosteiro dominicano em Proceno, aldeia da diocese de Acquapendente. Três anos depois, seria nomeada abadessa ali. Como tal, ela se entregou ao serviço de suas irmãs com profunda dedicação e humildade. Desta fase de sua vida datam os primeiros testemunhos sobre eventos milagrosos ocorridos por sua intercessão, como a multiplicação de pães e azeite, a cura de alguns doentes e até um exorcismo.

"O que Tu queiras, Senhor"

Quando sua fama se espalhou, as freiras de Montepulciano pediram a Inês que voltasse à sua cidade natal para fundar um novo mosteiro. No entanto, a santa rogou a Deus que lhe permitisse ficar mais algum tempo em Proceno. Deus permitiu e ela chegou a morar lá por mais 22 anos, até o dia em que, por meio de um sonho, recebeu um sinal de Deus para fundar o novo mosteiro em sua terra.

Em 1298, com o apoio das autoridades da Ordem dos Pregadores e o patrocínio do papa, voltou para a região onde nasceu e ali estabeleceu o novo mosteiro de freiras dominicanas nos arredores de Montepulciano. Ali ordenou a construção de uma capela consagrada à Virgem Maria, que seria ampliada pouco depois com a colaboração dos fiéis. A santa governou a comunidade religiosa até o dia de sua morte.

Fome de Deus e fome de pão

Esta etapa da nova fundação foi caracterizada por abundantes graças e bênçãos. Foram anos de intensa oração, de experiências místicas e revelações particulares concedidas pelo Senhor. Em mais de uma ocasião, em dias de fome e escassez, Inês alimentou dezenas de pessoas com um ou dois pães, evocando o milagre da multiplicação dos pães feito por Jesus Cristo.

Santa Inês morreu em 20 de abril de 1317 aos 49 anos. Graças ao beato Raimundo de Cápua (1303-1399) e à biografia que escreveu sobre a santa, a devoção a santa Inês tornou-se muito popular entre os séculos XIV e XV. Foi canonizada pelo papa Bento XIII, junto com santo Turíbio de Mogrovejo, em 10 de dezembro de 1726.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF