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quarta-feira, 28 de junho de 2023

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo

Santo Irineu (Vatican News)

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo

(Lib. 4,20,5-7:Sch 100, 640-642.644-648)         (Séc. II)

A glória de Deus é o homem vivo;
e a vida do homem é a visão de Deus

            O esplendor de Deus dá a vida. Consequentemente, os que veem a Deus recebem a vida. Por isso, aquele que é inacessível, incompreensível e invisível, torna-se compreensível e acessível para os homens, a fim de dar a vida aos que o alcançam e veem. Assim como viver sem a vida é impossível, sem a participação de Deus não há vida. Participar de Deus consiste em vê-lo e gozar da sua bondade. Por conseguinte, os homens hão de ver a Deus para poderem viver. Por esta visão tornam-se imortais e se elevam até ele. Como já disse, estas coisas foram anunciadas pelos profetas de modo figurado: que Deus seria visto pelos homens que possuem seu Espírito e aguardam sem cessar sua vinda. Assim também diz Moisés no Deuteronômio: Nesse dia veremos que Deus pode falar ao homem, sem que este deixe de viver (cf. Dt 5,24).

            Deus, que realiza tudo em todos, é inacessível e inefável, quanto ao seu poder e à sua grandeza, para os seres por ele criados. Mas não é de modo algum desconhecido, pois todos sabemos, por meio do seu Verbo, que há um só Deus Pai que contém todas as coisas e dá existência a todas elas, como está escrito no Evangelho: A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer (Jo 1,18).

            Portanto, quem desde o princípio nos dá a conhecer o Pai é o Filho, que desde o princípio está com o Pai.As visões proféticas, a diversidade de carismas, os ministérios, a glorificação do Pai, tudo isto, como uma sinfonia bem composta e harmoniosa, ele manifestou aos homens, no tempo próprio, para seu proveito. Porque onde há composição, há harmonia; onde há harmonia, tudo acontece no tempo próprio; e quando tudo acontece no tempo próprio, há proveito.

            Por esta razão, o Verbo se tornou o administrador da graça do Pai para proveito dos homens. Em favor deles, pôs em prática o seu plano: mostrar Deus ao homem e apresentar o homem a Deus. No entanto, conservou a invisibilidade do Pai: desta forma o homem não desprezaria a Deus e seria sempre estimulado a progredir. Ao mesmo tempo, mostrou também, por diversos modos, que Deus é visível aos homens, para não acontecer que, privado totalmente de Deus, o homem chegasse a perder a própria existência. Pois a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus. Com efeito, se a manifestação de Deus, através da criação dá a vida a todos os seres da terra, muito mais a manifestação do Pai, por meio do Verbo, dá a vida a todos os que veem a Deus.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

terça-feira, 27 de junho de 2023

Um canto onde a vida canta

Canto da Vida (Mundo e Missão)

Um canto onde a vida canta

“Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). A vida plena pede um corpo sadio.

As Irmãs Servas da Caridade, ou ‘Suore Ancelle della Carità - Brescia’, chegaram no Brasil em 12 de junho de 1963, respondendo aos apelos do Concílio Vaticano II, que pedia missões além-fronteira às congregações. A missão inicial foi no campo da saúde. Atualmente, as Servas da Caridade continuam no serviço operoso e generoso nos asilos, nas pastorais, nas famílias e onde se faz necessário.

De Brescia a Morungaba

As Servas da Caridade estão presentes, desde 1965, em Morungaba-SP. Vieram a pedido do pároco de então, monsenhor Honório Henrique Nacke, que procurava uma congregação religiosa para os diversos serviços no hospital recém- -construído. Além do serviço no hospital, as religiosas assumiram a catequese e deram vida à primeira escola infantil da cidade, que, por quase quatro décadas, educou muitos cidadãos morungabenses.

Nasce o Canto da Vida

Em 2003, as missionárias decidiram encerrar as atividades do Centro Educacional Servas da Caridade. No entanto, era necessário realizar outra atividade conforme o carisma de Santa Maria Crucifixa e em resposta aos apelos dos tempos atuais. Diante de tantas doenças emocionais em uma realidade onde poucos têm acesso à saúde de qualidade, e onde o ser humano, sempre mais fragmentado, investe apenas na aparência, as Irmãs Servas da Caridade pensaram em criar um espaço terapêutico natural, o “spa d’alma”. A ideia foi bem-vinda, pois a congregação já contava com irmãs experientes na área das terapias naturais, particularmente em Florais e plantas. Uma vez finalizada uma reforma no espaço físico e concluída a formação profissional das religiosas nas variadas técnicas terapêuticas, no dia 25 de março de 2007 nasceu o Canto da Vida. “Um canto onde a vida canta”. Nesses 16 anos de história foram inúmeras as experiências de milhares de pessoas atendidas com resultados positivos. Muitos encontros, retiros, cursos, eventos, e tantos outros eventos a mais.

Ir. Solange Moreira durante um atendimento no Canto da Vida (Mundo e Missão)

Algumas das técnicas realizadas atualmente no Canto da Vida

Florais de Bach: Os Florais de Bach são essências de flores, cujo poder de cura foi descoberto pelo médico inglês Edward Bach. Eles agem sobre o estado emocional do paciente e formam um sistema terapêutico segundo o qual a doença resulta de um desequilíbrio energético que leva a pessoa à enfermidade física. São muito eficientes em todas enfermidades de causa emocional: stress, insônia, nervosismo, irritação, traumas, medos, etc.

Ir. Solange Moreira no Canto da Vida (Mundo e Missão)

Argiloterapia: A argiloterapia, cujas propriedades terapêuticas vêm da antiguidade, é indicada nos tratamentos de artrite, artrose, dores musculares, doenças da pele, fraturas, cicatrização. Ela elimina excessos de radioatividade e toxinas no local da aplicação através de suas propriedades coloidais. A lama argilosa revitaliza tecidos enfermos, descongestiona e normaliza a circulação sanguínea e repõe a energia eletromagnética das células.

por Ir. Solange Moreira

Fonte: https://www.editoramundoemissao.com.br/

Maior proporção de mães solo do mundo está na América Latina

Brocreative | Shutterstock

Por Francisco Vêneto

Os efeitos sociais e econômicos deste quadro são impactantes para a região.

Cerca de 11% dos lares da América Latina e do Caribe são monoparentais – e a mãe é, quase sempre, a responsável por esses lares.

A estimativa é da ONU e está acima da média global, que fica em torno de 8%. De fato, a proporção de mães solo na América Latina é a maior do planeta, superando inclusive a da África Subsaariana, onde as famílias monoparentais são 10% do total.

Os números da ONU também estimam que quase um terço das mulheres latino-americanas tem filho antes dos 20 anos de idade.

As consequências sociais deste panorama são impactantes. Segundo Diana Rodríguez Franco, secretária de assuntos da mulher na prefeitura de Bogotá, observa-se um padrão em que “uma mulher tem um filho, é abandonada pelo pai [da criança], tem outro filho com outro homem, e é abandonada novamente”.

Essas mães solo, naturalmente, enfrentam desafios particulares no tocante a trabalho e renda.

Por um lado, há um dado positivo: segundo o Banco Mundial, 78% das mães solo na América Latina e no Caribe estão no mercado de trabalho, um índice superior ao dos adultos em geral na região, que é de 73%. Por outro lado, a sua renda é muito menor que a de outros grupos de adultos, porque, muitas vezes, somente trabalhos informais lhes proporcionam flexibilidade para cuidar dos filhos pequenos.

Além disso, o grupo das mães solo também apresenta uma alta taxa de desemprego, estimada em 9,2% e superior à de todos os demais grupos analisados, inclusive o de pais solteiros e o de mulheres solteiras sem filhos.

Para a ONU, este cenário leva a uma participação menor das mulheres na força de trabalho, o que, por sua vez, deve reduzir o PIB per capita da América Latina e do Caribe em 14% no período de 2020 a 2050.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Com a mente e o coração na "Cidade Maravilhosa": Papa recorda os dez anos da JMJ do Rio

JMJ Rio de Janeiro (Vatican Media)

Em carta, Papa recorda a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro em 2013 e faz votos que se renove nos participantes daquela Jornada, e brote no coração dos jovens de hoje, o empenho missionário de uma "Igreja em saída", sempre atenta ao mandato de Jesus Cristo: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt 28, 19).

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Prestes a viver as emoções da JMJ de Lisboa, o Papa voltou sua "mente e coração" à Cidade Maravilhosa, onde dez anos atrás viveu um dos eventos mais intensos do seu pontificado.

As lembranças do Papa afloraram quando o arcebispo de Rio de Janeiro, card. Orani João Tempesta, escreveu uma carta ao Pontífice recordando justamente os dez anos da Jornada, que se completam agora no próximo mês de julho.

Francisco retribuiu com outra carta, em que assegura que continua "indelével" em sua memória a recordação daquele encontro em terras cariocas, durante sua primeira Viagem Apostólica fora da Itália, como Bispo de Roma e Sucessor do Apóstolo Pedro, "com a missão de confirmar os irmãos na fé".

As palavras contidas na carta de Dom Orani, afirma o Papa, "transportaram-me o coração e a mente até aqueles dias vividos no meio da juventude do Brasil e do Mundo reunida na 'Cidade Maravilhosa'".

JMJ Rio de Janeiro - Papa Francisco (Vatican Media)

Por ocasião do décimo aniversário do evento, o Pontífice faz votos que se renove nos participantes daquela Jornada, e brote no coração dos jovens de hoje, o empenho missionário de uma "Igreja em saída", sempre atenta ao mandato de Jesus Cristo: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt 28, 19).

O Papa conclui confiando tais votos à intercessão de Nossa Senhora Aparecida e de São Sebastião, enviando ao seu anfitrião no Rio a sua saudação, acompanhada da bênção de Deus, que estende de bom grado ao clero e a todos os fiéis da dileta Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

O arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta conversou com a Rádio Vaticano - Vatican News.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

“A fé exige o realismo do acontecimento” (4/6)

Joseph Ratzinger (30Giorni)

Arquivo 30Dias - 06/2003

“A fé exige o realismo do acontecimento”

“A opinião de que a fé, enquanto tal, não conhece absolutamente nada dos fatos históricos e deve deixar tudo isso aos historiadores, é gnosticismo: esta opinião desencarna a fé e a reduz a pura idéia. Para a fé que se baseia na Bíblia é, ao contrário, exigência constitutiva precisamente o realismo do acontecimento. Um Deus que não pode intervir na história nem mostrar-se nela não é o Deus da Bíblia”. O discurso do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé por ocasião do centenário da constituição da Pontifícia Comissão Bíblica.

de Joseph Ratzinger

Por conseguinte, o sonho tornou-se realidade? Os segundos cinqüenta anos da Comissão Bíblica cancelaram e puseram de parte como ilegítimo o que os primeiros cinqüenta tinham produzido? À primeira pergunta responderia que o sonho foi traduzido em realidade e que simultaneamente foi também corrigido. A mera objetividade do método histórico não existe. É simplesmente impossível excluir totalmente a filosofia, ou seja, a pré-compreensão hermenêutica. Isto já se evidencia, quando Maier ainda era vivo, por exemplo, no “Comentário a João” de Bultmann, onde a filosofia heideggeriana não servia apenas para fazer presente aquilo que historicamente estava longe e agia, ou seja, como meio de transporte que transfere o passado para o nosso hoje, mas também como desembarcadouro que leva o leitor para dentro do texto. Mas esta tentativa falhou, e tornou-se evidente que o puro método histórico – como de resto também no caso da literatura profana – não existe. É sem dúvida compreensível que os teólogos católicos, na época em que as decisões da Comissão Bíblica de então lhes impediam uma mera aplicação do método histórico-crítico, olhassem com inveja para os teólogos evangélicos, os quais, entretanto, com a seriedade da sua investigação, estavam em condições de apresentar resultados e aquisições novas sobre como esta literatura, que nós chamamos Bíblia, tenha nascido e crescido ao longo do caminho do povo de Deus. Mas com isto não era considerado suficientemente o fato de que na teologia protestante se tinha o problema oposto. É o que se vê de maneira clara, por exemplo, na conferência realizada em 1936 pelo grande aluno de Bultmann, que mais tarde se converteu ao catolicismo, Heinrich Schlier, sobre a responsabilidade eclesial do estudante de teologia. Naqueles tempos, a cristandade evangélica na Alemanha estava comprometida numa batalha pela sobrevivência: o confronto entre os chamados Cristãos alemães (Deutsche Christen) que, submetendo o cristianismo à ideologia do nacional-socialismo, o falsificaram nas suas raízes e a Igreja confessante (Bekennende Kirche). Neste contexto Schlier dirigiu aos estudantes de Teologia estas palavras: “...Refleti um momento sobre o que é melhor: que a Igreja, de maneira legítima e depois de uma reflexão atenta, prive do ensino um teólogo por uma doutrina heterodoxa, ou que o indivíduo, de modo gratuito acuse um ou outro professor de heterodoxia e alerte contra ele? Não se deve pensar que o julgar acabe quando se deixa que cada qual julgue ad libitum. Aqui a visão liberal é coerente quando afirma que não pode existir decisão alguma sobre a verdade de um ensinamento, e que por isso cada ensinamento tem algo de verdadeiro e, portanto, na Igreja devem ser admitidos todos os ensinamentos.

Mas nós não partilhamos esta visão. De fato, ela nega que Deus tenha tomado verdadeiramente uma decisão entre nós...”. Quem se recorda que então grande parte das Faculdades protestantes de teologia estava quase exclusivamente nas mãos dos Cristãos alemães e que Schlier, devido a afirmações como a que acabamos de citar, teve que deixar o ensino acadêmico, pode dar-se conta de outro aspecto deste problema.

O discurso do cardeal Ratzinger
foi pronunciado em língua italiana
no Augustinianum em 29 de abril de 2003.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Os pensamentos sociais e eucarísticos em Tertuliano e em Orígenes

Tertuliano (diocesedemaraba)

OS PENSAMENTOS SOCIAIS E EUCARÍSTICOS EM TERTULIANO E EM ORÍGENES

26 de junho de 2023   .   

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

            Tertuliano e Orígenes, Padres da Igreja dos séculos II e III, viveram no mesmo período da Igreja antiga, o primeiro no Ocidente e o segundo no Oriente, tendo pontos conjuntos, importantes em relação aos pensamentos sociais e também eucarísticos. Tertuliano era do Norte da África. Em Roma formou-se no Direito romano, e depois de convertido defendeu o cristianismo na sua terra, Cartago colocando na comunidade pontos sociais, evangélicos e eucarísticos. Orígenes era também da África, No Egito, de Alexandria. Ele teve mais presente a Sagrada Escritura sendo também um Educador em Alexandria, levou as pessoas ao conhecimento da Palavra de Deus, a parte social e a eucaristia. Os dois padres colocaram a fé em Cristo Jesus pela eucaristia visava à realidade social, de bem, de amor para com todas as pessoas sobretudos as necessitadas. Em seguida ver-se-á estes pontos.

            Os bens recebidos.

            Na questão social disse Tertuliano, seguindo a Sagrada Escritura, que os bens materiais passam de modo que é preciso ater-se aos bens espirituais (Mt 6,20). Esta ensina a todas as pessoas para que em cada passo da vida não se dê tanto valor aos bens materiais, devido a sua transitoriedade. O próprio Senhor não possuiu nada para a sua sobrevivência. Ele sempre defendeu os pobres e condenou aos que possuíam riquezas(Lc 12,20)[1].

            O valor da comunidade.

            Tertuliano disse ainda na questão social a importância da comunidade para toda a pessoa que segue Cristo e a Igreja. A comunidade era formada por muitas pessoas, que rezavam pelos Imperadores, por seus ministérios e por seus poderes, pelo estado presente do mundo, pela paz e pelo adiamento do fim. A comunidade reunia-se também para ler as Sagradas Escrituras, e a nutrir-se por elas, pela fé, pela esperança, reafirmando a confiança, a disciplina, a caridade[2].

            Tudo vem de Deus.

            Tertuliano disse que tudo vem de Deus, do qual também as pessoas provieram neste mundo. Desta forma é fundamental para a pessoa que segue a Jesus deixar-se levar pelas coisas celestes para assim não agarrar-se demais as coisas terrenas. A Palavra de Deus diz que é preciso dar alguma roupa para quem não a tem (Lc 3,11), ou mesmo o manto e a própria túnica para a pessoa necessitada (Mt 5,40). É preciso doar para não perecer com as coisas. Diferentemente das pessoas gananciosas, Tertuliano diz que é preciso sacrificar o dinheiro pela alma, seja doando de uma forma espontânea, seja suportando pacientemente as perdas[3].

            A ceia do Senhor e a fé na Igreja.

            Seguindo também a Palavra de Deus Tertuliano dizia que a comunidade cristã não comia das coisas sacrificadas aos ídolos, também em honra dos mortos, porque ela era convidada a comer a ceia do Senhor para alimentar-se bem em sua vida[4]. Ele dizia também que a Igreja de Roma ensinou muitas coisas em relação à eucaristia das quais as Igrejas Africanas estavam unidas a ela. Ele tinha presente o Credo apostólico, na qual as pessoas acreditavam em um só Deus e Senhor, Criador do Universo e em Jesus Cristo, nascido da Virgem Maria, Filho de Deus Criador e Aquele que o ressuscitou dos mortos. A Igreja uniu a Lei e os Profetas tendo presentes também os escritos evangélicos e apostólicos para que as pessoas bebam desta fé, amparada pelo Espírito Santo que nutre com a eucaristia a Igreja e também exorta ao martírio, pela doação da vida da pessoa ao Senhor[5].

            Cristo é o pão da vida e o cotidiano.

            Tertuliano disse que na oração do Pai nosso as pessoas pedem ao Pai o pão cotidiano. Cristo é vida e o pão da vida de modo que é pão a sua palavra que desce do céu (Jo 6,35), sendo o seu corpo, pão (Mt 26,26). As pessoas pedem o pão cotidiano, também o pão espiritual para assim não estarem separados do seu corpo[6].

            A carne nutre-se do corpo e do sangue de Cristo.

            Tertuliano colocou a realidade da natureza humana, a carne, que se nutre do corpo e do sangue de Cristo. Esta realidade insignificante recebe junto de Deus uma dignidade grande, em vista da salvação da mesma, a sua ressurreição. Quando a carne é ligada Deus, também a alma vai junto nesta unidade. É sobre a carne que é dada o sinal da cruz para que a alma seja defendida; é sobre a carne que é dada a imposição das mãos, para que a alma seja iluminada pelo Espírito Santo; é a carne que se nutre do corpo e do sangue de Cristo, para que também a alma seja saciada de Deus. Desta forma será também a recompensa final onde as duas substâncias unidas viverão a vida eterna pela sua unidade neste mundo[7].

            Uma moral comum.

            Na questão social disse Orígenes que Deus semeou no coração, nas almas de todos os seres humanos o que ele ensinou pelos profetas, pelo Salvador para que ninguém encontre desculpa no juízo divino, pois todo ser humano tem a exigência da lei inscrita no seu coração[8], o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. Todos são chamados a viver o respeito, o amor de verdade para que Deus seja amado sobre todas as coisas e as pessoas o respeitem, sobretudo nas humildes, simples e pobres.

            O Senhor foi enviado às pessoas pecadoras.

            Ainda no contexto social disse Orígenes que o Senhor foi enviado às pessoas pecadoras e por isso foi criticado pelos fariseus e doutores da lei, as pessoas consideradas puras, mas na realidade eram também pecadoras. O Deus Logos foi enviado como médicos aos pecadores, aos doentes (Mt 9, 12-13) como Mestre dos divinos mistérios às pessoas necessitadas de vida e de evangelização[9].

            A eucaristia, sendo bem recebida e a realidade do Senhor.

            Orígenes afirmou a importância da recepção da eucaristia, o corpo do Senhor. Nada se perdesse, uma vez que a eucaristia era dada nas mãos de modo que nenhuma migalha caísse no chão ao receber o corpo de Cristo[10]. O padre alexandrino também disse a respeito da presença de Cristo sob as espécies eucarísticas. Tendo presente a multiplicação dos pães em Mateus que Jesus após ter curado doentes, os deu para eles, para que recuperada a saúde, tomassem participantes dos pães da benção espiritual (Mt 14,14-21)[11].

            O pão e o vinho, a Palavra do Verbo de Deus.

            Orígenes também dizia que o pão que o Verbo de Deus na carne confessou de ser seu corpo é a palavra que alimenta as almas, palavra que procede dele e pão proveniente do pão celestial que foi posto sobre a mesa. O vinho que o Verbo de Deus confessa de ser seu sangue, é a Palavra que apaga a sede e sacia os corações das pessoas que o tomam, bebida de salvação[12].

            Tertuliano e Orígenes foram importantes na Igreja antiga e dão luzes à atualidade por serem pessoas de comunidades vivas que atuaram como protagonistas da Palavra de Deus, seguindo o Evangelho de Jesus Cristo, dando valor aos pensamentos sociais e eucarísticos, porque um não estava desligado do outro. A fé em Cristo nas espécies do pão e do vinho consagrados, na pessoa que os recebia impulsionava-a às obras de caridade com as pessoas necessitadas e pobres na família, na comunidade e na sociedade.

[1] Cfr. Tertulliano. Liber de Patientia, PL 1,1260ss. In: Giordano Frosini. Il pensiero sociale dei Padri. Brescia, Queriniana, 1996, pg. 58.

[2] Cfr. Tertuliano. Apologético, 39-2-3. São Paulo, Paulus, 2021, pg. 150.

[3] Cfr. Tertulliano. Liber de Patientia,..  In:: Idem, pg. 59.

[4] Cfr. Tertulliano. Gli Spettacoli, cap. 13, PL 1, 646B. In: Gerardo di Nola. Monumenta Eucharistica. La Testimonianza dei Padri della Chiesa. Vol. 1, Sec. I-IV. Roma, Edizioni Dehoniane, 1994, pg. 119.

[5] Cfr. Idem, La prescrizione degli eretici, cap. 36, 4-5; A. Kroymann, CSEL 70, 46 70; PL 1,4B. In: Idem, pgs. 120-121.

[6] Cfr. Idem, La Preghiera, cap. 6; PL 1, 1160 A -1161 A. In: Idem, pg. 121.

[7] Cfr. Idem. La risurrezione deei morti, cap. 8, 1-3; Kroymann, CSEL, 47,3p. 36ss; PL 2, 806°-B. In: Idem, pgs. 130-131.

[8] Orígenes. Contra Celso, Livro Primeiro, 4. São Paulo, Paulus, 2004, pgs. 43-44.

[9] Cfr. Idem, Livro Terceiro, 62, pg. 259.

[10] Cfr. Origene. Omelie sull´Esodo, Omelia 13,3, Baehrens, GCS 29, Origenes Werke 6, 274; PG 12, 391 A-B. In: Idem, pg. 163.

[11] Cfr. Idem. Commento a Matteo, X,25; Klostermann, GCS 40. Origenes Werke 10,34, 13-20; PG 13, 901D-904 A. In: Idem, pg. 170.

[12] Cfr. Idem, Commento a Matteo, X, 85, Mt 26, 26ss: Klostermann, 196ss: PG 13, 1734 A-1735A. In: Idem, pg. 173.

Fonte: https://diocesedemaraba.com.br/

S. CIRILO DE ALEXANDRIA, BISPO E DOUTOR DA IGREJA

S. Cirilo de Alexandria, século XVIII  (© Musei Vaticani)

27 junho 

São Cirilo de Alexandria

Testemunha "incansável e convicto" de Jesus Cristo, "Verbo de Deus encarnado": foi o que Bento XVI, disse sobre São Cirilo de Alexandria, dedicando toda uma audiência, em 3 de outubro de 2007, a esta "grande figura" e um dos Padres da Igreja.

Bispo da Igreja de Alexandria

Cirilo, sobrinho de Teófilo, que, desde 385, governou a diocese de Alexandria no Egito, nasceu, provavelmente, naquela mesma cidade, entre 370 e 380.
Desde cedo, foi encaminhado à vida eclesiástica. Por isso, Cirilo recebeu uma boa educação, tanto cultural quanto teológica.
Em 403, estando em Constantinopla com seu tio, Teófilo, participou com ele do Sínodo, chamado Sínodo do Carvalho, que teve como êxito a deposição do bispo da cidade, João (chamado, mais tarde, Crisóstomo), assinalando assim o triunfo da sede de Alexandria sobre a sua tradicional rival de Constantinopla, onde residia o imperador.
Com a morte do seu tio Teófilo, o ainda jovem Cirilo foi eleito bispo, em 412, da influente Igreja de Alexandria, que governou com grande energia, durante 32 anos, seguindo sempre o objetivo de confirmar a sua primazia em todo o Oriente, ciente também dos laços tradicionais com a Igreja de Roma.

Fé cristológica

Alguns anos depois, em 417 ou 418, Cirilo restabeleceu a comunhão com Constantinopla. No entanto, os contrastes se reacenderam quando, em 428, Nestor foi eleito como novo bispo de Constantinopla. Em uma sua pregação, preferiu dar a Maria o título de "Mãe de Cristo" (Christotókos), ao invés daquele – tão querido pela devoção popular - de "Mãe de Deus" (Theotókos).
Antes e durante o Concílio de Éfeso, a reação de Cirilo - então o maior expoente da Cristologia alexandrina, que queria dar maior ênfase à unidade da pessoa de Cristo - foi quase imediata ao repropor, novamente, o dever dos Pastores de preservar a fé do Povo de Deus. Seu critério era que “a fé do Povo de Deus devia ser expressão da tradição e garantia da boa doutrina cristã”.
Em uma carta a Nestor, Cirilo descreveu, claramente, o seu credo cristológico: "Afirmamos, assim, que as naturezas, unidas em uma verdadeira unidade, são diferentes; delas resultam apenas um só Cristo e um só Filho", porque "divindade e humanidade, unidas em um elo indizível e inexprimível, produziram para nós um único Senhor, um único Cristo e um único Filho”. Enfim, o Bispo de Alexandria frisou: "Professamos um só Cristo e Senhor". Desta forma, conseguiu que Nestor fosse repetidamente condenado; por outro lado, conseguiu também, em 433, chegar a uma fórmula teológica de reconciliação com os fiéis de Antioquia.
São Cirilo de Alexandria faleceu em 27 de junho de 444.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Sacrifício: a chave dos relacionamentos verdadeiros e duradouros

Bacho | Shutterstock (Modified by Aleteia) / #image_title

Por Michael Rennier

Desistir até das pequenas coisas pelos amigos e pela família não é fácil, mas os Protomártires da Igreja de Roma nos ajudam a entender por que o sacrifício vale a pena.

No fim de junho, celebramos a festa Protomártires da Igreja Romana, aqueles homens e mulheres que perderam a vida por sua fé durante a perseguição cristã. E dois pensamentos vêm à minha mente todos os anos quando celebramos esta festa.

Primeiro, esses mártires são anônimos. Seus nomes estão perdidos na história. Mesmo em seus próprios dias, eles não ganharam fama por seu sacrifício. Eles não foram considerados heróis por seus contemporâneos fora da Igreja. Os romanos os prenderam e eles simplesmente desapareceram.

Em segundo lugar, aqueles primeiros mártires fizeram seu sacrifício livremente. Se tivessem negado sua fé, mesmo que temporariamente, poderiam facilmente ter evitado a morte. Eles fizeram uma escolha consciente e deliberada de se posicionar.

Por que eles estavam dispostos a passar por um sofrimento tão ingrato?

Se eu tivesse que apostar, diria que foi porque eles não pensaram em seus sacrifícios como sendo em nome de uma ideia, conjunto de regras ou compromisso moral. Eles se sacrificaram porque consideravam Jesus um amigo. E a amizade não é um objeto que pode ser recolhido ou colocado de acordo com nossa conveniência.

Evitando o sacrifício

Quando se trata de fazer um sacrifício por uma amizade, é fácil nos convencermos de que isso seria um desperdício. Esta ou aquela amizade não é valiosa o suficiente, digo a mim mesmo. Estou muito ocupado e não vale a pena. Não estou nem falando aqui de grandes sacrifícios. Estou falando dos pequenos – reservar um tempo para fazer uma ligação e manter contato. Já ouvi pessoas alegarem que não vão entrar em contato com um amigo porque esse amigo não prestou atenção suficiente a elas no passado, ou não vão convidar um amigo para jantar porque essa pessoa nunca retribui o convite.

Eu admito: eu costumava pensar assim. Se um amigo tivesse problemas para manter contato comigo, eu o descartava. Se eu sentisse que ele não me reconhecia o suficiente, eu o ignorava. Eu vim a entender, no entanto, que a vida tem um jeito de se tornar opressiva para as pessoas. Se eu tiver que fazer um pequeno sacrifício de ser o primeiro a estender a mão e sugerir que tomemos um café e coloquemos o papo em dia, por que não?

Casamento e sacrifícios

No casamento, os pequenos sacrifícios são ainda mais essenciais – limpar a cozinha, tirar o lixo, lavar a roupa, escolher o que comer no jantar, como pagar as contas. 

Eu preparo casais de noivos para o matrimônio. A maior bandeira vermelha que vejo é quando os casais se recusam a fazer esses pequenos sacrifícios um pelo outro. Eles fazem planilhas de quem pagará quais contas porque não querem misturar suas finanças, têm uma tabela de tarefas para que todas sejam divididas igualmente e organizam cuidadosamente quem obtém o controle de várias áreas de suas vidas. Se uma pessoa se beneficia em uma área, uma compensação equivalente é exigida em outra.

Na minha opinião, esses casais não estão prontos para o casamento. Eles não podem, nem mesmo, ser amigos ainda. Eles ainda estão contando o custo. O relacionamento, tal como é, não se baseia no sacrifício mútuo, mas sim no quanto cada pessoa está ganhando com isso, organizando cuidadosamente as coisas para que nenhuma das pessoas se sinta prejudicada.

Eu me pergunto se, de um modo geral, perdemos nosso compromisso com o que realmente é necessário para tornar um relacionamento frutífero. O mundo moderno nos encoraja a sermos egocêntricos e somos ensinados desde cedo a pensar primeiro em nosso próprio bem-estar. Descartamos facilmente amizades e casamentos ao primeiro sinal de que algum sacrifício poderá ser necessário.

O que os Protomártires podem nos ensinar

Esse pensamento é o que me traz de volta aos Protomártires romanos. Eles formam um forte contraste com a visão moderna dos relacionamentos. Deram tudo o que tinham pela amizade. 

Recentemente, tivemos ordenações de novos sacerdotes em St. Louis, e um amigo meu, padre Gerber, destacou, na homilia, que o sacerdócio não é apenas mais um trabalho. Rezar a missa não é um exemplo de homem que está simplesmente trabalhando. Em vez disso, um padre deve mostrar aos fiéis que está “apaixonado por nosso amigo”. Cristo, como sacerdote, faz o último sacrifício por nós porque essa é a base para estabelecer a amizade. É o mesmo com todas as nossas amizades. O sacrifício deve ser a base, caso contrário, não são relacionamentos verdadeiros.

Posso não ser perfeito, mas posso pelo menos prometer que, com o melhor de minha capacidade, tentarei formar a base de nossa amizade com sacrifício. Esses sacrifícios não serão usados ​​como moeda de troca para algum benefício futuro que reivindicarei. Com o melhor de minha capacidade, eles permanecerão sem nome. Eu nem vou me importar se eles permanecerem não reconhecidos. Digo isso não porque sou um cara incrível que tem uma amizade toda planejada. Digo isso como alguém que luta muito com a amizade autêntica e vê naqueles primeiros mártires romanos um belo exemplo a seguir.

Não é tudo sobre nós. É sobre os outros. Esta é a graça da amizade. É por isso que nos dedicamos, de corpo e alma, a relacionamentos duradouros. Fazemos sacrifícios por aqueles que amamos – e eles fazem seus sacrifícios por nós. Os mártires deram tudo por seu amigo Jesus, e ele deu tudo por eles. Quem deu mais?

Acho que ninguém estava contando…

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa a Festival de Ecologia Integral: garantir todos os esforços para uma Terra sustentável

Promover o cuidado da casa comum deve ser prioridade de todos, disse Francisco  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Francisco enviou uma mensagem a dom Fabio Fabene, arcebispo local e organizador do evento realizado na cidade italiana de Montefiascone, a pouco mais de 100 Km de Roma. Na Lectio do bispo de Viterbo, dom Piazza: "a água, dom que mata a sede e dá vida".

Vatican News

A terceira edição do Festival da Ecologia Integral terminou neste domingo (25) na cidade italiana de Montefiascone, pouco mais de 100 Km distante de Roma. Entre os compromissos mais significativos da última sexta-feira (23), estava o encontro com o bispo de Viterbo, dom Orazio Francesco Piazza, que encantou o grande público presente no espaço teatral em frente à cripta de Santa Lúcia Filippini. A "lectio brevis" de dom Piazza foi precedida pela leitura da mensagem do Papa Francisco, cheia de significado e afeto, enviada a dom Fabio Fabene, arcebispo de Montefiascone e idealizador do evento. As palavras do Pontífice foram dedicadas a todos que dedicam energia à proteção e ao cuidado da criação. 

A mensagem do Papa Francisco

"Envio cordiais saudações a todos vocês que estão participando do terceiro Festival de Ecologia Integral em Montefiascone", escreveu o Papa Francisco. "Agradeço-lhes por se reunirem para refletir e promover o cuidado da casa comum, que deve ser uma prioridade para todos nós que a habitamos, mas especialmente para os cristãos". E o Pontífice continua: "Deus nos abençoou com o dom da terra, por isso devemos garantir todos os nossos esforços para torná-la sustentável e, a esse respeito, na encíclica Laudato si', escrevi: o desafio urgente de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, porque sabemos que as coisas podem mudar".  

"O Criador não nos abandona", acrescenta Francisco na mensagem, "ele nunca recua em seu projeto de amor, não se arrepende de ter nos criado, a humanidade ainda tem a capacidade de trabalhar em conjunto para construir a nossa casa comum. Desejo expressar gratidão, encorajamento e agradecimento a todos aqueles que, nos mais diversos campos da atividade humana, estão trabalhando para garantir a proteção da casa que compartilhamos". Confiando todos os participantes à intercessão da Santíssima Virgem Maria, o Papa desejou em sua mensagem "um encontro frutífero" e pediu que rezassem por ele.

Bispo Piazza: "proteger a Terra é o mesmo que proteger a humanidade"

No final da leitura da mensagem do Papa por dom Fabene, inspirador e criador do festival, o bispo de Viterbo, dom Piazza, elaborou com habilidade e brevidade uma reflexão teológica sobre a importância da água como dom material, mas que antes de tudo sacia a sede do espírito. Em termos simbólicos e partindo dos dons que o Criador concedeu à humanidade, a premissa inicial se debruçou sobre o termo custódia, especificando que tudo o que é doado não se torna propriedade e não pode ser uma reivindicação, pelo contrário, sendo um dom, deve ser guardado e valorizado, porque proteger a Criação, portanto a Terra, equivale a proteger a própria humanidade. 

"No simbolismo do Gênesis, é toda a humanidade que é chamada a proteger toda a Terra", explicou dom Piazza, acrescentando que essa custódia requer responsabilidade, diligência e compartilhamento, ações que dizem respeito a todos os seres vivos "porque o mesmo sopro de vida habita neles. Proteger a natureza é também proteger a humanidade, valorizar, cultivar, tornar fecundo o bem confiado". 

Água, o dom que mata a sede e dá vida 

O eixo central da lectio de dom Piazza foi, portanto, a água, essencial à vida e um dom do Criador e em relação a qual não somos apenas aqueles sobre os quais recai o dom, mas, além de usufruir de seus benefícios, devemos apreciar seu valor e respeitar o dom com uma atitude de "responsabilidade compartilhada, capaz de sustentar uma qualidade de vida presente e futura das plantas, dos animais, do ar, da própria água, inseparável da humanidade". 

O tema da água, continuou explicando o bispo de Viterbo, tem três referências cruzadas significativas: o dom que sacia a sede, a necessidade que é representada pela sede, a regeneração, ou seja, a realidade vivificada. O dom mostra que o que é oferecido, confiado, não pode se tornar uma reivindicação exclusiva autorreferencial, mas deve nos levar a um uso compartilhado e responsável para a valorização, porque ninguém pode promover direitos predatórios e exclusivos sobre o que é doado. 

A água doada se torna um instrumento de relação e coesão social 

Dom Piazza lembrou, assim, a centralidade do elemento água nas Sagradas Escrituras, onde é mencionada 580 vezes como o fio condutor da jornada humana e sua interação com o Pai. A água não é apenas uma metáfora, mas um elemento fundamental na vida do homem e da Criação, a água batismal nos torna semelhantes na criança humana", porque "assim como a água inunda uma terra ressequida e a vivifica, o símbolo batismal da água dá vida... Aqueles imersos no batismo que saem da água começam uma nova vida, o dom da água no deserto sacia a sede do povo e se torna um sinal da solicitude de Deus".

Por isso, a água e a necessidade dela para a sobrevivência da humanidade devem ser um motor de caridade, solidariedade e ações comuns para sua preservação e para o bem das gerações futuras, porque ela não é apenas um bem material, mas se torna um caminho da alma para entender o significado do ser humano desejado por Deus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF