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quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

ESPIRITUALIDADE: Amor sem limites (Parte 9/19)

Capa: Fragmentos de um ícone de meados de
século XVII atribuído a Emanuel Lombardos.

Um Monge da Igreja do Oriente

AMOR SEM LIMITES

Tradução para o português:
Pe. André Sperandio

Ecclesia

18. Violento anúncio

O amor sem limites força as portas. É possível que eu houvesse esperado por uma espécie de coexistência pacífica com Deus. Talvez eu me tivesse acreditado mais ou menos "em ordem" com o que é da alma e me sentisse mais ou menos tranquilo. Talvez eu imaginasse um "entardecer" da vida sereno e feliz.

E eis que todas as previsões vêm abaixo por um anúncio divino. Deus me pede algo que eu não esperava, em absoluto. É como o anúncio de um filho não desejado.

Atender a esta exigência, tomar esta decisão que custa tanto..., por quê? Tudo parecia ir tão bem!

É preciso ainda incertezas, novas ansiedades? Reviver as vicissitudes do primeiro chamado, já tão distante? Devo, novamente, deixar o país habitual sem saber para onde Deus irá me conduzir?

Essas coisas, não as tenho dito a Deus, mas pensado nelas. Certamente, eu não disse "não" ao Senhor, mas eu lhe dei uma resposta que equivale a uma rejeição respeitosa: "Que o homem que eu sou siga assim vivendo diante de ti!"

O homem que eu sou ... Este homem representa um estado presente, uma situação bem definida, um conjunto de coisas em que estou instalado, talvez um relacionamento com Deus que me pareçe suficientemente bom. O que mais desejar?

O amor sem limites quer fazer uma irrupção em minha vida. Vem perturbar o que existe. Desbaratar o que parecia estável e abrir horizontes novos ... horizontes sobre os quais eu ainda não havia sequer pensado.

Vou rejeitá-lo? Empreenderei a fuga ante o anúncio que me faz? Se eu recusar, talvez me torne um estranho a todo o amor. Porém, o amor sobre o qual me fixarei será um amor relativo e limitado.

Será a rejeição do amor absoluto e de suas audácias. Será um lago estagnado em vez do alto mar.

Senhor-amor: quebra tu mesmo os laços que me impedem e me retêm. Eu já não voltarei a ti, ribeira demasiado familiar. Senhor-amor, que viva ante ti o homem que serei!

19. O incoordenável

Filho meu, não te deixarei tranquilo. Quero ensinar-te a superação. É bom que estejas satisfeito com a beleza harmoniosa. Mas deves descobrir este despreendimento que te faz vislumbrar o que é sublime.

Não blasfemarás contra a inteligência. Eu sou o princípio e o fim do pensamento. Mas não quero prender-te para sempre aos lentos rigores da reflexão. Quisera dar-te a visão...!

Sê obediente e piedoso. Estas coisas sobre as quais se zomba tanto nos dias de hoje. Mas eu não quero que te acostumes a uma moral ou piedade confortável. Quero inspirar-te o sacrifício.

Reconheces a distância que há entre teu Deus e tu mesmo. E isto é correto. Mas, tenha cuidado para não medir essa distância para manter-te estritamente na atitude do menor esforço.

Filho meu, quero revelar-te dia após dia o Deus feito homem, o teu Senhor-amor que se faz carne, que se faz a tua carne.

Assumindo, sem se misturar, a natureza humana, fazendo-se um de nós sem deixar de ser ele mesmo, é assim como o amor sem limites rompe os limites de maneira suprema.

® NARCEA, S.A. EDIÇÕES
Dr. Federico Rubio e Galí, 9. 28039 - Madrid
® EDITIONS ET LIBRAIRIE DE CHEVETOGNE Bélgica
Título original: Amour sans limite
Tradução (para o espanhol): CARLOS CASTRO CUBELLS
Tradução para o português: Pe. André Sperandio
Capa: Fragmento de um ícone de meados de século XVII atribuída a Emanuel lombardos
ISBN: 84-277-0758-4
Depósito Legal: M-26455-1987
Impressão: Notigraf, S. A. San Dalmácio, 8. 28021 - Madrid

Fonte: https://www.ecclesia.org.br/

Pesquisa nos EUA mostra novos padres mais conservadores do que há 20 anos

Priest collar/ Foto: Shutterstock

WASHINGTON DC, 30 nov. 21 / 03:16 pm (ACI).- Uma nova pesquisa mostra uma visão mais "pessimista" da Igreja Católica e um maior conservadorismo teológico entre os padres americanos de hoje, comparados aos de 2002.

O Levantamento de Padres Católicos Americanos (SACP, na sigla em inglês) fez 54 perguntas a 1.036 padres.

"Se a história importante do SACP tivesse que ser resumida brevemente seria: notáveis mudanças conservadoras entre os padres americanos ao longo das últimas duas décadas, junto com uma guinada para o pessimismo sobre o estado atual e a trajetória da Igreja Católica na América", diz o relatório da pesquisa, divulgada no dia 1º de novembro. 

Sobre política, os padres pesquisados descreveram-se como "conservadores" em taxas muito maiores do que os pesquisados em 2002, dizem os investigadores.

A porcentagem de padres que consideram os padres mais jovens como "muito mais conservadores" do que os padres mais velhos, aumentou de 29% em 2002 para 44% agora.

Para acompanhar as mudanças nas respostas ao longo do tempo, o inquérito reutilizou perguntas de uma sondagem de 2002 sobre padres católicos realizada pelo jornal Los Angeles Times, e perguntas de uma sondagem sobre padres feita em 1970.

Os padres foram contactados no final de 2020 através de duas listas não-relacionadas de email: uma fornecida pelo Diretório Católico Oficial e outra fornecida por uma ONG católica que não foi identificada. Apesar da amostra ser pequena, os pesquisadores dizem que os resultados das duas listas de correio eletrônico são "bastante semelhantes" entre si.

Os padres foram classificados segundo a visão política que declarama e com base no ano de ordenação.

Brad Vermurlen, um dos autores da pesquisa e sociólogo da Universidade do Texas em Austin, escreveu num artigo anunciando o estudo que os investigadores observaram um "grupo relativamente conservador de sacerdotes ordenados antes de 1960" seguida de "homens mais permissivos ou liberais ordenados para o sacerdócio nas décadas de 1960 e 70".

"Depois dos grupos permissivos, há um movimento constante em direção a visões mais conservadoras em cada grupo sucessivo. Os padres ordenados desde o ano 2000 tendem a ser os mais conservadores", escreveu Vermurlen.

Os padres da pesquisa recente são, em média, menos a favor do diaconato feminino, menos a favor de mulheres ordenadas como padres, e menos favoráveis à ideia de padres casados em comparação com a pesquisa de 2002.

Satisfação

Embora os padres de hoje sejam ligeiramente menos susceptíveis a deixar o sacerdócio do que em 2002, a "satisfação com a vida" dos padres é, no conjunto, menor: 72,1% dos padres em 2002 diziam-se "muito satisfeitos" com a vida de padre, contra 62% agora.

"Ao mesmo tempo que os padres se tornaram mais conservadores de várias formas, sua percepção do estado atual da Igreja Católica na América teve uma virada pessimista, com uma maioria de padres agora dizendo que as coisas na Igreja ‘não são tão boas’ - e isto aplica-se a todo o espectro político", dizem os pesquisadores.

Ortodoxia

A medida da "ortodoxia" usada na pesquisa era se os padres acreditam que a fé em Jesus Cristo é o "único caminho para a salvação".

Catecismo da Igreja Católica ensina no número 846 que "toda a salvação vem de Cristo-Cabeça pela Igreja que é o seu Corpo", e observa que o próprio Jesus afirmou explicitamente a necessidade da fé e do Batismo.

No parágrafo seguinte, o catecismo diz que “também podem conseguir a salvação eterna aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, no entanto procuram Deus com um coração sincero e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a sua vontade conhecida através do que a consciência lhes dita»

Os sacerdotes em 2021 são, em geral, ligeiramente mais propensos a afirmar a crença de que a fé em Jesus Cristo é o "único caminho para a salvação" do que os sacerdotes em 2002, mas há diferenças acentuadas entre as diferentes convicções políticas.

Entre os padres que se identificaram como "muito liberais", quase 40% "discordaram fortemente" da afirmação de que o único caminho para a salvação é através da fé em Jesus Cristo. No outro extremo do espectro, entre os padres "muito conservadores", 82% disseram que "concordavam fortemente".

Moralidade

Para avaliar as opiniões sobre moralidade entre os padres, a pesquisa pergunta aos padres sua opinião sobre seis atos que a Igreja ensina serem pecaminoso: sexo fora do casamento; aborto; uso de anticoncepcionais por casais casados; atos homossexuais; suicídio para aliviar o sofrimento, e masturbação.

Os investigadores concluíram que os padres em 2021 tinham mais probabilidades do que os seus homólogos de 2002 de dizer que cada uma destas seis atividades era pecaminosa.

Avaliação do papa Francisco

Os investigadores também perguntaram sobre a aprovação do papa Francisco por parte dos padres. Descobriram que os padres ordenados em anos mais recentes têm menos probabilidade de aprovar a forma como o papa Francisco exerce suas funções.

"No último grupo de sacerdotes, ordenados em 2010 ou mais tarde, apenas 20% 'aprovam fortemente' o papa e quase metade (49,8%) desaprovam 'de certa forma' ou 'fortemente'".

A Igreja melhorando ou piorando?

Sobre a "trajetória" da Igreja Católica nos EUA os padres avaliam a Igreja como "não tão boa" em todo o espectro político. Para os pequisadores, o pessimismo parece ser um "efeito de período", significando que "há algo no início da década de 2020 claramente diferente de 2002, gerando estas mudanças".

Uma das razões para o aumento do pessimismo dos padres pode ser "a vida espiritual e moral dos leigos católicos". Só 22% dos padres acham que "a maioria" dos leigos vive os ensinamentos da Igreja sobre questões morais, como a sexualidade, um decréscimo de 30% em relação a 2002.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Síria: outra guerra esquecida

Damasco | Vatican News

Quando os meios de comunicação social falam hoje da Síria, falam sobretudo dos migrantes, dos milhares de pessoas que fogem do país em crise, arriscando as suas vidas por caminhos incertos, em busca de uma vida melhor. O Vatican News gostaria de chamar a atenção para a situação no país atormentado por dez anos de guerra, e que foi seguida por uma crise econômica sem precedentes. Começamos a viagem com uma entrevista com o cardeal Mario Zenari, núncio apostólico na Síria.

Vatican News

Em Damasco, a vida parece normal, o trânsito é o de uma grande cidade do Oriente Médio, as pessoas estão ocupadas em chegar ao trabalho, os mercados estão bem abastecidos, as lojas são numerosas. Mas o que se vê é apenas uma vitrina que não reflete necessariamente a realidade. Após anos de guerra, embora a guerra ainda não tenha terminado e os combates continuem na província de Idlib, no norte do país, a crise econômica colocou à dura prova os cidadãos. Todos os cidadãos. A classe média praticamente desapareceu, encontrando-se 'pobre' da noite para o dia. Para se ter uma ideia da situação, alguns números são suficientes: o salário médio de um funcionário do Estado é de cerca de 75.000 libras sírias. Um único quilo de leite em pó para crianças custa 12.000 liras. Um tanque cheio de combustível custa 20.000 liras. Condições que levaram 90 por cento da população a viver abaixo da linha de pobreza e roubaram a esperança a 17 milhões de sírios.

Precisamente sobre esta esperança perdida responde o cardeal Mario Zenari, núncio apostólico na Síria.

Síria | Vatican News

O senhor viveu treze anos na Síria, no período mais difícil. Agora, no país, em grande parte a guerra acabou, mas não há mais esperança...

Isto surpreende-me muito e entristece-me muito ver que a esperança está morrendo. Claro que vi com muita dor pessoas morrerem, mesmo crianças, durante a guerra, mas depois de todo este sofrimento, as pessoas ainda tinham alguma esperança; disseram que mais cedo ou mais tarde a guerra acabaria e que poderiam começar a trabalhar de novo, ter algum dinheiro, talvez reparar as suas casas e recomeçar uma vida normal. Infelizmente, isto não está acontecendo. Em muitas partes da Síria não caem mais bombas, porém explodiu uma bomba terrível que, sem fazer qualquer barulho, ataca inexoravelmente. Segundo as estatísticas das Nações Unidas, cerca de 90% da população é obrigada a viver abaixo da linha da pobreza. E devido à perda de esperança, muitos jovens tentam partir e deixar a Síria para encontrar uma acolhida e um futuro, uma vida melhor em outros países, e por isso esta é também uma vergonha que se abateu sobre a Síria progressivamente privada das suas melhores forças, porque aqueles que emigram são jovens e jovens qualificados.

Cardeal Mario Zenari | Vatican News

À guerra seguiu-se uma crise econômica e as sanções internacionais. Existe hoje algum sinal de que as sanções estão chegando ao fim?

Tentamos manter a esperança, ainda se deveremos enfrentar dias difíceis pela frente. Certamente, esta situação irá terminar um dia. Mas podemos ver que a reconstrução e a recuperação econômica ainda não deram quaisquer sinais; pelo contrário, os sinais são, infelizmente, de um muro contra muro. Isto deve-se, em particular, às sanções internacionais e depois há também outras causas que contribuem para o mal-estar da Síria, tais como a crescente corrupção e, em alguns casos, ao mau governo. Depois a crise libanesa eclodiu e atingiu gravemente a Síria; a pandemia se alastrou e com ela outras crises mundiais. Assim, outra desgraça que atingiu a Síria foi a de ter sido abandonada. Enquanto há alguns anos, eu tinha pedidos de entrevistas de todo o mundo, nos últimos dois anos, ninguém mais perguntou sobre a Síria. Disseram-me que as notícias sobre a Síria já não vendem jornalisticamente, e isto é outra vergonha para o país. Assim, agradeço a todas as agências, especialmente às nossas agências católicas e cristãs que vêm à Síria para ver, para falar sobre a situação no país, e para garantir que a Síria não é esquecida, para tentar manter viva a esperança tanto quanto possível.

Síria | Vatican News

O senhor é núncio em Damasco há 13 anos, por isso conhece todas as partes envolvidas, conhece muitos representantes políticos, mas também representantes de outras nações presentes aqui na Síria. Neste contexto, qual é o compromisso da diplomacia da Santa Sé?

Encontro vários embaixadores que estão presentes aqui, embora não haja muitos na Síria. Também me encontro com representantes da União Europeia residentes no Líbano, mas eles vêm de vez em quando, e depois sempre que vou à Europa, a Itália, tento falar com as várias embaixadas e as principais embaixadas acreditadas junto à Santa Sé para chamar a atenção para esta situação. Uma situação de pobreza e de mal-estar que não pode continuar, que deve ser resolvida, começando pelo grave problema das sanções; derrubar estes muros porque o que vejo são muros, e pelo que posso vislumbrar um pouco - porque só a crítica não é suficiente - seria necessário, na minha humilde opinião, tentar quase forçar as três principais capitais a dar alguns passos e alguns gestos de boa vontade. Quando falo das três capitais, quero dizer que a comunidade internacional deve agir sobre Damasco, Washington e Bruxelas para que cada uma delas dê sinais de boa vontade, para que as sanções possam ser levantadas e a reconstrução e recuperação econômica possam recomeçar. Estes são pequenos passos, mas caso contrário iremos avante muro contra muro. Quem sofre é o povo, o povo pobre. As estatísticas mostram que 90% da população é obrigada a viver abaixo da linha da pobreza. Há alguns dias, o Programa Alimentar Mundial (PAM) apresentou estatísticas igualmente impressionantes e tristes: mais de 12 milhões de sírios, ou 60% da população, vivem numa situação de insegurança alimentar.

Eminência, no próximo mês de março, também a convite do Papa Francisco para caminhar em direção ao Sínodo, convocará todos os bispos e agências caritativas presentes na Síria. O tema é a sinodalidade, mas falará também da coordenação dos vários compromissos da Igreja em apoio à população?

Desde o início do conflito, tenho tentado encorajar uma certa coordenação entre as várias agências que aqui vieram imediatamente para ajudar com boa vontade e grande generosidade. Percebi já dez anos atrás que havia necessidade de alguma coordenação, pelo menos para nos conhecermos uns aos outros, para saber quem fazia o quê. Mas ainda não encontrei uma maneira. E agora que o Papa convidou toda a Igreja, e por conseguinte também a Igreja síria, a trabalhar, a caminhar em conjunto sinodalmente, penso que um gesto muito bonito seria o de crescer no serviço da caridade sinodalmente, ou seja, toda a Igreja em conjunto. Assim, o cardeal Leonardo Sandri (Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais) que aqui esteve há algumas semanas e visitou todo o país, propôs aos bispos que fizessem um balanço sinodalmente do serviço de caridade, que, como costumo dizer, é bem servido aqui por várias organizações que trabalham generosamente. Mas há também a necessidade de se reunir com outros para coordenar. Os bispos tiveram muito prazer em aceitar uma conferência de três dias nos dias 15, 16 e 17 de março. Toda a Igreja Síria participará: bispos, clero, religiosos e religiosas, leigos envolvidos, especialmente ao serviço da caridade, e todas as agências sírias e internacionais que estão trabalhando. Isto é muito importante. Em dez anos trabalhamos bem, mas cada um com as suas próprias forças, por isso o tema do Sínodo sobre a sinodalidade de caminhar junto à Igreja, é uma ocasião muito bonita e oportuna, para caminharmos juntos neste serviço à caridade, num momento tão difícil para a Síria.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Beato Charles de Foucauld

B. Charles de Foucauld | arquisp
01 de dezembro

Beato Charles de Foucauld

Charles de Foucauld nasceu em Strasburg, na França, em 15 de setembro 1858. Era descendente de família nobre, de tradição militar. Aos doze anos, morava com o avô, pois já era órfão. Aos dezesseis anos, Charles escolheu a carreira militar e, ao final dos estudos nas melhores escolas militares, era um subtenente do exército francês. Foi uma época repleta de entusiasmos, crises e desvios, que o levaram a abandonar a fé. Entregava-se, facilmente, a prazeres e amores libertinos, escandalizando a cidade. Porém sentia necessidade de preencher sua vida tão vazia e sem rumo.

Em 1883, Charles deixou o exército e viajou para o Marrocos, na África. Ele conhecia a Argélia e tinha fascínio pelo país que conhecera como oficial francês. Disfarçou-se de um rabino pobre, vivendo entre as comunidades judaicas, organizando mapas e esboços dos lugares por onde passava. Esse trabalho lhe conferiu uma medalha de ouro oferecida pela Sociedade Francesa de Geografia.

Desde a saída do exército começou a mudança de vida. Com grande apoio dos parentes e de seu conselheiro espiritual, retornou à fé cristã, que o arrebatou de vez. Em 1890, Charles decidiu viver apenas para servir a Deus. Ingressou como noviço num mosteiro trapista de Nossa Senhora das Neves, onde ficou por alguns anos. Mas a mesa farta e a disciplina pouco rígida, como ele próprio concluiu, não produzia monges "tão pobres quanto o Senhor Jesus". Decidiu procurar um estilo de vida que se assemelhasse à humildade de Jesus.

Abandonou o mosteiro e foi à Terra Santa. Lá, sentiu-se mais próximo de Jesus e adotou a vida de pobreza total. Foi aceito no Mosteiro das irmãs clarissas de Nazaré, trabalhando nos serviços gerais. Em 1900, retornou a Paris e completou os estudos no Mosteiro de Nossa Senhora das Neves; recebeu a ordenação sacerdotal e voltou à África. Mas agora com uma nova missão: levar os ensinamentos de Cristo àqueles povos que não o conheciam.

Padre Charles desembarcou em Argel, capital da Argélia, em 1901 e rumou para o sul, bem próximo dos muçulmanos. Em pouco tempo, tornou-se um verdadeiro eremita e muito querido pela população local. Mas seu objetivo maior era ir para o Marrocos, evangelizar a terra dos muçulmanos. Contatou amigos tuaregues, espécie de nômades do deserto, para obter ajuda no seguimento da missão. Intensificou o estudo da língua nativa daqueles povos. Em 1904, já havia traduzido os quatro evangelhos na língua dos tuaregues, além de um dicionário tuaregue-francês. Estava estabelecido no povoado de Tamanrasset, era amigo do chefe dos tuaregues e tinha construído uma pequena cabana para viver, depois transformada no seu eremitério.

Em 1912, estourou a guerra entre a Turquia e a Itália. A tensão entre as tribos tuaregues aumentava. Embora o eremitério de Charles parecesse uma fortaleza, não era suficiente para protegê-lo. No dia 1o de dezembro de 1916, ele foi brutalmente assassinado com um tiro na cabeça, por um adolescente de quinze anos, durante uma tentativa de seqüestro e roubo naquele local.

O exemplo de Charles de Foucauld jamais foi esquecido. Em 1933, seus seguidores fundaram a união dos Irmãozinhos de Jesus, em sua homenagem. Mais tarde, em 1939, uma congregação feminina foi fundada com o mesmo nome. Ambas adotaram o estilo de vida que ele sugerira. A obra continuou a florescer e atingiu o alvorecer do terceiro milênio com mais de dez famílias de religiosos e leigos que seguem o seu carisma, espalhadas em missões em todos os continentes, especialmente no africano. A Santa Sé considerou "venerável" Charles de Foucauld, em 2001 e em 13 de novembro de 2005 o papa João Paulo II o declarou Bem-aventurado.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Santo Elói

S. Elói | arquisp
01 de dezembro

Santo Elói ou Elígio

Bispo, escultor, modelista, marceneiro e ourives, Elói ou Elígio foi um artista e religioso completo. Nasceu na cidade de Chaptelat, perto de Limoges, em 588, na França. Seus pais, de origem franco-italiana, eram modestos camponeses cristãos com princípios rígidos de honestidade e lealdade, transmitidos com eficiência ao filho. Com sabedoria e muito sacrifício, fizeram questão que ele estudasse, pois sua única herança seria uma profissão.

Assim foi que, na juventude, Elói ingressou na escola de ourives de Limoges, a mais conceituada da Europa da época e respeitada ainda hoje. Ao se formar mestre da profissão, já era afamado pela competência, integridade e honestidade. Tinha alma de monge e de artista, fugia dos gastos com jogos e diversões. tudo dispendia com os pobres. Levava uma vida austera e de oração meditativa, ganhando o apelido de "o Monge". Conta-se que sua fama chegou à Corte e aos ouvidos do rei Clotário II, em Paris. Ele decidiu contratar Elói para fazer um trono de ouro e lhe deu a quantidade do metal que julgava ser suficiente. Mas, com aquela quantidade, Elói fez dois tronos e entregou ambos ao rei. Admirado com a honestidade do artista, ele o convidou para ser guardião e administrador do tesouro real. Assim, foi residir na Corte, em Paris.

Elói assumiu o cargo e também o de mestre dos ourives do rei. E assim se manteve mesmo depois da morte do soberano. Quando o herdeiro real assumiu o trono, como Dagoberto II, quis manter Elói na corte como seu colaborador, pois lhe tinha grande estima. Logo o nomeou um de seus conselheiros e embaixador, devido à confiança em suas virtudes.

Elói também realizou obras de arte importantes, como o túmulo de são Martinho de Tours, o mausoléu de são Dionísio em Paris, o cálice de Cheles e outros trabalhos artísticos de cunho religioso. Além disso, e acima de tudo, Elói era um homem religioso, não lhe faltou inspiração para grandes obras beneméritas e na arte de dedicar-se ao próximo, em especial aos pobres e abandonados. O dinheiro que recebia pelos trabalhos na Corte, usava-o todo para resgatar prisioneiros de guerra, fundar e reconstruir mosteiros masculinos e femininos, igrejas e para contribuir com outras tantas obras para o bem estar espiritual e material dos mais necessitados. Em 639, o rei Dagoberto II morreu. Elói, então, ingressou para a vida religiosa.

Dois anos depois, era consagrado bispo de Noyon, na região de Flandres. Foi uma existência totalmente empenhada na campanha da evangelização e reevangelização, no norte da França, Holanda e Alemanha, onde se tornou um dos principais protagonistas e se revelou um grande e zeloso pastor a serviço da Igreja de Cristo.

Durante os últimos dezenove anos de sua vida, Elói evitou o luxo e viveu na pobreza e na piedade. Foi um incansável exemplo de humildade, caridade e mortificação. A região de sua diocese estava entregue ao paganismo e à idolatria. Com as pregações de Elói e suas visitas a todas as paróquias, o povo foi se convertendo até que, um dia, todos estavam batizados.

Morreu no dia 1o de dezembro de 660, na Holanda, durante uma missão evangelizadora. A história da sua vida e santidade se espalhou rapidamente por toda a França, Itália, Holanda e Alemanha, graças ao seu amigo bispo Aldoeno que escreveu sua biografia.

A Igreja o canonizou e autorizou o seu culto, um dos mais antigos da cristandade. A festa de santo Elói ou Elígio, padroeiro dos joalheiros e ourives, ocorre na data de sua morte. Entretanto ele é celebrado também como padroeiro dos cuteleiros, ferreiros, ferramenteiros, celeiros, comerciantes de cavalos, carreteiros, cocheiros, garagistas e metalúrgicos.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

terça-feira, 30 de novembro de 2021

O Papa: catequista, missão insubstituível na transmissão da fé

O Papa Francisco e os catequistas | Vatican News

"Ser catequista significa que a pessoa "é catequista", não que "trabalha como catequista". É todo um modo de ser, e são necessários bons catequistas, que sejam ao mesmo tempo companheiros e pedagogos", diz Francisco.

https://youtu.be/SUg50tQmUBo

Vatican News

No último vídeo 2021 com a intenção de oração para o mês de dezembro, o Papa Francisco dedica sua mensagem "aos catequistas e às catequistas", agradecendo-lhes "pelo entusiasmo interior com que vivem esta missão a serviço da Igreja".

Os catequistas têm uma missão insubstituível na transmissão e no aprofundamento da fé. O ministério laical do catequista é uma vocação, é uma missão. Ser catequista significa que a pessoa "é catequista", não que "trabalha como catequista". É todo um modo de ser, e são necessários bons catequistas, que sejam ao mesmo tempo companheiros e pedagogos.

Nestes tempos em que o mundo passa por tantas mudanças, Francisco agradece pelo entusiasmo dos batizados que, com esforço e alegria constantes, transmitem a fé, encorajando-os a continuar anunciando o Evangelho "com sua vida, com mansidão, com uma linguagem nova e abrindo novos caminhos". "Em tantas dioceses, em tantos continentes, a evangelização está fundamentalmente nas mãos de um catequista", diz ainda o Papa no vídeo.

Rezemos juntos pelos catequistas, chamados a anunciar a Palavra de Deus, para que a testemunhem com coragem, com criatividade, com a força do Espírito Santo, com alegria e com muita paz.

Em maio deste ano, Francisco deu grande importância aos catequistas, ao instituir seu ministério laical por meio do Motu Proprio Antiquum ministerium. Agora, no final de 2021, o Santo Padre ratifica esta forma de serviço que se manteve ao longo da história da Igreja.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

ESPIRITUALIDADE: Amor sem limites (Parte 8/19)

Capa : Fragmento de um ícone de meados de
século XVII atribuído a Emanuel Lombardos

Um Monge da Igreja do Oriente

AMOR SEM LIMITES

Tradução para o português:
Pe. André Sperandio

Ecclesia

16. O amanhecer!

Combatestes durante toda a noite com o anjo? Lutaste com o amor sem limites, não o deixando ir até que tivesse te concedido a bênção?

Teu desejo violento de possuir amor, ou melhor, de ser possuído pelo amor, foi atendido? E, nesse momento, para que não te esqueçeste de tua condição, o amor te infligiu sua incurável ferida?

Atravessaste o remanso que do "eu separado" conduz ao "eu" que se abre e se oferece? Encontraste depois o teu irmão e reconheceste em seu rosto o rosto de Deus? Selaste este reconhecimento com um beijo?

Recebeste o «ephetha» (abre-te) divino, a abertura, e disseste: "Que, de agora em diante, o mundo inteiro esteja em meu coração"?

Se tudo isso aconteceu, o verdadeiro sol, de que o sol aparente não é senão uma sombra grosseira, amanheceu para ti. O sol do amor ilumina para ti um outro caminho, uma nova jornada.

17. Tu és amado!

Filho meu, esta palavra que eu te dirijo te introduz no centro mesmo da sarça ardente. Tu já não estás no limiar do mistério. Tu és amado. Estas três palavras, se queres verdadeiramente recebê-las, podem mudar e transformar toda a tua vida.

Tu és amado. É preciso começar pelo princípio. É necessário colocar em primeiro lugar o meu amor pelos homens, o meu amor sem limites. O amor do homem por Deus não é senão a resposta ao meu amor. Eu sou o primeiro que amei. Sou sempre eu quem toma a iniciativa.

Como poderias me amar se não tivesses alcançado primeiro a revelação do amor que eu tenho por ti? Tu precisas, num certo momento, sentir, como um choque, o amor apaixonado que eu te ofereço. Se queres anunciar o Evangelho, deves ir primeiro aos homens dizendo simplesmente a cada um: "Tu és amado". Tudo vem daí; este é o ponto de partida.

O que significa amar quando é Deus quem ama, Deus, o amor essencial? Todo o amor é movimento de um ser para outro, com o desejo de uma certa união. As orientações deste movimento, suas modalidades, suas variantes são inumeráveis. Transitam do menos que humano para o mais que humano. Mas sempre há uma tendência para a união, desejo de união, seja possessivo, seja sacrificial.

Meu amor pelos homens é um movimento de mim em direção a eles, não simplesmente para que eu seja conhecido por eles ou para, de alguma forma, ser imitado por eles, mas para unir-me a eles, para me entregar a eles.

Meu amor, o amor, em sua essência, incorruptível, o amor sem limites, nunca está totalmente ausente. Deus não está jamais ausente. Às vezes, o amor apenas parece existente, é quase imperceptível, recoberto pelo ódio, por perversões de todos os tipos, por uma camada de brutalidade instintiva. Porém, eu trabalho através de tudo. O amor mais deformado, faço-o capaz de elevar-se até a doação consciente e total. O amor tem muitos aspectos. Mas há apenas um único amor.

Tu és amado. Existe um lugar para uma insignificante pessoa na chama da sarça ardente? Uma alma, uma pessoa a que eu amo não é insignificante. Tu és amado. És tu quem és amado. Aprofunda o valor deste "tu". Não estou enunciando aqui uma afirmação geral. Eu não falo neste momento a uma coletividade. Eu não digo: "Vós sois amados".

É verdade que todos vós, criados por meu amor, todos, em um sentido muito exato, me são muito caros a mim. Sois os membros de um mesmo corpo que é o meu corpo. Mas aqui, filho meu, falo a uma pessoa, a ti mesmo. E eu te chamo por um nome que eu não dou a mais ninguém.

Sim, eu te chamo com um nome secreto. Desde toda a eternidade reservei para ti este nome. É um nome diferente daquele que os homens usam para te chamar. É um nome escrito em uma pedra branca que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe, se estiver atento ao dom.

A cada um de vós, no pensamento divino, lhe foi concedido descobrir e deixar claro aos outros uma faceta diferente do único diamante. Tu és uma faceta. Seja o que for que a vida tenha feito de ti, tu és um dos aspectos, um aspecto diferente do vínculo que une cada homem com o amor pessoal. Tu és um raio do amor, uma emanação do amor, mesmo que o raio pareça quebrado.

Mas com que amor tu és amado? Não digo: "Tu foste amado". Também não digo: "Tu serás amado". Eu não te amei apenas ontem ou antes de ontem. Também não será amanhã ou depois de amanhã que te amarei. É hoje, agora, neste mesmo instante, és amado.

Este é o caso de cada homem. Tu ficas assombrado e me perguntas: "É verdade? Em todos os casos?" Sim, em todos os casos. E continuas: "Senhor, como é possível? Quem peca contra ti, poderá, neste mesmo momento, ser amado por ti?" Sim, filho meu. Se eu não seguisse amando aquele que peca, poderia eu deixá-lo subsistir diante de mim? O amor está sentado como um mendigo na porta daquele que não o ama. Espera. Esperará. A duração da minha espera excede todas as expectativas humanas. Não procuro atravessar o mistério. E, quem poderá me separar do meu querido pecador?

Olha pois, filho meu, com que amor és amado. Eu não te digo que és imensamente amado, muito amado, amado mais ou menos que outro. Tu já ouviste dizer que eu amo alguns e que odeio outros, que eu amo em diferentes graus. Tive, eu mesmo, que falar aos homens e de forma humana, na linguagem humana, em um estilo educativo, com pobres palavras humanas incapazes de expressar as realidades divinas. Porém, no meu amor indivisível não há nem "mais" nem "menos". Meu amor é pura qualidade. Não há nada quantitativo, nada mensurável. A todos é oferecido em sua plenitude. Não posso amar senão divinamente, isto é, totalmente, me dando completamente. São os homens que se abrem mais ou menos, ou se fecham ao amor.

Vou usar uma imagem. O amor divino é semelhante a uma pressão atmosférica que circunda, encerra cada ser e pesa sobre ele. Sitia a cada homem e quer conquistá-lo. Tente encontrar uma abertura, encontrar o caminho que leva ao coração e lhe permita penetrar por todas as partes. A diferença entre o pecador e o santo é que o pecador fecha o seu coração ao amor, enquanto o santo se abre a este amor. Porém, trata-se do mesmo amor, a mesma pressão. Um rejeita, o outro acolhe. Não há aceitação sem uma graça, mas essa graça não se mede.

Filho meu, eu te digo mais uma vez: eu amo particularmente cada um de vós, simultânea e completamente, e de uma maneira distinta. Eu amo a cada um de vós de maneira única. Aqui há lugar para intenções e dilecções divinas, graças, chamados, eleições que não se parecem nem se confundem uns com os outros.

A ti, filho meu, eu te amo de maneira diferente de todos os outros. Te amo com um amor incomparável, único, que não foi dado a ninguém. Eu te amo com um amor incomparável e único. teus pecados podem até ferir o amor que eu tenho por ti. Mas eles não podem diminuí-lo.

Poderia eu dizer que amo o homem "com todo meu coração"? Essas palavras aplicam-se mal a Deus, pois elas contêm algo ainda quantitativo. Meu coração não tem uma totalidade, nem uma metade ou um terço. É sem limites. O amor que vem do homem tem limites porque o homem é uma criatura finita.

No entanto, filho meu, tu podes falar de "todo o coração" divino de um modo simbólico. Isso significaria que o amor se aproxima de ti sem restrições, com sua imensidão, sua infinitude, sua absolutividade. Cada um de vós, cada criatura, cada grão de areia, cada ser registrado no microscópio é amado por mim. Crês nisso?

Filho meu, tu és, neste exato momento, um ponto de aplicação do amor sem limites no universo. Eu, teu Deus, teu Senhor, estou inclinado, voltado para ti. O ser divino está, de alguma modo, concentrado em ti como em qualquer existência, como se tu foste o único diante dos meus olhos.

Há neste pensamento, nesta realidade, algo para embriagar-te, para comover-te. Tu és amado. Repita esta palavra e alimenta-te dela.

Recebe minha declaração de amor com uma alegre humildade, uma alegre confiança, e então a tua alma seguirá cantando.

® NARCEA, S.A. EDIÇÕES
Dr. Federico Rubio e Galí, 9. 28039 - Madrid
® EDITIONS ET LIBRAIRIE DE CHEVETOGNE Bélgica
Título original: Amour sans limite
Tradução (para o espanhol): CARLOS CASTRO CUBELLS
Tradução para o português: Pe. André Sperandio
Capa: Fragmento de um ícone de meados de século XVII atribuída a Emanuel lombardos
ISBN: 84-277-0758-4
Depósito Legal: M-26455-1987
Impressão: Notigraf, S. A. San Dalmácio, 8. 28021 - Madrid

Fonte: https://www.ecclesia.org.br/

Por que os padres vestiam preto durante o Advento na Idade Média

Public Domain | New York Public Library
Por Philip Kosloski

Antes que o roxo se tornasse a cor oficial do Advento, o preto foi usado por muitos anos.

Hoje, os padres usam a cor roxa durante o Advento. Mas nem sempre foi assim. Na verdade, por alguns séculos, na Idade Média, o preto era mais comum durante o Advento.

Segundo o livro Notes on the history of the liturgical colours (“Notas sobre a história das cores litúrgicas”), o preto marcou presença do século XII ao século XV:

Na época do [Papa] Inocêncio III [1198-1216 ], o preto era a cor do Advento em Roma até a véspera de Natal. Durandus, que viveu um século depois de Inocêncio III, usava o roxo, enquanto Radulphus Dean de Tongern, que morreu em 1403, diz que o preto era usado em Roma em seus dias. Isso mostra bem que preto e o roxo eram considerados sinônimos liturgicamente.

Mas isso não era privilégio de Roma, já que o preto marcava presença durante o Advento em outros lugares até o século XVI.

Historicamente, o preto sempre remeteu ao luto, à penitência e à morte. O Advento era visto como um período de intensa preparação espiritual, em que nós morríamos para nós mesmos, para que “renascêssemos” no Natal. 

Também refletia a ideia de que o mundo estava em trevas antes da vinda de Jesus no Natal.

Roxo substitui o preto no Advento

Na edição de 1904 de The American Ecclesiastical Review, o autor explica por que o preto foi, mais tarde, substituído pelo roxo:

O preto é uma negação da cor e uma expressão peculiar de tristeza. Na Sagrada Escritura, infortúnios de todo tipo estão relacionados com a ideia de escuridão. Assim, o preto na Igreja tornou-se um símbolo do mal e da adversidade, tanto física quanto espiritual. É por esta razão que até o século XIII era usado durante as épocas de aflição e penitência. Porém, uma vez que o pecado é o único infortúnio verdadeiro na vida espiritual, não exclui absolutamente a luz da graça, o roxo tomou o lugar do preto, que foi retido na Liturgia apenas na Sexta-feira Santa.

O roxo acabou substituindo o preto no Advento, ainda refletindo um período de penitência, mas não uma cor tão forte quanto o preto.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF