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domingo, 31 de dezembro de 2023

Papa: a Igreja aprende a gratidão e a esperança da Virgem Mãe

Ícone do Leite -"Madonna Lactans" (Vatican Media)

"O cristão, como Maria, é um peregrino de esperança": no final da tarde deste domingo, 31 de dezembro de 2023, o Santo Padre presidiu as Primeiras Vésperas da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, com o canto do Te Deum, em ação de graças pelo ano que passou. Ao final, Francisco dirigiu-se à Praça São Pedro onde rezou diante do Presépio.

HOMILIA DO SANTO PADRE
Primeiras Vésperas de Santa Maria, Mãe de Deus e Te Deum

A fé nos permite viver esta hora de forma diferente de uma mentalidade mundana. A fé em Jesus Cristo, Deus encarnado, nascido da Virgem Maria, dá uma nova maneira de perceber o tempo e a vida. Eu o resumiria em duas palavras: gratidão e esperança.

Alguém poderia dizer: “Mas não é o que todos fazem nesta última noite do ano? Todos agradecem, todos esperam, crentes ou não crentes”. Talvez possa parecer que seja assim, e quem sabe o seja! Mas, na realidade, a gratidão mundana, a esperança mundana são aparentes; falta-lhes a dimensão essencial que é a da relação com o Outro e com os outros, com Deus e com os irmãos. Estão focados no eu, nos seus interesses e assim tem o fôlego curto, não vão além da satisfação e do otimismo.

Pelo contrário, nesta Liturgia, que culmina com o grande hino Te Deum laudamus, respira-se uma atmosfera completamente diferente: a do louvor, da admiração, da gratidão. E isto acontece não pela grandiosidade da Basílica, não pelas luzes e cantos - estas coisas são antes a consequência -, mas pelo Mistério que a antífona do primeiro salmo assim expressou: «Admirável intercâmbio! O Criador da humanidade assumindo corpo e alma, quis nascer de uma virgem; […] nos dou sua própria divindade."

A liturgia nos faz entrar nos sentimentos da Igreja; e a Igreja, por assim dizer, aprende-os com a Virgem Mãe.

Pensemos em qual teria sido a gratidão no coração de Maria enquanto olhava para Jesus recém-nascido. É uma experiência que somente uma mãe pode fazer, e que, todavia, nela, na Mãe de Deus, tem uma profundidade única, incomparável. Maria sabe, ela sozinha junto com José, de onde vem aquele Menino. Mas está ali, respira, chora, tem necessidade de comer, de ser coberto, cuidado. O Mistério dá espaço à gratidão, que aflora na contemplação do dom, na gratuidade, enquanto sufoca na ansiedade de ter e de aparecer.

A celebração das Primeiras Vésperas da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus:

https://youtu.be/Dm00xVYa4pU

A Igreja aprende a gratidão da Virgem Mãe. E aprende também a esperança. Poderíamos pensar que Deus a escolheu, Maria de Nazaré, porque no seu coração viu refletida a própria esperança. Aquela que Ele mesmo havia infundido nela com seu Espírito. Maria sempre foi repleta de amor, cheia de graça, e por isso é também cheia de confiança e de esperança.

O de Maria e da Igreja não é otimismo, é outra coisa: é fé no Deus fiel às suas promessas (cf. Lc 1,55); e esta fé assume a forma da esperança na dimensão do tempo, poderíamos dizer “em caminho”. O cristão, como Maria, é um peregrino de esperança. E precisamente este será o tema do Jubileu de 2025: “Peregrinos de Esperança”.

Queridos irmãos e irmãs, podemos perguntar-nos: Roma está se preparando para tornar-se no Ano Santo uma “cidade de esperança”? Todos sabemos que a organização do Jubileu já está em curso há algum tempo. Mas compreendemos bem que, na perspectiva que aqui assumimos, não se trata principalmente disso; trata-se antes do testemunho da comunidade eclesial e civil; testemunho que, mais do que nos eventos, consiste no estilo de vida, na qualidade ética e espiritual da convivência. E então a pergunta pode ser formulada assim: estamos trabalhando, cada um no próprio âmbito, para que esta cidade seja um sinal de esperança para quem nela vive e para quem a visita?

Um exemplo. Entrar na Praça de São Pedro e ver que, no abraço da Colunata, circulam livre e serenamente pessoas de todas as nacionalidades, culturas e religiões, é uma experiência que traz esperança; mas é importante que seja confirmado por uma boa acolhida durante a visita à Basílica, bem como nos serviços de informação. Outro exemplo: o fascínio do centro histórico de Roma é perene e universal; mas é preciso que também os idosos ou pessoas com alguma deficiência motora também possam desfrutá-lo; e é preciso que à “grande beleza” correspondam o simples decoro e a normal funcionalidade nos lugares e situações da vida ordinária, cotidiana. Porque uma cidade mais habitável para os seus cidadãos é também mais acolhedora para todos.

Queridos irmãos e irmãs, uma peregrinação, especialmente se for empenhativa, exige uma boa preparação. É por isso que o próximo ano, que antecede o Jubileu, será dedicado à oração. E que melhor mestra poderíamos ter do que a nossa Santa Mãe? Coloquemo-nos na sua escola: aprendamos dela a viver cada dia, cada momento, cada ocupação com o olhar interior voltado para Jesus. alegrias e tristezas, satisfações e problemas. Tudo na presença e com a graça de Jesus, o Senhor. Tudo com gratidão e esperança.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

“Amarás o Senhor, teu Deus... e teu próximo como a ti mesmo!” (Lc 10,27)

Editora Cidade Nova

“Amarás o Senhor, teu Deus... e teu próximo como a ti mesmo!” (Lc 10,27) | Palavra de Vida Janeiro 2024

por Organizado por Patrizia Mazzola com a comissão da Palavra de Vida   publicado em 00:00 de 20/12/2023

A SEMANA de Oração pela Unidade Cristã1 deste ano oferece como tema de reflexão a frase acima, que tem sua origem no Antigo Testamento2. No caminho para Jerusalém, Jesus se depara com um doutor da Lei que lhe pergunta: “Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?3” Então começa um diálogo e Jesus responde com outra pergunta: “Que está escrito na Lei?4", suscitando o próprio interlocutor a dar a resposta: o amor a Deus e o amor ao próximo são, em conjunto, considerados a síntese da Lei e dos Profetas.

“Amarás o Senhor, teu Deus... e teu próximo como a ti mesmo!”  

“E quem é o meu próximo?”, continua o doutor da Lei. O Mestre responde contando a parábola do bom samaritano. Ele não faz uma relação dos vários tipos de pessoas que podem representar o próximo, mas descreve a atitude de profunda compaixão que deve animar toda e qualquer ação nossa. Somos nós mesmos que devemos tornar-nos “próximos” dos outros.

A pergunta que devemos nos fazer é: “E eu, de quem é que sou próximo?”

Exatamente como fez o samaritano, precisamos cuidar dos irmãos cujas necessidades conhecemos, deixar-nos envolver plenamente, sem medo algum, nas situações que vão aparecendo, ter um amor que se preocupa em ajudar, apoiar, encorajar a todos.

É preciso ver no outro um “outro eu” e fazer ao outro o que faríamos a nós mesmos. É a chamada “Regra de Ouro” que encontramos em todas as religiões. Gandhi a explica de forma eficaz: “Tu e eu somos uma só coisa. Não te posso fazer mal, sem me ferir5”. 

“Amarás o Senhor, teu Deus... e teu próximo como a ti mesmo!” 

“Se permanecemos indiferentes ou resignados diante das necessidades de nosso próximo, tanto em termos de bens materiais como de bens espirituais, não podemos dizer que amamos o próximo como a nós mesmos. Não podemos dizer que o amamos como Jesus o amou. Em uma comunidade que deseja se inspirar no amor que Jesus nos ensinou não pode haver lugar para as desigualdades, os desníveis sociais, as marginalizações, as negligências. [...] Enquanto olharmos para o nosso próximo como para um estranho, para alguém que perturba a nossa tranquilidade, que atrapalha os nossos projetos, não poderemos dizer que amamos a Deus com todo o nosso coração6".

“Amarás o Senhor, teu Deus... e teu próximo como a ti mesmo!” 

“A vida é o que acontece com você no momento presente. Perceber quem está ao seu lado, saber ouvir o outro pode abrir perspectivas interessantes e colocar em ação iniciativas imprevistas.

Foi o que aconteceu com Vitória:

“Na igreja fiquei impressionada com a voz maravilhosa de uma mulher africana sentada ao meu lado. Dei-lhe os parabéns, incentivando-a a integrar o coro paroquial. Paramos para conversar. Ela era uma religiosa, de passagem por Madri, vinda da Guiné Equatorial, na África ocidental. No seu instituto, acolhem recém-nascidos e meninos e meninas abandonados, que são assistidos até a idade adulta, possibilitando-lhes estudos universitários ou algum curso profissionalizante. A oficina de alfaiataria estava bem encaminhada, mas as máquinas de costura não eram suficientes.

Ofereci-me para ajudá-la a encontrar outras máquinas, confiando em Jesus, certa de que Ele nos ouvia e me incentivava a amar sem medir esforços.

Um dos meus amigos conhece um artesão, que ficou feliz em participar dessa corrente de amor. Ele conseguiu e consertou oito máquinas de costura, além de uma máquina de passar roupa a vapor. Um casal de amigos se ofereceu para levar tudo até Madri, mudando o roteiro previsto para um feriado de dois dias e percorrendo quase mil quilômetros. Enfim, através de um longo percurso por terra e por mar, as “máquinas da esperança” chegaram até Malabo, capital da Guiné Equatorial. Lá, as pessoas quase não conseguiam acreditar! As mensagens delas só expressam gratidão!”

Organizado por Patrizia Mazzola com a comissão da Palavra de Vida

1) No hemisfério norte, a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) é celebrada todos os anos do dia 18 ao dia 25 de janeiro, festa da conversão de são Paulo. No hemisfério sul é celebrada entre o domingo em que se festeja a Ascensão e o domingo de Pentecostes (em 2024 será de 12 a 19 de maio). Os textos da oração deste ano foram preparados por uma comissão ecumênica de Burquina Fasso. 

2) Cf. Dt 6,4-5 e Lv 19,18.

3) Lc 10,25.

4) Lc 10,26.

5) LUBICH, Chiara. A arte de amar. São Paulo: Cidade Nova, 2006, p. 28.6) Cf. LUBICH, Chiara. O maior dos mandamentos. Palavra de Vida, novembro de 1985.

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

Papa: capacidade de estupor, segredo para seguir bem em família

Ângelus do 31/12/2023 - Papa Francisco (Vatican Media)

"Saber-se maravilhar antes de tudo com Deus", mas também com o próprio cônjuge, com os filhos, com a sabedoria dos avós e com a própria história. No último Angelus de 2023, o Papa recordou o que a Sagrada Família, "especialista em sofrimentos", tem a dizer às famílias.

https://youtu.be/Uw4M8p1TrQs

Jackson Erpen - Cidade do vaticano

A família de Nazaré era "especialista em sofrimentos", e justo por isso, tem muito a nos dizer. Seguindo o seu modelo, devemos pedir a Virgem Maria a capacidade de "maravilhar-nos a cada dia com o bem e a saber ensinar aos outros a beleza do estupor", disse o Papa em sua alocução, antes de rezar o Angelus na Festa da Sagrada Família.

Peregrinos e turistas de várias partes do mundo lotam as ruas de Roma nestes dias. O tempo instável não impediu que milhares deles  - 20 mil segundo a Gendarmaria - fossem à Praça São Pedro para o tradicional encontro dominical com Francisco, o último de 2023. E precisamente dirigindo-se a eles, recordou que o Evangelho de Lucas (Lc 2,22-40) apresenta a Sagrada Família de Jesus, Maria e José no templo de Jerusalém para a apresentação do Menino ao Senhor.

"Vemos que a Sagrada Família chega ao templo e leva como presente a oferta mais humilde e simples entre aquelas previstas, o testemunho da sua pobreza. São Pobres", disse Francisco, recordando que Maria recebeu uma profecia: “Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”:

Chegam na pobreza e saem com uma carga de sofrimento. Isto suscita surpresa: mas como, a Família de Jesus, a única família na história que pode vangloriar-se da presença de Deus em carne e osso, em vez de ser rica é pobre! Em vez de ser facilitada, parece obstada! Em vez de estar privada do cansaço, está imersa em grandes dores!

E o que essa situação diz às nossas famílias? -, pergunta o Santo Padre. "Uma coisa muito bonita", responde, para então explicar:

Deus, que muitas vezes imaginamos estar além dos problemas, veio habitar a nossa vida com seus problemas. Ele nos salvou assim, vivendo em meio a nós, não veio já adulto, mas muito pequeno; viveu em família, filho de uma mãe e de um pai; lá passou a maior parte de seu tempo, crescendo, aprendendo, em uma vida feita de cotidianidade, escondimento e silêncio. E não evitou as dificuldades, antes pelo contrário, ao escolher uma família, uma família “especialista em sofrimento”, diz às nossas famílias

“Se vocês se encontrarem em dificuldades, sei bem o que vocês sentem, eu já vivi isso: eu, minha mãe e meu pai vivemos isso para dizer também à sua família: vocês não estão sozinhos!”

José e Maria "estavam admirados com o que diziam a respeito dele”,  e esta "capacidade de admirar-se" foi destacada pelo Papa, que disse ser "um segredo para seguir em frente bem em família", que não devemos nos habituar à banalidade das coisas, "mas deixar-se antes de tudo maravilhar por Deus, que nos acompanha.

Esta mesma admiração também é bela quando acontece na família, quando um dos cônjuges pega o outro pela mão, olha em seus olhos por alguns instantes, com ternura:

“A admiração te leva à ternura, sempre. É bela a ternura no casamento.”

Mas não só entre o casal, maravilhar-se também com o milagre da vida, dos filhos, encontrando tempo para brincar com eles e ouvi-los:

Eu pergunto a vocês, pais e mães: vocês encontram tempo para brincar com seus filhos? Para levá-los para passear? Ontem falei com uma pessoa ao telefone e perguntei-lhe: “Onde você está?” – “Eh, estou na praça, trouxe meus filhos para passear”. Esta é uma bela paternidade e maternidade.

E depois, maravilhar-se também com a sabedoria dos avós:

Tantas vezes tiramos os avós fora da vida. Não: os avós são fontes de sabedoria. Aprendamos a nos maravilhar com a sabedoria dos nossos avós, com a sua história.

E por fim, maravilhar-nos com a nossa própria história de amor:

Cada um de nós tem a sua e o Senhor nos fez caminhar com amor: maravilhar-se com isto. E também, a nossa vida certamente tem aspectos negativos, mas maravilhar-se também com a bondade de Deus em caminhar conosco, mesmo que sejamos tão inexperientes.

Que Maria, Rainha da família - disse ao concluir - nos ajude a maravilhar-nos: "Peçamos hoje a graça do estupor. Que Nossa Senhora nos ajude a maravilhar-nos cada dia com o bem e a saber ensinar aos outros a beleza do estupor.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Silvestre

São Silvestre (A12)
31 de dezembro
São Silvestre

Silvestre pertencia ao clero romano, com cargos de importância, e sofreu ainda com as últimas perseguições aos cristãos antes do Edito de Milão em 313, tendo eventualmente que se esconder. Mas sua eleição ao papado em 314 foi o início de uma nova era para a Igreja, de liberdade religiosa, e com o apoio do Imperador Constantino, pôde construir a Basílica de São Pedro, sobre o seu túmulo, a Basílica Lateranense com a morada do Papa, e a Basílica de São Paulo. (É apenas uma lenda que Constantino tenha doado à Igreja também toda a cidade de Roma).

Internamente, a Igreja teve que combater duas grandes heresias, o donatismo, que pregava uma igreja só para os justos, e o arianismo, esta ainda mais grave, reduzindo Jesus a uma mera criatura de Deus, inferior ao Pai. O Concílio de Arles condenou a primeira, e o Concílio Ecumênico de Nicéia (o primeiro Concílio universal, em 325) condenou a segunda: o Credo Niceno-Constantinopolitano, rezado até hoje, explicita Jesus como “gerado, não criado, consubstancial ao Pai”. Silvestre, aparentemente por questões de idade ou saúde, não participou diretamente do Concílio, sendo representado por dois enviados seus.

Silvestre soube lidar também, em sabedoria e amizade, com o Imperador Constantino, que de certa forma, mesmo auxiliando imensamente a Igreja, também se excedeu na ingerência de suas atividades. Após 23 anos de pontificado, faleceu São Silvestre em 335, um dos primeiros pontífices a não morrer martirizado.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A edificação da Igreja, tanto no aspecto espiritual quanto material, é obra árdua e grandiosa. Nos dois aspectos se sobressai São Silvestre, ao promover a construção de grandes basílicas, e defender e ajudar a definir a sã Doutrina. A Igreja, Corpo Místico de Cristo, possui ambos os aspectos, matéria e espírito, e ambos precisam de cuidado e saúde, ainda que a primazia seja a do espírito.

Oração:

Deus de infinita paciência e fidelidade, ajudai-nos, por intercessão de São Silvestre e seguindo o seu exemplo, a perseverar diligentemente no crescimento e fortalecimento das virtudes da alma, bem como nos auxílios materiais que devemos prover para o bem dos irmãos e da Santa Igreja, a fim de participarmos dignamente da obra do Vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e pelas mãos de Maria Vossa e nossa Mãe. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 30 de dezembro de 2023

CAMINHO NEOCATECUMENAL - Como tudo começou

Kiko Argüello, Carmen Hernández e Pe. Mario Pezzi (neocatechumenaleiter)

CAMINHO NEOCATECUMENAL

2 de janeiro de 2021

Com a aprovação definitiva do Estatuto em 2008, a Santa Sé reconhece o Caminho Neocatecumenal como um itinerário de formação católica para adultos que está a serviço dos Bispos como uma das modalidades da realização da iniciação cristã e da educação permanente à fé. Este itinerário de redescobrimento do Batismo, similar ao que faziam os primeiros cristãos antes de serem batizados, realiza-se normalmente nas paróquias, vivido em comunidades constituídas por pessoas de diversas idades e condição social que, gradualmente, vão sendo levados a intimidade com Jesus Cristo e a se tornarem testemunhas da Boa Nova do Salvador.

História

O Caminho Neocatecumenal começou na favela de Palomeras Altas, periferia de Madri, Espanha, em 1964.

O pintor espanhol Francisco José Gomez Arguello Wirtz (Kiko) nasceu em 1939, em León, Espanha. Apesar da carreira promissora, Kiko viveu um período de crise existencial em que questionava o sentido da vida. Após passar por uma experiência profunda de conversão, deixou tudo e apenas com um crucifixo, uma bíblia e um violão, foi viver na favela, entre os mais pobres, para que no sofrimento deles pudesse encontrar e contemplar a Jesus Cristo, seguindo as pegadas do Beato Charles de Focauld (1858-1916). Neste processo, recebeu a inspiração da Virgem Maria:

“Há que fazer comunidades cristãs como a Sagrada Família de Nazaré, que vivam em humildade, simplicidade e louvor. O outro é Cristo”.

Kiko com os habitantes da favela de Palomeras Altas, em Madri, Espanha, realizando a Celebração da Palavra na barraca em que vivia.

Neste ambiente, Kiko conheceu Carmen Hernández, espanhola nascida em Ólvega, Espanha, em 1930. Carmen graduou-se em Química e depois entrou no Instituto Feminino “As Missionárias de Cristo Jesus”. Também se licenciou em Teologia com os Dominicanos de Valência, Espanha. Descobriu a renovação do Concílio Vaticano II através do liturgista Monsenhor Pedro Farnés Scherer.

Depois de dois anos em Israel, em contato com a tradição do povo hebreu e os lugares de Terra Santa, foi para Madri com a esperança de formar um grupo de missionárias para evangelizar na Bolívia. Porém, em Madri, encontrou-se com Kiko Argüello entre os pobres e passou a morar num barraco em Palomeras Altas.

A pedido destes mesmos pobres com os quais viviam, Kiko e Carmen lhes anunciavam o Evangelho. Aqueles pobres davam uma ressonância diante da Palavra proclamada, manifestando os primeiros reflexos do amor de Deus na vida de todos, aparecendo os primeiros sinais de conversão. Assim, nasceu a primeira comunidade fundamentada sobre o tripé “Palavra de Deus, Liturgia e Comunidade”.

Dom Casimiro Morcillo, Arcebispo de Madri, entre Kiko e Carmen, em visita à Palomeras Alta

Com o passar do tempo e com o apoio do Arcebispo de Madri, na época, Dom Casimiro Morcillo, esta primeira comunidade começou a celebrar em uma paróquia próxima, e, aos poucos, este itinerário de iniciação cristã se difundiu na Arquidiocese de Madri e em outras dioceses espanholas.

Em 1968, convidados e apoiados por Dom Dino Torreggiani, Kiko e Carmen chegaram a Roma, e se estabeleceram na favela do Borghetto Latino. Com o consentimento do Cardeal Angelo Dell’Acqua, então Vigário Geral de Sua Santidade para a cidade de Roma, teve início a primeira catequização na Paróquia de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento e Santos Mártires Canadenses. A partir destas comunidades, o Caminho Neocatecumenal se difundiu em dioceses de todo o mundo. Em 1971, o presbítero italiano Mário Pezzi, missionário comboniano, com a permissão de seus superiores, incorporou-se à equipe com Kiko e Carmen.

Kiko Argüello, Carmen Hernández e Pe. Mario Pezzi.

Após a morte de Carmen em 19 de julho de 2016, a missionária espanhola María Ascensión Romero passou a integrar a Equipe Internacional Responsável pelo Caminho Neocatecumenal.

María Ascensión Romero, Kiko Argüello e Pe. Mario Pezzi em audiência privada com o Papa Francisco. Kiko segura um quadro com o desenho de um retrato de Carmen Hernández feito por ele.

Atualmente, o Caminho Neocatecumenal está presente em 134 nações dos 5 continentes, com 21.300 comunidades em 6.270 paróquias.

Vocações missionárias

São inúmeros os frutos que nascem desta realidade eclesial destinada inteiramente para a Nova Evangelização. Ao longo destes 50 anos, centenas de famílias, geralmente numerosas, que fazem este Itinerário de Iniciação Cristã, deixam suas casas, cidades, trabalhos e se oferecem para ajudar na missão evangelizadora da Igreja, partindo para qualquer parte do mundo, sendo um testemunho vivo da Família Cristã nas regiões descristianizadas, preparando o surgimento de novas paróquias missionárias. Muitas vocações à vida monástica ou à vida como celibatárias missionárias também têm sido suscitadas entre as moças, assim como centenas de rapazes que se levantam para a missão ou para o seminário.

Site oficial internacional

Para mais informações e notícias sobre o Caminho Neocatecumenal, acesse o site oficial internacional, disponível em 18 idiomas, entre eles, português (BR).

https://neocatechumenaleiter.org/

Fonte: https://cn.org.br/portal/

Fé: crer para ver

Fé (Crédito: catequesehoje)

Fé: crer para ver

 “Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda...” (Mt 17, 20)

Quando o ser humano vive afastado do mistério da Criação do grande mistério da vida e da morte, da vertigem do Infinito, “perde o melhor da festa”: passa pela vida como um turista tolo que devora quilômetros, de olho no mapa, sem “olhar” para a paisagem.

Ter fé é encarar de frente o mistério. A fé é um “encantamento”, “mergulho” confiante no infinito Amor de Deus, que aos poucos se manifesta nas coisas simples da vida a quem decide acolhê-lo com amor. Fé e encantamento andam sempre juntos. 

Ter fé não é ter certeza absoluta; é estar aberto aos desafios que a vida apresenta em confronto com nossa consciência e com a Palavra de Deus. Não existem respostas prontas. A fé provoca questionamentos, perguntas, apresenta pistas, convida à ampla reflexão, ao profundo mergulho no mais íntimo de si, para que, pela experiência, encontre as próprias respostas.

A experiência bíblica de Deus se caracteriza pela constante purificação e atitude de busca. A Bíblia apresenta a experiência de um povo que sente sede de Deus, busca a Sua Face, é peregrino, acredita, se revolta, fabrica ídolos...Mas, no trajeto de sua caminhada, experimenta que Deus é o Deus da vida, da alegria, da festa... É o Deus do relacionamento e da intimidade; o Deus LIVRE para homens livres que constroem a própria história; o Deus presente na história como LIBERTADOR.

A fé é, pois, caminhada, movimento de abertura para o Pai, admirando-se e encantando-se com as novas descobertas e com os “mistérios” que se encontram dentro da pessoa e ao seu redor. FÉ é viver em “terra de andanças”, “saber armar a tenda”... Sair da própria segurança, da comodidade do que é conhecido... É “entrar” em uma terra nova, em um mundo (interior e exterior) que se abrirá na medida de nossa resposta.

Texto Bíblico: Hb. 11,1-40. A FÉ é como que possuir antecipadamente aquilo que se espera; ela engaja minha existência naquilo que não é visível e palpável, mas tão real que atrai o mais profundo do meu ser.

Pe. Adroaldo Palaoro sj

Coordenador do Centro de Espiritualidade Inaciana - CEI

(In: Revista de Espiritualidade Inaciana, nº 91 – março 2013)

Fonte: https://catequesehoje.org.br/

Arrependimento e agradecimento: o duplo sentimento que a Igreja recomenda no fim do ano

chuanpis | Shutterstock
Por Francisco Vêneto - publicado em 29/12/23
É do agradecimento que brota o genuíno arrependimento.

O Diretório do Vaticano sobre a Piedade Popular e a Liturgia destaca dois sentimentos que os católicos são convidados a experimentar no final do ano:

“A piedade popular deu origem a muitos atos piedosos relacionados com o dia 31 de dezembro. Em muitas partes do mundo ocidental, o fim do ano civil é comemorado nessa data. Ela oferece uma oportunidade para os fiéis refletirem sobre ‘o mistério do tempo’, que passa rápida e inexoravelmente.

Daqui deve nascer um duplo sentimento:

  • de penitência e de dor pelos pecados cometidos durante o ano e pelas ocasiões de graça perdidas;
  • e de agradecimento a Deus pelas graças e bênçãos concedidas durante o ano que passou”.

Esse duplo sentimento reflete, de fato, uma só realidade humana, já que ao mesmo tempo somos pecadores que sentem o peso da própria fraqueza e somos filhos de Deus a quem Ele está sempre disposto a perdoar e amparar, desde que Lhe permitamos.

O arrependimento é a postura que nos abre ao perdão de Deus, o que, por sua vez, nos leva ao agradecimento pelo dom imensurável da união com Ele.

Aliás, é do agradecimento que brota o genuíno arrependimento: ao contemplarmos toda a imensidão do amor de Deus por nós é que nos sentimos amados a ponto de querer retribuir a tanto amor. Portanto, o arrependimento nunca deve ser um remorso angustiante, pois Deus não quer a nossa angústia. Ele quer apenas nos amar plenamente, mas precisa do nosso consentimento, já que respeita profundamente a liberdade que Ele próprio nos concedeu.

Ao chegarmos ao fim deste ano e às portas do próximo, contemplemos estes doze meses recém-transcorridos com agradecimento e arrependimento e olhemos para os próximos doze com muita fé, esperança e amor.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Dom Vital: As bênçãos do Ano Novo

As bênçãos do Ano Novo (CNBB Norte 2)

É uma benção divina um ano novo, porque será uma oportunidade à conversão na vida pessoal, comunitária, social e também uma graça para viver bem o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

Nós desejamos votos de um feliz ano novo 2024 para todas as pessoas, pois almejamos a esperança de um mundo novo, com os dons da paz e do amor, provenientes do Santo Natal, pela encarnação do Verbo de Deus na realidade humana. Em diversos lugares do mundo existem guerras, mortes, destruições, de modo que pedimos nós a Deus e aos seres humanos paz e amor entre as pessoas e os povos.

O amor está sendo percebido por tantas pessoas, neste período natalino que ajudaram o próximo, os pobres, os necessitados, dando mantimentos, alimentos, roupas para pessoas mais carentes. O tempo novo é carregado pela realização da vontade de Deus Uno e Trino em nossas vidas e na humanidade.

Benção divina

É uma benção divina um ano novo, porque será uma oportunidade à conversão na vida pessoal, comunitária, social e também uma graça para viver bem o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. O ano novo se fará dia a dia, momento por momento. Em nível social existem projetos importantes, sobretudo com as pessoas mais pobres, e necessitadas com políticas públicas que ajudem mulheres e homens a superar a violência, as mortes de pessoas nos campos, nas cidades e nos trânsitos. Quem possuirá algum encargo político ou foi nomeado para a comunidade eclesial prestarão um serviço aos outros, a exemplo do Senhor Jesus que veio para servir e não para ser servido (Mt 20,28).

Dia Mundial da Paz [1]

O ano novo contribua para a paz. O dia primeiro de Janeiro é também o Dia Mundial da Paz, cujo tema 2024 é: “Inteligência artificial e Paz”, que o Papa Francisco colocou para meditação e ações concretas aos cristãos e às pessoas de boa vontade no mundo inteiro. Em sua mensagem para a Igreja e para o mundo, o Papa Francisco após desejar a todos os votos de feliz ano novo, ele tem presente o dom de Deus da inteligência dado aos seres humanos, em vista da tecnologia, da ciência, do bem comum. No entanto os vastos progressos técnicos científicos podem constituir um risco para a sobrevivência humana e também para a casa comum, isto é, de todas as pessoas. Os novos instrumentos digitais estão transformando a fisionomia das comunicações e os intercâmbios pessoais e comunitários. A inteligência artificial deve ser entendida como uma galáxia de realidades diversas e o seu desenvolvimento não contribuirá para o futuro da humanidade e para a paz entre os povos, se não for para o bem comum. O resultado positivo só será possível pelo respeito aos valores humanos como a inclusão, a transparência das coisas e das pessoas. A pesquisa técnico-científica servirá para a paz e o amor entre as pessoas e os povos. A dignidade de cada pessoa e a fraternidade devem estar na base no desenvolvimento das novas tecnologias para que o progresso digital respeite a justiça e a causa da paz. Quando os avanços tecnológicos não ajudam na qualidade da vida humana, não podem ser considerado um verdadeiro progresso. O Papa Francisco também diz que a inteligência artificial é em vista do potencial e das aspirações humanas em vista do bem de toda a humanidade. A inteligência artificial não poderá noticiar falsas notícias, mas ela estará a serviço da verdade das coisas e das pessoas. A inteligência artificial deverá contribuir para a superação de números racionais, digitais visando à compaixão, a misericórdia, o emprego das pessoas, a superação do empobrecimento, o amor entre as pessoas e os povos. As novas tecnologias não podem contribuir para a loucura das guerras, das armas, mas para a edificação da paz. A inteligência artificial deverá contribuir para a amizade social, diz o Papa Francisco, estando a serviço de todos, mas, sobretudo das pessoas mais frágeis e necessitadas da humanidade. O Papa tem presente a educação para o uso da inteligência artificial visando a promoção do pensamento crítico, pacífico. O Papa pede as comunidades das nações a regulamentação da inteligência artificial em vista do bem comum. Os valores humanos estejam na base das tecnologias e também os valores da justiça, da paz e do amor. A inteligência artificial esteja a serviço da paz e do amor, superando as desigualdades, as guerras e os conflitos em vista de um mundo pacifico conforme o plano de Deus sobre a humanidade.

O mistério de Deus Uno e Trino

A benção do ano novo será uma oportunidade para adorar o mistério de Deus Uno e Trino na vida de toda a pessoa seguidora de Jesus Cristo e da Igreja. Deus é Pai e Deus é Filho e Deus e é Espírito Santo, um único Deus em três Pessoas. O Deus que se revelou na encarnação do Verbo, na vida das pessoas, da natureza, do respeito e amor para com o próximo, sobretudo os pobres, os necessitados, os estrangeiros, as viúvas, os órfãos, os doentes, as pessoas idosas, os jovens, os adultos, as crianças, a vida desde o seio materno até o seu fim humano. Jesus revelou o mistério do Deus Uno e Trino e quer que todas as pessoas vivam no amor, porque Deus é amor (1 Jo 4,8).

O valor da vida comunitária

O ano novo também será o momento de reforçar à vida comunitária, porque o cristianismo é vida de comunidade. “Eles eram perseverantes no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2, 42). Se for importante a vida familiar, o é também a comunidade, para que assim a pessoa tenha o conhecimento de Jesus Cristo, a sua palavra de salvação, e os sacramentos sejam implementados sempre mais nos discípulos, discípulas do Senhor e de sua Igreja. A vida comunitária ajuda também a missão, a prática da caridade, o compromisso com os mais pobres. Jesus escolheu doze pessoas para o seguirem mais de perto, para assumirem as mesmas missões que Ele tinha na terra, de evangelizar os pobres, curar os doentes, purificar os leprosos, dar a vista aos cegos, fazer os paralíticos andarem, expulsar os demônios nas pessoas e proclamar um ano de graça do Senhor (Lc 4, 18-19).

A Campanha da Fraternidade 2024

A benção do ano novo ocorrerá com o aprofundamento nas comunidades pela Campanha da Fraternidade 2024, da CNBB que terá como tema: Fraternidade e Amizade Social e o Lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8). Ela terá como objetivo geral: “Despertar para o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da amizade social, para que, em Jesus Cristo, a paz seja realidade entre todas as pessoas e os povos”[2]. A Campanha da Fraternidade será estudada e aplicada na base de nossas famílias, comunidades e sociedade em vista da realização da palavra de Jesus que todos somos irmãos e irmãs.

Os Círios Marianos

O ano novo reserva alegrias imensas para os círios marianos. No Estado do Pará é expressiva a devoção à Nossa Senhora de Nazaré, de modo que seja uma oportunidade para a evangelização dos seguidores e das seguidoras do Senhor e que a Virgem de Nazaré leve os pedidos de todas as pessoas ao seu Filho Jesus Cristo. Em Marabá far-se-á uma equipe em vista de uma organização do Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

O ano novo alude fatos novos, alegrias novas na família, na comunidade e na sociedade. Nós somos convidados a viver a graça do Senhor em todo o ano novo, realizando como Maria, a vontade do Senhor, em cada momento do ano novo. Feliz Ano Novo para todas as pessoas.

[1] Cfr. 57º Dia Mundial da Paz 2024 - Inteligência artificial e paz | Francisco (vatican.va).

[2] CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/Campanha da Fraternidade 2024. Manual. Brasília: Edições CNBB, 2023, pg. 7.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF