Em uma mensagem em vídeo enviada à Conferência Nacional
sobre dependências, organizada em Roma pelo governo italiano, Leão XIV enfatiza
a tendência dos jovens a se isolarem diante das incertezas do futuro e de
"um mundo privado de esperança". O convite às instituições a
promoverem uma cultura de solidariedade e a escutarem, especialmente os mais
vulneráveis.
Benedetta Capelli – Cidade do Vaticano
O Papa Leão XIV ecoa as preocupações dos jovens que
frequentemente se tornam vítimas da dependência, não somente do álcool ou das
drogas, mas também da internet. Ao mesmo tempo, se faz voz do desconforto dos
jovens que vivem em "um tempo de provações e questionamentos",
incapazes de distinguir o bem do mal diante de mil estímulos e, portanto,
incapazes de estabelecer limites morais.
O Pontífice oferece uma dupla visão em sua mensagem em vídeo
para a 7ª Conferência Nacional sobre Dependências, promovida em Roma pela
Presidência do Conselho de Ministros, que teve início nesta sexta-feira, 7 de
novembro. Um encontro de dois dias de escuta e debates, que conta também com a
presença do presidente da República italiana, Sergio Mattarella, entre
entidades públicas e privadas comprometidas com a prevenção, o tratamento e a
recuperação.
A dependência se torna uma obsessão
É longa a lista elencada pelo Papa das novas dependências
resultantes do crescente uso da internet, computadores e celulares, que não
trazem apenas benefícios óbvios:
O uso excessivo que muitas vezes leva a dependências com
consequências negativas para a saúde, que tem a ver com o jogo compulsivo e as
apostas, com a pornografia, a presença quase constante no mundo digital. E o
objeto de dependência torna-se uma obsessão, condicionando o comportamento e a
vida diária.
Um mundo privado de esperança
Fenômenos, afirma Leão XIV, que "são sintoma de um
desconforto mental ou interior do indivíduo e de uma decadência social de
valores e de referências positivas, em particular nos adolescentes e nos
jovens", em uma época em que as pessoas tentam encontrar um sentido para a
própria vida. Esse processo se desenrola em um mundo hiperconectado, onde as
pessoas pensam que podem fazer tudo sem limites morais, onde as fronteiras
entre o bem e o mal são cada vez mais tênues.
O aumento do mercado e do consumo de drogas, o recurso ao
ganho fácil em máquinas caça-níqueis e o vício na internet, que inclui também
conteúdos nocivos, demonstram que vivemos em um mundo privado de esperança,
onde faltam propostas humanas e espirituais vigorosas.
Artífices livres da própria existência
É igualmente verdade — enfatiza o Papa — que os pais, as
escolas, as paróquias e centros juvenis fazem importantes esforços para tornar
as gerações mais jovens mais responsáveis, apesar do medo do futuro que
alimenta sua fragilidade e as leva a se voltarem para si mesmas:
Os adolescentes e os jovens têm necessidade de formar a
consciência, desenvolver a vida interior e estabelecer relações positivas com
seus pares e um diálogo construtivo com os adultos, para se tornarem artífices
livres e responsáveis de
sua própria existência.
A sede de viver
O convite do Papa Leão XIV é o de agir "de forma
concertada, em um esforço de prevenção que se traduza em uma intervenção da
comunidade no seu conjunto". O seu, é um apelo ao Estado, às associações
de voluntariado, à Igreja e à sociedade para que respondam ao grito dos jovens
por ajuda, bem como à sua "profunda sede de viver", oferecendo assim
uma presença atenta que os ajude a "forjar a sua vontade". É,
portanto, necessário, afirma o Pontífice, "incrementar a autoestima das
novas gerações para combater a sensação de insegurança e instabilidade
emocional fomentada tanto pelas pressões sociais como pela própria natureza da
adolescência".
As oportunidades de emprego, educação, desporto, um
estilo de vida saudável, a dimensão espiritual da existência: este é o caminho
para a prevenção das dependências.
Uma cultura da escuta
O Papa pede aos presentes "propostas práticas"
para promover "uma cultura de solidariedade e subsidiariedade",
estendendo a mão aos outros, "escutando, num percurso de encontro e
relacionamento com os outros, especialmente quando estes são mais vulneráveis e frágeis".


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