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domingo, 7 de agosto de 2022

A importância dos ministérios hoje e na Igreja antiga

Igreja Primitiva | Estilo Adoração

Os ministérios são importantes na vida eclesial seja da atualidade, seja da Igreja antiga. Eles ganham o seu devido valor a partir do batismo, onde todos são o povo de Deus que assume uma vocação, um chamado do Senhor, uma missão para o bem de todos neste mundo para que um dia alcança-se a vida eterna, a casa do Pai. Tudo se expressa pelos dons do Espírito Santo que suscita graças para as pessoas servirem o povo de Deus e assim Deus Uno e Trino seja glorificado.

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

 A realidade atual recebeu maior valorização por parte da Igreja, em relação aos ministérios dos leigos, das leigas e juntamente com isso os ministérios ordenados em vista da unidade e da sinodalidade. É importante perceber a origem da palavra ministério vindo do latim ministerium cujo significado é serviço, posição, função particular e comunitária[1]. Os ministérios são importantes porque se referem a Jesus Cristo, sacerdote, profeta e pastor. Eles estão ligados à Igreja, ao povo de Deus.  É graça de o Senhor servir o povo que ele confiou aos seus ministros. Todos os ministérios possuem este fim no sentido de dar a vida como Cristo a deu por todos nós e pela humanidade. A autoridade é vista como serviço, superando a realidade do autoritarismo, do clericalismo, que a Igreja de Cristo e o Papa Francisco exortam em suas mensagens, em vista da conversão pessoal e comunitária. Nós estamos numa época de reflexão e atuação da sinodalidade porque a Igreja é chamada a um trabalho que seja mais em conjunto, na busca de numa caminhada de amor para com o povo e o louvor de Deus.

Os ministérios são valorizados pela sua procedência no batismo, crisma e a eucaristia, os sacramentos da iniciação à vida cristã. O alargamento dos ministérios é também uma realidade importante no mundo de hoje como o Papa Francisco deu aos catequistas, aos leitores, aos acólitos, às mulheres e aos homens nesta caminhada tão expressiva da Igreja. O Papa abriu mais ainda as portas para os ministérios concedidos para as pessoas batizadas. Uma Igreja ministerial é obra do Espírito Santo que suscita pessoas para o serviço do Reino de Deus, para a vida da Igreja e do mundo. O mês vocacional ajude a todos na vivência da vocação, como graça de Deus e responsabilidade humana. É importante dar uma visão à forma como os ministérios foram assumidos na Igreja antiga, vividos nas comunidades cristãs e no mundo.

O ministério dos apóstolos e dos profetas

O Livro da Didaqué, Doutrina dos doze apóstolos, século I, colocou ministérios presentes na Igreja primitiva, que era dos apóstolos e dos profetas, os quais os fiéis dariam atitudes conforme o princípio do evangelho. Todo o apóstolo recebia a acolhida como o Senhor. Entendia-se apóstolo como um serviço às pessoas no anúncio do evangelho. Ele não passaria mais de três dias na comunidade, porque seria um falso apóstolo. Ele estaria bem desprendido, levando apenas o pão até chegar a outro local. Em relação ao profeta não seria julgado, nem colocado à prova, pois ele falaria sob inspiração. No entanto o documento disse que nem todo aquele que falasse inspirado seria profeta, a não ser que vivesse como o Senhor, de modo que a comunidade reconheceria o falso e o verdadeiro profeta[2].

A escolha de bispos e de diáconos

O documento da Didaqué também falou da escolha da comunidade de bispos e de diáconos, para que fossem dignos do Senhor. Neste tempo da Igreja antiga, o povo ajudava na escolha de bispos, presbíteros e diáconos, ressaltando para que eles fossem homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados, porque eles exerceriam na comunidade, a mesma dignidade que tinham os profetas e os mestres[3].

A disputa para o episcopado

São Clemente Romano, bispo de Roma, papa século I, dirigiu-se à comunidade de Coríntios, na Grécia, a mesma que São Paulo dedicou-lhe duas cartas, afirmando que os apóstolos conheceram da parte do Senhor Jesus Cristo disputas por causa do episcopado. Alguns membros da comunidade queriam assumir esta missão. Desta forma por ocasião da morte dos apóstolos outros homens, disse São Clemente sucederam no ministério. Por justiça, estas pessoas não poderiam ser demitidas de suas funções, no caso o episcopado pela comunidade, pois eles se apresentaram de uma maneira irrepreensível e santa. As mesmas coisas foram ditas aos presbíteros, pois eles não temeriam que alguém os afastasse do lugar que lhes foi designado, como de fato ocorreu segundo São Clemente nos quais foram removidos das funções que exerciam de modo irrepreensível e honrado[4]. Na verdade demitiu a comunidade os seus ministros ordenados, como os bispos, os presbíteros e os diáconos. O motivo não foi claro, mas tudo indicou que era a disputa de poderes na comunidade cristã.

Cristo, o único Mestre

Santo Inácio de Antioquia, bispo, mártir, do século I ressaltou para todas as pessoas que tivessem algum ministério na vida eclesial, seguissem o único Mestre, Jesus Cristo, em vista da vivência do mandamento do amor. Aquele que possuísse a palavra de Jesus tinha condições de escutar também seu silêncio, a fim de ser perfeito, para realizar o que a pessoa disse. Nada estaria escondido para o Senhor, pois até os segredos das pessoas estão junto dele. Assim o bispo convidava-as para agir como se o Senhor morasse nelas, para serem de fato seus templos e o próprio Senhor dentro das pessoas, manifestando assim todo o amor humano para com o Senhor Deus[5].

Unidade com os ministros ordenados e com o povo de Deus

Santo Inácio afirmou a importância da unidade do povo de Deus com os seus ministros consagrados e estes por sua vez também com o povo a eles confiado. A obediência seria um ponto importante em relação ao bispo e ao presbitério, pelo fato de que as pessoas são chamadas a partir o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver em Jesus Cristo para sempre[6]. As pessoas fizessem as coisas na concórdia de Deus, sob a presidência do bispo, que ocuparia o lugar de Deus, dos presbíteros que estariam unidos ao colégio dos apóstolos, dos diáconos nos quais foi confiado o serviço de Jesus Cristo. Todos vivessem bem, ministros e povo de Deus na unidade de sentimentos que vinha de Deus, pelo respeito e pelo amor mútuos[7].

Os conselhos de São Policarpo

São Policarpo, bispo e mártir do século II deu conselhos diversos para o povo de Deus que se de um lado eram importantes na sua época, de outro lado eles o são ainda hoje, na atualidade. Ele disse aos esposos sobre a necessidade de caminhar na fé que lhes foi dada, no amor, na educação dos filhos, no temor de Deus[8]. O bispo também deu conselhos às viúvas para que fossem sábias na fé do Senhor e intercedessem junto a Deus, sem cessar em favor de todos. Elas seriam o altar de Deus, sabendo que para Ele nada lhes escaparia de pensamentos, sentimentos e segredos do coração humano[9]. Ele teve presentes os diáconos, pois eles seriam servidores de Deus e de Cristo. Eles fossem misericordiosos, zelosos, andando segundo a verdade do Senhor, que se tornou servidor de todos[10]. O bispo falou aos jovens para que fossem irrepreensíveis em tudo, vivendo na paz e no amor[11]. Ele também teve uma palavra importante aos presbíteros para que fossem compassivos, misericordiosos para com todos. Eles trouxessem de volta os desgarrados, visitassem os doentes, não descuidassem da viúva, do órfão, e do pobre, mas fossem sempre solícitos no bem diante de Deus e dos seres humanos[12].

Dia do sol

São Justino de Roma, padre da Igreja do século II afirmou que no dia chamado do sol, portanto o domingo, celebrava-se uma reunião de todos os que moravam nas cidades ou nos campos, e lá os fiéis liam as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas. A liturgia contemplava o AT e o NT. O presidente da celebração eucarística, no caso o bispo, fazia uma exortação e convite para que os fiéis imitassem aqueles belos exemplos. Em seguida havia as preces, e depois se ofereciam pão, vinho e água e o presidente subia até Deus uma oração e o povo exclamava amém. Em seguida o presidente distribuía os alimentos consagrados pela ação de graças e o seu envio aos ausentes pelos diáconos. Fazia-se também a coleta e era entregue ao presidente que distribuía a órfãos, viúvas, aos forasteiros, e aqueles que passassem por necessidades. Tudo era realizado no dia do sol, primeiro dia da semana, lembrando a criação do Senhor e a ressurreição de Jesus Cristo, Salvador dentre os mortos[13].

Os dons dos discípulos do Senhor

Santo Ireneu, bispo de Lião, séculos II e III afirmou a importância dos dons dos discípulos do Senhor na Igreja e no mundo. No nome de Jesus Cristo, os seus seguidores agiam para o bem das outras pessoas, conforme o dom que cada um recebeu, pela expulsão de demônios nas pessoas, outros tinham oráculos proféticos, outros impunham as mãos sobre os doentes e lhes restituíam saúde, e ainda outros faziam coisas maravilhosas. O número de carismas era grande e em nome de Jesus Cristo se distribuíam todos os dias os dons em prol das pessoas, porque como de graça de Deus receberam, de graça distribuíram (Mt 10,8)[14].

Os ministérios são importantes na vida eclesial seja da atualidade, seja da Igreja antiga. Eles ganham o seu devido valor a partir do batismo, onde todos são o povo de Deus que assume uma vocação, um chamado do Senhor, uma missão para o bem de todos neste mundo para que um dia alcança-se a vida eterna, a casa do Pai. Tudo se expressa pelos dons do Espírito Santo que suscita graças para as pessoas servirem o povo de Deus e assim Deus Uno e Trino seja glorificado.

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[1] Cfr. Ministèro. In: Il vocabolario treccani, Il Conciso. Milano, Trento, 1998, pg. 957.

[2] Cfr. Didaqué, 11,3-8. In: Padres Apostólicos. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 355.

[3] Cfr. Idem, 15,1-2, In: Idem, pg. 358.

[4] Cfr. Clemente aos Coríntios, 1-6. In: Idem, pgs. 54-55.

[5] Cfr. Inácio aos Efésios, 15,1-3. In: Idem, pg. 87.

[6] Cfr. Idem, 20,2. In: Idem, pg. 89.

[7] Cfr. Inácio aos Magnésios, 6,1-2. In: Idem, pgs. 92-93.

[8] Cfr. Policarpo aos Filipenses, 4,2. In: Idem, pg. 141.

[9] Cfr. Idem, 4,3, pg. 141.

[10] Cfr. Idem, 5,2, pg. 142.

[11] Cfr. Idem, 5,3, pg. 142.

[12] Cfr. Idem, 6,1, pgs. 142-143.

[13] Cfr. I Apologia 67, 3-7. In: Justino de Roma. São Paulo, Paulus, 1995, pgs 83-84.

[14] Cfr. Ireneu de Lião, II, 32,4.São Paulo, Paulus, 1995, pg. 235.

Santa Sé, a morte de Archie: quando um tribunal decide sobre a vida, a humanidade é derrotada

Doente no hospital | Vatican News

Dom Vincenzo Paglia interveio sobre a morte do menino inglês Archie Battersbee que faleceu no sábado (06/08) após o desligamento dos aparelhos de suporte à vida. Estava em coma desde abril depois de um desafio viral das redes sociais.

Vatican News

Após longa batalha legal, os aparelhos de suporte à vida do menino inglês Archie Battersbee foram desligados. Archie foi diagnosticado com morte cerebral em abril deste ano depois de ter ficado sem oxigenação enquanto tentava cumprir um desafio viral das redes sociais, de acordo com sua mãe. Declarado morto cerebralmente, ele foi mantido vivo artificialmente em uma clínica de Londres. Ao longo dos últimos quatro meses, os pais que são cristãos travaram uma dura batalha legal por seu filho. Sua mãe afirmou ontem que: "Ele lutou até o fim".

O tuíte da Pontifícia Academia para a Vida

Dom Vincenzo Paglia, presidente da Pontifícia Academia para a Vida, interveio sobre o assunto, assegurando suas orações pela alma do menino e por sua família através da sua conta oficial no Twitter. Também acrescentou: "Quando a vida de alguém é decidida por um tribunal de justiça, a humanidade é derrotada".

Os bispos

O bispo John Sherrington, auxiliar da diocese de Westminster e responsável pelas questões da vida para a Conferência Episcopal Católica da Inglaterra e País de Gales, falou nas últimas horas sobre a situação de Archie - que dividiu a opinião pública, lembrando os já conhecidos "casos" de Charlie Gard e Alfie Evans. "Cada passo deve reconhecer sua dignidade inerente como uma pessoa criada à imagem e semelhança de Deus. Neste momento de despedida, o processo de acompanhamento compassivo de Archie e seus pais é importante", disse o prelado.  E enfatizou "a necessidade de encontrar melhores formas de mediação através das quais pais e profissionais da saúde possam chegar a acordos comuns e evitar complexos procedimentos legais ".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Ordenação presbiteral de 9 novos padres para a Arquidiocese de Brasília

Ordenação Presbiteral 2022 | Pascom - arqbrasilia

Mais de 1500 fiéis de diversas partes do Distrito Federal estiveram presentes na Catedral Metropolitana de Brasília Nossa Senhora Aparecida na manhã deste sábado (06/08), Festa da Transfiguração do Senhor, para a ordenação presbiteral de 9 novos padres para a Arquidiocese de Brasília.

Os novos padres Áderson Miranda, Beatus Kilawe, Davide Raia, Gabriel Fonseca, José Maurício, Luiz Octávio, Marcelo Mendes, Rayan André e Reinaldo Campelo, adentraram a Catedral ladeados por seus pais e familiares, na procissão de entrada onde estavam presentes os padres da Arquidiocese de Brasília e de diversas partes do Brasil e do mundo, amigos dos ordenados, sob a presidência do Arcebispo Metropolitano de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, em sua segunda ordenação presbiteral na Capital Federal.

Em sua homilia, Dom Paulo ressaltou a festa que a Igreja celebra hoje, a Transfiguração do Senhor, lembrando que ela é uma festa iminentemente da Palavra: “A palavra de Deus quer, hoje, ir formando nosso coração, ir revelando o mistério, da mesma forma que Jesus se revelou aos discípulos.”

Aos novos padres, o Arcebispo dirigiu uma palavra de motivação para o ministério: “Nesse dia vocês estão sendo ordenados presbíteros, vocês serão considerados a Cristo para ser presença Dele, manifestando a beleza transfigurada do Senhor. A pergunta que deve ser ressoada em nosso coração é ‘como estamos manifestando a beleza de Cristo?’. A beleza de Cristo está presente na Cruz, quando olhamos a desfiguração de Jesus no lenho, ali está a beleza do servidor, daquele que entrega a vida e a dá de graça.”

Após a homilia, os ordenando-se manifestaram sua disposição de realizar aquilo que a Igreja acredita e prometeram respeito e obediência ao Arcebispo e seus sucessores. Em seguida, prostrados diante do altar, ouviram a ladainha dos Santos, onde lhes é pedido uma graça especial para este momento.

Seguindo o rito, Dom Paulo Cezar impôs suas mãos sobre a cabeça dos ordenandos e rezou a oração consacratória de onde, a partir daí, os diáconos se tornam sacerdotes para sempre. Após serem revestidos das vestes sacerdotais e receberem os sinais de seu ministério, foram acolhidos no presbitério pelos padres da Arquidiocese.

Terminado o rito de ordenação, os novos padres tomaram lugar no presbitério e, pela primeira vez, concelebraram a santo Sacrifício Eucarístico.

Fotos: Pascom Brasilia

sábado, 6 de agosto de 2022

A bela amizade entre João Paulo II e o mais importante cardeal da Polônia

fot. Instytut Prymasowski Stefana Kardynała Wyszyńskiego
Por Agnieszka Bugala

Karol Wojtyła manteve durante toda sua vida de bispo e cardeal uma tradição que demonstra o respeito que ele tinha por seu velho amigo.

O dia 3 de Agosto é uma data especial na vida do Beato Stefan Wyszyński – o dia do seu aniversário, e também o dia de sua ordenação sacerdotal. Durante muitos anos, Karol Wojtyla (João Paulo II) celebrou essa data com o antigo Primaz da Polônia.

Eram visitas alegres e muito aguardadas. Normalmente o convidado mais importante, primeiro bispo e, desde 1967, o Cardeal Wojtyla, visitava o Primaz para ser o primeiro a saudá-lo. Wojtyla era 20 anos mais novo que Wyszyński. Ele ia a Stryszawa, Bachledówka ou Fiszor, ou seja, onde quer que o Primaz da Polónia estava em seu mês de férias de verão.

Por que é que o Primaz precisava de férias?

Após a sua libertação de uma prisão comunista em 1956, o Cardeal Wyszynski ficou muito debilitado. Mesmo com saúde frágil, assumiu imediatamente as suas funções, mas era evidente que era mais lento para recuperar as suas forças.

Os médicos passaram a indicar que ele tivesse um mês completo de descanso total após um ano cheio de muito trabalho. E assim ele passava suas férias fora de Varsóvia.

No início, Wyszyński não estava convencido disso, mas verificou-se que valia a pena deixar Varsóvia durante esse período e usar o tempo para ler, conversar e rezar no silêncio das montanhas e das florestas. Descobriu que um descanso bem planejado lhe permitia regressar às suas funções com força renovada, e isto ele considerou importante.

Três endereços

Em 1960, a psicóloga Maria Okońska sugeriu que ele descansasse nas Irmãs Ressurreicionistas em Stryszawa. E assim começou a “aventura das férias” que durou até 1980.

O Primaz passou as suas férias em Stryszawa nos anos de 1960-1967, nos Padres Paulinos em Bachledówka de 1967 a 1973, e nas Irmãs Beneditinas da Santa Cruz em Gaj, perto de Wyszków, numa cabana chamada “Fiszorek”, nos anos de 1974-1978.

Passou os Verões de 1979 e 1980 em Studzieniczna, perto de Augustów. O local foi indicado por médicos, uma vez que a saúde do Wyszyński estava a deteriorar-se gravemente. A cada um destes endereços de férias, Karol Wojtyła se dirigiu a 3 de Agosto.

Stryszawa

Em Julho de 1962, a Irmã Zofia, a madre provincial, juntamente com mais de quarenta freiras em férias, organizou uma festa em homenagem ao importante cardeal polonês.

E quando o cardeal Wojtyla ia a Stryszawa, ambos passavam normalmente tempo com o breviário comum ou a falar sobre assuntos correntes da Igreja. Costumavam fazer longas caminhadas.

Bachledówka

Perto das montanhas Tatra, o Primaz hospedava-se numa cabana de madeira de dois andares chamada “Tebaida”. E era aqui que Wojtyla apareceria a 3 de Agosto. Eles visitavam os montanheses, e Wojtyla organizava jogos de voleibol em que ele próprio era o jogador principal.

O Primaz referiu-se ao cardeal Wojtyla como “o anfitrião destas áreas”. Cantavam, faziam música e liam no dialeto das terras altas da Polônia.

Em suas memórias, o cardeal Wyszynski escreveu: “O cardeal Wojtyla chegou. Tínhamos acabado recentemente o breviário na capela e estávamos à sua espera. Ele regressava de algum tipo de caminhada. Ele e sua mochila. Vagueou, pois não conseguia encontrar o seu caminho para Bachledowka. Depois, ele fez um belo discurso”.

Também registrou: “Gostamos muito da canção do velho camponês. Cantamos canções de escoteiros, canções militares, canções engraçadas e sérias”. “Esta cantoria por vezes arrasta-se muito pela noite dentro. Mais tarde ainda nos encontramos nas escadas ou no corredor. É difícil se separar. Aqui está uma canção em que o canto a solo do Cardeal sai maravilhosamente”.

© fot. Instytut Prymasowski Stefana Kardynała Wyszyńskiego
© fot. Instytut Prymasowski Stefana Kardynała Wyszyńskiego
© fot. Instytut Prymasowski Stefana Kardynała Wyszyńskiego
© fot. Instytut Prymasowski Stefana Kardynała Wyszyńskiego
© fot. Instytut Prymasowski Stefana Kardynała Wyszyńskiego
© fot. Instytut Prymasowski Stefana Kardynała Wyszyńskiego
© fot. Instytut Prymasowski Stefana Kardynała Wyszyńskiego

Fiszor

Os aniversários do cardeal Primaz da Polônia eram celebrados com muita música. Em Fiszor, os convidados sentavam-se na varanda e cantavam canções de acampamento e de escoteiros. Wojtyla cantava frequentemente a solo; gostava especialmente de uma tradicional canção local camponesa. Normalmente no dia seguinte, após a missa e o café da manhã, tinham longas conversas sobre os assuntos mais importantes e atuais da Igreja.

Em 1974, Wojtyla chegou com seus bons votos logo no final de Julho. “Sou fiel ao hábito que adquiri e todos os anos tento passar lá em minhas férias” – disse ele. E felicitou o já então idoso cardeal não apenas pelo seu aniversário de nascimento, mas também pelo 50º aniversário de ordenação sacerdotal.

“Compreendemos”, disse ele, “que Vossa Eminência queira viver este dia tanto quanto possível nas profundezas do seu próprio mistério, porque o dia da ordenação é um dia de grande mistério divino na vida de um sacerdote”.

Uma anedota da viagem de Wojtyla a Fiszorek também foi preservada e é contada com avidez pelos habitantes locais. Era o Verão de 1975, e Wojyla, já como arcebispo de Cracóvia, seguia até o Primaz sendo transportado por um motorista. Viram uma mulher idosa e Wojtyla decidiu dar-lhe carona, já que estava a escurecer.

Depois da viagem, quando finalmente chegaram a Fiszorek, descobriram que a casa da senhora estava fechada. A campainha não funcionava e a família já estava a dormir. O cardeal Wojtyla, para chamar a família da senhora idosa, teve de pular por cima da cerca e acabou cortando a mão. Comentando o incidente, o motorista disse: “É assim quando se conduz avozinhas velhas”. O cardeal respondendo-lhe brincando: “De fato, ganhei até estigmas por isso”.

fot. Instytut Prymasowski Stefana Kardynała Wyszyńskiego

Quando começou bela esta amizade?

Encontraram-se pela primeira vez em Agosto de 1958 em Varsóvia. O Primaz tinha chamado o Padre Wojtyla para informá-lo que o Papa Pio XII o tinha nomeado bispo auxiliar de Cracóvia. Stefan Wyszyński era então o arcebispo primaz.

Sabia pouco sobre o Padre Wojtyla, de Cracóvia – que era filósofo, que ensinava na Universidade Católica de Lublin, que escrevia peças de teatro e poesia. E que gostava de caminhadas de montanha e canoagem com estudantes.

E embora estivessem separados por 20 anos de vida, estavam unidos pela sua experiência de uma fé viva em Deus, pelo seu amor à Igreja e a Maria, e pela sua honestidade intelectual e busca de caminhos para o coração do homem, especialmente daqueles escravizados pelo regime comunista.

Até ao fim da sua vida, o Primaz ficou do lado de Wojtyla, e Wojtyla – embora tivesse uma opinião diferente sobre alguns assuntos – foi calorosamente leal ao Cardeal Wyszynski.

Fontes:
A. K. Zyskowska, ‘Papieskie i Prymasowskie szlaki świętego Jana Pawła II i kard. Stefana Wyszyńskiego Prymas Tysiąclecia. Feriados 1960-1980″
A. K. Zyskowska, “Highlander meetings, Bachledowka 1967-1973”

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa Francisco e a doutrina: um caminho e uma árvore

Papa Francisco Rezando Ao Lado De Uma Árvore. Foto: Revista América

Além do escopo “muito preciso”, de fato, o Papa Francisco amplia a questão, esclarecendo o significado que atribui ao “desenvolvimento de uma questão moral, um desenvolvimento teológico, digamos, ou dogmático”.

05 DE AGOSTO DE 2022

Por: Simone Varisco

(ZENIT News –  Caffe-Storia  / Roma, 08.05.2022).- «Saber que o dogma, a moral, está sempre se desenvolvendo, mas na mesma direção». Esta é a ideia expressa pelo Papa Francisco sobre o tema da doutrina ao responder a uma pergunta que lhe foi feita durante a habitual conferência de imprensa no voo de regresso da recente viagem apostólica ao Canadá. Tema: Doutrina da Igreja sobre anticoncepcionais. Mas há muito mais.

Além do escopo “muito preciso”, de fato, o Papa Francisco amplia a questão, esclarecendo o significado que atribui ao “desenvolvimento de uma questão moral, um desenvolvimento teológico, digamos, ou dogmático”. Com uma experiência extraída da tradição da Igreja: a de Vicente de Lérins, escritor cristão latino do século V, autor do Commonitorium no qual se propõe definir um método universalmente válido para distinguir a doutrina verdadeira da falsa, reconhecendo um caráter fundamental para a continuidade da tradição –o que se acreditou “em toda parte, sempre e por todos”– em progresso dogmático.

Vicente de Lérins

"Há uma regra muito clara e esclarecedora - explica o Papa -: Vicente de Lérins, no século V, era francês. Ele diz que a verdadeira doutrina, para avançar, desenvolver-se, não deve ficar quieta, ela desenvolve ut annis consolidetur, dilatetur tempore, sublimetur aetate. Ou seja, consolida-se com o tempo, dilata-se e torna-se mais firme mas sempre progredindo. É por isso que o dever dos teólogos é a pesquisa, a reflexão teológica. Você não pode fazer teologia com um "não" na sua frente. Então será o Magistério que dirá: 'Não, você foi longe demais, volte'. Mas o desenvolvimento teológico deve ser aberto, é para isso que servem os teólogos. E o Magistério deve ajudar a compreender os limites».

Como curiosa demonstração da pluralidade de abordagens, hoje ampliada pela mídia, mas que sempre caracterizou a Igreja, Vicente de Lerins - venerado como santo por católicos e ortodoxos - era um semipelagiano, ou seja, um defensor de uma doutrina sobre salvação e graça divina contrária à defendida por Agostinho de Hipona, condenado no Segundo Concílio de Orange em 529 e recuperado, séculos depois, pelo Humanismo e pelo Renascimento. Para confirmar esta variedade, basta dizer que o pensamento de Vicente de Lerins está recolhido em 1889 na Declaração de Utrecht, que sancionou o cisma das Igrejas Antigo-Católicas da Igreja Católica. "Permaneçamos fiéis ao princípio da Igreja primitiva, expresso por Vicente de Lérins na frase: 'Id teneamus, quod ubique, quod semper, quod ad omnibus creditum est,

Isso ajuda a entender como o fator discriminador, nas palavras do Papa Francisco, é que a busca da verdade e o debate se dão “em sentido eclesial, não fora, como eu disse com aquela regra de Vicente de Lérins”. Então o Magistério dirá: 'Sim, é bom', 'Não é bom'. […] Para ser claro: quando o dogma ou a moralidade se desenvolvem, tudo bem, mas nessa direção, com as três regras de Vincent de Lérins. Acho que isso está muito claro: uma Igreja que não desenvolve seu pensamento no sentido eclesial é uma Igreja que anda para trás. E esse é o problema atual, de tantos que se dizem “tradicionais”. Não, não são tradicionais, são «indietras», andam para trás, sem raízes».

Doutrina como caminho

Um caminho - ao contrário de muitos «Caminhos» - portanto tudo menos caótico, deixado aos caprichos do individualismo, dos interesses e das contingências. É antes um movimento orientado para uma direção e um eixo comum, como a multiplicidade de caminhos alternativos, mas paralelos e inevitavelmente complementares, que caracterizou os "caminhos" da Idade Média, por trás da geometria racional romana que nos parece tão moderno (não é demais enfatizar que a imobilidade da vida medieval é um mito).

Um caminho que, para Francisco, não é apenas para frente, mas também para cima. Na verdade, é o mesmo. A tradição - explica o Papa - é precisamente a raiz da inspiração para avançar na Igreja. E isso é sempre vertical. O "indietrismo" anda para trás, está sempre fechado. É importante entender bem o papel da tradição, que está sempre aberta, como as raízes da árvore, e a árvore cresce assim. […] Você tem que pensar e levar a fé e a moral adiante, e desde que vá na direção das raízes, do suco, tudo bem'. Para a frente, aberto, crescendo. Para trás, fechado, murcho. Não há meio-termo, não há espaço para a imobilidade.

Doutrina como uma árvore

“A doutrina não é algo estático”, disse o Papa em plena pandemia, numa das suas famosas homilias matinais da Casa Santa Marta, mas “cresce como crescem as árvores”. Esclarecendo, mais uma vez, que não se trata de crescer em ordem aleatória, “mas sempre na mesma direção: [a doutrina] cresce em entendimento. E o Espírito nos ajuda a crescer na compreensão da fé, a compreendê-la mais, a compreender o que a fé diz. A fé não é algo estático; a doutrina não é algo estático: ela cresce. Cresce como crescem as árvores, sempre as mesmas, mas maiores, com frutos, mas sempre as mesmas, na mesma direção. E o Espírito Santo impede que a doutrina esteja errada, impede que ela permaneça ali, sem crescer em nós. Ele nos ensinará as coisas que Jesus nos ensinou, desenvolverá em nós a compreensão do que Jesus nos ensinou,

À sua maneira, semelhante ao modelo do poliedro, recorrente no pensamento de Francisco, o da árvore é também uma imagem cara ao Papa, retomada várias vezes durante sua recente viagem ao Canadá. “É Jesus quem nos reconcilia na cruz, naquela árvore da vida, como os antigos cristãos gostavam de chamá-la”, lembra o Pontífice em seu encontro com os indígenas e a comunidade paroquial de Edmonton. “Vocês, queridos irmãos e irmãs indígenas, têm muito a ensinar sobre o significado vital da árvore que, ligada à terra por suas raízes, oxigena através de suas folhas e nos nutre com seus frutos. […] É [Jesus] quem na cruz reconcilia, recompõe o que parecia impensável e imperdoável, abraça tudo e todos».

A árvore é um paradigma da história dos povos, canadenses e outros, continuamente submetidos a processos de homologação cultural, diferentes em tipo e idade. “Sua árvore sofreu uma tragédia, que você me contou nestes dias: a do desenraizamento”, reconheceu o Papa Francisco às delegações dos povos indígenas do Canadá reunidas no Vaticano em abril passado. "A cadeia que transmitia saberes e modos de vida, em união com o território, foi rompida com a colonização." Como acontece tantas vezes, e não só no Canadá, com os diferentes tipos de colonialismo cultural e pensamento dominante. Isso nos impede de chegar às verdadeiras raízes da situação atual, para capturar não apenas seus sintomas, mas também suas causas mais profundas. Os de uma fé reduzidos a uma árvore sem frutos.

Tradução do original em língua italiana feita pelo diretor editorial de ZENIT.

Fonte: https://es.zenit.org/

Bomba atômica, holocausto de 1945: hoje, uma terrível ameaça

Em 1945 os Estados Unidos lançaram duas bombas nucleares sobre Nagasaki 
Hiroshima no Japão  (©lukszczepanski - stock.adobe.com)

Há 77 anos, de 6 a 9 de agosto de 1945, duas cidades japonesas foram destruídas por uma arma devastadora: a bomba atômica. O Secretário-geral da ONU, António Guterres, declara: "A humanidade está brincando com uma arma carregada".

Amedeo Lomonaco - Cidade do Vaticano

As cidades de Verona na Itália, Popayán na Colômbia, Kehancha no Quênia, Tambov na Rússia e Kherson na Ucrânia, tão distantes e diferentes entre si, têm algo em comum: seu número de habitantes é, mais ou menos, o mesmo da população de Hiroshima, em 1945.

Quase 255 mil pessoas viviam nesta capital portuária do Japão, quando, em 6 de agosto de 1945, uma tempestade tórrida ocorreu pelo lançamento de uma bomba atômica de urânio pela Aeronáutica Militar dos EUA. Uma tragédia, gravada na memória mundial, um testemunho também para o nosso tempo, não imune do risco de uma nova catástrofe, de outro holocausto.

Hiroshima e depois Nagasaki, outra metrópole japonesa, que experimentou o horror do poder militar atômico, não devem ser um capítulo dramático passado. Trata-se de um alerta constante, para que outras cidades não sejam alvo de uma das mais de 12.700 ogivas nucleares, espalhadas em várias regiões do mundo.

A maioria das bombas atômicas, atualmente disponíveis, são bem mais poderosas do que as utilizadas na II Guerra Mundial: podem semear morte e destruição, em poucos instantes, com consequências potenciais, bem mais impressionantes e dramáticas ao longo das décadas, comprometendo a vida de várias gerações.

A humanidade está brincando com uma arma carregada

Por ocasião da cerimônia de comemoração do 77º aniversário da bomba atômica, em Hiroshima, o Secretário da ONU, António Guterres, fez um apelo, pedindo a suspensão do aumento dos estoques de armas nucleares, alertando que, várias crises com "perigosas nuanças nucleares" estão se espalhando rapidamente pelo mundo.

Falando no Parque “Memorial da Paz de Hiroshima”, o Secretário-geral da ONU disse: "As armas nucleares não têm sentido. Após três quartos de século, devemos nos perguntar: o que aprendemos com a nuvem de cogumelo que se levantou sobre esta cidade, em 1945? Crises, com graves implicações nucleares, estão se espalhando rapidamente, do Oriente Médio à Península Coreana e à invasão russa da Ucrânia. A humanidade está brincando com uma arma carregada".

Papa: “Não se pode obter a paz com o equilíbrio do terror”

Durante seu Pontificado, o Papa Francisco recordou várias vezes: “As armas nucleares são arsenais que ameaçam a humanidade, a nossa Casa comum; não são baluartes da lógica da dissuasão, mas possíveis 'portas de um abismo’, no qual toda a família humana pode se precipitar, improvisamente”.

Francisco reiterou isso, recentemente, também em um Twitter, por ocasião da Conferência da ONU sobre a “Revisão do Tratado de não Proliferação das Armas Nucleares” (TNP), em andamento em Nova Iorque até o próximo dia 26 de agosto: “O uso de armas nucleares, bem como a sua posse, é imoral. Tentar assegurar a estabilidade e a paz, através de um falso senso de segurança e de um ‘equilíbrio do terror’, pode, inevitavelmente, causar relações nocivas entre os povos e impedir o verdadeiro diálogo".

Uma ameaça real

Maurizio Simoncelli, vice-presidente e cofundador do “Instituto de Pesquisas Internacionais, Arquivo Desarmamento” (IRIAD), disse à Rádio Vaticano - Vatican News: "Vemos, infelizmente, que o possível uso das armas atômicas está sendo contemplado nas doutrinas estratégicas dos países que possuem armas atômicas".

Dia 6 de agosto de 1945, foi lançada uma bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima, no Japão. Três dias depois, outra bomba atômica também caiu sobre Nagasaki. O que estes acontecimentos, que, aparentemente, parecem distantes de nossas vidas, podem nos dizem hoje?

“Recordam-nos que as armas nucleares não são apenas uma ameaça hipotética, mas um fato que ocorreu historicamente. Hoje, o conflito na Ucrânia é um sinal de que a bomba atômica é uma ameaça real. Vemos, infelizmente, que o possível uso das armas atômicas está sendo contemplado nas doutrinas estratégicas dos países que possuem armas atômicas. Uma eventual autodestruição da nossa civilização está sempre à espreita para nos atacar”.

A Conferência da ONU sobre a “Revisão do Tratado de não Proliferação das Amas Nucleares”, em andamento em Nova York, realiza-se em um momento crítico. O cenário mais alarmante, mas não único, diz respeito, precisamente, à guerra na Ucrânia. O conflito neste país do Leste Europeu, portanto, não é o único que causa de risco?

“Absolutamente não. Na Conferência de “Revisão de não Proliferação Nuclear”, de 2015, que ocorreu em um clima completamente diferente do atual, também não se chegou a uma decisão positiva no âmbito de um processo de desarmamento. Após 50 anos da entrada em vigor do “Tratado de não Proliferação Nuclear”, 12.700 ogivas nucleares ainda existem no mundo. Estas armas ameaçam, realmente, a vida em nosso planeta. Notamos também a uma modernização dos porta-aviões, com aeronaves cada vez mais sofisticadas, mísseis hipersônicos e a aplicação da inteligência artificial até no setor militar nuclear. É difícil imaginar que esta Conferência da ONU sobre a “Revisão de não Proliferação Nuclear” possa chegar a algum resultado positivo”.

Neste clima de tensão, a invasão russa, que começou em fevereiro, poderia levar alguns países a rever sua decisão de renunciar às armas nucleares...?

“Este poderia ser um dos efeitos desta crise. Não devemos esquecer que, no período da Guerra Fria e do desarmamento, ocorrido no início da década de 1990, a Ucrânia e outros países renunciaram às armas atômicas, que faziam parte do antigo arsenal soviético. A decisão foi tomada para que as armas atômicas não fossem usadas e que esses países não seriam ameaçados por terem aderido a um processo de desarmamento. Hoje, porém, vemos, como lição histórica, que aqueles que mantiveram suas armas nucleares o fizeram por "segurança".”

O Papa Francisco afirmou várias vezes, em seu Pontificado, que “o uso de armas nucleares, bem como a sua posse, é imoral... e o equilíbrio do terror não pode ser a garantia de um mundo pacífico...”.

“O Papa Francisco levantou, muitas vezes, sua voz contra as armas nucleares e contra as guerras. É evidente que a busca da supremacia militar, mesmo no setor nuclear, não pode ser a que trará a paz ao mundo. Quando um país ou uma coalizão de Estados tenta afirmar a supremacia militar, prepara o cenário de um mecanismo, pelo qual outros países se sentem ameaçados e, por isso, não há mais uma segurança compartilhada. Pelo contrário, há uma insegurança compartilhada, uma nova corrida aos armamentos, como, infelizmente, notamos há vários anos”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Dois anos após explosão em Beirute, Igreja católica continua trabalho solidário

Escombros da explosão de 2020 em Beirute / EU Civil Protection and
Humanitarian Aid (CC BY-NC-ND 2.0)

BEIRUTE, 05 ago. 22 / 03:42 pm (ACI).- “Hoje faz dois anos desde a explosão de Beirute. A dor permanece, mas o amor de Deus nos curará e nos libertará da escuridão”, disse a Cáritas Líbano em sua conta no Twitter ontem (4).

Caritas Lebanon

A explosão no porto de Beirute causou mais de 200 mortes, milhares de feridos e destruiu uma vasta área da capital.

A fundação pontifícia ACN, publicou um vídeo sobre o trabalho que vem fazendo em Beirute.

A fundação disse ter apoiado 67 projetos humanitários, incluindo 19 projetos de reconstrução, 23 de ajuda emergencial para famílias e 12 para subsidiar padres e freiras.

O Líbano vive atualmente a pior crise econômica em 150 anos, marcada por apagões, inflação galopante e pela pobreza e escassez de alimentos que afetam cerca de 3 milhões de pessoas.

“Pela primeira vez desde a Primeira Guerra Mundial, o povo libanês está passando por uma fome severa. Muitos dos principais hospitais do país anunciaram seu fechamento iminente, o que coloca em risco a vida de muitos pacientes”, escreveu madre Magury Adabashy, em junho de 2022, em um texto divulgado pela ACN.

A freira acrescentou que “o leite infantil é vendido no mercado negro a preços exorbitantes; os salários da maioria dos pais não são mais suficientes para alimentar a família; e que as pessoas estão clamando por ajuda mais do que nunca na história do Líbano”.

Francisco: a Transfiguração, sinal concreto do amor de Deus

Transfiguração de Jesus | Vatican News

A Igreja recorda neste sábado (06) os acontecimentos "no alto monte" com Jesus revestido de luz e glória. Recapitulemos algumas reflexões do Papa sobre a Transfiguração e seu convite a nos tornarmos lâmpadas para levar paz e serenidade à vida dos homens.

Vatican News

“Uma aparição pascal antecipada”, mas também “dom de amor infinito de Jesus” que mostra a glória da Ressurreição, “um vislumbre do céu na terra”. Em seu magistério, o Papa Francisco se deteve muitas vezes sobre o significado da Transfiguração, festa celebrada no dia 6 de agosto porque, segundo a tradição, teria acontecido 40 dias antes da crucificação, 40 dias antes da festa da Exaltação da Cruz, em 14 de setembro.

Vislumbres de luz

Subindo a montanha junto com Pedro, Tiago e João, Jesus mostrou a sua glória, transfigurando-se e resplandecendo de luz, colocando-se depois em diálogo com Moisés e Elias. Uma luz que é “a luz da esperança, a luz para atravessar as trevas”.

Francisco, no Angelus de 28 de fevereiro de 2021, explica que as trevas não têm a última palavra, que diante dos "grandes enigmas" da vida, somos chamados a parar e voltar o olhar para Cristo:

Então, precisamos de outro olhar, de uma luz que ilumine profundamente o mistério da vida e nos ajude a superar os nossos esquemas e os critérios deste mundo. Também nós somos chamados a subir ao monte, a contemplar a beleza do Ressuscitado que acende centelhas de luz em cada fragmento da nossa vida, ajudando-nos a interpretar a história a partir da vitória pascal.

A oração para buscar a Deus

“O Senhor - afirma por sua vez no Angelus de 17 de março de 2019 - mostra-nos o fim deste percurso, que é a Ressurreição, a beleza, carregando a própria cruz. Portanto, a Transfiguração de Cristo indica-nos a perspectiva cristã do sofrimento. O sofrimento não é um sadomasoquismo, é uma passagem necessária, mas transitória (...) para um ponto luminoso como o rosto de Cristo transfigurado."

Subamos ao monte com a oração: a prece silenciosa, a oração do coração, a oração, sempre à procura do Senhor. Permaneçamos alguns momentos em recolhiment0, um pouquinho todos os dias, fixemos o olhar interior na sua face e deixemos que a sua luz nos invada e se irradie na nossa vida.

A missão do cristão

E é no descer do monte, repletos da luz recebida, que se cumpre a missão de quem crê. Com efeito, é no rosto luminoso de quem reza, na chama que se acendeu no coração que se pode iluminar a vida dos outros, testemunhando a verdade e a fé.

Acender pequenas luzes no coração das pessoas; ser pequenas lâmpadas do Evangelho que levam um pouco de amor e de esperança: esta é a missão do cristão.

“Transformados pela presença de Cristo e pelo fervor da sua palavra -  sublinha o Papa no Angelus de 6 de agosto de 2017 - seremos sinal concreto do amor vivificador de Deus por todos os nossos irmãos, sobretudo por quem sofre, por quantos se encontram na solidão e no abandono, pelos doentes e pela multidão de homens e mulheres que, em diversas partes do mundo, são humilhados pela injustiça, pela prepotência e pela violência.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF