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sexta-feira, 29 de agosto de 2025

O bispo entre a cruz e a esperança

A Cruz representa Cristo (Canção Nova)

O BISPO ENTRE A CRUZ E A ESPERANÇA

28/08/2025

Dom Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP)

Ler o livro Coração de Pastor, de Dom João Bosco Óliver de Faria, é mergulhar na tensão fecunda que sustenta todo ministério episcopal: a cruz e a esperança. O autor não esconde as dores, as solidões e os pesos do episcopado. Mas, ao mesmo tempo, deixa transparecer a esperança inabalável que vem de Cristo, o verdadeiro Pastor. 

Uma das frases mais impactantes é: “O Domingo de Ramos dura pouco na vida de um Bispo”. Essa constatação, nascida da experiência concreta, sintetiza a realidade de quem assume o pastoreio. O bispo, em alguns momentos, é aclamado, reconhecido, aplaudido. Mas logo chegam as incompreensões, as críticas, a cruz. E é nessa travessia que se prova a fidelidade. 

Não se trata de pessimismo, mas de realismo evangélico. O episcopado não é carreira de prestígio, mas seguimento de Cristo crucificado. O báculo, insígnia de guia, só encontra sentido quando unido à cruz. O bispo que deseja apenas aplausos perde o essencial: sua missão é conduzir o povo não ao sucesso humano, mas ao encontro com Deus. 

Dom João Bosco insiste que o bispo não pertence a si, mas ao povo. Essa entrega é fonte de cruz, porque exige renúncia. Mas é também fonte de esperança, porque revela a fecundidade do ministério. Quantos padres foram ordenados, quantas comunidades foram animadas, quantas vidas foram tocadas por um pastor que se deixou consumir pela missão! 

Ao refletir sobre essas páginas, recordei-me das palavras de São João Paulo II: “O bispo deve ser testemunha da esperança, mesmo quando as circunstâncias parecem obscurecê-la”. Essa dimensão aparece fortemente no livro. A cruz não apaga a esperança; ao contrário, é nela que a esperança se purifica. 

O episcopado, visto sob essa luz, não é uma função de prestígio, mas um caminho pascal. O bispo é chamado a viver o mistério da cruz e da ressurreição em sua própria carne, para que o povo de Deus possa reconhecer nele o rosto de Cristo. 

Ao concluir a leitura, senti-me convidado a renovar minha própria entrega. Coração de Pastor nos recorda que, em meio às cruzes, a esperança permanece. O bispo é homem da cruz, mas também profeta da esperança. E essa tensão, longe de ser contradição, é a essência mesma do ministério episcopal. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Cristãos, muçulmanos e judeus pela paz: “é preciso conter o ódio"

A cruz nas ruas de Jerusalém (Vatican News)

De Roma, um apelo que ressoa sobretudo no Oriente Médio, palco de conflitos e tensões, com a proposta de um encontro entre bispos, rabinos e imãs na Itália que seja “direto, não convencional nem confessional, para testemunhar juntos uma responsabilidade comum”.

Vatican News

“Este apelo nasce da convicção da necessidade imperiosa de promover qualquer iniciativa de encontro para conter o ódio, salvaguardar a convivência, purificar a linguagem e tecer a paz. Responsabilidade de indivíduos e de sujeitos coletivos!”. É com estas palavras que se inicia o apelo inter-religioso divulgado nesta sexta-feira (29/08) em Roma, e promovido pelos representantes das comunidades judaica, cristã e muçulmana de toda a Itália.

As assinaturas do documento

O apelo, assinado por Noemi Di Segni (União das Comunidades Judaicas Italianas), Yassine Lafram (União das Comunidades Islâmicas da Itália), Abu Bakr Moretta e Yahya Pallavicini (Comunidade Religiosa Islâmica Italiana), Naim Nasrollah (presidente da Mesquita de Roma) e pelo cardeal Matteo Maria Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana, relembra a necessidade de “encontrar soluções para o que humilha nossas crenças e resistir”.

A atenção para o Oriente Médio

Palavras que ressoam especialmente para o Oriente Médio, palco de conflitos e tensões cada vez mais trágicos.

“A consciência dos tempos sombrios que estamos atravessando e do poder da ilusão que também paira sobre a tragédia em curso no Oriente Médio nos chama, como líderes de comunidades religiosas, como crentes e como cidadãos, a denunciar a insinuação de generalizações perigosas e confusões prejudiciais entre identidades políticas, nacionais e religiosas”. Os signatários denunciam ainda a “infâmia de uma propaganda que, explorando a ingenuidade e a visceralidade, obscurece um discernimento saudável e banaliza o sentido profundo da nossa própria humanidade”, fomentando o antissemitismo, a islamofobia e a aversão ao cristianismo católico e às religiões em geral. “Nenhuma segurança será jamais construída sobre o ódio. A justiça para o povo palestino, assim como a segurança para o povo israelense, só passam pelo reconhecimento mútuo, pelo respeito aos direitos fundamentais e pela vontade de dialogar”.

Uma proposta concreta

Daí a proposta concreta de um encontro entre bispos, rabinos e imãs na Itália: “um encontro simples, direto, não convencional nem confessional, para testemunhar juntos uma responsabilidade comum”, com a esperança de que as comunidades religiosas possam promover atividades locais e nacionais com o envolvimento das instituições. “O dever de trabalhar por uma convivência responsável nos chama, como religiosos, à necessidade de promover a coesão social com base em valores compartilhados”, lê-se ainda no apelo, que termina com um agradecimento pelas testemunhas amadurecidas nas últimas semanas em Bolonha, Milão e Turim, como sinal de esperança em um tempo marcado pela violência.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Cinco grandes citações das Confissões de santo Agostinho

Santo Agostinho de Hipona. | Cathopic

Por Kate Quiñones*

28 de ago. de 2025

A Igreja celebra hoje (28) santo Agostinho de Hipona, um dos primeiros Padres da Igreja, doutor da Igreja e teólogo fundamental.

Santo Agostinho foi criado como cristão na infância, mas se afastou da Igreja, teve um filho fora do casamento e aderiu à heresia do maniqueísmo. Sua mãe, santa Mônica nunca deixou de rezar pela volta de seu filho à Igreja.

Das cerca de 5 milhões de palavras que santo Agostinho escreveu em sua vida (354-430 d.C.), suas Confissões tiveram uma influência particularmente duradoura como obra filosófica, teológica, mística e literária. Escritas por volta de 400 d.C., as Confissões detalham como Deus atuou na vida de santo Agostinho e podem ser lidas não só como uma história, mas como uma oração.

Seguem abaixo cinco citações poderosas das “Confissões” de santo Agostinho

1.    “Tu nos criaste para Ti, ó Senhor, e nosso coração está inquieto até que encontre descanso em Ti” (Livro I).

2.    “Cheguei a Cartago, onde cantava ao meu redor, em meus ouvidos, um caldeirão de amores profanos. Eu ainda não amava, mas amava amar, e por uma profunda carência, odiava-me por não desejar... Pois dentro de mim havia uma fome daquele alimento interior, Tu mesmo, Meu Deus” (Livro III).

3.    “Mas o que sou eu para mim mesmo sem Ti, senão um guia para minha própria queda?” (Livro IV).

4.    “Eu me lancei, não sei como, sob uma certa figueira, dando vazão total às minhas lágrimas; e as torrentes dos meus olhos jorraram um sacrifício aceitável a Ti” (Livro VIII).

5.    “Tarde te amei, ó Beleza sempre antiga, sempre nova, tarde te amei! Estavas dentro de mim, mas eu estava fora, e foi lá que Te procurei. Em minha falta de amor, mergulhei nas coisas belas que criaste. Estavas comigo, mas eu não estava contigo. As coisas criadas me afastaram de Ti; no entanto, se não estivessem em Ti, não existiriam. Chamaste, gritaste e rompeste a minha surdez. Iluminaste, brilhaste e dissipaste a minha cegueira. Sopraste Tua fragrância em mim; eu a inalei e agora anseio por Ti. Provei-Te, agora tenho fome e sede de mais. Tocaste-me e ardi por Tua paz” (Livro X).

*Kate Quiñones é redatora da Catholic News Agency e membro do site de notícias The College Fix. Ela já escreveu para o Wall Street Journal, para o Denver Catholic Register e para o CatholicVote, e se formou pelo Hillsdale College. Ela mora com o marido no Colorado, nos EUA.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/64283/cinco-grandes-citacoes-das-confissoes-de-santo-agostinho

Dom Vital: O Concílio de Nicéia e a unidade do Pai e do Filho

Concílio de Nicéia  (Vatican News)

O Concílio disse que o Filho é Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, é da mesma substância do Pai.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

O ano 2025 lembra os 1700 anos de Nicéia realizado em 325 em um grande Concílio, convocado pelo Imperador Constantino, onde foi reafirmada a divindade do Filho, diante da negação ariana que o Filho não fosse Deus. O Concílio disse que o Filho é Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, é da mesma substância do Pai. A doutrina ariana foi condenada pelos 300 bispos reunidos provenientes das diversas partes do Império, mas, sobretudo do Oriente, tendo presentes a unidade do Pai com o Filho e do Filho com o Pai e o Espírito Santo. Vejamos a seguir a visão em Santo Agostinho, bispo dos séculos IV e V em Hipona no Norte da África, a forma como ele desenvolveu a unidade entre as duas Pessoas divinas que reflete a unidade com o Concílio de Nicéia em 325.

O Pai mostra ao Filho as coisas feitas

O Bispo de Hipona teve como ponto fundamental o capítulo 5,19-26 de São João onde fala que o Pai mostra ao Filho tudo o que o Pai faz(cfr. Jo 5,19). A verdade é que o Pai faz tudo pelo Filho, por meio dele. Isto significa que o Pai mostra as suas obras ao Filho, antes de fazê-las. Desta forma, o Pai não faz nada sem o Filho, visto que o Filho de Deus é o Verbo de Deus e que “tudo foi feito por Ele (cfr. Jo 1,3)[1].

O Pai irá mostrar obras maiores

O Evangelista São João diz em seguida pela boca de Jesus que o Pai mostrar-lhe-á obras maiores do que estas (cfr. Jo 5,20). O texto está em unidade do milagre, sinal do Senhor, daquela pessoa que foi curada por Jesus, de uma doença havia trinta oito anos de sofrimento. Sem dúvida tratava-se das curas de doenças corporais e outras maiores. O Pai mostrará as obras para que as pessoas fiquem na admiração. É um linguajar que exige fé na Palavra de Jesus, como o Pai mostra, por assim dizer, temporalmente, certas obras ao Filho que é coeterno a Ele e sabe tudo o que é que está no Pai[2].

O Pai ressuscita mortos: O Filho também ressuscita mortos

Jesus disse “Como o Pai ressuscita mortos e dá-lhes a vida, assim também o Filho dá a vida aos que quer” (Jo 5,21). A obra maior é ressuscitar os mortos, feita pelo Pai e também feita pelo Filho. O fato é que o Filho dá a vida aquelas mesmas pessoas a quem o Pai a dá, lhes concede, visto que não faz obras diferentes do Pai, de modo que o Filho faz as mesmas obras que o Pai faz[3].

Dar a vida

Para Santo Agostinho, dado que provem do Evangelho do Senhor, o Filho dá a vida aos que quer, assim como o Pai dá a vida aos que quer (cfr. Jo 5,21). Nestas afirmações entendem-se que tanto o poder do Filho como a vontade do Pai são os mesmos. Em seguida vem a afirmação do Filho que “O Pai não julga ninguém, mas entregou o julgamento ao Filho, para que todos honrem o Filho como honram ao Pai” (Jo 5, 22-23)[4]. Santo Agostinho também afirmou que é impossível alguma pessoa honrar o Pai sem o Filho, porque o Pai está no Filho e o Filho está no Pai, e também pelo fato de que o Pai é assim chamado porque tem o Filho e o Filho é assim chamado porque tem o Pai[5]. A honra dada ao Filho não é menor daquela dada ao Pai, porque as duas Pessoas divinas merecem o mesmo louvor e glória de modo que o julgamento dado ao Pai é concedido ao Filho. Este argumento era visível no arianismo, pela negação divina do Filho, mas foi condenado em Nicéia, de modo que para Santo Agostinho que estava a favor do Concílio, o Filho está na mesma linha de eternidade do Pai e do Espírito Santo.

A unidade do Pai e do Filho

O bispo de Hipona afirmou a unidade do Pai e do Filho. “Quem escuta a palavra de Jesus e crê n’Aquele que o enviou, possui a vida eterna e não vai a julgamento, mas passou da morte para a vida” (cfr. Jo 5,24). A unidade é perfeita, é eterna entre o Pai e o Filho de modo que a pessoa que escuta a palavra de Jesus está em comunhão com a palavra do Pai, não existindo entre as duas Pessoas divinas nenhuma separação, mas somente unidade. O ponto fundamental é dado neste sentido de que crer n’Aquele que o enviou, o Pai, crê no Filho, pois o Filho é a Palavra, o Verbo do Pai (cfr. Jo 1,1)[6].

A ressurreição para a vida eterna

Jesus na sua condição de ser humano e divino afirmou que vem a hora e é agora (cfr, Jo 5,25) de que os mortos passarão da morte para a vida eterna. O poder de Jesus que é o mesmo do Pai fará a ressurreição dos mortos, das pessoas que viverem em unidade com o Senhor, com a Igreja, com as pessoas, ressuscitarem no fim do mundo[7]. A afirmação de Jesus de que vem a hora e é agora se referia à ressurreição dos mortos em que os ressuscitados viverão eternamente, ponto que se há de realizar na última hora[8], sendo o mesmo dom, a ressurreição que o Senhor dará aos seus seguidores e seguidoras, missionários, missionárias.

A vida em si mesmo do Pai também concedida ao Filho

A vida, o grande dom de Deus dado à humanidade, proveniente do Pai é concedida também ao Filho. “Com efeito, como o Pai possui a vida em Si mesmo, assim também Ele dá ao Filho ter a vida em Si mesmo” (Jo 5,26). O Filho não tem a vida proveniente de fora, mas em Si mesmo: seu ato de viver reside no Pai, não sendo alheio a Ele, não possuindo a vida por empréstimo, nem recebe como participação da vida, e de uma vida que não fosse o que Ele mesmo é, mas Ele possui a vida em Si mesmo, de modo que Ele mesmo é, para Si, a própria vida[9]. Para Santo Agostinho a prova máxima da igualdade do Pai para com o Filho e do Filho para com o Pai, está na afirmação de “Como o Pai possui a vida em Si mesmo, assim Ele deu ao Filho ter a vida em Si mesmo” (Jo 5,26), de modo que a vida é dada nas duas Pessoas divinas de o Pai ter a vida em Si mesmo, sem que ninguém Lha tenha dado, e o Filho ter em Si mesmo a vida que o Pai Lhe deu[10], não existindo nenhuma subordinação mas a sua plena igualdade entre as duas Pessoas divinas.

Santo Agostinho foi um fiel seguidor do Concílio de Nicéia colocando a comunhão das Pessoas divinas sobre o mesmo plano, afirmando a Unidade e a Trindade, não sendo três deuses, mas um único Deus em três Pessoas. Como o arianismo negava a divindade do Filho na eternidade, era preciso afirmar a sua plena comunhão de substância com o Pai, sendo Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado. Nós professamos a nossa fé em Deus Uno e Trino. Pelos sacramentos da Iniciação à vida Cristã, somos nós chamados a viver em comunhão em nossas comunidades, famílias, paróquias, Dioceses, para que o mistério de Deus Uno Trino seja louvado e amado através das obras boas que fizermos, sobretudo aos mais necessitados a fim de que um dia vivamos na plena comunhão com a comunidade dos santos e das santas e com o Deus Uno e Trino.

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[1] Cfr. Comentários a São João I Evangelho, Homilia 19,3. São Paulo: Paulus, 2022, pg. 441.

[2] Cfr. Idem, 19,4, pgs. 442-443.

[3] Cfr. Ibidem, 19,5, pg. 443.

[4] Cfr. Ibidem, 19,6, pg. 445.

[5] Cfr. Ibidem.

[6] Cfr. Ibidem, 19,7, pgs. 446-447.

[7] Cfr. Ibidem, 19,9, pg 448.

[8] Cfr. Ibidem, pg. 449.

[9] Cfr. Ibidem, 19,11, pg. 451.

[10] Cfr. Ibidem, 19,11, pg. 453. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

MOVIMENTOS: "O cristianismo não pertence a nenhuma civilização." (Parte 1/2)

Andrea Riccardi | 30Giorni

Arquivo 30Dias nº 09 - 2002

Santo Egídio. Uma ampla entrevista com Andrea Riccardi

"O cristianismo não pertence a nenhuma civilização."

Assim disse Pio XII. Hoje, porém, pode emergir um uso político-ideológico da categoria de civilização cristã. Por outro lado, esqueço-me com demasiada frequência do mérito de Pio XI, que condenou a Ação Francesa precisamente porque esse movimento, que pretendia reformar a sociedade em nome dos valores cristãos, distorcia o catolicismo. Encontro com o fundador da Comunidade de Santo Egídio, empenhado em buscar o diálogo entre religiões e entre países em guerra.

por Gianni Valente

" Pessoas maravilhosas." Era 7 de março de 1998, e Madeleine Albright, então Secretária de Estado dos EUA, emergiu da histórica sede da Comunidade de Santo Egídio em Trastevere, distribuindo sorrisos e cumprimentos aos líderes e membros daquele movimento católico, com quem havia mantido uma conversa cordial antes de viajar ao Vaticano para se encontrar com o Papa João Paulo II. Naqueles meses, à medida que a crise do Kosovo se intensificava, as iniciativas de "diplomacia de base" dos seguidores de Santo Egídio eram celebradas com aprovação mais ou menos unânime. Até mesmo da liderança política da única superpotência mundial.

Após o 11 de setembro, até mesmo a "ONU de Trastevere" se viu lidando com um clima diferente. As interpretações pré-fabricadas da nova fase geopolítica eram as do ressentimento religioso islâmico em relação ao Ocidente, do choque de civilizações e da "guerra preventiva" como meio de defesa legítima das sociedades ocidentais. Como o grupo católico, que sempre associou seu nome ao diálogo inter-religioso, está vivenciando esse momento? Como é possível continuar a promover as diferentes afiliações religiosas como fator de paz e coexistência, especialmente agora que quase todos os conflitos em curso são retratados como guerras religiosas?

Na entrevista a seguir, de amplo alcance, o professor Andrea Riccardi, 52 anos, fundador da Comunidade, começa a responder a perguntas incômodas, listando inicialmente as iniciativas que Sant'Egidio planejou para as próximas semanas. Em outras palavras, não temos dúvidas nem hesitações; o cronograma permanece inalterado: "No dia 16 de outubro, data comemorativa da captura nazista de judeus romanos, realizaremos uma conferência sobre antissemitismo, seguida da tradicional marcha da Praça Sant'Egidio até a sinagoga. Também em outubro, está programado um encontro com representantes da Igreja Ortodoxa Russa sobre o tema das atividades beneficentes. E também continuamos a acompanhar os conflitos e as guerras esquecidas em curso em Uganda, Libéria, Senegal, Burundi, Colômbia...".

Acima, um momento do 16º Encontro Internacional de Oração pela Paz, organizado pela Comunidade de Santo Egídio em Palermo. Abaixo, uma imagem de Assis, 24 de janeiro de 2002. João Paulo II com representantes de comunidades e religiões cristãs durante o Dia de Oração pela Paz | 30Giorni.

Vamos dar um passo atrás. No início de setembro, a Comunidade de Santo Egídio organizou o 16º Encontro Internacional de Oração pela Paz em Palermo, com o tema "Religiões e Culturas entre Conflito e Diálogo". Que conclusões podemos tirar?
ANDREA RICCARDI: O encontro de Palermo confirmou alguns dos temas dos nossos encontros, no espírito dos encontros de representantes das comunidades religiosas convocados por João Paulo II em Assis: a experiência do diálogo, acompanhada do momento final de oração das diversas comunidades religiosas, realizadas em locais separados, para depois convergirem numa manifestação que envie uma mensagem de paz. Esta é a grande intuição do Papa: na diversidade, a manifestação serena da própria identidade pode abrir caminho para o diálogo com os outros. Desta vez, como sempre, estiveram presentes representantes da cultura laica: nesta ocasião, por exemplo, esteve presente o intelectual polonês Bronislaw Geremek. Entre os representantes da Comunhão Ortodoxa estava, pela primeira vez, um bispo da Igreja Grega, e uma delegação bastante numerosa do Patriarcado de Moscou estava presente, apesar dos recentes problemas entre a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica. Além disso, a copresença de judeus e muçulmanos foi mantida. Isso não é fácil, dada a atitude de alguns muçulmanos em relação a Israel. E então, o fato crucial é que estamos no pós-11 de setembro...

Exatamente. Seus encontros propõem as religiões como fonte de paz. Em vez disso, em análises que buscam explicar o mundo pós-11 de setembro, elas se tornam a fonte da qual brotam ódio, ressentimento e conflito.
RICCARDI: Houve um período histórico, que atingiu seu auge na década de 1970, em que parecia que as religiões, mesmo como fenômeno sociológico, seriam extintas. Hoje, ao contrário, um papel público para as religiões está sendo exigido, e elas estão sujeitas a pressões terríveis. Vimos isso nos Bálcãs, na Índia, no Oriente Médio. Após o colapso das ideologias, elas são chamadas a santificar fronteiras e abençoar conflitos. Líderes e grupos de pressão recorrem às religiões para se tornarem a força motriz por trás do conflito. Assim, todos os crentes são pressionados. Chantageados. Para líderes de diferentes religiões, encontrar-se dentro de uma estrutura de diálogo também significa escapar de situações locais que os aprisionam e que os forçam, sob a pressão de paixões nacionais ou nacionalistas, a suprimir a aspiração de paz inerente às próprias religiões.

Mas não há uma censura idealista nessa ideia de religiões puras e incontaminadas, que são exploradas pelo Poder e pelos ímpios? O realismo cristão reconhece que mesmo as expressões do espírito religioso humano são inerentemente marcadas historicamente pelo pecado e pelo potencial de corrupção.
RICCARDI: Um dos debates realizados em Palermo dizia respeito justamente à autocrítica das religiões, uma categoria difícil de aplicar para os religiosos. As religiões não são, em si mesmas, um mundo incontaminado. As doutrinas, as escolhas dos líderes, a relação das religiões com a sociedade, as experiências dos fiéis... tudo isso, para usar um termo cristão, é marcado pelo pecado original e pelo peso da história. Mas continua sendo verdade que, dentro das diversas religiões, existem energias de paz, de compreensão potencial. Todas, por exemplo, com as mais diversas formulações, defendem uma regra de ouro mínima: não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a você. E todas falam de Deus, de alguém além de nós; todas imaginam um destino universal ou um chamado para a humanidade. E então, poderíamos simplesmente convidar para nossos encontros aqueles teólogos e líderes que são conhecidos por serem mais abertos ao diálogo. Tudo correria bem. Em vez disso, convidamos figuras que acreditamos representar a fé dos povos, das nações crentes. Então você encontra dificuldades, você se depara com a rigidez das posições oficiais, você expõe preconceitos...

De um ponto de vista doutrinário, digamos, seus detratores o acusaram de criptossincretismo...
RICCARDI: No início do século XX, o Congresso de História das Religiões foi organizado em Paris, que partiu da ideia da existência de uma religião universal da qual todas as religiões particulares eram projeções. Cada um é livre para pensar como quiser, mas o espírito de Assis é outro. Não é o sincretismo do laboratório intelectual, nem o do "nós nos amamos" indistintamente. O cristianismo é irredutível às religiões, mesmo que tenha relações diferentes com as diversas tradições, e com o judaísmo tem um vínculo único e irrevogável. Mas, na minha experiência, pertencer à Igreja nunca se fechou, antes, abriu a possibilidade de diálogo e encontro com todos. O fato de que a iniciativa de reunir os líderes religiosos tenha partido da Igreja Católica parece-me um serviço precioso oferecido pela Igreja de Roma em prol da unidade e do diálogo não só dos cristãos, mas de toda a família humana, em linha com o que, por exemplo, Paulo VI indicou na Ecclesiam Suam , sua primeira encíclica.

Rémy Brague, professor de filosofia árabe na Universidade de Paris, escreveu: "A civilização da Europa cristã foi construída por pessoas cujo objetivo não era construir uma 'civilização cristã', mas sim levar ao máximo as consequências de sua fé em Cristo. Devemos isso às pessoas que acreditavam em Cristo, não às pessoas que acreditavam no cristianismo. Essas pessoas eram cristãs, e não, como poderíamos chamá-las, 'cristianistas'." Os debates sobre o mundo pós-11 de setembro estão fervilhando de "cristianistas": aqueles que agora pressionam para redescobrir as raízes cristãs de nossa civilização, diante da ofensiva islâmica...
RICCARDI: Para mim, o mérito de Pio XI é frequentemente esquecido: ele condenou a Ação Francesa precisamente porque esse movimento, que queria reformar a sociedade em nome dos valores cristãos, distorceu o catolicismo, tornando-o a religião nacional do Ocidente e da França. Mussolini disse: Tenho dificuldade em fazer com que esses meus italianos aceitem um Deus judeu. Assim relata Galeazzo Ciano. E mesmo no caso dos cristãos alemães, durante o nazismo, a afirmação da identidade cristã europeia numa veia antijudaica levou à eliminação dos traços judaicos e de toda a obra de São Paulo da Bíblia, precisamente como Pio XI recordou que "somos todos espiritualmente semitas". As raízes cristãs das nossas sociedades ocidentais devem ser tidas em conta. Mas, como disse Pio XII, o cristianismo não pertence a nenhuma civilização. No Ocidente, após o colapso das ideologias, e dada a fragilidade da cultura secular, pode emergir, por assim dizer, um uso político-ideológico da categoria de civilização cristã.

O cristianismo como conteúdo religioso da identificação étnico-cultural. Com todas as diferenças gritantes envolvidas, o Talibã não faz o mesmo? Nesta ladeira do orgulho católico, não estamos a resvalar para uma "talibanização" do cristianismo?
RICCARDI: Paradoxalmente, a imagem pode sugerir algo verdadeiro. Mas ninguém tem isso . O cristianismo tem em seus cromossomos a história de um pequeno grupo de homens, fracos e frágeis, que, com a ajuda de Deus, vagaram pelo mundo por três séculos, perseguidos, espalhando o Evangelho. Uma comunidade indefesa, que se tornou uma comunidade de pessoas, mas que não almejava se tornar um Estado. O islamismo, por outro lado, tem em seus cromossomos o profeta Maomé, que imediatamente se apresentou como legislador e líder do Estado.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Santo Agostinho, fonte de inspiração para Leão XIV

TIZIANA FABI | AFP / Public Domain - Collage by Aleteia

Cyprien Viet - publicado em 27/08/25

Desde o início de seu pontificado, Leão XIV fez numerosas referências a Santo Agostinho, bispo de Hipona. Este Padre da Igreja, marcado pela experiência de uma conversão radical aos 32 anos, estruturou uma teologia cristã voltada para a aceitação da graça divina.

“Sou filho de Santo Agostinho”: essas palavras de Leão XIV, pronunciadas já em sua primeira aparição na sacada da Basílica de São Pedro, na tarde de sua eleição, marcaram o tom de um pontificado “agostiniano”, assim como o de Francisco foi “ignaciano”. Robert Francis Prevost, que foi Prior Geral da Ordem de Santo Agostinho de 2001 a 2013, forjou sua vocação e sua trajetória à sombra desse Padre da Igreja, que marcou de forma duradoura o pensamento cristão, insistindo na fé, na graça divina e na conversão.

A partir do século XIX, a formação do clero tendeu a centrar-se em São Tomás de Aquino, cuja concepção da relação entre fé e razão se inspira na filosofia grega, em particular em Aristóteles. No pensamento tomista, a observação da natureza e o conhecimento da história devem conduzir a uma ética virtuosa e a uma demonstração racional da existência de Deus.

Santo Agostinho, que não era propriamente helenista, deu maior ênfase à experiência da Revelação e da conversão, na perspectiva da união com o divino. Marcado pelas invasões bárbaras e pelo colapso das instituições herdadas do Império Romano, propôs uma concepção da história que revela uma luta dramática entre a Cidade de Deus e a cidade terrena.

De Tomás a Agostinho, uma nova inflexão teológica

O magistério dos papas contemporâneos geralmente seguiu o quadro tomista, com a notável exceção de Bento XVI, que defendeu uma tese sobre Santo Agostinho quando era ainda um jovem sacerdote, em 1953. Em várias ocasiões, ele destacou seu afeto por esse Padre da Igreja. “Quando leio seus escritos, nunca tenho a impressão de que sejam de um homem que morreu há 16 séculos. Encontro um homem contemporâneo, um amigo que me fala, que nos fala, com uma fé fresca e absolutamente atual”, afirmou Bento XVI durante uma catequese em 2008.

Leão XIV poderia, sem dúvida, ecoar essas palavras do Papa alemão, tamanha foi a influência de Santo Agostinho em seu pensamento e em seus discursos. Em 12 de maio, durante seu primeiro encontro com o mundo da comunicação, o novo Papa confidenciou que “não pode haver comunicação e jornalismo fora do tempo e da história”, retomando a célebre citação de um discurso de Santo Agostinho: “Vivamos bem, e os tempos serão bons. Nós somos os tempos.”

Os “tempos” deste novo pontificado se abrem, portanto, com um tom agostiniano que promove a unidade. “A Igreja é formada por todos aqueles que estão em harmonia com seus irmãos e que amam o próximo”, disse Leão XIV, citando um sermão de Santo Agostinho em sua Missa de Investidura, no dia 18 de maio. O objetivo do novo Papa era promover “uma Igreja fundada no amor e sinal de unidade”.

No dia 19 de maio, em seu discurso aos delegados de outras Igrejas e religiões que haviam participado de sua Missa de instalação no dia anterior, Leão XIV retomou o significado de seu lema: In Illo uno unum, uma expressão de Santo Agostinho de Hipona que significa: “No Uno — isto é, Cristo — somos um.”

Em 21 de junho, em seu discurso por ocasião do Jubileu dos Líderes Políticos, o Papa reiterou a importância da liberdade religiosa e do diálogo inter-religioso, sublinhando que “a crença em Deus, com os valores positivos que dela derivam, é uma imensa fonte de bem e de verdade na vida das pessoas e das comunidades”. Ele se apoiou na Cidade de Deus de Santo Agostinho, “uma sociedade em que a caridade é a lei fundamental” e para a qual o homem deve passar do “amor egoísta a si mesmo, fechado e destrutivo” ao “amor gratuito, enraizado em Deus e que conduz ao dom de si mesmo”.

Amar a Igreja

Dirigindo-se ao clero de Roma em 12 de junho, Leão XIV também se inspirou em Santo Agostinho para lançar este vibrante apelo aos sacerdotes da capital italiana:

“Amem esta Igreja, vivam nela, formem-na tal como ela acaba de lhes aparecer (…). Rezem também pelas ovelhas dispersas, para que também elas retornem, para que também elas reconheçam e amem a verdade, para que haja um só rebanho e um só pastor.”

O atual Prior Geral dos agostinianos, padre Alejandro Moral Antón, destacou em uma entrevista que três palavras essenciais resumem a espiritualidade agostiniana: a busca da verdade, a prática da caridade e a unidade. Agostinho também falou muito da interioridade, afirmando que Deus é “mais íntimo que a intimidade de mim mesmo”. O religioso, que sucedeu o padre Prevost em 2013, acredita que “o Papa Leão XIV traz com força essas dimensões espirituais, algo de que a Igreja tem grande necessidade hoje”.

Essa teologia agostiniana também dá um lugar importante às emoções: ao deixar escapar algumas lágrimas, especialmente quando recebeu o Anel do Pescador durante sua Missa de instalação em 18 de maio, Leão XIV seguia, de certo modo, os passos de Santo Agostinho, às vezes apelidado de “Doutor das Lágrimas”. A dimensão da “graça das lágrimas” está muito presente em seus escritos, sobretudo nos de sua mãe, Santa Mônica, que rezou intensa e dolorosamente pela conversão do filho.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/08/27/santo-agostinho-fonte-de-inspiracao-para-leao-xiv/

A dor do Papa pelo tiroteio em uma escola católica nos EUA: duas crianças mortas

Igreja Católica de Minneápolis (Vatican News)

Em um telegrama assinado pelo cardeal Secretário de Estado Parolin, Leão XIV expressa condolências pela "terrível tragédia" ocorrida em Minneapolis, nos Estados Unidos. O ataque aconteceu enquanto era celebrada a Missa na igreja localizada dentro do complexo escolar. Os disparos através das janelas resultaram na morte de duas crianças e deixaram 17 pessoas feridas.

Vatican News

O Papa Leão XIV recebeu “com profunda tristeza” a notícia do tiroteio ocorrido na Igreja Católica da Anunciação, em Minneapolis. Assim se lê no telegrama, assinado pelo cardeal Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, enviado pelo Pontífice ao arcebispo de Saint Paul e Minneapolis, dom Bernard Hebda. Até o momento, o balanço da tragédia é de duas vítimas — ambas crianças de 8 e 10 anos — e 17 feridos, entre eles outras 14 crianças, das quais sete estão em estado grave. O homem que abriu fogo, disparando através das janelas contra as crianças sentadas nos bancos da igreja durante a Missa, dentro do complexo escolar, teria em seguida tirado a própria vida.

Oração por quem chora "a perda de um filho"

O Papa, diz o texto, “exprime suas mais sentidas condolências, juntamente com a garantia de sua proximidade espiritual a todos os atingidos por esta terrível tragédia”, de modo especial às famílias “que agora choram a perda de um filho”. Leão XIV “confia as almas das crianças falecidas ao amor de Deus onipotente” e assegura sua oração “pelos feridos, assim como pelos socorristas, profissionais da saúde e membros do clero que cuidam deles e de seus entes queridos”.

Bênção à comunidade local

O telegrama conclui-se com a Bênção Apostólica concedida por Leão XIV à comunidade da "Annunciation Catholic School", à Arquidiocese de Saint Paul e Minneapolis e a todos os habitantes da área metropolitana de Twin Cities, como “penhor de paz, fortaleza e consolação no Senhor Jesus”.

O atentado

Na manhã desta terça-feira, 27 de agosto, um homem abriu fogo contra fiéis reunidos para a missa de início do ano letivo na Igreja Católica da Anunciação, em Minneapolis, que abriga também uma escola frequentada por crianças da educação infantil ao ensino fundamental. O ataque, cujo motivo ainda é desconhecido, deixou duas crianças mortas, de 8 e 10 anos, e outras 14 feridas, seis delas hospitalizadas em estado grave; o autor teria se suicidado após o crime. A tragédia abalou a comunidade local e levou o governador do Minnesota, Tim Walz, a declarar solidariedade e pedir orações pelas vítimas, enquanto o presidente Donald Trump afirmou que o FBI já está acompanhando o caso e convidou a população a se unir em oração. O episódio ocorre em meio a um cenário de crescente violência armada em Minneapolis, onde, apenas nas 12 horas anteriores, a polícia havia registrado outros 12 tiroteios, com saldo de oito feridos e três mortos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Programação 14ª Jornada de Portas Abertas

14ª Jornada de Portas Abertas (rmater)

Programação 14ª Jornada de Portas Abertas

27 de agosto de 2025

29, 30 e 31 de agosto de 2025 – Seminário Redemptoris Mater de Brasília

Três dias de fé, música, cultura, gastronomia e solidariedade! A Jornada de Portas Abertas é o momento em que abrimos não apenas as portas do nosso Seminário, mas também os corações para receber você e sua família em um encontro único que une evangelização e alegria.
Toda a renda arrecadada é destinada à formação de novos sacerdotes missionários, que levarão a Boa Nova aonde Deus enviar.

A Grande Estreia – Sexta-feira, 29/08

  • Sexta-feira (29/08) – 19h15 às 23h30

Este ano, a festa começa com uma novidade especial: nossas barraquinhas gastronômicas já estarão abertas na sexta-feira!

E para entrar no clima, teremos a aguardada Festa dos Anos 80, com o espetáculo de Marco Presley & Elvis Tribute Band e a energia da Banda Skema 6 e no palco principal.

 A partir das 19h30 – Barraquinhas com comidas típicas, boa música e muita diversão!
 Não esqueça: cadastre-se para participar do sorteio de uma Air Fryer Digital de 7 Litros da marca WAP.

Link para o cadastro do sorteio:
https://www.sympla.com.br/evento/ticket-do-sorteio-na-festa-dos-anos-80-14-edicao-da-jornada-de-portas-abertas/3059379

Sábado, 30/08

  • Sábado (30/08) – 16h30 à meia-noite

O segundo dia é repleto de cultura, espiritualidade e sabor:

  • Café Colonial – Uma experiência gastronômica única, com variedades doces e salgadas, servida com todo carinho. Evento à parte. [Link para ingressos]
  • Missa Campal – Um momento de encontro com Deus, celebrando a fé em comunidade.
  • Apresentações Culturais – Músicas e performances no palco principal, incluindo Twolips (Jazz & Blues) e Ana Reis e Banda.
  • Apresentação do Coral do Seminário.
  • Barraquinhas abertas desde a tarde para aproveitar cada momento.

Domingo, 31/08

  • Domingo (31/08) – 8h30 às 21h00

O domingo é pensado para toda a família e com atenção especial aos pequenos:

  • Atividades Infantis – Fazendinha, brinquedos e o encantador Show de Mágica com o Tio AndréAmiguinhos do Som e Cia Fábula Teatral.
  • Missa Campal , Oração da Manhã (Laudes) e Oração da Tarde ( Vésperas) – Momentos de oração e comunhão com a veneração do Lignum Crucis e adoração ao Santíssimo.
  • Churrasco na Barca – Almoço especial para reunir amigos e familiares. Evento à parte.
    Compre sua barca agora:
    https://jpa.rmater.org.br/CompraAntecipada
  • Apresentações culturais – Música, teatro e apresentações artísticas ao longo do dia, como Andreza MarquesSamba NossoOrquestra Pizindim e Ricco e Rony
  • Encerramos com a apresentação do Coral do Seminário e o aguardado Sorteio Surpresa.

Café Colonial

Além da programação musical e cultural da Jornada de Portas Abertas , nosso famoso Café Colonial continua marcando presença em evento a parte.

Na sexta-feira, 22 de agosto, durante o pré-jornada, o público poderá participar de uma noite exclusiva de Café Colonial, com delícias artesanais preparadas especialmente para a ocasião, num ambiente acolhedor e festivo.

Já no sábado, 30 de agosto, durante a programação oficial da Jornada, haverá novamente o tradicional Café Colonial, reunindo sabores caseiros e o clima familiar que marcam o evento.

Clique aqui e compre seu convite para o Café Colonial:
https://convites.rmater.org.br/

 Programe-se:

  • Sexta-feira (29/08) – 19h15 às 23h30
  • Sábado (30/08) – 16h30 à meia-noite
  • Domingo (31/08) – 8h30 às 21h00

 Local: Seminário Redemptoris Mater de Brasília
 Alguns eventos possuem ingressos à parte, com vendas online pelos links acima.

Venha viver três dias que unem fé, família, música, sabor e solidariedade.
Esperamos você de braços e corações abertos!

Fonte: https://www.rmater.org.br/programacao-14a-jornada-de-portas-abertas/

“Para vocês eu sou bispo, com vocês eu sou cristão”

Dom Luciano Mendes de Almeida | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 09 - 2006

DOM LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

“Para vocês eu sou bispo, com vocês eu sou cristão”

Em 27 de agosto, festa de Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, faleceu em São Paulo, Brasil, Dom Luciano Mendes de Almeida, uma das figuras mais conhecidas e estimadas da Igreja latino-americana, figura significativa do episcopado brasileiro e do desenvolvimento democrático e social do país. Estas páginas homenageiam o Cardeal Geraldo Majella Agnelo, presidente da Conferência Episcopal Brasileira.

do Cardeal Geraldo Majella Agnelo

Na última quarta-feira, em Mariana (Minas Gerais), nos despedimos definitivamente de Monsenhor Luciano Pedro Mendes de Almeida SJ, durante a missa que celebramos em seu eterno descanso.

Suas últimas palavras antes de entrar em coma foram: "Deus nos criou por amor, e Ele sabe o que é melhor para nós. Coloco minha vida em Suas mãos."

Em seu serviço à Igreja, Luciano Mendes, nascido em 1930 em uma família tradicionalmente católica no Rio de Janeiro, beneficiou-se de uma sólida formação na Companhia de Jesus, ordem na qual se tornou padre em 1958. Adquiriu sólida formação em filosofia, teologia e humanidades. Doutorou-se em Filosofia Tomista pela Universidade Gregoriana de Roma. Durante o mesmo período, dedicou-se à pastoral carcerária.

Chamado ao episcopado pelo Papa Paulo VI, Monsenhor Luciano foi designado em 1976 para a Região Belém, em São Paulo, como bispo auxiliar do Cardeal Paulo Evaristo Arns. Em 1988, foi eleito para a Arquidiocese de Mariana, onde, "Em Nome de Jesus", seu lema episcopal, dedicou-se integralmente por dezoito anos e três meses, ou seja, até sua morte.
Aqueles que conviveram com ele, na CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e nas múltiplas atividades de seu ministério episcopal, tiveram a nítida impressão de um homem totalmente imbuído de Deus, que vivia continuamente em Sua presença. Um contemplativo em ação.

Da Eucaristia e das vigílias noturnas, Monsenhor Luciano extraía forças para sua atuação decisiva e incansável como bispo, como membro da diretoria da CNBB e como defensor dos pobres. Seu zelo pela Igreja e pela humanidade era alimentado por uma intensa vida de oração, sua identificação afetiva com Jesus Cristo, sua devoção a Maria e sua caridade pastoral.

Membro da diretoria da CNBB por dezesseis anos, Monsenhor Luciano foi um incansável promotor da unidade episcopal e um motor da renovação pastoral de nossa Igreja. Grande inspirador de iniciativas pastorais, ele incentivava o diálogo como forma de buscar acordos entre posições que pudessem parecer inconciliáveis.

Seu segredo estava em insistir na unidade em questões essenciais, promovendo o respeito às legítimas diferenças e praticando a caridade e o respeito mútuo em todas as coisas. Ele tinha uma memória prodigiosa e conseguia se lembrar dos nomes de pessoas que não via há muito tempo. Todos se sentiam acolhidos por ele. Sempre encontrava algo de bom nas ideias de seus interlocutores e buscava aprimorá-las.

Homem de síntese e de formulações precisas, soube articular uma multiplicidade de propostas e sugestões. Esse carisma foi muitas vezes decisivo na elaboração de textos e declarações que marcaram a Igreja de forma profética, mesmo durante o regime militar e nos grandes debates em defesa da vida desde a concepção até a morte natural, de sua dignidade, justiça e paz, da proteção da natureza e do meio ambiente, e da luta contra a pobreza e a exclusão.

Monsenhor Luciano interessava-se por todas as questões relativas à fé, à vida, à saúde e ao bem comum, no Brasil e no mundo. Destaco alguns desses temas, verdadeiras paixões de seu coração apostólico.

Sua primeira paixão foram os pobres, todos os pobres e sofredores, especialmente as crianças e meninas de rua. Como bispo auxiliar de São Paulo, na Região Belém, organizou centenas de casas de acolhimento para menores e pessoas em situação de rua. Muitas vezes, logo cedo pela manhã, saía para reunir crianças e mendigos, conversar com eles e levá-los a um desses centros.

Em consonância com essa paixão, Dom Luciano amava apaixonadamente a Igreja, um amor manifestado por meio de uma fidelidade profunda e, às vezes, dolorosa, devido a incompreensões, fraquezas e limitações humanas, tanto suas quanto alheias. Colocou seus carismas a serviço dessa Igreja, com sua presença ativa e esclarecedora em reuniões e conferências, liderando retiros espirituais e mediando em situações difíceis.
Outra de suas paixões era a comunicação e a evangelização por meio da mídia. Ele é o grande responsável pela criação da primeira rede de televisão católica, a Rede Vida , para a qual trabalhou muitas noites e bateu em muitas portas. Ele não conseguia entender por que a Igreja no Brasil, além do rádio e dos jornais, não tinha também sua própria rede de televisão. Desde 1983, Monsenhor Luciano escrevia um artigo semanal no jornal Folha de S. Paulo . Nos compromissos aos quais dedicou sua vida, Monsenhor Luciano sempre manteve a mesma abordagem que lhe rendeu o amor e a admiração de todos que o conheceram: gentil em suas palavras, firme em seus princípios e forte em suas ações. É assim que queremos recordá-lo. Louvado seja Deus pelo grande presente que a vida e a obra de Monsenhor Luciano Mendes de Almeida foram para a Igreja e para o mundo.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF