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domingo, 7 de maio de 2023

Mitos litúrgicos (11/16)

Basílica de Santo Agostinho em Roma | Presbíteros

Mitos litúrgicos

Mito 21: “O canto gregoriano é algo ultrapassado”

Não é.

O Concílio Vaticano II afirma (Sacrossanctum Concilium, n.116) : “”A Igreja reconhece como canto próprio da liturgia romana, o canto gregoriano; portanto, na ação litúrgica, ocupa o primeiro lugar entre seus similares. Os outros gêneros de música sacra, especialmente a polifonia, não são absolutamente excluídos da celebração dos ofícios divinos, desde que se harmonizem com o espírito da ação litúrgica…”

A Instrução Geral do Missal Romano (n. 41) afirma: “Em igualdade de circunstâncias, dê-se a primazia ao canto gregoriano, como canto próprio da Liturgia romana.”

Também o Santo Padre Bento XVI incentiva o canto gregoriano na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis (n.62), como foi dito acima.É importante lembrar: mesmo em relação a canto popular, a referência é canto gregoriano. O saudoso Papa João Paulo II (Quirógrafo sobre a Música Sacra, n. 12) diz:

“No que diz respeito às composições musicais litúrgicas, faço minha a «regra geral» que são Pio X formulava com estes termos: ‘Uma composição para a Igreja é tanto mais sacra e litúrgica quanto mais se aproximar, no andamento, na inspiração e no sabor, da melodia gregoriana, e tanto menos é digna do templo, quanto mais se reconhece disforme daquele modelo supremo». Não se trata, evidentemente, de copiar o canto gregoriano, mas muito mais de considerar que as novas composições sejam absorvidas pelo mesmo espírito que suscitou e, pouco a pouco, modelou aquele canto.”

Mito 22: “Atualmente o padre tem que rezar de frente para os fiéis”

Não tem.

Foi publicada em 1993, no seu boletim Notitiae, uma nota da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos reafirma a licitude tanto da celebração “Versus Populum” (com o sacerdote voltado para o povo) quanto da “Versus Deum” (com o sacerdote e povo voltados para Deus, isto é, na mesma direção)

Assim, mesmo na forma do Rito Romano aprovada pelo Papa Paulo VI, é perfeitamente possível que se celebre a Santa Missa com o sacerdote e os fiéis voltados na mesma direção.

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI dedicou à este tema um capítulo inteiro do seu livro “Espírito da Liturgia – Uma introdução”, publicado em 1999; é o capítulo III da parte II, denominado “O altar e a orientação da oração na Liturgia”.

Neste texto, o Santo Padre incentiva a celebração em “Versus Deum”, exaltando o profundo significado litúrgico que tem o sacerdote e os fiéis voltados para a mesma direção, isto é, para Deus. Ele diz: “. “O sacerdote olhando para o povo dá à comunidade o aspecto de um círculo fechado em si mesmo. Já não é – por sua mesma disposição – uma comunidade aberta para frente e para cima, senão fechada em si mesma. (… ) O importante não é o diálogo olhando para o sacerdote, mas a adoração comum, sair ao encontro do Senhor que vem. A essência do acontecimento não é um círculo fechado, mas a saída de todos ao encontro do Senhor que se expressa na orientação comum.”

Mito 23: “O Sacrário no centro é anti-litúrgico”

Não é.

O Santo Padre Bento XVI (Sacramentum Caritatis, n. 69) afirma que, se o Sacrário é colocado na nave principal da Igreja, “é preferível colocar o sacrário no presbitério, em lugar suficientemente elevado, no centro do fecho absidal ou então noutro ponto onde fique de igual modo bem visível.”

O Sacrário no centro tem, no espírito tradicional da Sagrada Liturgia, o significado de dar a Jesus Eucarístico o destaque no lugar central.

Mito 24: “Não se deve ter imagens dos santos nas igrejas”

Deve-se ter, sim.

Diz a Instrução Geral do Missal Romano (n.318): “De acordo com a antiquíssima tradição da Igreja, expõem-se à veneração dos fiéis, nos edifícios sagrados, imagens do Senhor, da bem-aventurada Virgem Maria e dos Santos, as quais devem estar dispostas de tal modo no lugar sagrado, que os fiéis sejam levados aos mistérios da fé que aí se celebram.”

O que é ponderado, porém, na mesma referência: “Tenha-se, por isso, o cuidado de não aumentar exageradamente o seu número e que a sua disposição se faça na ordem devida, de tal modo que não distraiam os fiéis da celebração. Normalmente, não haja na mesma igreja mais do que uma imagem do mesmo Santo. Em geral, no ornamento e disposição da igreja, no que se refere às imagens, procure atender-se à piedade de toda a comunidade e à beleza e dignidade das imagens.”

 Fonte: https://presbiteros.org.br/

Ordem de Malta elege primeiro grão-mestre plebeu

Fra’ John Dunlap, 81º grão-mestre da Ordem de Malta / Ordem de Malta

Por Ary Waldir Ramos Díaz

Roma, 05 Mai. 23 / 03:03 pm (ACI).- A Ordem Soberana e Militar de Malta escolheu fra’ John T. Dunlap, um advogado canadense de 66 anos, como grão-mestre. É o primeiro chefe na história da Ordem sem ascendência nobre.

Fra’ Dunlap é também o primeiro Grão-Mestre a ocupar o cargo por um período de dez anos, e não por toda a vida.

As duas novidades se devem à intervenção do papa Francisco na ordem em 2017.

A nova Constituição da Ordem de Malta, promulgada pelo papa Francisco em setembro de 2022, pôs fim a seis anos de reformas marcadas por numerosos contratempos.

O papa decidiu reforçar o estatuto religioso da Ordem e abolir os requisitos de nobreza para ser eleito aos cargos mais altos.

No Capítulo Geral Extraordinário do primeiro mês do ano, foram eleitos “por unanimidade” os novos altos cargos do Conselho Soberano para o período 2023-2029.

Nos últimos tempos, a Ordem teve um relacionamento tenso com o papa Francisco.

Em 15 de junho do ano passado, o papa Francisco nomeou fra’ Dunlap como lugar-tenente do grão-mestre da Ordem de Malta, em substituição de fra’ Marco Luzzago, que morreu neste período.

O novo lugar-tenente teve a tarefa de colaborar com o cardeal Tomasi na preparação do Capítulo Geral Extraordinário.

Dunlop é o primeiro cavaleiro professo do continente americano a liderar a ordem religiosa leiga da Igreja Católica.

Fra’ Dunlap comunicou sua eleição ao papa Francisco por meio de uma carta escrita de próprio punho.

Na quarta-feira (3), prestou juramento perante o cardeal Silvano Maria Tomasi C.S., delegado especial do papa, na Igreja de Santa Maria no Aventino, em Roma. A Ordem, através de um comunicado, divulgou os detalhes da eleição.

O novo grão-mestre prometeu obedecer às Constituições da Ordem com dedicação e unidade em sua missão: Tuitio Fidei et Obsequium Pauperum (dar testemunho da fé, servir aos pobres).

Dunlap esteve a serviço da Ordem de Malta como presidente da Comissão para a proteção de nomes e emblemas e como representante na Aliança das Ordens de São João.

Suas responsabilidades incluem liderar a Ordem, composta tanto por frades como por cavaleiros e damas leigos, e presidir a Malteser International, organização humanitária dos Cavaleiros de Malta que aplica milhões de dólares em projetos de caridade em todo o mundo.

A Ordem de Malta é uma entidade soberana que mantém relações diplomáticas com mais de 100 Estados.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa: amar Jesus é a bússola para alcançar o Céu

Papa Francisco - Regina Caeli (Vatican News)

Num domingo ensolarado em Roma, o Papa rezou o Regina Caeli, comentando as palavras de Jesus aos discípulos: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". O céu é nossa meta e o caminho é Jesus, disse Francisco aos fiéis presentes na Praça São Pedro.

https://youtu.be/LByyfPlsgWM

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Aonde ir e como chegar? Estas duas perguntas guiaram a reflexão do Papa neste V Domingo de Páscoa, diante de milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro para a oração do Regina Caeli.

Destino: a casa do Pai

Francisco se inspirou no trecho de João proposto pela Liturgia do dia, que traz o último discurso de Jesus antes de sua morte. O coração dos discípulos está abalado, mas o Senhor dirige a eles palavras de conforto, convidando-os a não terem medo: «Vou preparar um lugar para vós […], a fim de que onde eu estiver estejais também vós».

Com efeito, Jesus não os está abandonando, mas parte para preparar um lugar para eles e guiá-los rumo àquela meta. Assim, explicou o Pontífice, o Senhor indica hoje a todos nós o maravilhoso lugar aonde ir e, ao mesmo tempo, nos diz como ir, nos mostra o caminho a percorrer. 

“Na casa do Pai – diz aos seus amigos e cada um de nós – há espaço para você, você é bem-vindo, será acolhido para sempre pelo calor de um abraço, e eu estou no Céu para preparar-lhe um lugar!”

"Irmãos e irmãs, esta Palavra é fonte de consolação e esperança", comentou o Papa. Jesus não se separou de nós, mas nos abriu o caminho, antecipando o nosso destino final: o encontro com Deus Pai, em cujo coração há lugar para cada um de nós.

Então, quando sentimos o cansaço, a desorientação e até mesmo o fracasso, lembremo-nos para aonde vai a nossa vida. Não devemos perder de vista a meta, mesmo se hoje corremos o risco de não lembrar, de esquecer as perguntas finais, aquelas importantes: aonde vamos? Rumo aonde caminhamos? Por qual motivo vale a pena viver? Sem estas perguntas, sufocamos a vida somente no presente, pensamos que devemos desfrutá-la o quanto possível e acabamos por viver o dia, sem um propósito, sem uma meta.

“A nossa pátria, ao invés, está no céu, não nos esqueçamos da grandeza e da beleza da meta!”

A bússola: Jesus

Para a segunda pergunta - como chegar - a resposta vem do próprio Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14,6). Jesus é o caminho a seguir para viver na verdade e ter a vida em abundância, acrescentou o Pontífice. Ele é o caminho e, portanto, a fé Nele não é um “conjunto de ideias” a acreditar, mas um caminho a percorrer, uma viagem a realizar, um caminho com Ele. É seguir Jesus, porque Ele é o caminho que conduz à felicidade que não conhece ocaso. É imitá-lo, recomendou o Papa, especialmente com gestos de proximidade e misericórdia para com os outros.

“Eis a bússola para alcançar o Céu: amar Jesus, o caminho, tornando-se sinais do seu amor na terra.”

Francisco concluiu convidando os fiéis a não se deixarem devastar pelo presente: "Olhemos para o alto, para o Céu, lembremo-nos da meta, pensemos que somos chamados para a eternidade, para o encontro com Deus. E, do Céu, renovemos hoje a escolha de Jesus, a escolha de amá-lo e de caminhar atrás Dele. Que a Virgem Maria, que seguindo Jesus chegou à meta, ampare a nossa esperança".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

História, Frases e Oração a São Domingos Sávio

São Domingo Sávio (Guadium Press)

06 de maio

Certa vez, São João Bosco afirmou: “Se Domingos, com tão pouca idade, pode santificar-se, por que não poderei também eu?”.

Redação (05/05/2023 16:23, Gaudium Press) São Domingos Sávio, nasceu no dia 02 de abril de 1842, na província de Turim, no norte da Itália, desde a mais tenra idade decidiu imitar fielmente Jesus Cristo, aproximando-se dele tanto quanto podia.

São Domingo Sávio (Guadium Press)

Aos sete anos de idade, fez sua primeira comunhão e, aos doze, ingressou no Oratório de São João Bosco. Sob a direção pessoal do grande santo salesiano, transformou-se em modelo e exemplo de amor a Deus e ao próximo, se tornando um verdadeiro apóstolo e missionário de Jesus.

Sua primeira biografia foi escrita por São João Bosco, que certa vez afirmou: “Se Domingos, com tão pouca idade, pode santificar-se, por que não poderei também eu?”.

São Domingos Sávio faleceu no dia 9 de março de 1857, aos quinze anos de idade, e foi canonizado pelo Papa Pio XII no ano de 1954.

São Domingo Sávio (Guadium Press)

Seleção de frases de São Domingos Sávio

01 – “Confessar-me-ei com frequência e receberei a Comunhão todas as vezes que o confessor me permitir; Santificarei os dias de preceito; Meus amigos serão Jesus e Maria; Antes morrer que pecar!”

02 – Se não conseguir a santidade, nada terei feito neste mundo.

03 – Eu não posso fazer grandes coisas, o que eu quero é fazer as menores para a maior Glória de Deus.

04 – No Céu, os inocentes estão mais próximos de Nosso Divino Salvador, e Lhe cantarão de modo especial hinos de glória eternamente.

São Domingo Sávio (Guadium Press)

05 – Procuramos somente evitar o pecado, como um grande inimigo que nos rouba a graça de Deus e a paz do coração e impede de realizar os nossos deveres com exatidão.

06 – Maria, eu vos dou meu coração; fazei que eu seja sempre vosso. Jesus e Maria, sede sempre meus amigos, mas, por piedade, fazei-me morrer antes que me aconteça a desgraça de cometer um só pecado.

07 – O futuro será resplandecente e um número incontável de almas serão salvas, mas com uma condição: que seus filhos sejam devotos da Santíssima Virgem.

São Domingo Sávio (Guadium Press)

Oração a São Domingos Sávio

Ó amável São Domingos Sávio, que em vossa breve vida foste admirável exemplo de virtudes cristãs, ensinai-nos a amar a Jesus com vosso fervor, à Virgem Santa com vossa pureza, às almas com vosso zelo.

Fazei ainda que, imitando-vos no propósito de tornarmo-nos santos, saibamos como vós, preferir a morte ao pecado, para que no fim da vida, possamos estar convosco na eterna felicidade celeste. Assim seja.

São Domingos Sávio, rogai por nós. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Reflexão para o V Domingo Pascal

Evangelho do domingo - Jesus Cristo (Vatican News)

Na vida cristã o maior é aquele que serve mais. A vida de Jesus foi um eterno serviço, desde o nascimento até a morte, sem deixar de lado a ressurreição e os atos após ela.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

O caminho se faz caminhando, essa ideia nos é passada pela liturgia de hoje, especialmente pela primeira leitura.

Jesus jamais falou em sacerdotes e diáconos, mas em seguidores de sua Palavra, em seus seguidores.

Na leitura dos Atos dos Apóstolos aparece uma situação que exige uma estruturação no serviço aos carentes, concretamente um socorro às viúvas. Para ajudar na solução dessa questão, em clima de oração, é criada a função dos diáconos. Todos têm o dever do anúncio da Palavra e devem estar plenos do Espírito Santo. Anúncio e ação deverão caminhar juntos. A ação é consequência do anúncio e sua expressão concreta.

Seguir Jesus como Caminho, Verdade e Vida é a mensagem central do Evangelho e nos leva a vivenciar a novidade do Amor de Deus por nós, sempre original, descoberto aos poucos e nos plenificando.

Jesus é o Caminho para o Pai. Ele veio do Pai, com o Pai é um e volta para o Pai. Ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, nos diz o Senhor (cfr Mt 11,27).

Jesus é a Verdade, a revelação autêntica do projeto de Deus, a manifestação visível e encarnada do amor do Pai. A verdade vos libertará (cfr. Jo 8, 32). Em Jesus nos sentimos plenamente livres e amados.

Jesus é a Vida (cfr. Jo 1,4), é a própria ressurreição, a vida eterna, a Vida!

Muitas vezes em nossa vida surge uma novidade, algo com que não contávamos e que precisamos acolher, dar espaço e lugar. Precisamos saber inserir esse inesperado que parece ter vindo para ficar e modificar nosso dia a dia e até nossa própria vida.

De acordo com as leituras de hoje é necessário que sejamos movidos pelo amor, pelo desejo de servir, que recorramos a Deus na oração e que coloquemos em prática aquilo que o Espírito Santo nos orientar. Quando Jesus fala que vai nos preparar um lugar no Céu, ele nos está prestando um serviço.

Na vida cristã o maior é aquele que serve mais. A vida de Jesus foi um eterno serviço, desde o nascimento até a morte, sem deixar de lado a ressurreição e os atos após ela.

É necessário seguir Jesus, Caminho, Verdade e Vida, que se retirava em oração, ouvia o Pai e agia.

Assim, do mesmo modo como fizeram o Senhor e a primeira comunidade, estaremos anunciando que Deus nos ama e está conosco e, através de nossas ações, de nossos serviços, continua criando o mundo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Mitos litúrgicos (10/16)

Basílica de Santo Agostinho em Roma | Presbíteros

Mitos litúrgicos

Mito 19: “O Concílio Vaticano II aboliu o latim”

Não aboliu.

Pelo contrário: o Concílio Vaticano II incentivou o uso do latim como língua litúrgica.

Diz o Concílio (Sacrossanctum Concilium, n.36) : “Salvo o direito particular, seja conservado o uso da língua latina nos ritos latinos.” Embora exista atualmente em muitos lugares a concessão para se celebrar em língua local, o latim segue sendo a língua oficial da Santa Igreja e mantém o seu significado de unidade e solenidade: “O uso da língua latina vigente em grande parte da Igreja é um caro sinal da unidade e um eficaz remédio contra toda corruptela da pura doutrina.” (Papa Pio XII, na Encíclica Mediator Dei, n.53, de 1947)

Por isso o Santo Padre Bento escreveu (Sacramentum Caritatis, n.62): “A nível geral, peço que os futuros sacerdotes sejam preparados, desde o tempo do seminário, para compreender e celebrar a Santa Missa em latim, bem como para usar textos latinos e entoar o canto gregoriano; nem se transcure a possibilidade de formar os próprios fiéis para saberem, em latim, as orações mais comuns e cantarem, em gregoriano, determinadas partes da liturgia.”

E a Instrução Redemptionis Sacramentum (n. 112) determina: “Excetuadas as Celebrações da Missa que, de acordo com as horas e os momentos, a autoridade eclesiástica estabelece que se façam na língua do povo, sempre e em qualquer lugar é lícito aos sacerdotes celebrar o santo Sacrifício em latim.”

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI (no livro “O sal da Terra”, de 1996), reconhece que a “nossa cultura mudou tão radicalmente nos últimos trinta anos que uma liturgia celebrada exclusivamente em latim envolveria um elemento de estranheza que, para muitos, não seria aceitável.” Por outro lado, “o Cardeal (Francis Arinze, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramento) também sugeriu que as paróquias maiores tenham uma Missa em latim pelo menos uma vez por semana e que as paróquias rurais e menores a tivessem pelo menos uma vez ao mês.” (ACI Imprensa, 16 de Novembro de 2006)

Mito 20: “Para participar bem da Missa é preciso entender a língua que o padre celebra”

Não é.

Embora possa ser útil compreender a língua que o padre celebra (e por isso são amplamente divulgados os missais com tradução em latim / português, nos meios em que a Santa Missa é celebrada em latim), o principal é contemplar o Mistério do Santo Sacrifício que se renova no altar, e para isso não é necessário compreender todas as palavras.

Missa não é jogral.

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, afirma (“O sal da terra”): “A Liturgia é algo diferente da manipulação de textos e ritos, porque vive, precisamente, do que não é manipulável. A juventude sente isso intensamente. Os centros onde a Liturgia é celebrada sem fantasias e com reverência atraem, mesmo que não se compreendam todas as palavras.”

Prevost: “O bispo é um pastor próximo ao povo, não um gestor”

O prefeito do Dicastério para os Bispos, dom Robert Francis Prevost  (Vatican Media)

Em conversa com o prefeito do Dicastério para os Bispos: “Muitas vezes nos preocupamos em ensinar a doutrina, mas corremos o risco de esquecer que nossa primeira tarefa é comunicar a beleza e a alegria de conhecer Jesus”. Sobre os abusos: "Devemos ser transparentes e acompanhar as vítimas".

ANDREA TORNIELLI

Aos 67 anos vive o seu "noviciado" como prefeito do Dicastério para os Bispos: Robert Francis Prevost, nascido em Chicago (Estados Unidos), primeiro missionário e depois bispo em Chiclayo (Peru), é o frade agostiniano que o Papa Francisco escolheu para suceder o cardeal Marc Ouellet. Nesta entrevista à mídia vaticana, ele traça uma identidade do bispo para os tempos em que vivemos.

O que significou para o senhor passar do ser um bispo missionário na América Latina a guiar o dicastério que ajuda o Papa a escolher os bispos?

Ainda me considero um missionário. A minha vocação como a de todo cristão é ser missionário, anunciar o Evangelho onde se está. Certamente minha vida mudou muito: tenho a possibilidade de servir o Santo Padre, de servir a Igreja hoje, aqui, da Cúria Romana. Uma missão muito diferente da anterior, mas também uma nova oportunidade de viver uma dimensão da minha vida que sempre foi simplesmente responder “sim” quando me pedem um serviço. Com este espírito concluí minha missão no Peru, depois de oito anos e meio como bispo e quase vinte anos como missionário, para começar uma nova em Roma.

O senhor poderia desenhar um retrato falado do bispo para a Igreja de nosso tempo?

Antes de tudo, é preciso ser “católico”: às vezes o bispo corre o risco de se concentrar apenas na dimensão local. Mas é bom para um bispo ter uma visão muito mais ampla da Igreja e da realidade, e experimentar esta universalidade da Igreja. É preciso também saber ouvir os outros e buscar conselhos, além de ter maturidade psicológica e espiritual. Um elemento fundamental do retrato falado é ser pastor, capaz de estar próximo aos membros da comunidade, começando pelos sacerdotes dos quais o bispo é pai e irmão. Viver esta proximidade a todos, sem excluir ninguém. O Papa Francisco falou das quatro proximidades: proximidade a Deus, aos irmãos bispos, aos sacerdotes e a todo o povo de Deus. Não devemos ceder à tentação de viver isolados, separados num edifício, satisfeitos por um determinado nível social ou por um certo nível dentro da Igreja. E não devemos nos esconder atrás de uma ideia de autoridade que hoje não faz sentido. A autoridade que temos é servir, acompanhar os sacerdotes, ser pastores e mestres. Muitas vezes nos preocupamos em ensinar a doutrina, o modo de viver a nossa fé, mas corremos o risco de esquecer que a nossa primeira tarefa é ensinar o que significa conhecer Jesus Cristo e testemunhar a nossa proximidade ao Senhor. Isto vem primeiro: comunicar a beleza da fé, a beleza e a alegria de conhecer Jesus. Significa que nós mesmos o estamos vivendo e compartilhando esta experiência.

Quanto é importante o serviço do bispo para a unidade em torno do Sucessor de Pedro num tempo em que a polarização aumenta também na comunidade eclesial?

As três palavras que estamos usando no trabalho do Sínodo, participação, comunhão e missão, dão uma resposta. O bispo é chamado a este carisma, a viver o espírito de comunhão, a promover a unidade na Igreja, a unidade com o Papa. Isso também significa ser católico porque sem Pedro, onde está a Igreja? Jesus rezou por isso na Última Ceia: “Que todos sejam um”. Esta é unidade que desejamos ver na Igreja. Hoje, a sociedade e a cultura nos levam distantes daquela visão de Jesus, e isso causa muitos danos. Esta falta de unidade é uma ferida que a Igreja vive, muito dolorosa. Divisões e polêmicas na Igreja não ajudam em nada. Nós bispos, especialmente, devemos acelerar  este movimento rumo à unidade, rumo à comunhão na Igreja.

O processo de designação de novos bispos pode ser melhorado? Na "Praedicate Evangelium" se lê que "também os membros do povo de Deus" devem ser envolvidos. Isso acontece?

Fizemos uma interessante reflexão entre os membros do Dicastério sobre este tema. Já há algum tempo não se ouvem apenas alguns bispos ou alguns sacerdotes, mas também outros membros do povo de Deus. É muito importante, porque o bispo é chamado a servir uma Igreja particular. Então, ouvir o povo de Deus também é importante. Se um candidato não é conhecido por ninguém do seu povo, é difícil – não impossível, mas difícil – que se torne realmente pastor de uma comunidade, de uma Igreja local. Então é importante que o processo seja um pouco mais aberto à escuta dos diferentes membros da comunidade. Isso não significa que seja a Igreja local a ter de escolher o seu pastor, como se ser chamado a ser bispo fosse resultado de um voto democrático, de um processo quase "político". É preciso um olhar muito mais amplo e as nunciaturas apostólicas ajudam muito nisso. Creio que pouco a pouco devemos nos abrir mais, ouvir um pouco mais as religiosas, os leigos e as leigas.

Uma das novidades introduzidas pelo Papa foi a nomeação de três mulheres entre os membros do dicastério para os bispos. O que pode dizer sobre a contribuição delas?

Já vimos em várias ocasiões que o seu ponto de vista é um enriquecimento. Duas são religiosas e uma é leiga, e muitas vezes a sua perspectiva coincide perfeitamente com o que dizem os outros membros do dicastério, enquanto outras vezes sua opinião introduz outra perspectiva e se torna uma contribuição importante para o processo. Penso que a nomeação delas seja muito mais do que um simples gesto do Papa para dizer que agora também há mulheres aqui. Há uma participação verdadeira, real e significativa que elas oferecem em nossas reuniões quando discutimos os dossiês dos candidatos.

As novas normas para a luta contra os abusos aumentaram a responsabilidade dos bispos, que são chamados a agir prontamente e responder por atrasos ou omissões. Como esta tarefa é vivida pelo bispo?

Também estamos a caminho sobre isso. Há lugares onde um bom trabalho já foi feito há anos e as normas são colocadas em prática. Ao mesmo tempo, acredito que ainda há muito o que aprender. Falo da urgência e responsabilidade de acompanhar as vítimas. Uma das dificuldades que surgem frequentemente é que o bispo deve estar próximo dos seus sacerdotes, como eu já disse, e deve estar próximo das vítimas. Alguns recomendam que o bispo não receba diretamente as vítimas, porém, não podemos fechar o coração, a porta da Igreja, às pessoas que sofreram por abusos. A responsabilidade do bispo é grande e acho que ainda temos que fazer esforços consideráveis ​​para responder a esta situação que causa tanta dor na Igreja. Levará tempo, estamos tentando trabalhar junto com outros dicastérios. Acredito que faz parte da missão do nosso dicastério acompanhar os bispos que não receberam a preparação necessária para abordar esse tema. É urgente e necessário que sejamos mais responsáveis ​​e ainda mais sensíveis a este respeito.

As leis agora existem. É mais difícil mudar a mentalidade...

Claro, também há muita diferença entre uma cultura e outra em como se reage nessas situações. Em alguns países o tabu de falar sobre o assunto já foi um pouco quebrado, enquanto há outros lugares onde as vítimas, ou as famílias das vítimas, jamais gostariam de falar sobre os abusos sofridos. Em todo caso, o silêncio não é uma resposta. O silêncio não é a solução. Devemos ser transparentes e sinceros, acompanhar e ajudar as vítimas, porque senão suas feridas nunca cicatrizarão. Há uma grande responsabilidade nisso, para todos nós.

A Igreja está envolvida no processo que levará ao Sínodo sobre a sinodalidade. Qual é o papel do bispo?

Há uma grande oportunidade nesta renovação contínua da Igreja que o Papa Francisco nos convida a promover. Por um lado, há bispos que manifestam abertamente o seu receio porque não entendem para onde está andando a Igreja. Talvez eles prefiram a segurança das respostas já experimentadas no passado. Eu realmente acredito que o Espírito Santo está muito presente na Igreja neste momento e está nos impelindo a uma renovação e, portanto, somos chamados à grande responsabilidade de viver o que chamo de uma nova atitude. Não é apenas um processo, não é apenas mudar algumas formas de fazer as coisas, talvez organizar mais reuniões antes de tomar uma decisão. É muito mais. Mas é também o que talvez causa algumas dificuldades, porque no fundo devemos ser capazes de escutar sobretudo o Espírito Santo, o que está pedindo à Igreja.

Como se realiza isso?

Precisamos ser capazes de escutar uns aos outros, reconhecer que não se trata de debater uma agenda política ou apenas tentar promover temas que interessam a mim ou a outros. Às vezes parece que se queira reduzir tudo a querer votar para depois fazer o que foi votado. Ao contrário, trata-se de algo muito mais profundo e muito diferente: é preciso aprender a escutar realmente o Espírito Santo e o espírito de busca da verdade que vive na Igreja. Passar de uma experiência onde a autoridade fala e tudo se faz para uma experiência de Igreja que valorize os carismas, os dons e os ministérios que existem na Igreja. O ministério episcopal desempenha um serviço importante, mas depois é preciso colocar tudo isso a serviço da Igreja neste espírito sinodal que significa simplesmente caminhar juntos, todos, e buscar juntos o que o Senhor nos pede, em nosso tempo.

Quanto os problemas econômicos afetam a vida dos bispos?

Pede-se também ao bispo que seja um bom administrador ou, pelo menos, a capacidade de encontrar um bom administrador que o ajude. O Papa nos disse que quer uma Igreja pobre e para os pobres. Há casos em que as estruturas e infraestruturas de um tempo já não são necessárias e é difícil mantê-las. Ao mesmo tempo, também nos lugares onde trabalhei, a Igreja é responsável por instituições educativas e de saúde que oferecem serviços fundamentais ao povo, porque muitas vezes o Estado não consegue garanti-los. Pessoalmente, não sou da opinião de que a Igreja deva vender tudo e "apenas" pregar o Evangelho nas ruas. É uma responsabilidade muito grande, não há respostas unívocas. Há necessidade de promover mais a ajuda fraterna entre as Igrejas locais. Diante da necessidade de manter vivas as estruturas de serviço com as entradas que não são mais como eram, o bispo deve ser muito prático. As monjas de clausura sempre dizem: “É preciso ter confiança e confiar tudo à Providência Divina, porque se encontrará a maneira para responder”. O importante é também nunca nos esquecer a dimensão espiritual da nossa vocação. Caso contrário, corremos o risco de nos tornar gerentes e pensar como gerentes. As vezes acontece.

Como o senhor vê a relação entre o bispo e as redes sociais?

As redes sociais podem ser um instrumento importante para comunicar a mensagem do Evangelho a milhares de pessoas. Devemos nos preparar para usá-las bem, mas temo que às vezes tenha faltado essa preparação. Ao mesmo tempo, o mundo atual, que está em constante mudança, apresenta situações em que realmente temos que pensar várias vezes antes de falar ou antes de escrever uma mensagem no Twitter, para responder ou mesmo apenas para fazer perguntas de forma pública, à vista de todos. Às vezes, há o risco de alimentar divisões e controvérsias. Existe uma grande responsabilidade no uso correto das redes sociais, a comunicação, porque é uma oportunidade, mas também é um risco. E pode prejudicar a comunhão da Igreja. Por isso, é preciso ter muita cautela no uso destes meios.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A Igreja em Portugal, o país da Jornada Mundial da Juventude 2023

Creative Cat Studio | Shutterstock
Vista aérea a partir do Santuário de Cristo Rei, Lisboa, Portugal.

Por Ricardo Sanches

Cerca de 53% dos jovens portugueses se consideram católicos - número acima do registrado em outros países europeus.

De 1 a 6 de agosto, milhões de jovens de várias partes mundo estarão em Lisboa para participar da Jornada Mundial da Juventude 2023.

Durante uma semana, eles celebrarão a fé e terão um encontro especial com o Papa Francisco. Além de discutir aspectos relevantes sobre a religião e o papel da juventude, a JMJ também é a oportunidade que os jovens têm de fazer amizades, entrar em contato com culturas diferentes e conhecer a realidade da Igreja local.

A Igreja em Portugal

Portugal tem uma população formada, em sua grande maioria, por católicos. De acordo com os estudos mais recentes, 80% dos portugueses se declaram católicos.

Segundo o Centro de Religião e Sociedade Bento XVI, que desenvolveu um estudo para o Sínodo dos Bispos em 2018, 53% dos jovens portugueses se consideram católicos – número acima do registrado em outros países europeus.

A Igreja Católica em Portugal é constituída por 21 dioceses e 4.380 paróquias. Só a diocese de Lisboa, por exemplo, cobre uma área de cerca de 3.000 km² e abrange 18 vigararias e 300 paróquias. Tal diocese tem São Vicente como padroeiro.

Devoções

Entre as devoções populares em Portugal, destaca-se a devoção a Nossa Senhora de Fátima, a Santo Antônio de Lisboa e a São João de Brito.

Nossa Senhora da Conceição é a padroeira de Portugal desde 1646.

Nossa Senhora de Fátima: uma das grandes devoções do povo português.
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A capital Lisboa

Com mais de 20 séculos de história, Lisboa é uma cidade que encanta os visitantes. A capital, que vai sediar as atividades da JMJ, tem cerca de 550 mil habitantes.

O Patriarcado de Lisboa existe desde o século IV. Atualmente, o Cardeal-Patriarca de Lisboa é D. Manuel Clemente, que foi nomeado em 18 de maio de 2013. Os Bispos Auxiliares são D. Joaquim Mendes, D. Daniel Henriques e D. Américo Aguiar.

site oficial da JMJ lembra que “na memória portuguesa, Lisboa permanece como a cidade donde, ‘nos séculos XV e XVI, inúmeros jovens, incluindo muitos missionários, partiram para terras desconhecidas a fim de partilhar a sua experiência de Jesus com outros povos e nações, destacou o Papa Francisco.”

Catedral de Lisboa, a capital de Portugal.
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Fátima

O Santuário de Fátima recebe milhões de peregrinos todos os anos e será também um ponto de grande visitação durante a Jornada Mundial da Juventude.

Localizado na região central de Portugal, o Santuário concretiza um pedido feito por Nossa Senhora, que apareceu a três crianças em 1917. “Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra”, solicitou Nossa Senhora.

A capelinha foi construída em 1919, no local das aparições de Nossa Senhora. De lá para cá, o Santuário cresceu, à medida que também aumentou o número de visitantes.

Clique na galeria abaixo e conheça um pouco do santuário!

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Fonte: lisboa2023.org

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF