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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Como as mulheres viviam na terra de Santa Maria Madalena?

Escavações em Magdala. Crédito: Projeto Magdala

JERUSALÉM, 04 fev. 21 / 08:30 am (ACI).- Após uma década liderando na Terra Santa o Projeto Arqueológico Magdala, da Universidad Anáhuac México, a arqueóloga mexicana Marcela Zapata-Meza tem muitos elementos para projetar como as mulheres viviam nas terras de Santa Maria Madalena, na Galileia.

Em diálogo com a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, Zapata-Meza destacou que as mulheres da época de Santa Maria Madalena tinham “uma presença muito ativa trabalhando em Magdala”.

“As mulheres obviamente estavam mais focadas nas atividades domésticas. Realizavam atividades voltadas a tudo o que é a preparação e elaboração dos alimentos”, disse, indicando também que “trabalhavam de perto com os homens no sentido de preparar tudo o que deveriam levar para a pesca, como os anzóis e as chumbadas”.

A arqueóloga mexicana destacou que embora as mulheres do primeiro século, nos dias em que Jesus percorria Israel, “não iam na barca pescar, de alguma maneira os encaminhavam para que fossem ao Mar da Galileia e os recebiam para ajudar também com a limpeza da pesca”.

Além disso, a descoberta e o estudo de umas jarras de vidro em miniatura levaram os arqueólogos a considerar que "há uma grande probabilidade de que as mulheres em Magdala tenham elaborado unguentos medicinais, cosméticos e até mesmo corantes para pintar paredes".

"Também imaginamos que elas tenham vendido este tipo de coisas no mercado", disse Zapata-Meza. “Eu as imagino andando pelas ruas carregando as ânforas de água ou de vinho, imagino que elas compravam no mercado, escolhendo quais produtos levariam para casa”, acrescentou.

“Se partirmos do fato de que as fontes nos convidam a pensar em Maria Madalena em Magdala, ela deve ter realizado essas atividades”, ressaltou, embora ainda não tenham encontrado “evidências contundentes de Maria Madalena, ainda”.

Mais de 10 anos de arqueologia nas terras de Santa Maria Madalena

Zapata-Meza destacou que o trabalho que realizam na terra de Santa Maria Madalena há mais de uma década busca “entender o que as evidências arqueológicas nos dizem sobre Magdala, em primeira instância. Por exemplo, a temporalidade: é um povoado do século I. Portanto, estamos falando de um povoado que tem a ver neste caso com a vida de Jesus, de seu tempo e com a vida que ele passou na Galileia”.

“Através deste trabalho de análise, investigação e interpretação, podemos continuar falando sobre o que é Magdala e obviamente também podemos fazer uma relação entre o que nos contam os Evangelhos e a história propriamente dita da Galileia, nas diferentes épocas da ocupação de Magdala”.

"Meu objetivo não é demonstrar fé por meio da ciência", ressaltou, mas sim "contar como as pessoas viviam em Magdala durante o primeiro século e, a partir daí, poder fazer uma associação com a vida que Jesus poderia ter levado, seus discípulos, as pessoas que o seguiram, aqueles que acreditaram nele, por causa das evidências que o sítio de Magdala nos dá”.

A arqueóloga mexicana destacou que com o trabalho realizado, entenderam melhor a pesca como um trabalho importante na região na época de Jesus e também como os habitantes do local eram profundamente praticantes do judaísmo.

Para o futuro do trabalho arqueológico na região, frisou, “o mais importante é terminar alguns desenhos arqueológicos de cerâmica e de lamparinas de óleo, para poder publicar o primeiro relatório interdisciplinar com toda a informação destes primeiros anos de trabalho em Magdala”.

Com este relatório, destacou, será possível “dar uma aproximação do que agora entendemos sobre Magdala com os resultados que tivemos nestes anos”.

Esse trabalho teve um atraso devido à pandemia, mas espera-se que seja concluído em 2021.

“Se tudo for caminhando neste sentido, estaríamos retomando as escavações em Magdala em 2022, com um projeto que vai ser apresentado à Autoridade de Antiguidades que implica mais 10 anos de trabalho em Magdala para poder montar um pouco mais o quebra-cabeça da história de Magdala”, disse.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

S. ÁGUEDA, VIRGEM E MÁRTIR DE CATÂNIA

S. Águeda, Giovanni di Paolo  (© MET)

A história de Ágata se desenvolve, no século III, entre Catânia e Palermo, na Sicília, sul da Itália. As duas cidades são rivais sobre o nascimento da mártir. Segundo a sua “Passio”, deduz-se que a jovem nasceu, em 235, aos pés do Etna, no seio de uma família nobre e rica. Ainda adolescente, manifestou o desejo de consagrar-se a Deus. Com o rito da velatio, recebeu do seu Bispo o flammeum, o véu vermelho que as virgens consagradas usavam na época. Com base na tradição, ela era uma diaconisa, dedicada ao serviço da comunidade cristã. No ano 250, o edito do imperador Décio contra os cristãos desencadeou uma terrível perseguição. Em Catânia, a ordem foi duramente aplicada pelo impiedoso pro-cônsul Quinciano, que era apaixonado por Ágata.

Da fuga ao martírio

A jovem fugiu de Palermo, mas foi encontrada e reconduzida a Catânia. Levada a Quinciano, ela renunciou categoricamente. Então, o pro-cônsul decidiu aproveitar da virgindade da jovem: confiou-a a uma mulher da corte, de maus costumes, chamada Afrodisia, para educá-la às artimanhas amorosas. Mas, Ágata permaneceu fiel a Cristo, tanto que foi levada novamente a Quinciano, que decidiu submetê-la a um processo. Os Atos do Martírio de Santa Ágata descrevem o colóquio: “A qual classe social você pertence?”, pergunta-lhe Quinciano e ela lhe responde: “Não só nasci livre, mas de uma família nobre”. E Quinciano: “Mas, se você afirma ser livre e nobre, por que vive e se veste como escrava?”. “Porque sou serva de Cristo”, replica ela. Então Quinciano lhe pergunta: “Sendo realmente livre e nobre, por que quis ser escrava?”. Ágata lhe diz: “A máxima liberdade e nobreza consiste em demonstrar de ser serva de Cristo”. Quinciano retruca: “Se for assim, nós que desprezamos servir a Cristo e veneramos os deuses não temos liberdade?”. “A sua liberdade os arrasta para a escravidão, que não só os torna escravos do pecado, mas também os submete à madeira e às pedras”, afirma Ágata.

Diante de tais palavras, Quinciano exortou, mais uma vez, Ágata a renunciar a Cristo. E, para dar-lhe a possibilidade de refletir, a manda prender. No entanto, no dia seguinte, diante de uma nova rejeição, estabeleceu que a jovem fosse submetida a suplícios. Irado por vê-la enfrentar os sofrimentos com coragem, Quinciano manda torturar e arrancar seus mamilos. Depois, foi reconduzida à prisão, dolente e cheia de sangue. Mas, durante a noite, São Pedro lhe aparece e cura suas feridas. Levada de novo diante do Tribunal, Ágata rejeitou, mais uma vez, adorar os deuses e confessou ter sida curada por Jesus Cristo. Irritado com a sua coragem, apesar das torturas, Quinciano manda submetê-la aos carvões incandescentes, vestida apenas com o véu vermelho como esposa de Cristo.

Sua morte abala Catânia

“Enquanto a ordem do pro-Cônsul era executada, o lugar, - onde o santo Corpo da virgem era assado, - tremeu... toda a cidade de Catânia também foi abalada pela veemência do terremoto. Por isso, os habitantes foram às pressas até o Tribunal e começaram gritar, correndo um grande risco, pelos tremendos tormentos infligidos à santa serva de Deus”. Então, Ágata foi tirada dos carvões ardentes, com seu véu vermelho ainda íntegro, “e levada novamente para a prisão, onde abriu os braços e se dirigiu ao Senhor, dizendo: ‘Senhor, que me criastes e me protegestes, desde a minha infância; na minha juventude, me fizestes agir com coragem; que me libertastes dos prazeres mundanos; que preservastes meu corpo da contaminação; que me fizestes vencer os tormentos do algoz, dos ferros, do fogo e das correntes; que me destes, entre os tormentos, a virtude da paciência, vos peço, agora, acolher o meu espírito, por que já é hora que eu deixe este mundo, segundo a vossa vontade, para gozar da vossa misericórdia’. Ao pronunciar estas palavras, já com voz fraca, na presença de muitas pessoas, entregou seu espírito”. Era o dia 5 de fevereiro de 251.

O milagre da lava

Os Atos do Martírio de Santa Ágata narram ainda: “Após um ano... o vulcão Etna entrou em erupção; como um grande incêndio e um rio ardente, o fogo desceu impetuoso, liquefazendo a terra e as pedras, rumo à cidade de Catânia”. Então, muitos se dirigiram ao túmulo de Ágata para pedir a sua intercessão para que a cidade não fosse incendiada. Seu véu foi exposto diante da lava, que milagrosamente, parou de escorrer. A fama deste prodígio fez com que Santa Ágata se tornasse a padroeira de Catânia.

Seu culto teve início no ano seguinte do seu martírio, e se difundiu rapidamente por todos os lugares. As suas relíquias são conservadas na catedral, a ela dedicada, em Catânia.

Vatican News

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 11/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 24

Assim pois, quando Moisés cresce em conhecimento, confessa que vê Deus nas trevas, isto é, que agora sabe que a Divindade, por sua própria natureza, é algo que supera todo conhecimento e toda compreensão. Moisés - disse - entrou nas trevas, onde estava Deus (Ex 20, 21). Que Deus? Aquele que fez das trevas seu esconderijo (Sal 17, 12), como disse Davi, o qual foi iniciado nos mistérios secretos no mesmo santuário. Chegando ali, Moisés recebe de novo por meio da palavra os mandamentos que recebeu por meio das trevas, para que - assim creio -, nos confirmasse os ensinamentos sobre estas coisas com o testemunho da palavra divina. Pois em primeiro lugar, a palavra divina proíbe que os homens comparem a Divindade com alguma das coisas conhecidas, porque todo conceito, elaborado pelo entendimento com uma imagem sensível para conhecer e alcançar a natureza divina, dá uma imagem falsa de Deus, e não dá a conhecer o próprio Deus. A virtude da piedade tem dois aspectos: o que concerne a Deus e o que concerne à retidão dos costumes, pois a pureza de vida é uma parte da piedade. Moisés, ao aprender em primeiro lugar o que é necessário saber a respeito de Deus, que conhecê-lo consiste em não formar nenhuma idéia dEle a partir das coisas conhecidas segundo a forma humana de conhecer, entende também a outra face da virtude, ao aprender com que modo de viver se conduz retamente a vida virtuosa. Depois disto Moisés chega à tenda não feita por mão de homem. Quem o seguirá em seu caminhar através destas realidades e em seu elevar-se a tal altura com a mente, a ele, que subindo mais e mais, se eleva constantemente acima de si mesmo em ascensão às coisas mais altas? Primeiro abandonou a base da montanha, separando-se daqueles que careciam de forças para a ascensão. Depois, tendo chegado ao alto da subida, agüenta nos ouvidos o fragor das trombetas. Depois destas coisas, penetra no santuário secreto da teognose. Porem tampouco aqui permanece quieto, mas ascende até a tenda não feita por mão de homem (Hb 9, 11). Pois quem se elevou com tais ascensões encontra aqui o término. Parece-me que a trombeta celeste, interpretada de outra forma, se converte, para quem a ouve, em guia do caminhar até o que não está feito por mão de homem. Pois a harmonia das maravilhas existentes no céu grita a sabedoria divina que resplandece no universo e proclama por meio das coisas visíveis a grande glória de Deus, conforme o que foi dito: os céus proclamam a glória de Deus (Sal 18, 2). Esta, com a claridade e sonoridade de seu ensinamento, se converte em trombeta de grande voz, como disse um dos profetas: o céu fez soar a trombeta no alto (Eclo 45, 20). Quem purificou o ouvido do coração e o tornou sensível, depois de acolher este som - refiro-me ao que se origina da contemplação dos seres e que leva ao conhecimento do poder divino -, é guiado por ele até penetrar com o pensamento ali onde está Deus. Isto é chamado trevas pela Escritura, para indicar, como dissemos, o incognoscível e o invisível; tendo chegado ali vê aquela tenda não feita por mão de homem e mediante uma imitação material a dá a conhecer aos que estão abaixo.

Capítulo 25

Como era, pois, aquela tenda não feita por mão de homem, que foi mostrada a Moisés no alto da montanha, recebendo ordem de tomá-la como modelo para dar a conhecer, através de uma obra feita a mão, a maravilha não feita por mão de homem? Olha - disse - farás todas as coisas conforme o modelo que te foi mostrado na montanha (Ex 25, 40). Colunas de ouro apoiadas em bases de prata e adornadas também com capitéis de prata. Depois outras colunas cujos capitéis e cujas bases eram de bronze e o corpo do meio de prata. Todas tinham um suporte de madeira incorruptível e em toda sua volta se espalhava o resplendor próprio destes materiais de construção. Havia também uma arca de ouro puríssimo, que resplandecia do mesmo modo; o apoio do revestimento de ouro era também de madeira incorruptível. Alem disso um candelabro: único em sua base, mas dividido no alto em sete braços e sustentando em seus braços igual número de lâmpadas. Ouro era a matéria do candelabro, e seu interior não era oco, nem estava chapeado na madeira. Alem destas coisas, o altar, o expiatório e os querubins cujas asas davam sombra à arca (Hb 9, 5). Todas estas coisas eram de ouro; o ouro não só dava o brilho de ouro à superfície, mas era ouro maciço que estava inclusive no interior dos objetos. Havia ainda tapetes de diversas cores, tecidos com arte, com flores diversas abrindo-se entrelaçadas entre si como adorno do tecido. Com estes tapetes se separava o que, na tenda, era visível e acessível para alguns ministros sagrados, e o que estava vedado e era inacessível. O nome da parte anterior era o Santo, e o da parte secreta Santo dos Santos (Ex 26, 33). Enfim havia pias, incensários, a cobertura exterior das tendas, e tecidos de crinas e peles tingidas de vermelho; e todas as outras coisas que Moisés expôs com palavras (Ex 30, 18). Quem poderia compreendê-las com exatidão? Que realidades não feitas por mão de homem estas coisas imitam? Que proveito recebem os que vêem a imitação material daquelas coisas que foram contempladas ali por Moisés? Parece-me oportuno deixar a interpretação exata destas coisas a quem tem o poder de investigar as profundezas de Deus por meio do Espírito (1Co 2, 10), se há alguém que possa manifestar os mistérios no Espírito, como diz o Apóstolo (1Co 14, 2). De nossa parte, propomos hipoteticamente nossa interpretação destes assuntos, e a submetemos ao bom sentido de quem a ouça, deixando sua aceitação ou seu repúdio ao parecer de quem a examine.

Capítulo 26

Posto que Paulo nos revela em parte o mistério contido nestas coisas, tomando quanto já se disse como simples ponto de partida, dizemos agora que Moisés foi instruído profeticamente, em figuras, sobre o mistério da tenda que abrange o universo. Esta tenda é Cristo, força de Deus e sabedoria de Deus (1Co 1, 24), cuja própria natureza não é feita por mão de homem, mas que permitiu ser feito, quando foi conveniente que este tabernáculo fosse construído entre nós. Assim esta tenda é de certa forma incriada e criada: incriada em sua preexistência; vem a ser criada ao receber esta existência material.

 ECCLESIA Brasil

Marta, Maria e Lázaro ganham dia litúrgico próprio

Public Domain

Santos irmãos de Betânia, amigos de Jesus serão celebrados em 29 de julho.

Marta, Maria e Lázaro ganham dia litúrgico próprio: a memória dos três irmãos de Betânia, amigos de Jesus, passará a ser celebrada conjuntamente no dia 29 de julho, conforme decreto da Congregação para o Culto Divino que o Papa Francisco promulgou nesta semana.

Quem assina o decreto são o prefeito dessa congregação, cardeal Robert Sarah, e seu secretário, dom Arturo Roche. O documento estabelece que esta memória constará em todos os calendários e livros litúrgicos para a celebração da Missa e da Liturgia das Horas, cabendo às conferências episcopais, com aprovação vaticana, traduzir as variações e acréscimos nos devidos textos litúrgicos.

Sobre os três irmãos santos, o decreto afirma:

“Na casa de Betânia, o Senhor Jesus experimentou o espírito de família e a amizade de Marta, de Maria e de Lázaro. Por isso, o Evangelho de São João afirma que Ele os amava. Marta ofereceu-Lhe generosamente hospitalidade, Maria ouviu atentamente as Suas palavras e Lázaro saiu de imediato do sepulcro a convite d’Aquele que aniquilou a morte”.

Marta, Maria e Lázaro ganham dia litúrgico próprio

O texto também recorda que, durante séculos, perdurou a incerteza quanto à identidade dessa Maria, pois o nome é comum a outras mulheres mencionadas nos Evangelhos. Foi por esta razão que somente Santa Marta havia sido inscrita no Calendário Romano em 29 de julho.

O Papa Francisco decidiu inscrever a memória dos Santos Marta, Maria e Lázaro no calendário Romano Geral por considerar de grande importância o “testemunho evangélico dos três irmãos, que ofereceram ao Senhor Jesus a hospitalidade da sua casa, prestando-lhe uma atenção dedicada e acreditando que Ele é a ressurreição e a vida”.

Aleteia

O Papa participa do 1º Dia Internacional da Fraternidade Humana

Dia Internacional da Fraternidade Humana
https://youtu.be/mB0_r6JNhvA

O Santo Padre irá comemorar o Dia Internacional da Fraternidade Humana num encontro virtual neste dia 4 de fevereiro, data estabelecida pela ONU para esta nova ocasião anual. Junto com o Papa, o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb. O evento, que terá lugar em Abu Dhabi, contará com a presença do Xeque Mohammed Bin Zayed. Acompanhe ao vivo com o Vatican News!

Vatican News

O Papa Francisco irá celebrar o Dia Internacional da Fraternidade Humana nesta quinta-feira, 4 de fevereiro, em evento virtual organizado pelo Xeque Mohammed bin Zayed em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, com a participação do Grão Imame de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb; do Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres; e de outras personalidades. Na mesma ocasião, será atribuído o Prêmio Zayed para a Fraternidade Humana, prêmio este inspirado no Documento sobre a Fraternidade Humana.

Resposta ao apelo do Papa

O Cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso sublinha: "Esta celebração responde ao apelo claro que o Papa Francisco tem lançado a toda a humanidade para construir um presente de paz no encontro com o outro. Em outubro de 2020, esse convite tornou-se ainda mais vívido com a Encíclica Fratelli tutti. Estas reuniões são um modo de alcançar a verdadeira amizade social, como o Santo Padre nos pede," acrescentou.

A data não é uma coincidência. No dia 4 de fevereiro de 2019, durante a visita apostólica do Papa aos Emirados Árabes Unidos, juntamente com o Grão Imame de Al-Azhar (Cairo), Ahmad Al-Tayyeb, foi assinado o Documento sobre a fraternidade humana para a paz mundial e a convivência comum. Sua Santidade o Papa e o Grão Imame passaram quase meio ano a elaborar este Documento, até os dois o anunciarem, em conjunto, durante a citada visita histórica.

Comitê Supremo para a Fraternidade Humana

Alguns meses depois estabeleceu-se o Comitê Supremo para a Fraternidade Humana para traduzir as aspirações do Documento em compromissos duradouros e ações concretas para fomentar a fraternidade, solidariedade, o respeito e a compreensão mútua. O Comitê Supremo está planejando uma Casa da Família Abraâmica, que contempla uma sinagoga, uma igreja e uma mesquita na ilha Saadiyat, Abu Dhabi.

Constituiu-se também um júri independente para receber as nomeações para o Prêmio Zayed para a Fraternidade Humana e selecionar os vencedores, cujo trabalho demonstre um compromisso ao longo da vida em prol da Fraternidade Humana. O prêmio de 2021 será atribuído em 4 de fevereiro.

Decisão da ONU

Em 21 de dezembro de 2020, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou unanimemente o dia 4 de fevereiro, Dia Internacional da Fraternidade Humana. "Nesta fase decisiva da história humana, estamos numa encruzilhada: por um lado, a fraternidade universal na qual a humanidade se regozija, por outro, uma miséria aguda que incrementará o sofrimento e a privação das pessoas”, sublinhou o Juiz Mohamed Mahmoud Abdel Salam, Secretário Geral do Comitê Supremo para Fraternidade Humana.

Encorajamento do Papa

O Papa Francisco encorajou a Santa Sé a participar na celebração do Dia Internacional da Fraternidade Humana, sob a liderança do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. Na edição de janeiro do Vídeo “A serviço da fraternidade humana,” o Santo Padre realça a importância de nos concentrarmos no que é essencial para a fé de todas as fés: adoração a Deus e amor ao próximo. "A Fraternidade leva-nos a abrirmo-nos ao Pai de todos e a ver no outro um irmão, uma irmã, com quem partilhar a vida ou apoiar-se mutuamente para amar, para conhecer”, enfatiza, no vídeo, o Papa Francisco.

Sobre o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso

O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso foi instituído em 1964 pelo Papa Paulo VI, com o objetivo de trabalhar sobre as relações e o diálogo entre a Igreja Católica e os fiéis de outras religiões. Atualmente é presidido pelo Cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot. Entre as suas principais atividades, colabora com bispos e conferências episcopais em assuntos relacionados com o diálogo inter-religioso; realiza reuniões, visitas e conferências com líderes de outras religiões; e publica vários materiais para promover o diálogo entre diferentes credos.

Sobre o Comitê Supremo para a Fraternidade Humana

O Comitê Supremo para a Fraternidade Humana é composto por diferentes líderes religiosos internacionais, intelectuais e líderes culturais que foram inspirados pelo Documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum de 2019 e que se dedicam a partilhar a sua mensagem de compreensão mútua e paz. O seu principal trabalho é agir concretamente, de acordo com as aspirações do Documento sobre a Fraternidade Humana e disseminar os valores de respeito mútuo e coexistência pacífica. Atualmente, o seu Secretário Geral é o Juiz Mohamed Mahmoud Abdel Salam.

Como acompanhar o evento

O encontro e a cerimônia de premiação serão difundidas em streaming, em várias línguas, têm início às 14:30 (Hora de Roma), 10h30 (Hora do Brasil), através do Vatican News, o portal de informação multimédia da Santa Sé, e transmitidas pela Media do Vaticano.

Vatican News

27 bispos faleceram em janeiro

Bispos católicos / Crédito: Daniel Ibañez – ACI Prensa

Roma, 04 fev. 21 / 09:00 am (ACI).- O site GCatholic.org, que fornece informação completa sobre as mudanças dentro da Igreja Católica, assinalou que em janeiro de 2021 faleceram 27 bispos em todo o mundo, um dos números mais altos dos últimos anos em um único mês.

Em uma tabela comparativa, o site detalha que as mortes de janeiro de 2021 superam as mortes ocorridas em junho e dezembro do ano passado, meses que se seguem em mortalidade de bispos com 21 e 23 mortes respectivamente.

Entre os prelados que morreram em janeiro de 2021 estão dois cardeais: o Cardeal Eusébio Oscar Scheid, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro; e o Cardeal Henri Schwery, da Suíça.

Os bispos latino-americanos falecidos são: Dom Guillermo Rodríguez Melgarejo (Argentina), Dom Cástor Oswaldo Azuaje Pérez (Venezuela), Dom Luis Adriano Piedrahíta Sandoval (Colômbia), Dom Francisco Daniel Rivera Sánchez (México) e Dom Rafael Gallardo García (México).

Nos Estados Unidos, faleceu Dom Vincent Michael Rizzotto, que serviu como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Galveston-Houston de 2001 a 2006.

Do mesmo modo, faleceram bispos na Polônia, China, Filipinas, Inglaterra, Itália, Espanha, Romênia, Escócia, Líbano, Zâmbia, África do Sul, Papua Nova Guiné, Uganda e Austrália.

Embora vários bispos da lista tenham morrido devido à idade ou diferentes tipos de doença, entre 8 e 15 de janeiro, informou-se que nove bispos de três continentes faleceram em decorrência do coronavírus. Estes tinham entre 53 e 91 anos. Cinco dos bispos morreram na Europa, onde uma nova cepa de Covid-19 levou muitos países a implementar mais restrições.

Entre os bispos latino-americanos que morreram de Covid-19 na primeira quinzena de janeiro estão o Cardeal Scheid; o Bispo de Santa Marta (Colômbia), Dom Piedrahita; e o Bispo de Trujillo (Venezuela) Dom Azuaje.

Hoje, o número total de casos de Covid-19 no mundo chega a 103.377.424 milhões de pessoas, o que já custou a vida a 2.236.454 milhões de pessoas.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Diocese de Santiago de Cabo Verde completa 488 anos desde a sua criação

Cardeal D. Arlindo Gomes Furtado, Bispo de Santiago de Cabo Verde 

Uma Missa de acção de graças na tarde deste Domingo, 31 de janeiro, na pró-catedral de Nossa Senhora da Graça e presidida pelo Cardeal e Bispo Dom Arlindo Furtado marcou as celebrações dos 488 anos da criação da Diocese de Santiago.

Rádio Nova – Cabo Verde

Durante a homilia, Dom Arlindo Furtado falou das circunstâncias em que a Diocese foi criada, engrandeceu o facto de quase 500 anos depois a Igreja continuar cada vez mais viva em Cabo Verde.  

Dom Arlindo Furtado aproveitou para pedir ao Padroeiro Santiago Menor que continue a proteger a Igreja e todo o povo de Deus.

A Diocese de Santiago de Cabo Verde foi criada em 31 de janeiro de 1533, pelo Papa Clemente VII, com a Bula “Pro Excelenti” e o seu 1º Bispo Dom Brás Neto, O.F.M. (1533-1538)

Pela diocese já passaram um total de 34 bispos, sendo o primeiro de origem cabo-verdiana, (após a independência), o falecido Dom Paulino Livramento Évora, C.S.Sp. (1975-2009). O actual Bispo é Dom Arlindo Gomes Furtado (desde 2009).

Ainda em Cabo Verde, os Sacerdotes da Diocese de Santiago estão reunidos em retiro no Seminário de São José, na Cidade da Praia. O encontro começou este Domingo e prolonga-se até sexta feira próxima.

A informação foi avançada pelo Pároco de Nossa Senhora da Graça. Padre Edson Bettencourt indica que por estes dias as missas na Paróquia vão ser asseguradas com o apoio dos Padres Capuchinhos.

O encontro deverá contar com a participação de todos os padres diocesanos de todas as paróquias da Diocese de Santiago que integra as ilhas de Santiago, Maio, Fogo e Brava – informa a Rádio Nova de Maria, Emissora Cristã de Cabo Verde.

Vatican News

O Sangue de Cristo a curou e ela leva esta devoção a muitas pessoas

Raquel Carpenter com seu livro

REDAÇÃO CENTRAL, 03 fev. 21 / 06:00 pm (ACI).- Raquel Carpenter é fundadora da Comunidade Católica Água Viva, em Vila Velha (ES), e viveu a experiência de ser curada pelo Sangue de Cristo, devoção que transmite a muitas pessoas por meio das atividades dessa nova comunidade, bem como através de seu livro “O Poder do Sangue de Jesus”.

Em seu livro com pouco mais de 150 páginas, Raquel reconstrói a própria experiência com a devoção do Sangue de Jesus, contando aos leitores o processo pessoal de entrega que levou ao desaparecimento de uma doença autoimune grave, o Lúpus, um prognóstico que a medicina convencional não explica.

E foi justamente no momento da enfermidade que esta devoção entrou na vida de Raquel. Conforme contou em entrevista à ACI Digital, ela não conhecia esta devoção. Entretanto, ressaltou, “no momento mais difícil da enfermidade eu entendi o poder curativo do Sangue de Cristo”.

Segundo ela, o contato com o Sangue de Jesus lhe proporcionou a “experiência de uma nova conversão” em sua vida.

“Uma vez, escutei o testemunho de uma pessoa que tinha um problema no sangue e contou que, ao comungar, ela clamava ao Sangue de Jesus, pedindo que trocasse o sangue impuro dela pelo Dele”, contou Raquel, destacando que esta pessoa não só foi curada, como também exames mostraram que o seu tipo sanguíneo mudou “de O para AB”.

Vale ressaltar que análises feitas por pesquisadores de milagres eucarísticos indicam que o tipo sanguíneo de Jesus seria AB.

Nesse sentido, Raquel disse que tal testemunho despertou nela “algo que particularmente não trazia: a certeza da força de cura do Sangue de Jesus, pois pouco se fala disso”.

“Na época, estava tomando mais de 40 medicações, fazendo pulsoterapia (administração de doses elevadas de medicamentos por via endovenosa, durante um curto período de tempo). Não tinha mais o que fazer”, recordou.

Foi então que começou “a clamar diariamente o Sangue de Jesus”. “Nas minhas crises de dor, ao clamar o Sangue de Jesus, as dores diminuíam ou chegavam mesmo a praticamente parar”, relatou.

Segundo Raquel, em suas dores, fazia pequenos clamores jaculatórios, os quais, depois de sua cura e diante de vários pedidos, redigiu e transformou no Terço do Sangue de Jesus. Esta oração começou a ser rezada na Comunidade Água Viva e logo se espalhou.

Além disso, nesta época, Raquel ganhou um livro com vários testemunhos sobre o poder do Sangue de Jesus, com relatos inclusive de curas.

Após ser curada, Raquel Carpenter foi convidada a escrever o livro com sua história e, embora não se visse como autora, aceitou. De acordo com ela, o que pesou em sua decisão foi o fato de a devoção do Sangue de Jesus ter chegado à sua vida através de um testemunho e um livro.

“Sei o quanto isso fez diferença na minha vida e este foi o maior impulso para aceitar escrever o livro”, disse, acrescentando que, com esta obra, pretende possibilitar que “as pessoas entendam que podem ser curadas pelo Sangue de Jesus”. “E, se a pessoa não abrir o seu coração, Deus não pode fazer nada”, completou.

O livro foi lançado em julho de 2020 e, em menos de um ano, já alcançou um grande número de leitores. “Em um mês batemos um recorde”, sublinhou a autora, assinalando que “tem sido uma experiência forte e gratificante”, pois divulga o “poder do Sangue de Jesus”.

“Tivemos vários testemunhos, inclusive de curas de câncer e tumores”, contou, acrescentando que recebe relatos de “experiências fortes e sobrenaturais, muitos milagres”.

Além do testemunho de Raquel, o livro “O Poder do Sangue de Jesus” também conduz o leitor às práticas devocionais, contendo o Terço do Precioso Sangue de Jesus, as Gotas do Sangue de Jesus, Novena, Ladainha, Via-Sacra, Louvor, entre outras orações relacionadas. Em nove capítulos, o leitor encontra os ensinamentos e os recursos necessários para se dedicar à devoção, aproximando-se das incontáveis graças dedicadas ao Sangue de Cristo.

O livro tem sido, inclusive, usado pela autora como instrumento na condução das orações realizadas nas lives do Sangue de Jesus e que estão reunindo uma multidão de seguidores, diariamente, às 21h, no canal da Comunidade Água Viva, no Youtube, bem como no Facebook e no Instagram.

Para adquiri o livro “O Poder do Sangue de Jesus”, acesse AQUI.

ACI Digital

Santo André Corsini

S. André Corsini | ArqSP
04 de fevereiro

Santo André Corsini

Um sonho anunciou o inicio da vida religiosa de Santo André Corsini, outro sonho anunciou seu fim. O primeiro quem o teve foi sua mãe. O outro, que lhe indicou a data da morte, sonhou ele próprio. André nasceu em Florença, na Itália, em 1301, filho de família nobre e famosa. Antes de o dar à luz, sua mãe sonhou que seu filho nascia lobo, mas se transformava em cordeiro ao entrar numa igreja carmelita.

Até os dezessete anos André viveu sem preocupações morais ou espirituais, cercado de vícios e dando seguidos desgostos aos pais. Com essa idade, ao encontrar a mãe chorando por tudo que ele aprontava, André percebeu que estava no caminho errado. Ela lhe contou sobre o sonho e o rapaz, caindo em si, chorou com ela e prometeu se corrigir.

Prometeu e cumpriu, procurou uma igreja carmelita, iniciou-se na Ordem e começou nova vida. Concluiu os estudos religiosos em Paris, ordenou-se sacerdote e, ainda em vida, operou vários prodígios, portador que era do dom da cura e da profecia. Curou um tumor maligno que ameaçava levar um primo para a morte e previu o destino de um menino, que batizou.

Seus feitos o levaram a ser nomeado bispo de Fiesoli, em Florença, Itália. No entanto, ele recusou o cargo e se escondeu para não ter de assumi-lo. Mas, uma criança de apenas seis anos revelou seu esconderijo, dizendo ser a vontade de Deus que ele encabeçasse a diocese e, assim, o convenceu a aceitar essa tarefa apostólica.

Durante os anos em que ali atuou, foi amado pelo povo e respeitado pelas autoridades. André conseguiu apaziguar divergências mortais entre inimigos e até aproximar a aristocracia e o povo, missão que recebeu do Papa Urbano V e desempenhou com louvor.

Na noite de Natal de 1372 teve um desmaio e recebeu, em sonho, a notícia de que morreria em 6 de janeiro. A partir daí foi dominado por uma febre que não mais o deixou até que a profecia se cumpriu.

Foi sepultado na igreja dos Carmelitas de Florença, onde suas relíquias podem ser veneradas, ainda hoje. Santo André Corsini é o padroeiro da cidade de Florença e a Igreja designou o dia 04 de fevereiro para a sua festa litúrgica.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 10/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 22

A narração conduz nossa consideração, uma vez mais, ao mais alto da virtude em uma contínua subida. Aquele que foi fortalecido pelo alimento, e mostrou sua força na luta corpo a corpo com os inimigos, e venceu seus oponentes, é levado agora àquele inefável conhecimento de Deus, àquela teognosia. A narração nos ensina com isto, quais e quantas coisas é necessário ter chegado a bom termo na vida para nos atrevermos a nos aproximar, com o pensamento, da montanha da teognosia, suportar o fragor das trombetas, penetrar nas trevas onde está Deus, gravar nas tábuas os divinos mandamentos e se, por causa do pecado, se quebrarem aquelas tábuas, apresentar de novo a Deus as tábuas polidas a mão, para que os caracteres que foram destruídos nas primeiras sejam desenhados novamente pelo dedo divino. Talvez seja melhor adaptar nosso conhecimento à interpretação espiritual, seguindo passo a passo a ordem da narração. Quem segue Moisés e a nuvem, pois ambos servem de guia aos que avançam na virtude, Moisés representaria aqui os preceitos da Lei, e a nuvem a interpretação espiritual da Lei que nos serve de guia, quem com mente purificada na passagem da água depois de haver matado e apartado de si o que era estrangeiro experimentou a água de Mara, isto é, a água da vida afastada dos prazeres, a qual primeiro parece amarga e sem sabor aos que a experimentam, porem regala com uma sensação doce a quem aceitou o lenho; quem depois disto se deleitou com a beleza das palmeiras e das fontes evangélicas e da água viva (Jo 4, 11) que é a pedra; quem foi saciado recebendo em si mesmo o pão do céu (Jo 6, 32) e lutou valentemente contra os estrangeiros, cuja vitória foi causada pelas mãos levantadas do Legislador que prefiguram o mistério da cruz, este é levado à contemplação da natureza que tudo transcende. O caminho que o conduz a este conhecimento é a limpeza, não só do corpo, purificado com algumas aspersões, mas também a das vestes, lavadas de toda mancha com água. Isto significa que é necessário que quem está a ponto de ascender à contemplação dos seres esteja completamente limpo, de forma que seja puro e sem mancha na alma e no corpo, havendo lavado as manchas igualmente de uma e de outro. Assim apareceremos puros a quem vê o secreto (Mt 6, 4) e o decoro exterior estará de acordo com a disposição interna da alma. Por ordem de Deus, as vestes são lavadas antes de subir a montanha (Ex 19, 10), indicando-nos com o simbolismo das vestimentas o decoro exterior da vida. Com efeito, ninguém diria que uma mancha exterior do vestido se converte em obstáculo para a subida de quem se aproxima de Deus, a menos que com vestido se aluda convenientemente - penso - ao exterior das ocupações desta vida. Feito isto, e havendo afastado da montanha o mais possível o rebanho dos irracionais, Moisés empreende a ascensão aos mais altos conhecimentos (Ex 19, 13). O não ter permitido a nenhum ser irracional aparecer na montanha significa, a meu ver, que na contemplação das realidades espirituais se transcende o conhecimento que provem da sensibilidade. De fato, é próprio dos seres irracionais deixar-se guiar pelos sentidos sem refletir. O sentido da visão é o guia dos sentidos; muitas vezes o ouvido desperta o impulso para alguma coisa. Todas as coisas através das quais se ativa a sensibilidade, têm um amplo espaço nos irracionais. Ao contrário, a contemplação de Deus não tem lugar nem no âmbito do que se vê, nem no âmbito do que se ouve. Não se prende e nenhum dos conceitos habituais. Nem o olho viu, nem o ouvido ouviu. Não consiste em nenhuma das coisas que ordinariamente sobem até o coração do homem (1Co 2, 9). Quem tenta ascender ao conhecimento das coisas do alto, deve limpar previamente seus costumes de todo impulso sensível e irracional, purificar qualquer opinião proveniente de um preconceito anterior ao pensamento, e afastar-se da relação ordinária com a própria companheira, isto é, com a sensibilidade que, de certa forma, está unida a nossa natureza como esposa e companheira. E purificado dela, enfrentar assim a montanha.

Capítulo 23

A montanha verdadeiramente escarpada e de difícil acesso designa o conhecimento de Deus: a teologia. A turba apenas alcança chegar trabalhosamente até sua base. Porem, se se trata de algum Moisés, talvez suba um grande trecho, suportando no ouvido o fragor das trombetas que, como diz o texto da narração, se faz mais forte quanto mais se avança (Ex 19, 19). Efetivamente, a pregação em torno da natureza divina é trombeta que golpeia o ouvido; parece já forte no começo, se faz maior e mais forte para o ouvido nas etapas finais. A Lei e os profetas proclamaram o mistério divino da Encarnação, porem as primeiras vozes eram muito débeis para alcançar os ouvidos dos indóceis. Por esta razão, a dureza de ouvidos dos judeus não percebeu o som das trombetas. Ao avançar, as trombetas, como diz o relato, se fazem mais fortes. Os últimos sons, emitidos através das pregações evangélicas, golpeiam os ouvidos pois, através destes instrumentos, o Espírito ressoou com maior clareza para aqueles que vieram depois, e produziram um ruído mais vigoroso. Os instrumentos que clamam no Espírito são os profetas e os apóstolos. Como diz a salmodia, seu clamor chegou a toda a terra e suas palavras aos confins do mundo (Sal 18, 5). Que a multidão não tenha podido suportar a voz que vinha do alto e tenha encarregado Moisés de conhecer por si mesmo os mistérios ocultos e comunicar ao povo a doutrina que houvesse aprendido através do ensinamento divino (Ex 19, 23-24), também isto está entre as coisas praticadas na Igreja: nem todos se lançam à compreensão dos mistérios mas elegem entre eles quem possa perceber as coisas divinas, prestam-lhe ouvidos confiantemente e tomam como digno de fé tudo quanto ouçam aqueles que tiverem sido iniciados nos mistérios divinos. Não todos - diz - são apóstolos, nem todos profetas (1Co 12, 29). Isto não está sendo observado muito hoje nas igrejas. Muitos que têm necessidade de se purificar de ações passadas, sem lavar-se e ainda com manchas em torno de suas vidas, colocando ante si mesmos a irracionalidade do sensível, cometem a ousadia de tentar a divina ascensão. Daí serem apedrejados por seus próprios raciocínios. Com efeito, as opiniões heréticas são realmente pedras que matam o próprio inventor de doutrinas perversas. Que significa o fato de Moisés penetrar as trevas e nelas ver Deus? O que se narra aqui parece contrário à primeira teofania (Ex 20, 21). Pois então a divindade foi vista na luz; agora, nas trevas. Não pensemos que isto destoa quanto à coerência com o que consideramos em nossa interpretação espiritual. Através disto, o texto nos ensina que o conhecimento da piedade, no começo, se faz luz em quem o recebe. De fato, concebemos como trevas o contrário da piedade, e o afastamento das trevas é produzido pela participação na luz. Mas a seguir a mente, avançando na compreensão do conhecimento dos seres mediante uma atenção sempre maior e mais perfeita, quanto mais avança na contemplação, tanto mais percebe que a natureza divina é invisível. Em conseqüência, abandonando tudo o que é visível, não só tudo o que está no campo da sensibilidade, mas também tudo quanto a inteligência parece ver, marcha sempre para o que está mais oculto, até penetrar, com o trabalho intenso da inteligência, no invisível e incompreensível, e ali vê Deus. Nisto consiste o verdadeiro conhecimento do que buscamos, em ver no não ver, pois o que buscamos transcende todo o conhecimento, totalmente circundado pela incompreensibilidade como por trevas. Por esta razão disse o elevado João que esteve nas trevas luminosas: A Deus nunca ninguém viu (Jo 1, 18), definindo com esta negação que o conhecimento da essência divina é inacessível não só aos homens, senão também a toda natureza intelectual.

ECCLESIA Brasil

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF