Translate

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Ser e tornar-se irmãos na convivência sociopolítica (5/5)

Ser e tornar-se irmãos | Opus Dei

Ser e tornar-se irmãos na convivência sociopolítica

Uma das novidades mais importantes da encíclica “Fratelli Tutti” é o vínculo que ela postula entre a fraternidade e o bem comum político. Oferecemos o estudo de Maria Aparecida Ferrari, publicado no boletim Romana.

04/05/2023

4. Fraternidade social e caridade política

fermento da fraternidade social que impregna as ações de cada cidadão − seja estalajadeiro ou samaritano − tem uma eficácia específica no terreno político, no qual se elaboram as leis que determinam as condições para servir o bem comum, seja como cidadão-bom samaritano ou como cidadão-trabalhador. Basta pensar na importância essencial que as leis sobre a família, o casamento, a educação, o trabalho, os benefícios sociais, a liberdade de associação, liberdade de expressão etc. têm em nossas ações diárias.

Não há dúvida de que nem todos os cidadãos são chamados a desempenhar atividades governamentais. Porém, ninguém está isento da obrigação de formar-se bem e seguir a sua consciência em tudo o que diz respeito às dimensões fundamentais da existência humana e ao bem comum da sociedade. Ser irmão/irmã no debate público implica comprometer-se a aprender sobre diferentes questões e contribuir para a solução dos problemas sociais. Esta conduta é uma exigência do amor social, da caridade, mas ainda antes, da virtude cardeal da justiça. Por isso, colocar em prática essas exigências da fraternidade social é um dever também em relação a questões que talvez não afetem direta ou imediatamente a vida ou os interesses pessoais e nas quais seria mais cômodo fechar os olhos, não participar no debate público.

Por um lado, é certo que a participação ativa, livre e responsável na vida política depende do grau de instrução e cultura de cada um, bem como da compatibilidade com outros compromissos familiares, profissionais e sociais. Por outro lado, porém, todos − e em maior medida aqueles que são dotados de competência e capacidade − são chamados a ser irmãos dos outros, cumprindo com liberdade e lealdade os seus deveres cívicos e políticos e procurando ter um conhecimento adequado das questões relacionadas com a administração pública e o governo, para poder oferecer pessoalmente uma crítica social serena e construtiva.

Os mais preparados têm também uma responsabilidade especial em termos de solidariedade e subsidiariedade. Como afirma a Fratelli Tutti, “a política não pode renunciar ao objetivo de conseguir que a organização de uma sociedade assegure a cada pessoa uma maneira de contribuir [para o bem comum] com as suas capacidades e o seu esforço” (FT 162). Da mesma forma, em outra passagem, especifica que a dimensão local “tem algo que o global [o Estado ou as organizações internacionais] não possui: ser fermento, enriquecer, colocar em marcha mecanismos de subsidiariedade” (FT 142). Os cidadãos e as associações locais, de fato, ao estarem mais próximos das necessidades concretas, estão mais bem posicionados para cuidar das pessoas e curar as suas feridas.

Em suma, trata-se de conjugar o “nós” ao invés do “eu”, também na esfera pública, como disse o Papa Francisco em uma recente entrevista, para alcançar a “caridade política” ou a “caridade social”, entendida como superação da mentalidade individualista e o amadurecimento daquele sentido do “nós” que nos faz amar o bem coletivo e buscar verdadeiramente o bem de todos (FT 182).

No caminho traçado pela encíclica Fratelli Tutti, a caridade política não caminha cegamente, nem depende de sentimentos mais ou menos favoráveis. Necessita da luz da verdade, que provém tanto da razão como da fé: consequentemente, “isto supõe também o desenvolvimento das ciências e a sua contribuição insubstituível para encontrar os percursos concretos e mais seguros para alcançar os resultados esperados. Com efeito, quando está em jogo o bem dos outros, não bastam as boas intenções, mas é preciso conseguir efetivamente aquilo de que eles e seus países necessitam para se realizar” (FT 185). O Papa Francisco não hesita em olhar para as verdadeiras feridas da humanidade, não com o objetivo de fazer as pessoas sofrerem, mas para encorajar todos no esforço de curá-las; por exemplo, quando observa: “Muitas vezes hoje, enquanto nos enredamos em discussões semânticas ou ideológicas, deixamos que irmãos e irmãs morram ainda de fome ou de sede, sem um teto ou sem acesso a serviços de saúde. Juntamente com estas necessidades elementares por satisfazer, outra vergonha para a humanidade que a política internacional não deveria continuar a tolerar – mais além dos discursos e boas intenções – é o tráfico de pessoas. Trata-se de mínimos inadiáveis” (FT 189). Ou ainda quando adverte que “As maiores preocupações de um político não deveriam ser as causadas por uma baixa nas pesquisas, mas por não encontrar uma solução eficaz para “o fenômeno da exclusão social e econômica, com suas tristes consequências de tráfico de seres humanos, tráfico de órgãos e tecidos humanos, exploração sexual de meninos e meninas, trabalho escravo, incluindo a prostituição, tráfico de drogas e de armas, terrorismo e criminalidade internacional organizada” (FT 188).

Nesta perspectiva, a encíclica chama todos à responsabilidade: cidadãos comuns, instituições públicas e privadas, Estados e organizações internacionais. Trata-se de evitar a polarização que divide e aliena, sem evitar os debates necessários. O objetivo comum é inevitável: alcançar “uma globalização dos direitos humanos mais básicos” (FT 189). Se esse objetivo ainda está longe, não é porque seja inatingível, mas por outros motivos.

A situação da pandemia, um marco importante para o amadurecimento das reflexões contidas na encíclica Fratelli Tutti, revelou, com seu tremendo desafio para a maior parte do mundo, a incapacidade da humanidade hiperconectada de agir em conjunto (FT 7). Nota-se então a urgência de voltar a compreender a fraternidade, de assumir que os seres humanos, “todos irmãos”, como nos lembra o Papa Francisco, “são convidados a se reunir e se encontrar em um “nós” que seja mais forte que a soma de pequenas individualidades”, já que “o todo [o bem comum] é mais do que as partes, e também é mais do que a mera soma delas” (FT 78).

As circunstâncias ordinárias ou extraordinárias da convivência, sejam elas positivas ou negativas, representam ocasiões especiais não só para dar aos outros algo do que possuímos, mas também para se doar com um compromisso total, no sentido de fazer tudo o que pudermos. Por isso quisemos abrir estas reflexões com as palavras do “santo do cotidiano”, São Josemaria, “escolhido pelo Senhor para anunciar a vocação universal à santidade e para indicar que a vida de todos os dias, as atividades comuns, são caminho de santificação”. A vocação do cristão é procurar a santidade na vida cotidiana, amar a Deus tornando-se irmão/irmã em todos os aspectos da existência humana, descobrindo que podemos fazer isso de modo frutífero em qualquer trabalho honesto e no desempenho das atividades cotidianas. “Quando se procura viver assim em meio do trabalho diário, a conduta cristã se transforma em bom exemplo, em testemunho, em ajuda concreta e eficaz; aprende-se a seguir as pegadas de Cristo, que coepit facere et docere (At 1, 1), que começou a fazer e a ensinar, unindo ao exemplo a palavra”.

Maria Aparecida Ferrari* Professora Associada de Ética Aplicada na Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma)

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Ladaria: Humanae Vitae, texto profético capaz de unir a liberdade com a natureza

Papa Paulo VI e a Encíclica Humanae Vitea | Vatican News

O cardeal prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé falou em uma conferência dedicada à audácia do documento do Papa Montini: ideologias que rompem o vínculo entre liberdade e natureza abriram caminho para a desumanização da sexualidade.

Alessandro De Carolis – Vatican News

Uma visão "antropológica integral" sobre o amor e a sexualidade humana, entendida de acordo com o plano de Deus, que 55 anos depois de sua publicação continua a propor uma sublime verdade negada por décadas de "antropologia contraceptiva", que dividiu aquela visão unificada. Esse é o valor da Humanae Vitae, a Encíclica de Paulo VI publicada em julho de 68, destacada pelo cardeal Luís Francisco Ladaria Ferrer, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé. O cardeal falou hoje, 19 de maio, no Augustinianum, na abertura de um estudo de dois dias dedicado ao documento, organizado pela Cátedra Internacional de Bioética Jérôme Lejeune.

Conexão inseparável

"A audácia de uma Encíclica sobre sexualidade e procriação" é o título da conferência e, para o cardeal Ladaria, a audácia do que Paulo VI escreveu "é muito mais profunda" do que ter resistido "às pressões" que exigiam "a aprovação do uso de anticoncepcionais hormonais nas relações sexuais dentro do matrimônio católico". A coragem da Humanae Vitae, disse o cardeal, é de "caráter antropológico" porque mostrou a vocação divina da sexualidade, ou seja, "a conexão inseparável que Deus quis" entre "os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o significado procriativo".

Não mais um dom, mas um produto

Pelo contrário, continuou o prefeito do Vaticano, a moral contraceptiva que se afirmou em contraste com a Encíclica coloca a natureza, o próprio corpo, em oposição a um conceito de liberdade que pretende mudar as "condições do amor conjugal". De acordo com essa visão, argumentou o Cardeal Ladaria, o que importa é uma "união afetiva" e o ato sexual não é importante que responda "a um significado preexistente, natural ou estabelecido por Deus, mas simplesmente que seja um ato livre". Nesse sentido, disse ele, o corpo "reduzido à pura materialidade" abriu caminho, ao longo do tempo, para uma série de desvios, em particular "uma diminuição alarmante dos nascimentos e uma multiplicação do número de abortos".  O controle da natalidade por meio do uso de contraceptivos "evoluiu", ele estigmatizou, "para a manipulação artificial da transmissão da vida por meio de técnicas de reprodução assistida". Primeiro foi aceita a sexualidade sem filhos, depois foi aceita a produção de filhos sem o ato sexual. A vida produzida não é mais considerada, em si mesma, como uma 'dádiva', mas como um 'produto' e é valorizada em termos de utilidade".

Liberdade e natureza são unidade, não contraste

Uma manipulação constante, continuou o cardeal, encontrada tanto na ideologia de gênero - na qual não é o corpo que identifica uma pessoa, mas sua orientação - quanto no "transumanismo", no qual a pessoa que está sendo "reduzida à sua mente" pode transferir sua essência "para outro corpo humano, para um corpo animal, para um ciborgue, para um simples arquivo de memória". E dessa antropologia, insistiu o Cardeal Ladaria, "o ciborgue aparece como sua plena realização", uma vez que aceita a "construção do corpo e do sexo por meio da biotecnologia", um mundo - em uma síntese extrema - "sem maternidade" e, portanto, "pós-humano". Em vez disso, a Encíclica Humanae vitae, concluiu o chefe do dicastério, permanece "ainda válida", de fato profética, porque, ao rejeitar aqueles que se apresentam como "verdadeiros anti-humanismos", propõe "uma antropologia capaz de unir a liberdade com a natureza".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Crispim de Viterbo

São Crispim de Viterbo | arquisp

19 de maio

São Crispim de Viterbo

Pedro nasceu em Viterbo, em 13 de novembro de 1668, na Itália. Era filho de Ubaldo Fioretti e Márcia, que, viúva, já tinha uma filha. Porém Ubaldo também faleceu logo depois, deixando Pedro órfão ainda muito pequeno. Assim, Márcia, novamente viúva, casou-se com o irmão de Ubaldo, o sapateiro Francisco, do qual as crianças eram muito afeiçoadas. Francisco, assumindo o lugar paterno, encaminhou o menino para estudar na escola dos padres jesuítas e o fez seu aprendiz na sapataria.

Entretanto, Pedro demonstrava uma vocação religiosa muito forte, sendo fervoroso devoto de Jesus Cristo e de Maria. Em 1693, vestiu o hábito dos capuchinhos, tomando o nome de frei Crispim de Viterbo, em homenagem ao santo padroeiro dos sapateiros.

Até 1710, serviu em vários mosteiros de Tolfa, Roma e Albano, quando foi, definitivamente, para Orvietto. Versátil, exerceu várias funções, como cozinheiro, enfermeiro, encarregado da horta e, além disso, passou a esmolar de porta em porta. Foram quarenta anos de vida de humildade, penitência e alegria, contagiando a todos que tiveram a felicidade de sua convivência e conselho.

Era um homem amante da pobreza, contemplativo, gentil e caridoso, sabia encontrar as palavras e atitudes justas quando era preciso advertir quem quer que fosse, agindo como um sábio e mestre. Suas atenções eram para os pequeninos, pecadores, pobres, encarcerados, doentes, velhos e crianças abandonadas.

Sua longa vida foi conduzida para o caminho do otimismo, alegria e amor a Deus e a Nossa Senhora, louvados e cantados de dia e de noite, em todas as circunstâncias, sempre. Era todo repleto do Espírito Santo. São tão vastos seus ditos, poemas e orações que se perpetuaram entre os devotos, como este que ensinava aos jovens: "Filhinhos, trabalhai quando ainda são jovens, e sofrei com boa vontade, porque, quando alguém é velho, não lhe resta senão a boa vontade". E ainda o que exortava a todos : "Amai a Deus e não fracassareis, fazei por bem e deixai que falem".

Aos oitenta e dois anos de idade, muito doente, sofrendo de artrite nas mãos e pés, além de um grave mal que lhe atingiu o estômago, foi enviado para Roma, onde morreu em 19 de maio de 1750, pedindo perdão aos irmãos caso os tivesse ofendido. Uma de suas frases resume bem o seu carisma de vida: "Quem ama a Deus com pureza de coração, vive feliz e, depois, contente morre!"

Os milagres por sua intercessão foram muitos e a devoção popular se propagou por todo o mundo católico, onde as famílias franciscanas estão instaladas. Foi beatificado em 1806, pelo papa Pio VII, que marcou sua festa para o dia de sua morte. Depois, em 1982, são Crispim de Viterbo foi canonizado pelo papa João Paulo II, tornando-se o primeiro santo que esse papa alçou à veneração dos altares da Igreja.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Fonte: https://arquisp.org.br/

quinta-feira, 18 de maio de 2023

5 coisas que Jesus disse sobre as crianças e o que elas significam para nós

Giorgio G

Por Theresa Civantos Barber

As coisas que Jesus disse sobre as crianças foram revolucionárias para o seu tempo! O que esses ensinamentos significam para nós hoje?

Recentemente, fiquei impactada ao saber que as atitudes em relação às crianças eram muito diferentes na época de Jesus.

De fato, a atitude predominante durante o primeiro século era que as crianças eram “inúteis” e tratadas “como bens móveis”. 

Assim, saber como as pessoas da época viam as crianças colocou alguns dos comentários de Jesus sob uma nova luz para a mim.

Claro, Jesus era bem conhecido por seu amor pelas crianças. Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas incluem histórias em que ele abençoa as crianças, pedindo a seus discípulos para não deixar as crianças longe dele e dizendo que seus seguidores deveriam se tornar como crianças.

Esses comentários certamente parecem muito mais revolucionários quando você sabe que as crianças eram o degrau mais baixo da sociedade no tempo de Jesus! Isso realmente me faz pensar como as pessoas daquela época reagiram quando Ele disse que das crianças seria o reino dos céus.

Mas, como poderia ser para nós demonstrar esse amor pelas crianças? Talvez dizer algo acolhedor e gentil para a família com a criança ativa na missa ou segurar o bebê de uma amiga para que ela coma com as duas mãos.

Que tal cuidar dos filhos mais velhos da sua amiga para que ela possa tirar uma soneca e descansar com seu recém-nascido? Ou oferecer uma missa para as crianças em todos os lugares?

Seja como for, todos nós podemos fazer a nossa parte para seguir o mandamento de Jesus de amar e acolher as criancinhas em nosso meio.

Aqui estão cinco versículos da Bíblia que revelam o que Jesus ensinou sobre as crianças e o que podemos aprender com cada um.

1O REINO DOS CÉUS É DOS QUE SE ASSEMELHAM ÀS CRIANÇAS

“Foram-lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre elas e orasse por elas. Os discípulos, porém, as afastavam. Disse-lhes Jesus: “Dei­xai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos Céus é para aqueles que se lhes assemelham”.

Mateus 19, 13-14

2QUEM ACOLHE UMA CRIANÇA ACOLHE A CRISTO

“Tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes: Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou.”

Marcos 9, 36-37

3HUMILDES COMO CRIANÇAS

“Neste momento, os discípulos aproxima­ram-se de Jesus e perguntaram-lhe: ‘Quem é o maior no Reino dos Céus?’. Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: ‘Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos Céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos Céus'”.

Mateus 18,1-5

4AS CRIANÇAS E SEUS ANJOS

“Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus”.

Mateus 18,10

5O MENOR SERÁ GRANDE

“Todo o que recebe este menino em meu nome, a mim é que recebe; e quem recebe a mim recebe aquele que me enviou; pois quem dentre vós for o menor, esse será grande”.

Lucas 9,48

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Ser e tornar-se irmãos na convivência sociopolítica (4/5)

Ser e tornar´se irmãos | Presbíteros

Ser e tornar-se irmãos na convivência sociopolítica

Uma das novidades mais importantes da encíclica “Fratelli Tutti” é o vínculo que ela postula entre a fraternidade e o bem comum político. Oferecemos o estudo de Maria Aparecida Ferrari, publicado no boletim Romana.

04/05/2023

3. Fecundidade para toda a sociedade

Se todos podem ou devem ser estalajadeiros nas relações sociais, parece pertinente, além de focar nos personagens, refazer a pergunta da qual nasceu a parábola do samaritano, substituindo “quem é meu irmão?” por “quem é meu irmão na convivência sociopolítica?”. Claro, podemos responder: “aquele que tem fome, sede, está nu, está na prisão ou está doente”. Mas, sendo verdadeira, essa resposta também é incompleta, pois o outro não é meu irmão só porque precisa ou só quando está desamparado. A fraternidade social consiste na disponibilidade de cada um para com o outro em qualquer situação; designa a capacidade de cultivar sempre a sensibilidade para com o seu bem e as suas necessidades e transformá-la num apoio eficaz. Trata-se, portanto, de colocar a pessoa do outro em primeiro plano, e não as suas necessidades, reconhecendo nele um irmão, uma pessoa que constantemente merece a disposição de todos de dar e dar-se livremente.

Nesse amplo exercício de fraternidade, a maioria dos cidadãos assume o papel de estalajadeiros, mantendo o anonimato. Realizam as suas tarefas cotidianas – como estalajadeiros de profissão – sem fazer barulho, e assim realizam o bem comum político. Nesta multidão de estalajadeiros, cada um, mesmo sem pôr sua assinatura no que faz, torna-se, de fato, irmão/irmã de todas as pessoas. O título da parábola que estamos comentando é “parábola do bom samaritano”, mas seria igualmente correto chamá-la de “parábola do estalajadeiro”. Como no relato de Jesus, os estalajadeiros de todos os tempos e de todas as sociedades políticas passam quase despercebidos, apesar de prestarem um serviço essencial a todos: aos que encarnam o bom samaritano, aos que encarnam o ferido, e igualmente, de forma mais geral, para o bom funcionamento da sociedade como um todo.

Por isso, refletir sobre a figura do estalajadeiro nos abre para uma maior compreensão da advertência do Papa Francisco: “Não devemos esperar tudo daqueles que nos governam […]. Gozamos dum espaço de corresponsabilidade capaz de iniciar e gerar novos processos e transformações. Sejamos parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas. Hoje temos à nossa frente a grande ocasião de expressar o nosso ser irmãos” (FT 77).

“Espaço de corresponsabilidade” e “grande ocasião”, porque a maior parte do que constitui o bem comum político é obra de cidadãos que atuam como estalajadeiros, embora às vezes também devam personificar o bom samaritano. A leitura mais frequente da parábola centra-se no ato admirável deste último, e apenas em algumas ocasiões se explicita que cuidar dos feridos é também tarefa do estalajadeiro. Na verdade, porém, foi este personagem quem fez a maior parte do trabalho, e o fez simplesmente cumprindo seu dever profissional, sem a pretensão de aparecer na mídia ou nas redes sociais, como diríamos hoje. O estalajadeiro foi irmão do bom samaritano e do ferido no desempenho de seu trabalho.

Consideremos, por outro lado, que os estalajadeiros não costumam agir sozinhos, mas estão inseridos no seu próprio dinamismo relacional e orientados para o bem de todos. Consciente ou inconscientemente, distinguem em suas tarefas oportunidades mais ou menos diretas, mais ou menos evidentes de prestar um serviço, de exercer a fraternidade, e também de nela envolver os outros, como adverte o Papa Francisco − “não o façamos sozinhos, individualmente”− ao observar que “o samaritano procurou um estalajadeiro que pudesse cuidar daquele homem” (FT 78). De fato, sem o trabalho bem feito do estalajadeiro, ele não teria podido cumprir o seu trabalho de cuidar do homem sofredor, assim como o estalajadeiro não teria podido cumprir o compromisso que assumiu sem o trabalho dos que dirigiam a pousada com ele.

Concretamente, a profissão ou ofício − e em geral qualquer atividade de serviço − representa para cada cidadão uma via privilegiada de fraternidade social e cívica, já que constitui uma contínua oportunidade de agir com retidão, promovendo efetivamente a justiça, a solidariedade e o bem dos outros. Como o samaritano prestou um serviço e “partiu sem esperar reconhecimentos nem agradecimentos”, os estalajadeiros do mundo exercem, na rotina diária da sua vida e em seu trabalho a responsabilidade para com esse “ferido que é o nosso povo e todos os povos da terra”. Do seu lugar na sociedade − do seu papel de estalajadeiros − dão uma resposta pessoal e objetiva às necessidades dos outros, respondem ao apelo do Papa Francisco: “Cuidemos da fragilidade de cada homem, de cada mulher, de cada criança e de cada idoso, com aquela atitude solidária e atenta, a atitude de proximidade do Bom Samaritano” (FT 79).

Em projeção fecunda, esta atitude pode transformar toda a cidade terrena, como fermento misturado na massa (Mt 13,33), porque, como diz o Papa Francisco, retomando o Compêndio da doutrina social da Igreja, o amor social é uma “força capaz de suscitar novas vias para enfrentar os problemas do mundo de hoje e renovar profundamente, desde o interior, as estruturas, organizações sociais, ordenamentos jurídicos” (FT 183).

Maria Aparecida Ferrari* Professora Associada de Ética Aplicada na Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma)

https://opusdei.org/pt-br

Notícias do coração da floresta

 

Crédito: Revista Cidade Nova

Notícias do coração da floresta

MUNDO UNIDO Jovens de Parintins já se mobilizam para participar do Genfest 2024, movidos pela convicção de que todos nasceram para construir a unidade e fraternidade universais.

por A Redação.   publicado em 17/05/2023

MUNDO UNIDO Jovens de Parintins já se mobilizam para participar do Genfest 2024, movidos pela convicção de que todos nasceram para construir a unidade e fraternidade universais

É de Parintins, no interior do estado do Amazonas, que chegaram relatos entusiasmados de um grupo de cerca de 20 jovens, com idade média de 17 para 18 anos, que já realizam um intenso trabalho de preparação para a participação no Genfest 2024. A porta-voz do grupo é Ana Paula Cavalcante da Costa, de 27 anos. Ela conta que um dos grandes desafios do grupo é levantar recursos financeiros para a viagem e estadia em Aparecida (SP), onde, em julho do próximo ano, ocorrerá a próxima edição internacional do festival juvenil do Movimento dos Focolares. Para além desse desafio, esses jovens demonstram uma grande convicção de que todos nascemos para a unidade e fraternidade e que esse festival será uma oportunidade histórica para testemunhar isso.

Nesse sentido, para Ana Paula, o Genfest já está em andamento com essa preparação que, para ela em particular, teve início com o congresso nacional do Movimento Gen (setor juvenil do Movimento dos Focolares), realizado em novembro do ano passado, em Natal. Ali, foi anunciada oficialmente a realização do Genfest Internacional em Aparecida. Ao retornar para a sua cidade natal, ela não perdeu tempo e convidou toda a comunidade local dos Focolares, em especial o pequeno grupo de jovens, a participarem dessa experiência. Entusiasmados e com o suporte dos adultos, os jovens já iniciaram uma série de ações para levantar os recursos de que precisam: rifa de prêmios, bazar de produtos variados, sessões de filmes nas escolas (a cidade não conta com cinema) e venda de brigadeiros com mensagens motivacionais. Outra atividade que deverá ajudar muito esses jovens é a venda de comida (menu variado) nas proximidades do “bumbódromo”, espaço onde se dá a tradicional Festa do Boi de Parintins. 

SEMANA MUNDO UNIDO DOS JOVENS DE PARINTINS

Um momento importante nessa caminhada rumo ao Genfest foi a Semana Mundo Unido (SMU), uma realização anual dos setores juvenis dos Focolares em que um dos grandes propósitos é criar opinião pública em favor do mundo unido mediante a realização de diferentes ações concretas. Para cada ano, a Semana conta com um tema. Em 2023, a exemplo do ano passado, a SMU – já sintonizada com o Genfest – esteve focada na temática do cuidado com a vida no planeta. 

Inspirados nessa causa, os jovens de Parintins promoveram ações que favorecem a conscientização das pessoas quanto ao cuidado do meio ambiente. A primeira delas foi um encontro em que promoveram uma reflexão inspirada em trechos da carta encíclica Laudato Si’, do papa Francisco. Outra ação foi o gesto de plantar uma árvore em uma escola e organizar os alunos para, em grupos, continuarem cuidando desse cultivo. Outra ação foi o retorno à Lagoa da Francesa, em uma região socialmente vulnerável da cidade, para promover uma gincana ecológica que consistiu na limpeza do local. Essa iniciativa, em uma ocasião anterior, motivou a criação de um coletivo – os Amigos pela Francesa – que passou a cuidar da preservação do local. 

Os jovens de Parintins demonstram não se intimidar com os desafios que implicam a sua participação no Genfest 2024, especialmente para quem vive distante das possibilidades comuns aos grandes centros. “Eles estão encantados com essa experiência”, afirma Ana Paula. 

Tags:

cidade nova, parintins, Focolares Brasil, Genfest 2024


Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

Por que há 40 dias entre a Páscoa e a Ascensão do Senhor?

Renata Sedmakova | Shutterstock

Por Morgane Afif

O período de 40 dias tem algo simbólico.

A Ascensão é uma solenidade litúrgica, comum em todas as Igrejas cristãs. É celebrada 40 dias após a Páscoa da Ressurreição.

A solenidade marca o fim de um certo tipo de presença de Cristo na terra. Se a partir daquele momento Jesus não estaria mais visível, Ele lembra aos seus discípulos que está sempre presente:

“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”.

Mt 28,20

Os Atos dos Apóstolos registram que durante os quarenta dias após a Páscoa, Jesus apareceu várias vezes aos discípulos, até a Ascensão. A partir daquele momento, os discípulos, isto é, os cristãos, passariam a crer sem provas visíveis. E é no testemunho deles, aquele que o Novo Testamento nos deixou, que nós baseamos a nossa fé.

Os 40 dias entre a Ressurreição e a Ascensão

O período de 40 dias tem algo simbólico. Isso significa que, historicamente, 40 dias ou 40 dias e 40 noites, separaram, de fato, a Ressurreição de Cristo de sua Ascensão? Não necessariamente. Esses 40 dias, na realidade, designam um tempo de espera e recordam, ao mesmo tempo, os 40 dias do dilúvio que caiu sobre a Terra, os 40 anos do povo hebreu no deserto, os 40 dias do jejum de Moisés no Monte Sinai antes de receber a lei, os 40 dias de peregrinação do profeta Elias e os 40 dias que Cristo passou no deserto.

Todos traduzem uma duração, uma longa e misteriosa duração. Quarenta, na tradição da Igreja, é também o número dos dias da Quaresma: é o tempo da espera, o tempo do silêncio e da oração, um tempo necessário de prova, de caminho e de amadurecimento para se preparar para encontrar Deus. 

Um período necessário, também, para os discípulos se apropriarem da surpreendente verdade da ressurreição, para depois testemunhá-la. 

São quarenta dias para lembrar que a fé é um caminho, sempre um caminho, e que a prova, o ajustamento e a dúvida precedem a feliz união com Aquele que tanto nos ama.

Como afirma o cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, “A Ascensão não indica a ausência de Jesus, mas nos diz que Ele está vivo em meio a nós de modo novo; não está mais em um lugar preciso no mundo como o era antes da Ascensão; agora está no senhorio de Deus, presente em cada espaço e tempo, próximo a cada um de nós”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Frei Gilson e Padre Roger Luís nos 22 anos da Canção Nova em Brasília

Canção Nova em Brasília | arqbrasilia

 Cerca de 20 mil pessoas são esperadas no Pavilhão do Parque da Cidade

De batina e violão nas mãos, ele se popularizou como o padre que mais atrai seguidores na internet. Durante toda a Quaresma deste ano, reuniu em média 300 mil pessoas nas lives que fez diariamente às 4 da madrugada para rezar o rosário, oração composta por 4 terços. De joelhos diante do Santíssimo Sacramento durante as duas horas de
intercessão, ele trouxe de volta a fé e a esperança para muitos que estavam sem sentido na vida.

Essa multidão tem sido atraída, além da busca por uma experiência mais profunda com Deus, pelo carisma jovial do sacerdote, que embora mantenha forte uma das tradições mais antigas do cristianismo, que é a reza do terço, tem inovado na forma de cantar e conduzir o povo à vida de oração.

Crédito: arqbrasilia

E para comemorar o aniversário de 22 anos da Canção Nova em Brasília, uma das comunidades mais expressivas da Igreja Católica no Brasil, Frei Gilson, que mora em Santo Amaro, SP, estará na capital federal nos dias 20 e 21 de maio. Cerca de 20 mil pessoas são esperadas para o evento, que será realizado no Pavilhão do Parque da Cidade.

A Canção Nova, fundada por Monsenhor Jonas Abib, tem sede em Cachoeira Paulista e se destaca por conduzir um sistema de comunicação com TV, rádio e portal e um amplo trabalho de evangelização por meio de encontros de espiritualidade por todo o país e exterior. Responsável pela Canção Nova em Brasília, outra presença expressiva no encontro será Pe. Roger Luís, pregador internacional da Profecia do Avivamento. Ele vai conduzir o evento, juntamente com Frei Gilson, durante todo o final de semana, com pregações, momentos de louvor, adoração ao Santíssimo Sacramento e celebração da Santa Missa.

Serão, portanto, 2 grandes encontros: Frei Gilson, o padre das mídias sociais e a Canção Nova, que tem uma forte presença em Brasília, principalmente com a audiência da 89,1 FM e a promoção de grandes eventos. Momento de reunir as famílias do Distrito Federal e caravanas de Goiás e todo o Centro Oeste.

Biografia Frei Gilson
Frei Gilson da Silva Pupo Azevedo é natural de São Paulo e tem 36 anos. Foi ordenado sacerdote por Dom Fernando Figueiredo em dezembro de 2013 e assumiu, em março de 2014, a função de pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo na região de Santo Amaro, São Paulo.
Faz parte da Congregação Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo, que tem como carisma viver segundo o Espírito em oração e ação apostólica, isto é, contemplar para evangelizar à luz do Espírito Santo e estar à serviço dos irmãos onde e quando for necessário. Aos 14 anos começou a tocar, aos 18 anos entrou para a vida religiosa, sendo ordenado sacerdote em 2013.

Hoje possui 2,8 milhões de seguidores no Instagram. Realiza pregações da palavra de Deus no Brasil e no exterior, canta e toca músicas cristãs e exerce liderança do Ministério Som do Monte, grupo de louvor conhecido por levar músicas cristãs aos lares do Brasil.

Serviço:
Evento: Aniversário Canção Nova Brasília – 22 anos
Presenças confirmadas: Frei Gilson e Pe. Roger Luís
Data: 20 e 21 de maio.
Local: Pavilhão do Parque da Cidade, Sprs, Brasília, DF.
Ingressos on line: sympla.com.br
Preço: 20,00 por dia.
Contato para credenciamento imprensa: thaysi.santos@cancaonova.com
Coletiva e atendimento à imprensa: Domingo, dia 21, às 10h30.
Instagram: @freigilson_somdomonte, @rogerluis @cancaonovabrasilia

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

São Leonardo Murialdo

São Leonardo Murialdo | arquisp

18 de maio

São Leonardo Murialdo

Leonardo Murialdo nasceu na Itália, em 26 de outubro de 1828, e, aos cinco anos, já era órfão de pai. A família era abastada, numerosa, profundamente cristã e muito tradicional em Turim, sua cidade natal. Isso lhe garantiu uma boa formação acadêmica e religiosa. A mãe, sua primeira educadora, o enviou para Savona, para estudar no colégio dos padres Scolapi.

Na adolescência, atravessou uma séria crise de identidade, ficando indeciso entre ser um oficial do rei Carlos Alberto ou engenheiro. Mas a vida dos jovens pobres e órfãos, sem oportunidades e perspectivas, lhe trazia grandes angústias e desejava fazer algo por eles. Por isso Leonardo escolheu o caminho do sacerdócio e da caridade para aplacar essa grande inquietação de sua alma. Com muito estudo, tornou-se doutor em teologia, em 1850, e depois foi ordenado sacerdote, em 1851.

Seus primeiros anos de ministério se distinguiram pela dedicação à catequese das crianças e à criação de vários orfanatos dedicados aos jovens pobres da periferia, aos órfãos e abandonados. A sua mentalidade aberta e o trabalho voltado à juventude lhe trouxeram o convite para ser reitor do Colégio de Jovens Artesãos, o qual aceitou com amor.

Na direção do colégio, Leonardo instaurou um clima de moralidade, harmonia, formação religiosa e disciplina familiar, apoiado por competentes colaboradores, leigos e religiosos. Com essa política, assegurou a muitos jovens o acesso a uma adequada formação cristã, cultural e profissional. Ali, os jovens, assistidos de perto por Leonardo, ingressavam com a idade de oito anos e recebiam formação até os vinte e quatro anos, quando conseguiam um trabalho qualificado.

O êxito da sua pedagogia do amor fez com que o pequeno colégio crescesse em tamanho e em expressão. Surgiram, de várias partes da Itália, solicitações para a criação desses colégios de apoio à juventude. Nesse momento, Leonardo criou a Pia Sociedade Turinense de São José, mais conhecida como Congregação de São José, que se espalhou pela Europa, África e Américas.

A entrega total a essa missão e as extenuantes horas de trabalho lhe custaram graves danos à saúde. Em 30 de março de 1900, depois de várias crises de pneumonia, Leonardo morreu. Em 1970, foi canonizado pelo papa Paulo VI. A festa de são Leonardo Murialdo foi designada para o dia 18 de maio.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Primeira congregação feminina fundada nos EUA será extinta, após 200 anos, por falta de vocações

Santa Elizabeth Ann Setton | Nheyob CC

Por J-P Mauro

As Irmãs da Caridade com sede em Nova Iorque, fundadas pela primeira santa nascida nos EUA, não receberam nenhuma nova aspirante nos últimos 20 anos.

Depois de mais de 200 anos exercendo o seu ministério em Nova Iorque, as Irmãs da Caridade anunciaram, com pesar, que a congregação está chegando ao fim. A comunidade religiosa fundada por Santa Elizabeth Ann Seton, a primeira mulher nascida em solo norte-americano a ser canonizada pela Igreja, não aceitará mais novas candidatas à comunidade e confirma que está no “caminho da conclusão”.

O principal fator por trás desta impactante decisão é a falta de novas candidatas à congregação. Se na década de 1960 as irmãs contavam com mais de 1.300 religiosas, o total desabou para apenas 154, com a média de idade em torno de 85 anos. Além disso, as irmãs não receberam nenhuma nova aspirante nos últimos 20 anos.

Em entrevista à Associated Press, a irmã Margaret Egan explicou que a decisão pelo “caminho da conclusão” foi tomada após muita oração e contemplação. Ela relembrou o silêncio emocionado que tomou conta da sala de reuniões depois que as religiosas diretoras chegaram a essa determinação, sentadas diante de uma lista que registrava os nomes de todas as Irmãs de Caridade que já compuseram a comunidade ao longo de toda a sua história bicentenária.

“Nós levantamos aquele livro e dissemos: ‘Elas estão aqui conosco’. É o reconhecimento de que todas nós fizemos o que Deus nos pediu para fazer”, disse a irmã Margaret Egan, sentada na mesma sala de reunião, dias após o anúncio.

Fundadas em 1809 por Santa Elizabeth Ann Seton, as Irmãs da Caridade foram a primeira congregação religiosa feminina a ser fundada nos Estados Unidos. As irmãs viram suas fileiras crescerem ao longo do século XIX, o que lhes permitiu abrir escolas e hospitais, consolidando a sua missão como educadoras e cuidadoras.

Por volta de 1846, a comunidade de Nova Iorque se tornou independente. As Irmãs de Caridade também expandiram a sua missão mediante comunidades nas Bahamas e na Guatemala.

Embora a extinção da comunidade religiosa deixe uma grave lacuna em toda a região de Nova Iorque, as irmãs se manifestaram satisfeitas com o trabalho realizado até aqui. Reconheceram-se como comunidade ativa durante um período de muitas “mudanças sociais”, principalmente após o Concílio Vaticano II. A época marcou, por exemplo, a troca do hábito religioso pelo uso de roupas civis.

A irmã Margaret observou, nas declarações à AP:

“Quando algo assim acontece, você pensa: ‘O que fizemos de errado?’. Tenho certeza de que muitas vezes questionamos todas as mudanças que fizemos nos anos 70 – o hábito, a saída das escolas, o início de vários outros ministérios (…) Mas quando você para e pensa, reconhece que cada pessoa que adotou qualquer uma dessas mudanças o fez na fé, tentando ler os sinais dos tempos e realizar o que foi chamada a realizar. E isso não pode estar errado”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF