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domingo, 23 de junho de 2024

Trabalho de Deus (2)

Fotografias do artigo sob licença Creative Commons de (por ordem de aparição): catdancing, ciro_40tokyo, danncer, moriza, drp | Opu Dei

Trabalho de Deus

“Não vos digo: abandonai a cidade e afastai-vos dos negócios. Não. Permanecei onde estais, mas praticai a virtude”. Isso dizia um santo do século quarto e o repetia São Josemaria ao proclamar que Deus nos espera na vida cotidiana e no trabalho bem feito.

24/05/2010

* * *

Os ensinamentos que São Josemaria transmitiu com a sua palavra e os seus escritos, juntamente com o seu exemplo, constituem um espírito com traços característicos, como o sentido de filiação divina, a contemplação na vida cotidiana, a fusão da alma sacerdotal com a mentalidade laical, o amor à liberdade e a alegria dos filhos de Deus... Estes e todos os outros aspectos dos ensinamentos do Fundador do Opus Dei não são simplesmente elementos justapostos, mas centelhas de um único espírito capaz de informar e penetrar em todos os momentos e circunstâncias da vida.

Do mesmo modo que uma porta gira com naturalidade à volta do seu gonzo, assim o espírito da Obra apoia-se, como que na sua dobradiça, no trabalho ordinário, no trabalho profissional exercido no meio do mundo [7]. A dobradiça de uma porta não é mais importante que a porta, mas um elemento que ocupa uma posição única. Assim como uma dobradiça sozinha não serviria para nada sem porta, do mesmo modo não teria sentido – por muito que brilhasse - um trabalho profissional isolado do conjunto, convertido enfim em si mesmo: um trabalho que não fosse eixo da santificação de toda a vida ordinária, familiar e social. Mas, ao mesmo tempo, o que seria da porta sem o eixo? Para nós, o trabalho profissional, os deveres familiares e sociais são elementos inseparáveis da unidade da vida, imprescindível para nos santificarmos e santificar o mundo de dentro, formação da sociedade humana, de acordo com o querer de Deus [8].

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O nosso trabalho profissional pode ser, efetivamente, trabalho de Deus, operatio Dei, porque somos filhos adotivos de Deus e formamos uma só coisa com Cristo. O Filho Unigênito fez-se Homem para nos unir a Si – como os membros de um corpo estão unidos à cabeça – e agir por meio de nós. Verdadeiramente somos de Cristo como Cristo é de Deus [9]. Ele vive e atua no cristão pela graça.

São Josemaria pregou incansavelmente que qualquer trabalho honesto pode ser santificado – tornar-se santo –, converter-se em obra de Deus. E que o trabalho assim santificado nos identifica com Cristo – perfeito Deus e perfeito Homem –, nos santifica e aperfeiçoa, transformando-nos na sua imagem. É tempo de os cristãos dizerem em voz alta que o trabalho é um dom de Deus [10]: não um castigo ou uma maldição, mas uma realidade querida e abençoada pelo Criador antes do pecado original [11], uma realidade que o Filho do Deus encarnado assumiu em Nazaré, onde levou uma vida de muitos anos de trabalho diário em companhia de Santa Maria e São José, sem brilho humano, mas com esplendor divino. Nas mãos de Jesus o trabalho, e um trabalho profissional semelhante ao que desenvolvem milhões de homens no mundo, converte-se em tarefa divina, em trabalho redentor, em caminho da salvação [12]. O próprio esforço que exige o trabalho foi elevado por Cristo a instrumento de libertação do pecado, de redenção e santificação [13]. Não existe trabalho humano limpo que não possa “transformar-se em âmbito e matéria de santificação, em campo de exercício das virtudes e em diálogo de amor” [14].

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Nas nossas mãos, como nas de Cristo, o trabalho tem de se converter em oração a Deus e em serviço aos homens para a corredenção da humanidade inteira. O Criador formou o homem do barro da terra e tinha-o feito participar do Seu poder criador para que aperfeiçoasse a Criação, transformando-a com seu engenho [15]. No entanto, depois do pecado, em vez de elevar as realidades desta terra à glória de Deus por meio do trabalho, muitas vezes o homem cega e degrada a si mesmo. Mas Jesus converteu o barro em colírio para curar a nossa cegueira, como fez com o cego de nascença [16]. Quando descobrimos que é possível santificar o trabalho, tudo fica iluminado com um novo sentido e começamos a ver e a amar a Deus – a ser contemplativos – nas situações que antes pareciam monótonas e vulgares ou se desenvolviam num horizonte apenas terreno, sem alcance eterno e sobrenatural.

Um panorama esplêndido abre-se à nossa frente: santificar o trabalho, santificar-se no trabalho, santificar com o trabalho [17].

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Somos protagonistas do desígnio divino de pôr Cristo no cume de todas as atividades humanas. Desígnio que Deus quis que São Josemaria, compreendesse com uma visão clarividente que o levava a escrever, cheio de fé na graça e de confiança na nossa correspondência: Contemplo já ao longo dos tempos até o último dos meus filhos – porque somos filhos de Deus, repito – atuar profissionalmente, com sabedoria de artista, com felicidade de poeta, com segurança de mestre, com pudor mais persuasivo do que a eloquência, buscando – ao procurar a perfeição cristã na sua profissão e seu estado no mundo – o bem de toda a humanidade[18].

* * *

Oh Deus, que preciosa é a tua misericórdia! Por isso, os filhos dos homens, se acolhem à sombra das tuas asas (...). Em ti está a fonte da vida, e na tua luz veremos a luz [19]. A Santíssima Trindade concedeu ao nosso Fundador a sua luz para que contemplasse profundamente o mistério de Jesus Cristo, a luz dos homens [20]: concedeu-lhe “uma vivíssima contemplação do mistério do Verbo Encarnado, graças à qual compreendeu com profundidade que o emaranhado das realidades humanas se compenetra intimamente no coração do homem renascido em Cristo, com a economia da vida sobrenatural, convertendo-se assim em lugar e meio de santificação” [21]. O espírito da Obra iluminou já a vida de uma multidão de homens e mulheres das mais diversas condições e culturas, que empreenderam a aventura de ser santos na naturalidade da vida cotidiana. Uma aventura de amor a Deus, abnegado e forte, que enche de felicidade a alma e semeia no mundo a Paz de Cristo [22].

João Paulo II convidava a seguir fielmente o exemplo de São Josemaria. “Seguindo as pegadas do vosso Fundador, prossegui com zelo e fidelidade a vossa missão. Mostrai com o vosso esforço diário que o amor de Cristo pode animar todo o arco da existência” [23]. Contamos, sobretudo, com a intercessão de nossa Mãe. Pedimos a Ela que nos prepare diariamente o caminho e no-lo conserve sempre. Dulcissimum Cor Mariae, iter para tutum!, Serva tutum Iter!

J. López

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Bibliografia:

[7] É Cristo que passa, n. 45.

[8] Cfr. Conc. Vaticano II, Cons. dogm. Lumen gentium, n. 33.

[9] Cfr. Jo 6, 56-57; 17, 23; 1 Co 3, 23; Cl 1, 26-29; Gal 2, 20; Rm 8, 10-11.

[10] É Cristo que passa, n. 47.

[11] Cfr. Gn 2, 15.

[12] Questões atuais do Cristianismo, n. 55.

[13] Cfr. 1 Cor 6, 11.

[14] João Paulo II, Alocução na Audiência aos participantes no Congresso “A grandeza da vida cotidiana”, 12-01-2002, n. 2.

[15] Cfr. Gn 2, 7, 15.

[16] Cfr. Jo 7, 7.

[17] É Cristo que passa, n. 44.

[18] São Josemaria, Carta 9-01-1932, n. 4.

[19] Sal 35, 8, 10.

[20] Jo 1, 4.

[21] Congregação para as Causas dos Santos, Decreto sobre o exercício heroico das virtudes do Servo de Deus Josemaria Escrivá de Balaguer, Fundador do Opus Dei, 9-04-1990, §3.

[22] Cfr. Ef 1, 10.

[23] João Paulo II, Alocução na Audiência aos participantes no Congresso “A grandeza da vida cotidiana”, 12-01-2002, n. 4.

Fotografias do artigo sob licença Creative Commons de (por ordem de aparição): catdancing, ciro_40tokyo, danncer, moriza, drp

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Papa: Jesus não nos poupa dificuldades, mas nos ajuda a enfrentá-las

Angelus de 23 de junho de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

"Jesus nos faz corajosos. Deste modo, nós aprendemos sempre mais a nos agarrar a Ele, a confiar na sua potência", disse o Papa comentando o Evangelho deste domingo.

https://youtu.be/8kz98E4zOqM

Vatican News

Jesus não nos poupa dificuldades, mas nos ajuda a enfrentá-las: foi o que disse o Papa ao rezar o Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro neste XII Domingo do Tempo Comum. O Evangelho apresenta Jesus na barca com os discípulos, no lago de Tiberíades. Improvisamente, chega uma forte tempestade e a barca corre o risco de afundar. Jesus, que estava dormindo, acorda, ameaça o vento e tudo volta à calmaria (cfr Mc 4,35-41).

No entanto, a situação assusta os discípulos, mesmo sendo eles pescadores. "Parece que Jesus queria colocá-los à prova", comentou Francisco. Quando começa o pânico na embarcação, com a sua presença, Jesus os conforta, os encoraja e os exorta a terem mais fé. Para o Pontífice, o Mestre faz isso por dois motivos: reforçar a fé dos discípulos e torná-los mais corajosos.

Com efeito, eles saem dessa experiência mais conscientes da potência de Jesus e da sua presença em meio a eles e, portanto, mais fortes e prontos a enfrentar outros obstáculos e dificuldades, inclusive o medo de se aventurar para anunciar o Evangelho. 

"E também conosco Jesus faz o mesmo, em especial na Eucaristia: nos reúne em volta de Si, nos doa a sua Palavra, nos nutre com o seu Corpo e o seu Sangue, e depois nos convida a tomar o largo, para transmitir a todos o que ouvimos e compartilhar com todos o que recebemos, na vida de todos os dias, mesmo quando é difícil."

Jesus, prosseguiu Francisco, não nos poupa as contrariedades, mas, sem nunca nos abandonar, nos ajuda a enfrentá-las, "nos faz corajosos!". Deste modo, nós aprendemos sempre mais a nos agarrar a Ele, a confiar na sua potência, que vai bem além de nossas capacidades, a superar as incertezas e as hesitações, os fechamentos e os preconceitos, com coragem e grandeza de coração, para dizer a todos que o Reino dos Céus está presente, é aqui, e que com Jesus ao nosso lado podemos fazê-lo crescer juntos para além de qualquer barreira.

O Papa então se dirige aos fiéis com alguns questionamentos: nos momentos de provação, sei fazer memória das vezes em que experimentei, na minha vida, a presença e a ajuda do Senhor? Quando chega a tempestade, me deixo levar pela agitação ou me agarro a Ele, para encontrar calma e paz, na oração, no silêncio, na escuta da Palavra, na adoração e na compartilha fraterna da fé?

"Que a Virgem Maria, que acolheu com humildade e coragem a vontade de Deus, nos doe, nos momentos difíceis, a serenidade de se abandonar a Ele", concluiu.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São José Cafasso

São José Cafasso (A12)
23 de junho
São José Cafasso

José Cafasso nasceu em Castelnuovo Don Bosco, na Itália, em 1811. Mesma região de São João Bosco ao qual foi contemporâneo.

Sentiu-se chamado ao sacerdócio desde sua infância, estudou no seminário de Chieri e no ano de 1833 foi ordenado. Depois estabeleceu-se no Colégio Eclesiástico de São Francisco de Assis, em Turim, para aperfeiçoar a sua formação sacerdotal e pastoral, foi nomeado professor e depois reitor ficando nesta função até o fim da vida.

Teve um importante apostolado junto aos presos, principalmente, com os condenados à morte, por isso ficou conhecido como “Santo da Forca” e é considerado padroeiro dos presos.

Deixou a sua marca como notável diretor espiritual e pregador influenciando e orientando padres mais jovens.

Padre Cafasso, de fato, dedicava grande parte do seu ministério sacerdotal às confissões e confidências de todos os que frequentavam a sua igreja, atraídos pela inteligência e bondade daquele padre que compreendia a todos e sabia falar tanto aos intelectuais quanto aos mais humildes.

Cafasso aprofunda a espiritualidade de São Francisco de Sales, que depois transmitirá a um aluno: João Bosco, do qual foi diretor espiritual de 1841 a 1860.

Cafasso é ainda considerado cofundador dos Salesianos. Antes de morrer, ele doou tudo o que possuía a João Bosco, para que ele continuasse sua obra no ensino e orientação dos jovens.

Morreu aos quarenta e nove anos, no dia 23 de junho de 1860. Declarado santo em 1947, foi declarado o patrono dos encarcerados e dos condenados à pena capital.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

O título de "padroeiro dos encarcerados e dos condenados à pena capital" esclarece bem como viveu o seu apostolado. Suas visitas aos cárceres eram o consolo dos presos e sua figura se tornou a presença mais constante em todos os enforcamentos realizados em sua cidade. Mas sua ajuda não se limitava aos encarcerados, estendia-se às famílias, ao socorro às esposas e filhos para que não se desviassem do caminho de Cristo.

Oração:

Deus, nosso Pai, pela intercessão de João Cafasso, ensinai-nos a amabilidade, a alegria, o bom humor, pois um semblante amável, alegre e de bem com a vida tem força divina que eleva o ânimo dos que estão abatidos e vale mais que mil conselhos e instruções. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 22 de junho de 2024

Trabalho de Deus (1)

Fotografias do artigo sob licença Creative Commons de (por ordem de aparição): catdancing, ciro_40tokyo, danncer, moriza, drp | Opu Dei

Trabalho de Deus

“Não vos digo: abandonai a cidade e afastai-vos dos negócios. Não. Permanecei onde estais, mas praticai a virtude”. Isso dizia um santo do século quarto e o repetia São Josemaria ao proclamar que Deus nos espera na vida cotidiana e no trabalho bem feito.

24/05/2010

São Josemaria Escrivá costumava falar da antiga novidade da mensagem que recebeu de Deus: antiga como o Evangelho e, como o Evangelho, nova [1]. Antiga, pois o espírito do Opus Dei é aquele que viveram os primeiros cristãos, que se sabiam chamados à santidade e ao apostolado sem saírem do mundo, nas suas ocupações e tarefas diárias. Por isso, a maneira mais fácil de entender o Opus Dei é pensar na vida dos primeiros cristãos. Viviam a sério sua vocação cristã, procuravam seriamente a perfeição, a que estavam chamados pelo fato, simples e sublime, do batismo [2].

Enchia de alegria o fundador do Opus Dei encontrar trechos desta mensagem nos escritos dos primeiros Padres da Igreja. Bem claras a esse respeito são as palavras que São João Crisóstomo dirige aos fiéis no século IV: “Não vos digo: abandonai a cidade e afastai-vos dos negócios. Não. Permanecei onde estais, mas praticai a virtude. Para dizer a verdade, quisera antes que brilhassem pela sua virtude os que vivem no meio das cidades, que os que foram viver nos montes. Porque disso se seguiria um bem imenso, já que ninguém acende uma luz e a coloca debaixo do alqueire... E não me digas: tenho filhos, tenho mulher, tenho que cuidar da casa e não posso cumprir o que me dizes. Se nada disto tivesses e fosses tíbio, tudo estava perdido; mesmo quando tudo isso te rodear, se fores fervoroso, praticarás a virtude. Só uma coisa é necessária: uma disposição generosa. Se ela existe, nem idade, nem pobreza, nem riqueza, nem negócios nem qualquer outra coisa pode constituir um obstáculo à virtude. E, na verdade, velhos e jovens, pais de família, artesãos e soldados, cumpriram tudo o que foi mandado pelo Senhor. Davi era jovem; José, escravo; Áquila era artesão; a vendedora de púrpura estava à frente do seu comércio; outro era guarda de uma prisão; outro, centurião como Cornélio; outro estava doente, como Timóteo; outro era um escravo fugitivo, como Onésimo. No entanto, nada disso foi obstáculo para nenhum deles e todos brilharam pela sua virtude: homens e mulheres, jovens e velhos, escravos e livres, soldados e civis” [3].

“O SENHOR QUER ENTRAR EM COMUNHÃO DE AMOR COM CADA UM DOS SEUS FILHOS NA TRAMA DAS OCUPAÇÕES DE CADA DIA, NO CONTEXTO ORDINÁRIO EM QUE SE DESENVOLVE A EXISTÊNCIA” (JOÃO PAULO II)

As circunstâncias da vida cotidiana não são obstáculo, mas matéria e caminho de santificação. Com as fraquezas e defeitos de cada um, como aqueles primeiros discípulos, cidadãos cristãos que querem corresponder cabalmente às exigências da sua fé [4]. O espírito do Opus Dei dirige-se a cristãos que não precisam sair do seu lugar para encontrar e amar Deus, justamente porque – como recordou João Paulo II glosando o ensinamento de São Josemaria – “o Senhor quer entrar em comunhão de amor com cada um dos seus filhos na trama das ocupações de cada dia, no contexto ordinário em que se desenvolve a existência”[5].

Por isso, exclamava o nosso Padre: Ao suscitar nestes anos a sua Obra, o Senhor quis que nunca mais se desconheça ou se esqueça a verdade de que todos devem santificar-se e de que compete à maioria dos cristãos santificar-se no mundo, no trabalho ordinário. Por isso, enquanto houver homens na terra, existirá a Obra. Sempre se produzirá este fenômeno: que haja pessoas de todas as profissões e ofícios, que procurem a santidade no seu estado, na profissão ou no seu ofício, sendo almas contemplativas no meio da rua [6].

J. López

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Bibliografia:

[1] Questões atuais do Cristianismo, n. 24.

[2] Idem.

[3] São João Crisóstomo, In Matth. hom., XLIII, 5.

[4] Questões atuais do Cristianismo, n. 24.

[5] João Paulo II, Alocução na Audiência aos participantes no Congresso "A grandeza da vida cotidiana", 12-01-2002, n. 2.

[6] De nosso Padre, Carta 9-01-1932, nn. 91-92. Citado em O Fundador do Opus Dei, p. 304.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

NAZARENO: O nardo e os "Hosana" (entrada em Jerusalém) - (46)

Nazareno (Vatican News)

Cap. 46 - O nardo e os "Hosana" (entrada em Jerusalém)

Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia para jantar com seus amigos Marta, Maria e Lázaro. Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Então Maria, tendo tomado uma libra de um perfume de nardo puro, muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos; e a casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo. Esse gesto de amor e gratidão, esse perfume usado para ungir os pés do Nazareno, não deixa indiferente um dos apóstolos. Disse, então, Judas Iscariotes, um de seus discípulos, o que o iria trair: “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários para dá-los aos pobres?”. Ele disse isso, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa comum, roubava o que aí era colocado. Disse então Jesus: “Deixa-a; que ela o conserve para o dia da minha sepultura! Pois sempre tereis pobres convosco; mas a mim nem sempre tereis”.

De Betânia a Jerusalém, a viagem é curta, não chega a três quilômetros. Enquanto caminham, Jesus chama dois de seus discípulos: “Ide ao povoado que está à vossa frente. Entrando nele, encontrareis imediatamente um jumentinho amarrado, que ninguém montou ainda. Soltai-o e trazei-o. E se alguém vos disser: ‘Por que fazeis isso?’, dizei: ‘O Senhor precisa dele, e logo o mandará de volta’”. Foram, e acharam um jumentinho amarrado na rua junto a uma porta, e o soltaram.

Levaram a Jesus o jumentinho, sobre o qual puseram suas vestes. E ele o montou.

De Betfagé a Jerusalém, muitos estenderam suas vestes pelo caminho, outros puseram ramos que haviam apanhado nos campos. Clamavam:

“Hosana!

Bendito o que vem em nome do Senhor!

Bendito o Reino que vem, do nosso pai Davi!

Hosana no mais alto dos céus!”.

Aclamações espontâneas, vindas do coração.

Havia alguns Gregos, entre os que tinham subido para adorar, durante a festa.

Eles estão entre os chamados "devotos", que, embora não pertençam à nação eleita de Israel e sejam incircuncisos, observam o descanso do sábado, oram e dão esmolas, permanecendo no saguão externo do templo. Impressionados com o afeto da multidão que aclamava, querem conhecer o Nazareno de perto.

Aos apóstolos que lhe relatam isso, Jesus responde: “É chegada a hora que será glorificado o Filho do Homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto. Quem ama sua vida a perde e quem odeia a sua vida neste mundo guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém quer servir-me, siga-me; e onde estou eu, aí também estará o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. Minha alma está agora conturbada. Que direi? Pai, salva-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome”.

Veio, então, uma voz do céu: “Eu o glorifiquei e o glorificarei novamente!”.

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

5° Conferência Nacional do Meio Ambiente

Rio da Amazônia (Crédito: CNBB)

REPAM-BRASIL PARTICIPA DA ORGANIZAÇÃO DA 5° CONFERÊNCIA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

A Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil) foi convidada para compor a Comissão Organizadora Nacional da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, cujo tema será “Emergência Climática: o desafio da transformação ecológica”. O evento está em fase preparatória e ocorre entre os dias 6 e 9 de maio de 2025, em Brasília (DF). 

Participam da comissão organizadora representantes da sociedade brasileira do setor público, privado e da sociedade civil. A delegação é uma das instâncias organizadoras da Conferência e é composta por 52 membros titulares e 52 suplentes. 

A Conferência é realizada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e tem como objetivo promover diálogos sobre a Emergência Climática que contribuam para a implementação da Política Nacional sobre Mudança do Clima. 

A Conferência será dividida em cinco eixos temáticos, que vão abordar mitigação, adaptação e preparação para desastres, transformação ecológica, justiça climática e governança e educação ambiental.  

O processo preparatório da Conferência se inicia com as etapas municipais ou intermunicipais e, em seguida, avança para as conferências estaduais e a etapa nacional, que será realizada em Brasília-DF. 

Confira o calendário:

5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente 

Janeiro a maio de 2024: fase preparatória. 

11 de junho a 15 de dezembro de 2024: conferências municipais e intermunicipais. 

11 de junho a 15 de dezembro de 2024: conferências livres 

15 de janeiro a 15 de março de 2025: conferências estaduais e distrital. 

6 a 9 de maio de 2025: Conferência Nacional, em Brasília.

Saiba mais sobre a 5° CNMA aqui  

Clique aqui e leia a Portaria GM/MMA n° 1079 com a convocação da 5° CNMA e do seu regimento interno 

Com informações da Repam Brasil 

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: IA deve servir a humanidade e não enriquecer poucos "gigantes tecnológicos"

Papa saúda a presidente da Fundação "Centesimus Annus Pro Pontifice", Ana Maria Tarantola (Vatican Media)

A Inteligência Artificial foi o tema do discurso do Papa aos participantes de um evento promovido pela Fundação "Centesimus Annus Pro Pontifice". E fez uma provocação: “Estamos certos de querer continuar a chamar 'inteligência' o que inteligência não é? Vamos pensar nisso e questionemo-nos se o uso impróprio desta palavra assim tão importante, tão humana, não seja já um cedimento ao poder tecnocrático”.

Vatican News

O Papa recebeu em audiência os participantes da Conferência anual Internacional da Fundação Centesimus Annus Pro Pontifice. O tema em debate é “A Inteligência Artificial e o paradigma tecnocrático: como promover o bem-estar da humanidade, o cuidado com a criação e um mundo de paz”.

Para Francisco, é um tema que merece atenção, porque a IA influencia de modo impetuoso a economia e a sociedade e pode ter impactos negativos sobre a qualidade de vida, sobre as relações entre pessoas, entre países e relações internacionais, e a casa comum.

O Pontífice citou o termo “algorética”, utilizado em sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, que indica a absoluta necessidade de um desenvolvimento ético dos algoritmos, em que sejam os valores a orientar os percursos das novas tecnologias. Citou ainda seu recente discurso no G7, em que ressaltou a importância de que a Inteligência Artificial permaneça um instrumento nas mãos do homem. Do contrário, poderia reforçar o paradigma tecnocrático e a cultura do descarte, delegando a máquinas decisões essenciais para a vida dos seres humanos. Portanto, encorajou um uso ético da IA e convidou a política a adotar ações concretas para governar o processo tecnológico em direção à fraternidade universal e à paz.

Já o famoso físico Stephen Hawking alertava para os riscos da IA, que poderia inclusive acabar com a raça humana, dizia ele. “É isso que queremos?”, perguntou o Pontífice, que prosseguiu com outro questionamento:

“A Inteligência Artificial serve para satisfazer as necessidades da humanidade, melhorar o bem-estar e o desenvolvimento integral das pessoas ou para enriquecer e aumentar o já elevado poder dos poucos gigantes tecnológicos não obstante os perigos para a humanidade? É esta a pergunta basilar.”

Por isso, o Papa propôs alguns pontos para a reflexão, como a necessidade de aprofundar o tema da responsabilidade das decisões tomadas usando a IA, a regulamentação, as mudanças no sistema educativo, profissional e de segurança e a quantidade de energia que o uso dessa tecnologia requer, já que a humanidade está enfrentando uma delicada transição energética.

“Não devemos perder a ocasião de pensar e agir num modo novo com a mente, o coração e as mãos”, afirmou o Pontífice.

E Francisco concluiu com uma provocação: “Estamos certos de querer continuar a chamar ‘inteligência' o que inteligência não é? É uma provocação. Vamos pensar nisso e vamos nos questionar se o uso impróprio desta palavra assim tão importante, tão humana, não seja já um cedimento ao poder tecnocrático”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Paulino de Nola

São Paulino de Nola (A12)
22 de junho
São Paulino de Nola

São Paulino de Nola nasceu por volta do ano 354 d.C. em Aquitânia, no sul da França. Ele é padroeiro de Nola (Itália) e considerado um dos grandes Padres da Igreja do Ocidentes. É venerado como um exemplo de santidade e amor ao próximo. Sua festa é celebrada em 22 de junho.

Nasceu em uma família rica, recebeu uma boa educação e fez carreira na política. Tornou-se cônsul substituto e governador da Campânia, Itália. Ele se casou com uma mulher chamada Terásia e teve um filho, chamado Celso, que morreu ainda muito novo.

A providência e a bondade de Deus fizeram o caminho de Paulino se cruzar com o de Santo Ambrósio de Milão e com Santo Agostinho de Hipona. A partir deste encontro, ele se converteu e pediu para receber o batismo. Paulino era admirado e respeitado por sua sabedoria e fidelidade a Deus.

Após a morte do filho, Paulino e Terásia decidiram abandonar tudo e se dedicar totalmente a Deus, através da vida monástica, doando a maioria de seus bens aos mais necessitados. Eles viveram uma vida ascética dedicada à oração, à leitura e meditação da Palavra de Deus e à caridade.

Após a morte de sua esposa, Paulino foi ordenado padre e, mais tarde, foi nomeado bispo de Nola, onde exerceu seu ministério com grande dedicação.

Além de ser muito querido e admirado pela alta sociedade, era amado também pelo povo simples e pelos pobres. É lembrado por sua piedade, humildade e caridade. Também era um poeta talentoso e compôs muitos hinos e poemas religiosos.

Paulino morreu por volta do ano 431 dC. A canonização de São Paulino de Nola ocorreu durante a Idade Média, quando o processo de canonização não era tão formalizado como é hoje.

Naquela época, a canonização muitas vezes ocorria por aclamação popular ou pela fama de santidade reconhecida pelos fiéis e pela autoridade da Igreja local. São Paulino de Nola foi muito venerado como santo e considerado um exemplo de virtude e piedade, principalmente em Nola e nas regiões circunvizinhas. Sua santidade foi reconhecida e confirmada ao longo dos séculos pela veneração contínua e pela devoção popular.

Embora São Paulino de Nola não tenha sido canonizado por nenhum papa, sua santidade foi reconhecida pela Igreja e ele é considerado um santo pela tradição católica.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

“São Paulino não escreveu tratados de teologia, mas os seus poemas e o denso epistolário são ricos de uma teologia vivida, embebida da palavra de Deus, constantemente perscrutada como luz para a vida. Em particular, sobressai o sentido da Igreja como mistério de unidade. A comunhão era por ele vivida, sobretudo através de uma marcada prática da amizade espiritual. Nela Paulino foi um verdadeiro mestre”, diz o Papa Bento XVI. A vida de São Paulino nos ajuda a entender a Igreja como sacramento da união íntima com Deus e, assim de unidade de todos nós e de todo o gênero humano. Somos todos membros de um só corpo, o corpo de Cristo que é a Igreja. Que São Paulino nos ajude a viver essa comunhão em nossas pastorais, grupos e movimentos.

Oração:

Senhor nosso Deus, que, no bispo são Paulino [de Nola], quisestes enaltecer o amor à pobreza e o zelo pastoral, fazei que, celebrando os seus méritos, imitemos os exemplos da sua caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

 Fonte: https://www.a12.com/

sexta-feira, 21 de junho de 2024

CATEQUESE: Sete sacramentos, por quê?

Os sete sacramentos (Cléofas)

Sete sacramentos, por quê?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Se cada sacramento dá (ou aumenta) a graça santificante à alma, por que Jesus instituiu sete? Não teria bastado instituir um só, que receberíamos conforme necessitássemos?

Assim seria se a graça santificante fosse a única espécie de graça de Deus tivesse querido dar-nos, e se a vida espiritual que a graça santificante institui fosse a única ajuda que Deus tivesse querido dar-nos. Mas Deus, de quem procede toda a paternidade, não determinou prover-nos de vida espiritual e depois deixar-nos entregues à nossa sorte. Os pais não dizem ao filho recém-nascido: “Nós demos a vida a você, mas não haverá alimento quando você tiver fome, nem remédios quando adoecer, nem o apoio de um braço quando se sentir fraco. Portanto, arranje-se e viva como puder”.

Deus dá-nos a vida espiritual, que é a graça santificante; e, depois, provê-nos de tudo aquilo de que necessitamos para que essa vida seja atuante em nós – sem nos privar da nossa liberdade -, para que cresça e se conserve. Em consequência, além da graça santificante, que é comum a todos os sacramentos, há outras ajudas especiais que Deus nos dá, ajudas adequadas às nossas necessidades particulares ou ao nosso estado de vida. A ajuda especial que, neste sentido, cada sacramento dá, chama-se a graça sacramental de cada um dos sete sacramentos.

Seria muito interessante fazer agora uma pausa e perguntar-nos: “Se Deus tivesse deixado ao meu critério a decisão sobre o número dos sacramentos que deveria haver quantos teria eu estabelecido?” Poderíamos ter decidido que fossem três, ou cinco, ou dez, ou qualquer outro número; mas, se estudássemos as nossas necessidades espirituais à luz das necessidades naturais, é muito provável que também chegássemos à mesma conclusão que Deus, acabando por decidir que os sacramentos teriam que ser sete.

Na ordem natural, a primeira coisa que acontece é nascermos. No nascimento, recebemos não só a vida, mas também o poder de renová-la, a faculdade de repor e reparar as células corporais, faculdade necessária para que a vida se mantenha. Parecer-nos-ia, pois, sumamente oportuno contar com um sacramento que nos desse não só a vida espiritual (a graça santificante), mas também o poder de conservar e renovar incessantemente essa vida. Assim, não surpreende que Deus nos tenha dado esse sacramento – o Batismo – pelo qual recebemos a graça santificante, bem como uma cadeia ininterrupta de graças que nos permitem conservar e aumentar essa graça com a prática das virtudes da fé, esperança e caridade.

Depois de nascer, há outra coisa importante que nos acontece na ordem física: crescermos, amadurecemos. Não será, pois, conveniente que exista um sacramento que nos confira a maturidade espiritual e nos livre dos temores e fraquezas da infância, tornando-nos fortes, intrépidos e apostólicos na confissão e nos exercícios da nossa fé? Em resposta a essa linha de raciocínio, temos o sacramento da Confirmação (ou Crisma), que não estabelece também um depósito de graças atuais (a graça sacramental), das quais podemos valer-nos para nos fazermos fortes, ativos e frutíferos exemplos de vida cristã.

Depois do nascimento e da maturidade, o terceiro grande fenômeno do nosso ser físico é a morte: nascemos, crescemos e morremos. A fim de nos prepararmos para enfrentar com confiança o terrível momento da nossa dissolução física, contamos com o sacramento da Unção dos Enfermos e a sua graça especial própria, que nos conforta no sofrimento e nos sustém perante as tentações finais que possam assaltar-nos, preparando-nos para entrar com gozo na eternidade.

Independentemente dos seus três grandes períodos, a vida precisa satisfazer duas grandes necessidades: a do alimento, para podermos crescer e conservar-nos saudáveis; e a dos remédios, que nos curam das enfermidades e nos vacinam contra as infecções. Correspondentemente, temos dois sacramentos que são para a alma o que o alimento e os remédios são para o corpo: o sacramento da Eucaristia, cuja graça sacramental especifica é o crescimento da caridade sobrenatural (o amor de Deus e do próximo); e o sacramento da Penitência, que nos vacina contra o pecado e cuja graça sacramental é curar as enfermidades espirituais do pecado e ajudar-nos a vencer as tentações.

Depois das três grandes etapas e das duas necessidades essenciais da vida, temos os dois grandes estados, que impõem grave responsabilidade pela alma dos outros: o sacerdócio e o matrimônio. Por isso, não nos causa surpresa descobrir que há dois sacramentos – a Ordem e o Matrimônio – que conferem a quem os recebe a sua própria graça sacramental para que os sacerdotes e esposos possam enfrentar fácil e meritoriamente perante Deus as cargas, por vezes pesadas, das suas obrigações de estado.

Como vemos, a “graça sacramental” de um sacramento não é algo que recebamos de uma vez. Trata-se antes de uma espécie de garantia moral da ajuda divina (algo semelhante ao que se passa se dispomos de um talão de cheques com uma conta bancária), para qualquer necessidade que se nos depare e consoante e quando se nos depara, para cumprirmos o fim específico desse sacramento particular. Dá-nos direito a uma corrente de graças atuais. Essa corrente de graças será longa ou curta, conforme se trate de um sacramento que possamos receber uma vez (ou raras vezes) ou com muita frequência.

Se você molha um dedo na água benta e faz o sinal da cruz, receberá uma graça, uma graça atual, se não levanta obstáculos; e também um incremento da graça santificante, se realiza a ação livre já do pecado mortal e com devoção. A água benta é um sacramental, e os sacramentais devem a sua eficácia principalmente às orações que a Igreja oferece (por exemplo, na cerimônia da bênção da água) por aqueles que os usam. A prece da Igreja é o que torna um sacramental veículo de graça. O sinal externo de um sacramental – a água, no casa da água benta -, por si e em si, não tem a faculdade de conferir graça.

No caso dos sacramentos, trata-se de algo muito diferente.

Um sacramento dá graça por si e em si, pelo seu próprio poder; e isso é assim porque Jesus uniu a sua graça ao sinal externo, de modo que, por assim dizer, o sinal sensível e a graça andam sempre juntos. Isto não quer dizer que a nossa disposição não faça diferença. Podemos, evidentemente, impedir por um ato positivo da vontade que a graça penetre na nossa alma; por exemplo, por não querermos expressamente recebe-la ou por não nos arrependermos sinceramente do pecado mortal. Mas, se não se põe uma barreira direta, ao recebermos um sacramento, recebemos graça. O próprio sacramento dá graça.

As nossas disposições interiores, no entanto, afetam a quantidade de graça que recebemos. Quanto mais perfeita for a nossa contrição no sacramento da Penitência; quanto mais ardente o nosso amor ao recebermos o sacramento da Eucaristia; quanto mais viva a nossa fé ao recebermos a Confirmação – tanto maior será a graça recebida. As nossas disposições não causam a graça; simplesmente, removem os obstáculos à sua recepção e, em certo sentido, aumentam a capacidade da nossa alma para recebê-la. Poderíamos ilustrar esta afirmação dizendo que, quanto mais areia tirarmos do balde, mais água poderá ele conter.

As disposições de quem administra o sacramento não influem no seu efeito. É uma grande desordem que um sacerdote administre um sacramento com a sua alma em pecado mortal; mas isso não diminui a graça que o sacramento confere. Quem receber esse sacramento obterá a mesma quantidade de graça, independentemente de que o sacerdote seja pecador ou santo. O essencial na administração de um sacramento é ter o poder de administrá-lo, ou seja, o poder sacramental (exceto no Batismo e no Matrimônio); ter intenção de administrá-lo (a intenção de fazer o que a Igreja faz); realizar as cerimônias essenciais a esse sacramento (como derramar a água e pronunciar a fórmula do Batismo). Se aquele que o recebe não põe obstáculos à graça e aquele que o administra é um sacerdote com faculdade para isso, o sacramento confere graça sempre e infalivelmente.

Além do efeito de distribuir graça (santificante e sacramental), temos que mencionar outro, que é peculiar a três sacramentos: o caráter que o Batismo, a Confirmação e a Ordem imprimem na alma. Ainda que, às vezes, ao ensinarmos o catecismo às crianças, digamos que, com estes sacramentos, Deus imprime uma “marca” na alma, bem sabemos que a alma é espírito e não pode ser marcada como se marca um papel com um carimbo de borracha. A marca própria dos sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Ordem é definida pelos teólogos como uma “qualidade” que confere à alma umas faculdades que antes não tinha. É uma qualidade permanente da alma, uma alteração para sempre visível aos olhos de Deus, dos anjos e dos santos.

“Qualidade” é um termo bastante vago, algo mais fácil de entender do que de definir. Se dizermos: “a qualidade da luz solar é diferente da elétrica”, todos sabem a que nos referimos. Mas se nos perguntam: “Que quer você dizer com essa palavra?”, põem-nos em apuros. E só podemos balbuciar: “Bem, que não são iguais”.

Poderia ser-nos útil comparar os caracteres destes três sacramentos – que se recebem uma só vez na vida (porque, sendo o seu efeito permanente, só podem ser recebidos uma vez) – com os talentos. Consideremos alguém com talento para a pintura, alguém capaz de pintar belos quadros. Não passa todo o tempo a pintar, mas o seu talento está sempre com ele. Ainda continuaria a possuir esse talento. Claramente, essa pessoa possui algo que os outros não têm, uma qualidade que é real, permanente, e que lhe concede uma faculdade não possuída por quem dela não tiver sido dotado. O caráter do Batismo é, pois, um “talento” sobrenatural que nos dá a faculdade de absorver a graça dos outros seis sacramentos e de participar da Missa. O caráter da Confirmação dá-nos a faculdade de professar valentemente a nossa fé e difundi-la. O sacramento da Ordem dá ao sacerdote a faculdade de celebrar a Missa e de administrar os restantes sacramentos.

Retirado do livro: “A Fé Explicada”. Leo J. Trese. Ed. Quadrante.

 Fonte: https://cleofas.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF