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domingo, 29 de junho de 2025

Papa no Angelus: como os Santos Pedro e Paulo, confiar e perdoar

Angelus de 29/06/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Na Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Leão XIV rezou o Angelus e recordou que a Igreja nasce do testemunho, do sangue e da conversão contínua dos seus membros.

https://youtu.be/jJajhdE-9pE

Thulio Fonseca – Vatican News

O Papa Leão XIV rezou o Angelus neste domingo (29/06) com os fiéis reunidos na Praça São Pedro após presidir a Missa na Basílica Vaticana pela Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo. A data, que é feriado no Vaticano e em Roma, marca a celebração dos padroeiros da capital italiana.

O Pontífice iniciou sua reflexão recordando que a Igreja de Roma foi “gerada pelo testemunho dos Apóstolos Pedro e Paulo e fecundada pelo seu sangue e pelo de muitos mártires”. E, olhando para os desafios do tempo presente, destacou que ainda hoje há cristãos que, movidos pelo Evangelho, são capazes de gestos de grande generosidade e coragem, muitas vezes à custa da própria vida:

“Existe um ecumenismo de sangue, uma unidade invisível e profunda entre as Igrejas cristãs, mesmo que não vivam ainda uma comunhão plena e visível entre si. Por isso, nesta solene festa, quero confirmar que o meu serviço episcopal é um serviço à unidade e que a Igreja de Roma está empenhada, pelo sangue dos Santos Pedro e Paulo, em servir com amor a comunhão entre todas as Igrejas.”

A pedra que foi rejeitada

Ao comentar a passagem do Evangelho do dia, Leão XIV destacou que a pedra sobre a qual Pedro recebeu o próprio nome é Cristo. “Uma pedra rejeitada pelos homens e que Deus fez pedra angular.” E com um olhar simbólico sobre os lugares de Roma, o Papa recordou que tanto a Basílica de São Pedro como a de São Paulo foram erguidas “fora dos muros” da cidade antiga. “O que hoje nos parece grandioso e glorioso, antes foi descartado, porque estava em contradição com a lógica mundana.”

Seguir Jesus, explicou o Santo Padre, significa trilhar o caminho das bem-aventuranças, onde os pobres de espírito, os mansos, os misericordiosos e os que promovem a paz muitas vezes encontram oposição, incompreensão e até perseguição, “no entanto, a glória de Deus brilha nos seus amigos e os vai moldando, ao longo do caminho, de conversão em conversão”.

Jesus nos chama sempre

Diante dos túmulos dos Apóstolos, que há milênios acolhem peregrinos do mundo inteiro, Leão XIV ressaltou que a santidade de Pedro e Paulo não nasceu da perfeição, mas da experiência do perdão.

“O Novo Testamento não esconde os erros, as contradições, os pecados daqueles que veneramos como os maiores entre os Apóstolos. Na verdade, a sua grandeza foi moldada pelo perdão. O Ressuscitado foi buscá-los, mais do que uma vez, para os colocar de novo no seu caminho. Jesus nunca chama apenas uma vez. É por isso que todos nós podemos sempre ter esperança, como também nos recorda o Jubileu.”

A unidade começa nas famílias e comunidades

O Santo Padre concluiu sua reflexão fazendo um apelo à unidade, que não é fruto de discursos, mas de práticas concretas:

 “A unidade na Igreja e entre as Igrejas alimenta-se do perdão e da confiança mútua. A começar pelas nossas famílias e comunidades. Porque se Jesus confia em nós, também nós podemos confiar uns nos outros, em seu Nome.”

Por fim, Leão XIV confiou à intercessão dos Santos Pedro e Paulo, juntamente com a Virgem Maria, o caminho da Igreja no mundo de hoje: “Que, neste mundo dilacerado, a Igreja seja sempre casa e escola de comunhão.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Pedro: como um pescador pobre se tornou o primeiro papa da Igreja

'Os evangelhos deixam claro que era uma pessoa de personalidade forte e espírito de liderança' (Crédito: Dominio Público)

Por Edison Veiga

De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil

27 novembro 2021 - Atualizado 29 junho 2023

Esta reportagem foi originalmente publicada pela BBC News Brasil em 27 de novembro de 2021 e republicada em 29 de junho de 2023.

Em latim, chama-se "anulus piscatoris". Em bom português, é o anel do pescador. Na joia há a imagem em baixo relevo de Simão Pedro, o apóstolo, pescando a bordo de um barco.

De acordo com a tradição católica, o primeiro papa a usar esse símbolo foi Damásio I (305-384), que comandou a Igreja por 18 anos na segunda metade do século 4°.

A mensagem remonta ao evangelho de São Marcos, mais especificamente à passagem que define os apóstolos — e, por extensão, os religiosos que os sucederam — como "pescadores de homens".

Mas o anel também carrega uma certeza histórica. Pela tradição católica, o primeiro papa foi o homem que tem sua imagem ali impressa: Pedro, um dos doze homens que foram escolhidos pelo próprio Jesus Cristo para acompanhá-lo e auxiliá-lo em suas andanças repletas de pregações e relatos de milagres.

E quem foi esse apóstolo, de fato? Por que é considerado o primeiro papa? Era mesmo um homem simples, um pescador pobre? Não é tão fácil separar biografia de mito no caso de uma figura alçada à santidade há quase 2 mil anos, é claro.

No fim, os elementos mais detalhados sobre sua vida estão mesmo na Bíblia, salpicados em diversas passagens — Pedro é o apóstolo de Cristo com mais menções no livro sagrado.

"Tudo o que sabemos, concretamente, sobre Pedro está nos evangelhos", comenta o pesquisador e estudioso da vida de santos José Luís Lira, fundador da Academia Brasileira de Hagiologia e professor da Universidade Estadual Vale do Aracaú, do Ceará.

"Existem pesquisas posteriores, mas a fonte mais confiável é a Bíblia."

Segundo o texto sagrado, ele e seu irmão, André, viviam da pesca no imenso lago conhecido como mar da Galileia.

"Eles teriam sido os primeiros a ouvir o chamado de Jesus", diz Lira. Acredita-se que Pedro havia nascido no povoado de Betsaida e, na época, morava na cidade de Cafarnaum.

De origem simples, ele deve ter impressionado Jesus pelo seu jeito.

"Os evangelhos deixam claro que era uma pessoa de personalidade forte e espírito de liderança", comenta a vaticanista Mirticeli Medeiros, pesquisadora de história do catolicismo na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

"Tanto que o próprio Jesus se hospedou em sua casa quando iniciou sua missão. Talvez por causa desse seu jeito, o Messias o tenha escolhido como seu mais importante colaborador."

Professor na Faculdade de Teologia São Bento, padre Jorge Luiz Neves da Silva enaltece o fato de ele ter sido um pescador iletrado e, mesmo assim, assumido papel importante na missão cristã.

"Os evangelhos são unânimes nessa realidade e é preciso ter em conta a lógica da vocação na sagrada escritura: é uma constante que sejam chamadas as figuras que não seriam naturalmente escolhidas sob a perspectiva humana", comenta.

Antes do encontro com Cristo, ele não era um religioso.

"Sabe-se que fora casado porque nos evangelhos lemos que Jesus curou a sogra dele. Jesus era de Nazaré e se mudou, em sua vida pública, para Cafarnaum. Morou na casa de Pedro. Não é claro se sua mulher ainda era viva", contextualiza Lira.

"Em dado momento do evangelho de Mateus, Pedro pergunta a Jesus se é lícito pagar impostos, e o mestre afirma que sim. E pede para que Pedro pagasse seu imposto e o de Jesus também, com uma moeda que encontraria na boca de um peixe que pescaria. É um milagre, mas, se observa a importância do apóstolo. É ele também que reconhece que Jesus é o filho de Deus", acrescenta o hagiólogo.

"A ele Jesus determina 'apascentar as ovelhas' e diz, 'tu és pedra e sobre esta pedra edificarei minha Igreja', ou seja, sobre sua liderança. O interessante é que o próprio texto bíblico afirma que o apóstolo que Jesus amava era João, mas, foi a Pedro que ele confiou a Igreja, mesmo considerando que ele era impetuoso às vezes, aparentemente corajoso, forte", completa.

Pedra fundamental

A passagem bíblica que justifica o entendimento dele como primeiro papa da Igreja está no capítulo 16 do evangelho escrito por São Mateus. Nela, Jesus olha para o apóstolo Simão e afirma:

"Pois eu também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela".

Quem era Simão torna-se Pedro. E Pedro porque pedra. Daí o entendimento cristalizado, com o passar dos anos, de que ele teria então sido nomeado o primeiro líder da Igreja, a rocha sobre a qual a nova religião seria erguida.

Baseada em suas pesquisas sobre a história do cristianismo, Medeiros pondera: é preciso compreender o que significava "papa" naquele contexto primitivo.

"É preciso entender esse título como ele era empregado nos primórdios do cristianismo", explica.

"A palavra, cujo significado é 'pai', era bastante difundida entre os primeiros cristãos", pontua. Ela lembra que, então, não era apenas "o bispo de Roma" que merecia tal tratamento.

"Vários bispos eram chamados assim, bem como alguns sábios da própria comunidade", acrescenta.

"É tão verdade que, até hoje, o líder máximo da Igreja Copta, no Egito, também é chamado de 'papa'", exemplifica.

"Por isso mesmo, nós, historiadores, preferimos chamá-lo de 'bispo de Roma' quando tratamos do 'papado' dos primeiros séculos do cristianismo."

Ela ressalta que o papado, enquanto instituição, ainda não existia. O primeiro movimento em direção a reconhecer uma primazia do bispo de Roma sobre os demais data do século 3°, sob o comando do papa Calisto 1° (155-222).

"Damásio 1° ampliou essa discussão [no século seguinte], pontuando que existia uma autoridade moral da qual o bispo de Roma era revestido, que o distinguiria dos demais", conta Medeiros.

"A instituição 'papado', que assume um papel jurídico e institucional, só foi acontecer com Leão 1°, no século 5°, e Gregório Magno, no século 6°. No século 8°, essa instituição começou a se consolidar, pois o papa não somente se destacava como uma autoridade religiosa, mas também temporal", argumenta ela.

Lideranças e divergências

Padre Silva ressalta que as escrituras deixam evidente esse papel fundamental de Pedro à frente dos primeiros cristãos.

"Fica claríssimo que ele era aquele que dava os contornos daquela comunidade nascente", diz.

Apesar de sua proeminência sobre os demais apóstolos, o papel de liderança exercido por Pedro não foi um privilégio dele.

Na realidade, todos os primeiros seguidores de Cristo acabaram se espalhando e fundando comunidades em diversas regiões.

Medeiros conta que como "coordenador e fundador", atribui-se a Pedro a "organização de um grupo de adeptos da nova religião em Antioquia, na atual Turquia", isso logo depois dessa dispersão inicial dos primeiros cristãos.

"Essa organização não ocorreu como um processo imediato. Foi um processo longo e orgânico, que não se deu de forma homogênea", lembra Silva.

Havia desentendimentos, é claro. No encontro de lideranças que acabou entrando para a história como o primeiro concílio da Igreja, no ano de 51, em Jerusalém, Pedro assumiu uma postura mais conservadora frente a Paulo.

"Naquele que ficou conhecido como o primeiro concílio da Igreja, o de Jerusalém, vemos a divergência dele com Paulo. Para Pedro, os cristãos tinham de se submeter aos costumes judaicos. Paulo, e também Barnabé, defendia que o cristianismo era para todos", relata Lira.

Lira conta que nesse primeiro concílio, o próprio Pedro se afirma o encarregado da missão de tomar as rédeas do cristianismo.

Segundo o hagiólogo, essa liderança já era notada em passagens do evangelho.

"É interessante observar que, no momento do anúncio da ressurreição feito por Santa Maria Madalena e as outras mulheres que a acompanharam ao santo sepulcro, João, muito mais jovem que Pedro, chegou antes ao túmulo. Mas esperou Pedro, para que ele ingressasse primeiro, demonstrando, claramente, a hierarquia. Pedro era o líder."

Roma

Se é certo que Pedro esteve em Antioquia e em Corinto, sua presença em Roma, onde estaria seu túmulo e onde a sede da Santa Sé acabaria erguida em sua memória, ainda hoje é controversa — trata-se de uma questão de fé, mais do que de historiografia.

"É, ainda hoje, é um tema que continua sendo alvo de debates e controvérsias. Pedro teria se estabelecido ou não na cidade de Roma?

A maioria dos historiadores, tendo como base as fontes do segundo século do cristianismo, principalmente aquelas que trazem relatos de alguns escritores cristãos quase contemporâneos de Pedro, como Inácio de Antioquia e Clemente Romano, ambos do século 2°, não são completamente céticos em relação a isso", diz Medeiros.

"Há inclusive uma forte chance de que ele tenha sido martirizado no ano de 64, durante a famosa perseguição de Nero, realmente", acrescenta ela.

A pesquisadora ressalta, contudo, que não é verdade que Pedro tenha sido o fundador da primeira comunidade cristã de Roma.

"Todos são unânimes em considerar que ele não fundou a comunidade de Roma. Quando ele chegou por lá, pelos idos de 62, a comunidade já existia. Acredita-se que alguns soldados romanos, convertidos à nova religião, tenham difundido o cristianismo na capital do império", diz Medeiros.

"É certo que esteve em Antioquia e Corinto. Depois da reforma protestante se incrementou essa ideia de que ele não esteve e não teria morrido em Roma, mas, isso hoje já é pacífico tanto na história quanto na hagiologia e até mesmo entre os protestantes. Dados ainda do primeiro século dão notícias da morte ou martírio de Pedro em Roma", acredita Lira.

"E depois de seu apostolado é que se têm os pontificados por ele iniciado e que têm no atual Papa seu sucessor. A questão de ele ter ido a Roma é parte da ordem de Jesus: 'Ide por todo o mundo…'. Roma era o centro do mundo de então e foi ali que se formalizou a Igreja Católica, a igreja cristã."

Para considerá-lo primeiro papa, isso pouco importa.

"A Igreja Católica não o considera o primeiro papa por ele ter sido fundador da comunidade local ou bispo de Roma. Ele não foi nenhum dos dois. Mas pelo seu martírio. A morte dele, na verdade, segundo a crença católica, teria transformado o local em cidade-sede do cristianismo ocidental. Seria o evento fundante do episcopado romano", conta Medeiros.

Anel do pescador, símbolo usado pela primeira vez pelo papa Damásio 1° (Crédito: Dominio Público)

"A ideia de que ele é o primeiro papa foi se desenvolvendo com o passar do tempo", diz padre Silva.

Em diversos textos antigos há referências ao martírio de Pedro, juntamente com Paulo.

Os indícios seriam de que ambos teriam sido executados por romanos no antigo Circo de Nero, que ficava justamente onde hoje é a Cidade do Vaticano.

Lira atenta para o fato de que era de se supor que os primeiros cristãos buscassem preservar o túmulo de Pedro.

Medeiros atenta para o fato de que na época da construção da primeira Basílica de São Pedro, "edificada por Constantino no século 4°, a tumba foi posicionada ali".

No século 20, esforços arqueológicos foram empreendidos para tentar localizar resquícios do túmulo.

Trabalhos conduzidos pela arqueóloga Margherita Guarducci (1902-1999) localizaram, junto aos restos dessa antiga igreja, uma tumba com a inscrição, em grego: 'Pedro está aqui'.

"E há relatos que confirmam que esses restos mortais, antes de se estabelecerem num local fixo, tinham sido preservados nas catacumbas de São Sebastião, também em Roma", acrescenta Medeiros.

"Por lá, há inclusive algumas inscrições de peregrinos que pediam a intercessão de Pedro, os quais, em passagem por Roma, faziam essas visitas aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo."

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/

Solenidade de São Pedro e São Paulo (C)

São Pedro e São Paulo (Vatican News)

Que a celebração dessas duas colunas da Igreja seja uma ocasião de graças para o crescimento do Reino de Deus de nossa vida cristã»!

Vatican News

«Quando desejamos refletir bem, sem influência alguma de pessoas ou situações, nos retiramos para um local afastado e silencioso. Queremos estar a sós conosco na natureza e na presença de Deus. Foi o que Jesus fez com seus discípulos quando escolheu aquele que iria governar seu rebanho. O Senhor se dirigiu com eles a Cesaréia de Filipe, um lugar afastado do mundo judeu e significativo pela natureza, próximo ao monte Hermom e a uma das fontes do Jordão. Lá, na solidão e apenas na presença do Pai, checou o coração de Simão e o fez seu vigário. O eleito estava tão purificado, tão livre de apegos e amarras mundanas e tão cheio do Espírito que declarou a identidade de Jesus, reconhecendo-o como o Messias de Deus.

Por outro lado, Jesus confirmou seu nascimento na fé, dando-lhe outro nome, o de Pedro, pedra e indicando seu novo e definitivo encargo: confirmar seus irmãos na fé.

Além de graças para viver plenamente essa missão, Pedro as recebeu também para levá-la até o fim, quando dará glória a Deus através de sua morte na cruz, como o Mestre, só que de cabeça para baixo.

Simão nasceu de novo, recebeu outro nome, outra função na sociedade, aumentou enormemente seu compromisso na fé. Ao entregar-se na condução de seus irmãos, Pedro viveu momentos de alegria e de tristeza, de certezas e de abandono total na fé. O que passou a guiar sua vida, a ser fiel na missão recebida e abraçada foi a certeza da fidelidade do Senhor. Agora Pedro vai deixando Deus ser o oleiro, fazer dele um homem à imagem de Jesus. Por isso ele é pedra, não por causa de sua dureza, mas por causa de sua solidez e confiabilidade. Da dureza da pedra Pedro apenas guardou a resistência às investidas do inimigo. Nada pode vencê-lo.

Como chefe da Igreja, Pedro recebeu o poder de ligar e desligar, isto é, declarar o que está de acordo ou em desacordo com o projeto de Jesus. Por isso ele foi sempre esse homem renascido para a missão. Não será por este motivo que os papas mudam de nome?

Mas hoje também é o dia de São Paulo, a outra coluna da Igreja. Pedro é a coluna que nos confirma na fé e Paulo é a que evangeliza.

A liturgia nos propõe como reflexão a carta a Timóteo, onde o Apóstolo faz seu testamento e a revisão de sua vida cristã. De qualquer modo, Paulo, antes da conversão Saulo, também será assemelhado a Jesus, vítima sacrificada em favor de muitos. Ele deduz que o momento de seu martírio, de dar testemunho de Deus, está próximo.

Nessa ocasião foi feita a revisão de vida. Paulo teve consciência de que foi fiel à missão, que cumpriu o encargo de anunciar ao mundo o Evangelho. Teve consciência do quanto sofreu e padeceu por esse motivo e agradeceu a Deus por ter guardado a fé.

Em seguida Paulo expressou sua certeza no encontro com o Senhor, quando então será recompensado por tudo, através da convivência eterna com Ele.

Festejar os santos é praticar seus ensinamentos e seguir seus testemunhos de fé.

Que o Senhor nos ajude a louvar São Pedro e São Paulo, fazendo com que cada dia, cada despertar nós seja par nós um novo dia, o reinício da vida nova iniciada com o nosso batismo. Para isso é necessário abandonarmo-nos nas mãos de Deus, permitindo a Ele nos refazer, nos moldar segundo seu coração e confiando no resultado final que, como Paulo, só veremos no final da vida.

Que as alegrias e os êxitos, as dificuldades e os sofrimentos do dia-a-dia não impeçam nosso crescimento na fé, mas amadureçam e solidifiquem a ação do Espírito.

Finalmente, sirva-nos de referencial para a fidelidade a Cristo e sua Igreja, a conformidade de nossa vida aos ensinamentos de Pedro.

Que a celebração dessas duas colunas da Igreja seja uma ocasião de graças para o crescimento do Reino de Deus de nossa vida cristã»!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 28 de junho de 2025

Por que os católicos devem ajudar os cristãos do Líbano

Antoine Mekary | ALETEIA

Daniel R. Esparza - publicado em 25/06/25

O Patriarca Maronita exortou a comunidade internacional a apoiar as comunidades cristãs remanescentes na região como um investimento estratégico na estabilidade.

O Cardeal Bechara Raï, Patriarca da Igreja Católica Maronita, adverte que a contínua migração de cristãos do Oriente Médio poderia desestabilizar toda a região, removendo uma força vital para a moderação.

“Os cristãos contribuíram para formar um Islã moderado”, disse o Cardeal Raï em uma entrevista à Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). “Se o Oriente Médio for esvaziado de cristãos, os muçulmanos perderão a sua moderação.”

As observações do patriarca ocorrem em meio à contínua turbulência na Síria, no Iraque e no Líbano, onde a guerra, a pobreza e a insegurança levaram dezenas de milhares a emigrar. No Líbano, o único país da região onde os cristãos não são uma minoria, as condições se deterioraram.

Segundo o Banco Mundial, a pobreza aumentou de 12% em 2012 para 44% em 2022. Nesse período, o Líbano também caiu 23 posições no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. Desde então, naturalmente, o Líbano sofreu a ofensiva de Israel contra o Hezbollah, com muitas áreas destruídas.

Eles dependem da ajuda da Igreja

Enquanto os muçulmanos no Líbano frequentemente recebem apoio de países muçulmanos vizinhos, Raï afirmou que os cristãos dependem quase inteiramente de instituições da Igreja — muitas das quais estão sob severa pressão financeira.

“Os cristãos estão pobres, e isso afeta o acesso a alimentos, medicamentos e cuidados hospitalares”, observou ele.

O Cardeal Raï, de 85 anos, pediu aos governos que mudem sua abordagem em relação às comunidades cristãs na região.

“Não se trata de focar em números, mas no valor que a presença dos cristãos acrescenta”, disse ele.

Ele apontou para as escolas católicas, muitas das quais atendem a um corpo discente majoritariamente muçulmano, como exemplos do tipo de coexistência que é possível.

“No sul, em nossas escolas católicas, todos os alunos são muçulmanos. Essas escolas fazem de tudo para permanecer abertas — especialmente nas montanhas — para o bem dos cidadãos.”

Ele contrastou as proteções constitucionais do Líbano para a coexistência cristã-muçulmana com a situação na Síria, no Iraque e na Jordânia, onde os cristãos são frequentemente considerados cidadãos de segunda classe.

“O modelo libanês inclui valores cristãos e muçulmanos. Queremos que continue assim — não apenas para o Líbano, mas também para a Síria e o Iraque”, disse ele.

O cardeal também alertou para as consequências a longo prazo da "fuga de cérebros" que o Líbano tem enfrentado, com cerca de 77.000 profissionais deixando o país apenas em 2021. “Há o perigo de que cristãos e muçulmanos emigrem, e então quem controlará a Síria? Quem controlará o Iraque? Quem controlará o Egito? Ninguém sabe.”

Estratégia de estabilidade

O Patriarca Maronita instou a comunidade internacional a apoiar as comunidades cristãs remanescentes na região — não como uma questão de solidariedade religiosa, mas como um investimento estratégico na estabilidade.

“Se eles forem forçados a sair, as consequências não serão apenas espirituais — serão políticas.”

As instituições de caridade que apoiam os cristãos no Líbano incluem a Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), a Associação Católica de Bem-Estar do Oriente Próximo (CNEWA) e a Catholic Relief Services (CRS).

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/06/25/por-que-os-catolicos-devem-ajudar-os-cristaos-do-libano/

Missa hispano-moçárabe é celebrada na basílica de São Pedro pela quinta vez na história

Esse tipo de liturgia foi celebrado na Espanha principalmente no período visigótico, por volta do século VI d.C. | Daniel Ibáñez/EWTN

Por Victoria Cardiel

27 de junho de 2025

Uma missa na basílica de São Pedro, no Vaticano, foi celebrada ontem (26) no rito hispano-moçárabe, característica dos cristãos que viviam sob o domínio islâmico na península ibérica.

O arcebispo de Toledo e primaz da Espanha, Francisco Cerro Chaves, celebrou a missa no Altar da Cátedra, segundo esse antigo rito, uma das poucas liturgias ocidentais não-romanas que sobreviveram ao passar dos séculos.

Na homilia, o arcebispo defendeu a comunhão com Cristo, com a Igreja e com o sucessor de são Pedro, enfatizando que essas três realidades "não são negociáveis".

"Não se pode brincar com a comunhão com Cristo, não se pode brincar com a comunhão com a Igreja e não se pode brincar com a comunhão com Pedro", disse Chaves.

Inspirado pelo Evangelho do dia, o arcebispo centrou seu sermão na pergunta de Jesus: "E vós, quem dizeis que eu sou?" (cf. Lc 9, 20).

"Essa pergunta é dirigida a cada um de nós hoje”, disse o primaz da Espanha. “E a nossa resposta muda tudo: a história muda, a vossa paisagem muda, o vosso coração muda".

"É a pergunta mais importante que o Evangelho faz”, disse também o arcebispo de Toledo. “E Pedro responde: Tu és o Filho do Deus vivo”.

Citando Bento XVI, o arcebispo espanhol disse que o cristianismo nasce de um encontro pessoal com Cristo e que ser cristão implica também viver em comunhão com a Igreja e o Papa.

"Santo Inácio de Antioquia diz isso claramente: nada sem o bispo, nada sem Pedro", disse o primaz da Espanha.

Cerro também elogiou a missão do papa como guardião da fé e mensageiro do Evangelho ao mundo.

"A tarefa do papa é dizer a toda a humanidade: Tu és o Filho do Deus vivo”, disse o arcebispo espanhol. “Por isso, ele vai às periferias, às dioceses, às aldeias, para proclamar o amor de Cristo".

A missa mozárabe, que fez parte da peregrinação de 200 pessoas da arquidiocese de Toledo a Roma para o Jubileu da Esperança, teve a presença de vários representantes da cúria romana: entre eles, o bispo Alejandro Arellano Cedillo, decano da Rota Romana; o bispo Aurelio García Macías, subsecretário do Dicastério para o Culto Divino; o bispo auxiliar de Toledo, Francisco César García Magán, secretário-geral da Conferência Episcopal Espanhola; e o leigo espanhol Massimino Caballero Ledo, prefeito da Secretaria de Economia da Santa Sé.

O rito hispano-moçárabe

Junto com o rito romano, o rito galicano, o rito ambrosiano e o rito bracarense, o rito hispano-moçárabe faz parte do conjunto de ritos desenvolvidos em torno das antigas sedes metropolitanas do Ocidente.

“Esse rito faz parte das liturgias ocidentais que se formaram em torno de uma Sé: a liturgia romana (Roma), a liturgia Galicana (Lyon, França), a liturgia ambrosiana (Milão, Itália) e a liturgia bracarense (Braga, Portugal)”, diz o padre Salvador Aguilera, consultor do Dicastério para as Igrejas Orientais, a quem Cerró agradeceu por seu envolvimento para tornar possível a celebração na basílica de São Pedro desse rito, nascido no coração da antiga Igreja visigótica e ainda viva em Toledo.

Espanha visigoda

Segundo Aguilera, doutor em liturgia, esse modo de celebrar a missa atingiu seu auge no período visigótico, especialmente depois da conversão oficial do reino ao catolicismo no terceiro concílio de Toledo, em 589 d.C.

No entanto, sua história não foi isenta de momentos de perseguição, correndo o risco de desaparecer para sempre. Depois da invasão muçulmana à península ibérica em 711 d.C., muitos livros litúrgicos e relíquias tiveram que ser transferidos para o norte da Espanha para serem guardados em segurança.

Em 1080, a mando do papa são Gregório VII, foi convocado o concílio de Burgos, que aboliu o rito. No entanto, alguns anos depois, em 1085, com a reconquista de Toledo pelo rei Afonso VI, os moçárabes obtiveram o privilégio de preservar sua liturgia.

Desde então, a preservação do rito hispano-moçárabe tem sido obra de grandes figuras eclesiásticas. "Três nomes marcaram a história do rito desde a sua abolição até os dias atuais: os cardeais Cisneros, Lorenzana e González", diz o padre Aguilera.

O cardeal Francisco Jiménez de Cisneros, arcebispo de Toledo de 1495 a 1517, "empreendeu uma reforma que não só afetou questões materiais, como paróquias e livros litúrgicos, mas também promoveu a formação do clero, garantindo a continuidade de uma liturgia tão antiga", diz o especialista.

O cardeal Cisneros instituiu a capela moçárabe de Corpus Christi na catedral de Toledo e encomendou a publicação do Missale mixtum secundum regulam Beati Isidori (1500) e do Breviarium secundum regulam Beati Isidori (1502). Séculos depois, o cardeal Lorenzana publicou outras edições do breviário (1775) e do missal (1804), obras fundamentais para a preservação do rito.

No século XX, o cardeal Marcelo González Martín reacendeu o movimento reformista depois do concílio Vaticano II.

"Seguindo as instruções da constituição Sacrosanctum concilium sobre a reforma dos Ritos, ele nomeou uma comissão para produzir a edição latina do Missale Hispano-Mozarabicum em dois volumes... e do Liber commicus (Lecionário)”.

Trinta anos depois da reforma conciliar, em 1992, o primeiro volume do recém-publicado Novo Missal Hispano-Moçárabe foi apresentado ao papa são João Paulo II, e o papa quis celebrar a missa em seguida. O dia 28 de maio de 1992, solenidade da Ascensão do Senhor, marcou a primeira vez que um papa celebrou a missa conforme esse rito.

Segundo o padre Aguilera, na ocasião, o papa polonês expressou sua "profunda satisfação pelo meritório trabalho realizado na revisão do rito hispano-moçárabe, cumprindo assim os requisitos da constituição Sacrosanctum concilium sobre a Sagrada Liturgia”.

“Isso deu à Igreja da Espanha um fruto precioso, que também representa um eminente serviço à cultura, na medida em que representa uma recuperação das fórmulas com as quais seus antepassados ​​expressaram sua fé", disse também o padre.

Outras ocasiões em que este rito foi celebrado na basílica de São Pedro foram em 2000, por ocasião do Grande Jubileu, numa missa celebrada pelo então arcebispo de Toledo, cardeal Francisco Álvarez Martínez; e em 2015, no Jubileu da Misericórdia, em outra missa celebrada pelo então arcebispo de Toledo e atual arcebispo emérito, Braulio Rodríguez Plaza.

*Victoria Cardiel é jornalista especializada em temas de informação social e religiosa. Desde 2013, ela cobre o Vaticano para vários veículos, como a agência de noticias espanhola Europa Press, e o semanário Alfa y Omega, da arquidiocese de Madri (Espanha).

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/63409/missa-hispano-mocarabe-e-celebrada-na-basilica-de-sao-pedro-pela-quinta-vez-na-historia

Padre Francesco Ielpo é o novo Custódio da Terra Santa

Padre Francesco Ielpo (Vatican News)

Já delegado da Custódia na Itália, o franciscano sucede o padre Francesco Patton, nomeado em 2016 e reconfirmado em 2022. “O serviço que a Ordem e a Igreja me pediram – destaca o padre Ielpo – fez-me perceber de imediato a enorme desproporção entre a minha pobre pessoa e a tarefa que me é confiada, especialmente neste momento histórico”.

Vatican News

O Papa Leão XIV confirmou a eleição do padre Francesco Ielpo, O.F.M., como Custódio da Terra Santa e Guardião do Monte Sião, realizada pelo Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores com seu Definitório.

Uma longa missão

Padre Ielpo tem 54 anos, nasceu em Lauria, na província de Potenza, em 18 de maio de 1970. Ingressou no convento durante os estudos universitários, professou solenemente na Ordem dos Frades Menores em 1998 e foi ordenado presbítero em 2000. Recebeu diversas atribuições ao longo dos anos: foi professor de religião até 2010; desde 2000, Reitor do Instituto Franciscanum Luzzago, em Brescia; definidor provincial da Província da Lombardia por três anos, até 2010; pároco de Santo Antônio de Pádua, em Varese (2010–2013).

De setembro de 2013 a 2016, foi Comissário da Terra Santa na Lombardia, prosseguindo com o encargo de 2016 a 2023 para a Província do Norte da Itália. Desde 2014, é membro do Conselho Diretor da Associação Pro Terra Sancta. Desde 2022, é presidente da Fundação Terra Santa, delegado do Custódio da Terra Santa para a Itália e delegado geral para a reestruturação das Províncias na Campânia, Basilicata e Calábria.

“Uma enorme desproporção”

Em uma declaração aos meios de comunicação do Vaticano, padre Ielpo destacou que “o serviço que a Ordem e a Igreja me pediram, de imediato, fez-me perceber a enorme desproporção entre a minha pobre pessoa e a tarefa que me é confiada, especialmente neste momento histórico”. “O pai espiritual me disse: ‘essa desproporção é bela, essa incapacidade! Porque isso significa que há espaço para que Alguém Outro atue, para que o Espírito Santo atue!’ Assim, como no dia da minha Profissão religiosa – concluiu – confio-me a Deus, à Igreja, à minha Ordem e aos meus confrades!”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Papa: primado no amor, testemunho de fé firme, construtor e anunciador da paz

Papa Leão XIV (arqbrasilia)

PAPA: PRIMADO NO AMOR, TESTEMUNHO DE FÉ FIRME, CONSTRUTOR E ANUNCIADOR DA PAZ

26/06/2025

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz 
Bispo de Campos (RJ)

No início de um novo Papado, é de bom alvitre e oportuno refletir sobre os atributos essenciais que fundamentam este ministério sobre o qual se edifica a Igreja de Cristo.  

O Papa é sucessor de São Pedro, e por isso chamamos a sua função de múnus petrino, que faz referência a pedra, estabilidade, durabilidade mas, também como lembram alguns exegetas evocando as grutas da Palestina, guarida, amparo e refúgio.  

Por isso Santo Inácio de Antioquia chamava a Igreja de Roma a que tinha e detentava a primazia do amor, amor- comunhão agápico que gera unidade e que recorda a tríplice pergunta de Cristo a Pedro: “Tu me amas mais do que estes?” Mas junto a esse pastoreio zeloso e incansável que protege os três vínculos de todos os fiéis qual sejam, doutrina revelada, sacramental da graça, e de pertença a unidade eclesial; ele nos precede no seguimento a Cristo, oferecendo um testemunho claro e inequívoco da Fé que salva. 

Confirma, ensina, e guarda a Palavra e a Tradição interpretando-a com fidelidade e autenticidade. Por estar sempre a serviço da verdade coloca-se à disposição do diálogo e da partilha, ajudando com o seu discernimento e presença o encontro e a mediação, entre pessoas, grupos e culturas.  

O Papa é peregrino e caminhante da paz, afirmando com todos os povos e nações, a liberdade religiosa, os direitos de plena expressão e pensamento garantindo o respeito ao santuário íntimo da consciência, núcleo e raiz da dignidade humana. Se empenhará em anunciar o Deus da Paz, de uma paz desarmada e desarmante como afirmara o Pontífice atual Leão XIV.  

Diante da tragédia e da derrota da humanidade que são os cenários das guerras em fatias, o Papa, com insistência fará ressoar a Palavra de perdão e reconciliação, sementes e bases da fraternidade humana e concórdia universal.  

O Papa doce rosto de Cristo aqui na Terra como salientava Santa Catarina de Sena, renovará em todo mundo as aspirações mais plenamente humanas e os sonhos ancorados no Coração de Cristo. Finalmente será portador e comunicador da esperança que não confunde nem engana, mas insufla sempre alegria, desejo de amar e servir, tornando o mundo a Casa Comum, edificando a Terra, como lugar e espaço cheio de graça, beleza e encanto. Deus seja louvado! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Curiosidades da Bíblia: A Arca da Aliança – verdade ou ficção

Biblia (Vatican News)

Para manter as tábuas da lei, Deus mandou que se construísse uma arca que, além de proteger as placas representaria sua aliança selada com o povo.

Padre José Inácio Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

De acordo com a narrativa bíblica, o povo hebreu ao assumir uma aliança com Javé, selada com a aspersão do sangue de um cordeiro, recebeu dez mandamentos gravados em duas placas de pedra. Os mandamentos eram pontos fundamentais que regeriam os hábitos, as crenças e toda a vida do povo.

Para manter as tábuas da lei, Deus mandou que se construísse uma arca que, além de proteger as placas representaria sua aliança selada com o povo. A arca assinalaria a presença de Deus no meio do povo. O Livro do Êxodo traz regras exatas para a sua construção no capítulo 25, versículos de 10 a 22.

Diga aos israelitas que façam uma arca de madeira de acácia, de um metro e dez de comprimento por sessenta e seis centímetros de largura e sessenta e seis de altura. Revistam de ouro puro essa caixa, por dentro e por fora. E em toda a volta coloquem um remate de ouro. Façam também quatro argolas de ouro e ponham nos quatro pés, ficando duas argolas de cada lado. Façam cabos de madeira de acácia e revistam de ouro. Enfiem os cabos nas argolas nos lados da arca, para que ela possa ser carregada. Os cabos ficarão nas argolas da arca e não serão tirados dela. Eu lhe darei as duas placas de pedra, onde estão escritos os mandamentos; e você porá essas placas na arca.

Faça também uma tampa de ouro puro, de um metro e dez de comprimento por sessenta e seis centímetros de largura. Faça dois querubins de ouro batido, um para cada ponta da tampa. Isso deve ser feito de modo que os querubins formem uma só peça com a tampa. Os querubins ficarão de frente um para o outro, olhando para a tampa. As suas asas ficarão abertas, cobrindo a tampa. Coloque dentro da arca as duas placas de pedra que eu vou lhe dar e ponha a tampa na arca. Ali eu me encontrarei com você e, de cima da tampa, do meio dos dois querubins, eu lhe darei as minhas leis para o povo de Israel. Livro do Êxodo capítulo 25, versículos de 10 a 22.

A Arca da Aliança se tornou a mais preciosa relíquia do judaísmo, mostrando a evolução religiosa do povo que passa das influências politeístas para o culto ao Deus vivo e verdadeiro. Ela era levada em procissão quando o povo caminhava pelo deserto até ser depositada no Tempo construído por Salomão em Jerusalém.

A sacralidade da Arca da Aliança

O mais antigo relato sobre a Arca da Aliança é do período do cativeiro do povo no Egito, por volta de 1.300 a.C, Segundo a narrativa o Livro do Êxodo fala que Deus selou uma aliança com o povo, através de Moisés, aos pés do Monte Sinai.

Como as narrativas do livro do Êxodo foram elaboradas muito tempo depois de os fatos terem acontecido, especialistas da história bíblica explicam que os eventos iniciais da história hebraica podem ter sido formulados durante o cativeiro hebreu na Babilônia. Neste sentido, além de ser descrita como uma demonstração do favor divino, a Arca da Aliança era dotada de poderes sobrenaturais. Por isso, somente os sacerdotes levitas podiam entrar na tenda onde a Arca era conservada. Mais tarde, durante as batalhas pela reconquista da Terra de Canaã, a Arca da Aliança era levada aos locais de batalha para animar os que lutavam e garantir as vitórias.

O caráter sagrado da Arca também foi descrito no livro de Samuel, quando os filisteus a roubaram, sendo acometidos de diferentes punições misteriosas.

E enviaram, e congregaram a todos os príncipes dos filisteus, e disseram: Enviai a arca do Deus de Israel, e torne para o seu lugar, para que não mate nem a nós e nem ao nosso povo. Porque havia mortal vexame em toda a cidade por onde a arca passava, e a mão de Deus muito se agravara aliPrimeiro Livro de Samuel, capítulo 5, versículo 11.

Depois que o povo entrou na Terra Prometida, no reinado do rei Salomão, entre 970 e 931 a.C. se construiu o Templo de Jerusalém, onde a Arca foi mantida. Após o reinado do Salomão houve a decadência que levou à separação do reino entre Judá e Israel. O povo perdeu sua liberdade e a localização da arca passou a depender do destino do povo devido à dominação estrangeira.

No ano de 586 a.C os babilônios conquistaram a cidade de Jerusalém e de acordo com o livro dos Macabeus, o profeta Jeremias teria escondido a Arca no monte Nebo, depois de profetizar a destruição de Jerusalém. Mas é possível que ela tenha sido levada como troféu ou espólio pela vitória e nunca mais se teve certeza sobre o seu paradeiro. Quando os hebreus voltaram à Jerusalém, no ano de 539 a.C., reconstruíram o templo mantendo o local da Arca vazio, pois ela nunca mais foi encontrada.

Esta constatação foi feita pelo general romano Pompeu que ao tomar a cidade de Jerusalém, no ano 70 d.C. indagou sobre os motivos pelos quais os judeus mantinham um quarto vazio em seu templo. A tomada de Jerusalém e sua transformação numa cidade pagã com o nome de Aedes Capitolina provocou a chamada Diáspora Judaica, mantendo o mistério sobre o destino da Arca da Aliança.

No século XII, no período das cruzadas que tentavam libertar a Terra Santa do domínio dos mouros, apareceram relatos não comprovados de que a Ordem dos Templários tivesse resgatado e mantido em segredo várias relíquias do tempo dos judeus como a Arca da Aliança e também outras relíquias do cristianismo como o Santo Graal.

Onde está a Arca da Aliança

A existência da Arca da Aliança e o seu destino é um grande mistério que volta e meia ganha destaque em filmes, documentários e obras literárias todas bastante fantasiosas. As explicações sobre o paradeiro desta e de outras relíquias da narrativa bíblica confundem os limites entre fé e Ciência.

Antes reservadas aos estudiosos da bíblia, as histórias sobre a Arca da Aliança ganharam o mundo com as aventuras de Indiana Jones no filme Os Caçadores da Arca Perdida. Se o destemido arqueólogo do cinema é bem-sucedido em sua busca, o paradeiro e a existência real da relíquia continuam mais misteriosos do que nunca.

Existe até um grupo religioso etíope que afirma manter a Arca escondida. Segundo eles, os monges da Igreja Santa Maria de Sião teriam recebido a arca das mãos de Menelik, filho que o Rei Salomão teve com a rainha de Sabá, em 950 a.C. Segundo os monges, a Arca da Aliança permanece escondida em um templo e até hoje ninguém recebeu autorizado para entrar neste templo e, finalmente, desvendar o mistério sobre ela.

Sem maiores comprovações, volta e meia fala-se de arqueólogos que realizam buscas na cidade de Jerusalém e em outros lugares. Mesmo não sendo encontrada ou sendo uma mera invenção mítica, a Arca tem importante significado religioso para os judeus e mesmo para os cristãos que expressam sua devoção em Maria, a Arca da Nova e Eterna Aliança que nunca mais terá fim, pois é o próprio Jesus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Cirilo de Alexandria

São Cirilo de Alexandria

27 de junho de 2017

São Cirilo, Patriarca de Alexandria, sobrinho e sucessor do Patriarca Teófilo, governou a Igreja de Alexandria durante 23 anos. Fechou todas as igrejas novacianas, expulsou da cidade os judeus, o que lhe importou grave conflito com o governador Orestes. Opôs-se com toda a energia à heresia nestoriana.

Cirilo nasceu no ano de 370, no Egito. Era sobrinho de Teófilo, bispo de Alexandria, e substituiu o tio na importante diocese do Oriente de 412 até 444, quando faleceu aos setenta e quatro anos de idade.

Foram trinta e dois anos de episcopado, durante os quais exerceu forte liderança na Igreja, devido à rara associação de um acurado e profundo conhecimento teológico e de uma humildade e simplicidade próprias do pastor de almas. Deixou muitos escritos e firmou a posição da Igreja no Oriente. Primeiro, resolveu o problema com os judeus que habitavam a cidade: ou deixavam de atacar a religião católica ou deviam mudar-se da cidade. Depois, foi fechando as igrejas onde não se professava o verdadeiro cristianismo.

Mas sua grande obra foi mesmo a defesa do dogma de Maria, como a Mãe de Deus. Ele se opôs e combateu Nestório, patriarca de Constantinopla, que professava ser Maria apenas a mãe do homem Jesus e não de Um que é Deus, da Santíssima Trindade, como está no Evangelho. Por esse erro de pregação, Cirilo escreveu ao papa Celestino, o qual organizou vários sínodos e concílios, onde o tema foi exaustivamente discutido. Em todos, esse papa se fez representar por Cirilo.

O mais importante deles talvez tenha sido o Concilio de Éfeso, em 431, no qual se concluiu o assunto com a condenação dos erros de Nestório e a proclamação da maternidade divina de Nossa Senhora. Além, é claro, de considerar hereges os bispos que não aceitavam a santidade de Maria.

Logo em seguida, todos eles, ainda liderados por Nestório, que continuaram pregando a tal heresia, foram excomungados. Contudo as ideias “nestorianas” ainda tiveram seguidores, até pouco tempo atrás, no Oriente. Somente nos tempos modernos elas deixaram de existir e todos acabaram voltando para o seio da Igreja Católica e para os braços de sua eterna rainha: Maria, a Santíssima Mãe de Deus.

Cultuado na mesma data por toda a Igreja Católica, do Oriente e do Ocidente, são Cirilo de Alexandria, célebre Padre da Igreja, bispo e confessor, recebeu o título de doutor da Igreja treze séculos após sua morte, durante o pontificado do papa Leão XIII.

Oração:

“Eu vos saúdo, Maria, mãe de Deus, tesouro venerável de todo o universo, farol que se não extingue, brilhante coroa da virgindade, cetro da boa doutrina…Eu vos saúdo, vós que, no vosso seio virginal, contivestes aquele que é imenso e incompreensível; vós por quem a Santa Trindade é glorificada e adorada; vós por quem a cruz preciosa do Salvador é exaltada por toda a terra; vós por quem o céu triunfa, os anjos se rejubilam, os demônios fogem, o tentador é vencido, a criatura culpada se eleva ao céu, o conhecimento da verdade se estabelece sobre as ruínas da idolatria; vós por quem os fiéis obtêm o batismo, e são ungidos com o óleo da alegria; vós, por quem todas as igrejas do mundo foram fundadas, e as nações conduzidas à penitência; vos, enfim, por quem o Filho único de Deus, que é a luz do mundo, iluminou aqueles que se achavam sentados nas sombras da morte!…Haverá homem que possa louvar dignamente a incomparável Maria?”

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=59292

Cristianismo: Pesquisas revelam boas notícias que vão além da África

385411114 | Shutterstock | Aleteia

Daniel R. Esparza - publicado em 27/06/25

Igrejas em expansão na África e uma fé revigorada entre os jovens do Ocidente — destaques de uma Igreja Católica global em ação.

Um abrangente estudo do Pew Research, que abrangeu o período de 2010 a 2020, aponta para um crescimento monumental do Cristianismo na África. Mas, nos cinco anos desde 2020 (especialmente nos anos pós-pandemia), outras pesquisas indicam uma tendência mais surpreendente.

Um relatório de 9 de junho do Pew Research revela que, embora o número de cristãos em todo o mundo tenha crescido de 2,1 para 2,3 bilhões entre 2010 e 2020, sua parcela na população global diminuiu de 31% para 29%, em grande parte devido ao crescente afastamento da fé. A África Subsaariana é agora um dos principais epicentros globais do Cristianismo: em 2020, 30,7% de todos os cristãos viviam lá — um aumento em relação aos 24,8% de 2010 — superando a Europa.

A população da região cresceu 31%, com 62% se autoidentificando como cristãos, e países como Moçambique chegaram a registrar um aumento de 5 pontos percentuais. Altas taxas de natalidade, uma demografia jovem e um menor número de pessoas que abandonam a fé impulsionaram esse crescimento.

Cristianismo Ocidental: Declínio faz pausa, jovens renovam a fé

Paralelamente ao crescimento africano, as nações ocidentais — que antes registravam uma queda acentuada na afiliação cristã — pararam de perder terreno. Nos EUA, após décadas de declínio, a identificação cristã estabilizou-se em torno de 62% desde aproximadamente 2020. Notavelmente, entre os americanos da Geração Z, a filiação à igreja aumentou de 45% para 51% entre 2023 e 2024. O número de "sem religião", por sua vez, caiu de 45% para 41%, segundo a revista The Economist.

Essa tendência é espelhada no Canadá, Reino Unido, França, Irlanda e em vários outros países da Europa Ocidental, onde o crescimento do grupo sem religião desacelerou drasticamente, coincidindo com uma estabilização na afiliação cristã.

Alguns sociólogos creditam à pandemia de COVID-19 — e à crise existencial e de isolamento associada a ela — o papel de catalisadora de uma busca espiritual, especialmente entre os jovens. Os homens jovens, em particular, estão demonstrando um interesse renovado na vida religiosa estruturada — uma surpreendente contratendência após décadas de predomínio feminino na frequência à igreja.

Aumento de convertidos ao Catolicismo na Austrália e na Europa

Este ressurgimento ocidental não se limita aos EUA ou à Europa.

Na Austrália, o Arcebispo Anthony Fisher relata um aumento de 26% no número de adultos convertidos ao Catolicismo em Sydney por cinco anos consecutivos. Ele descreve uma "fome de sentido espiritual" no pós-covid e em tempos de incerteza econômica.

Irlanda, França, Áustria, Bélgica e Inglaterra registraram aumentos significativos nos batismos de adultos. A Páscoa de 2025 na França teve o maior número em duas décadas, com impressionantes 40% dos batizados vindos da Geração Z (nascidos entre 1995-2012).

Na Inglaterra, os católicos estão a caminho de superar o número de anglicanos — uma mudança sem precedentes.

Uma história de dois movimentos

Globalmente, a África Subsaariana abriga agora mais de 30% dos cristãos do mundo e lidera o crescimento, enquanto os declínios no Ocidente foram interrompidos.

Este duplo movimento — igrejas em expansão na África e uma fé revigorada entre os jovens ocidentais — destaca uma Igreja Católica global em ação. O desafio agora reside em manter esse ímpeto, combinando convicção profunda com abertura a públicos seculares e construindo pontes entre comunidades vibrantes de diferentes continentes.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/06/27/cristianismo-pesquisas-revelam-boas-noticias-que-vao-alem-da-africa/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF