“Tentação de monopolizar a Deus”. Queremos enquadrar não
apenas as pessoas, mas também Deus.
Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News
Hoje a liturgia nos fala sobre a liberdade do coração de
Deus. Vivemos em um mundo onde nos são exigidas carteirinhas, passaportes,
enfim, tudo aquilo que registra nossa pertença a alguma associação, a algum
país e sem a apresentação desse registro ficamos na rua, sem possibilidade
alguma de ingressar no local desejado.
Muitos pensam desse modo em relação à religião e, pior
ainda, também em relação a Deus. Queremos enquadrar não apenas as pessoas, mas
também Deus.
Tanto o Livro dos Números quanto o Evangelho de Marcos
comentam esse modo de ser existente naqueles que foram chamados a ficar ao lado
de Deus, a participar de sua intimidade, e que se aborrecem porque outras
pessoas, que não são do grupo dos seguidores, de repente, estão na intimidade
do Senhor.
Em Números encontramos o caso de dois homens que não haviam
acompanhado o grupo dos escolhidos para receber o dom de profetizar, começaram
a fazê-lo no acampamento. Um jovem, preocupado com o fato, foi avisar Moisés,
imediatamente. O grande líder respondeu: “Quem dera que todo povo do Senhor
fosse profeta, e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!”
Em São Marcos encontramos João dizendo a Jesus que ele e
seus companheiros haviam encontrando um homem que estava expulsando demônios, e
que o haviam proibido de fazê-lo, por não ser do grupo dos discípulos.
Agindo do mesmo modo como Moisés, o Senhor discorda desse gesto e diz: “Não o
impeçais...
Porque quem não é contra nós é por nós.”
O Espírito de Deus - que sopra onde e quando quer - é dado a
todos, pois cada um dos seres humanos foi criado em um particular gesto de
carinho de Deus, o Pai de todos. Do mesmo modo, a redenção de Jesus foi feita
em nome de todos e para todos. Deus é livre para se revelar a quem quiser, e
manifestar de modo especial o seu amor.
Como nos Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo tocou a
inteligência e o coração de um pagão, e o fez desejar o Batismo. Nesse relato
da conversão do etíope, vemos o papel importantíssimo do Diácono Filipe ao
obedecer à inspiração de Deus e se aproximar do pagão.
Que em nossa vida sejamos facilitadores do amor de Deus e
não coloquemos empecilhos à ação do Espírito Santo!
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