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terça-feira, 13 de junho de 2017

Dos Sermões de Santo Antônio de Pádua, presbítero

(I.226)             (Séc.XII)


A palavra é viva quando são as obras que falam
            Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando os outros as veem em nós mesmos. A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa, como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas. Diz São Gregório: “Há uma lei para o pregador: que faça o que prega”. Em vão pregará o conhecimento da lei quem destrói a doutrina por suas obras.
            Os apóstolos, entretanto, falavam conforme o Espírito Santo os inspirava (cf. At 2,4). Feliz de quem fala conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme suas ideias! Pois há alguns que falam movidos pelo próprio espírito e, usando as palavras dos outros, apresentam-nas como suas, atribuindo-as a si mesmos. Destes e de outros semelhantes, diz o Senhor por meio do profeta Jeremias: Terão de se haver comigo os profetas que roubam um do outro as minhas palavras. Terão de se haver comigo os profetas, diz o Senhor, que usam suas línguas para proferir oráculos. Eis que terão de haver-se comigo os profetas que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor, que os contam, e seduzem o meu povo com suas mentiras e seus enganos. Mas eu não os enviei, não lhes dei ordens, e não são de nenhuma utilidade para este povo – oráculo do Senhor (Jr 23,30-32).
            Falemos, portanto, conforme a linguagem que o Espírito Santo nos conceder; e peçamos-lhe humilde e devotamente que derrame sobre nós a sua graça, a fim de podermos celebrar o dia de Pentecostes com a perfeição dos cinco sentidos e na observância do decálogo. Que sejamos repletos de um profundo espírito de contrição e nos inflamemos com essas línguas de fogo que são os louvores divinos. Desse modo, ardentes e iluminados pelos esplendores da santidade, mereceremos ver o Deus Uno e Trino.
www.liturgiadashoras.org

segunda-feira, 12 de junho de 2017

STF: não legalize a morte!

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Paulo Fernando Melo da Costa é advogado e casado com a Dra. Rebeca Melo, no qual tem quatro filhos (Plínio Lucas, Marília Inês, João Miguel e Carlos Henrique).
www.paulofernando.com.br
Advogado e vice-presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família
   No último dia 30/05/2017, Brasília reuniu diversos grupos da sociedade civil em dois eventos: a 10ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida contra o Aborto e o Grande Ato pela Vida. A concentração que teve início no Museu da República e caminhou até a Praça das Bandeiras, em frente ao Congresso Nacional, reuniu pelo menos 5 mil pessoas.
   A iniciativa surgiu quando foi protocolada a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 350, que pede ao STF a legalização ampla do aborto para as gestações com até 12 semanas. O Psol solicita que a Corte declare que os artigos do Código Penal que criminalizam o ato desrespeitam os preceitos fundamentais. No STF, tramita o Recurso Extraordinário 635.659, que avalia a inconstitucionalidade do art. 28 da Lei de Drogas que poderá estender o porte livre de qualquer droga a todos impunemente.
   Causa-nos preocupação que o ativismo judicial promovido pelo STF para a legalização do aborto até 12 semanas e a descriminalização do uso de drogas usurpe as atribuições de um parlamento eleito, em detrimento dos 11 ministros apenas nomeados. Em decisão inusitada no caso da ADPF 54, o STF inovou ao criar a tese da impunidade ao aborto - o aborto eugênico, não constante do Código Penal. O STF nem pode alegar a omissão legislativa do Congresso, uma vez que o PL 1.195/91, da lavra dos ex-deputados Eduardo Jorge e Sandra Starlling, ambos do Partido dos Trabalhadores, foi amplamente discutido por mais de 20 anos até ser sumariamente rejeitado pela Casa do povo, além dos inúmeros projetos em tramitação abordando o tema.
   Sempre em busca  de poder e do controle demográfico da população e acarretado de soberba, o Estado - formado por aqueles que o representam - simplesmente decide se sobrepor à vontade natural em definir quem deve perder a vida e em quais circunstâncias. Será que uma vida tem mais valor do que outra, como no caso da mãe com gestação de risco? E no caso de estrupo ou anencefalia, ela perde todo o seu valor? Não seria ela o bem mais precioso de uma pessoa, sendo, inclusive, resguardada no âmbito internacional, como no caso do Pacto de San José da Costa Rica que o Brasil é signatário?
   Apesar de a relativização do valor da vida assemelhar-se a dar um nó em pingo d'água, ou seja, algo completamente impossível, o brasileiro assiste a esse drama de forma letárgica e permitindo que a prática criminosa aumente cada vez mais. Mas não pensem que o absurdo para por aí: em 2005, o Ministério da Saúde publicou a Portaria 1.508, em que dispõe sobre o "procedimento de justificação e autorização da interrupção da gravidez em casos previstos em lei" e determina que o SUS assuma os custos da realização dos respectivos atos. O Estado financiando a morte de inocentes.
   Nesse cenário digno de um filme de terror, as mães não precisam apresentar exame de corpo de delito nem boletim de ocorrência que comprovem o estrupo. Ou seja, o aborto está sendo facilitado pelo Estado. A propagação do discurso pró-morte é camuflada e sorrateira, tendo seus militantes se utilizado de todo tipo de argumento para justificarem o injustificável.
O direito de uma mãe jamais estará acima do valor da vida de seu filho. Aborto é crime e nenhuma circunstância pode modificar a imoralidade desse ato. Por isso, convoco você a defender os brasileirinhos de nosso país, a levantar a sua voz em favor daqueles que não podem se defender, a colocar a sua cidadania em ação e bradar conosco: STF, não legalize a morte.
(Publicado pelo Correio Braziliense em 09 de junho de 2017).

domingo, 11 de junho de 2017

Corpus Christi 2017: milhares de fiéis irão participar da festa na Esplanada

Seja de carro ou transporte público, seja de metrô ou nas caravanas organizadas pelas paróquias, milhares de fiéis são esperados na Esplanada dos Ministérios no dia 15 de junho, para juntos, celebrarem a Festa de Corpus Christi 2017. Já está quase tudo pronto para a realização da segunda maior festa realizada em nossa Arquidiocese, ficando atrás somente da festa de Nossa Senhora Aparecida.

A programação terá início logo pela manhã, a partir das 06h00, quando cerca de 500 jovens participantes dos Movimentos e Pastorais da Arquidiocese, irão confeccionar o tradicional tapete por onde, mais tarde, passará o cortejo com o Corpo e Sangue de Cristo o todo o clero.
Ainda pela manhã acontece, pelo segundo ano consecutivo, a Corrida de Corpus Christi que dessa vez traz uma nova modalidade, a de Patins inline com percursos de, 10 km e 21 km, além das três opções de corrida para, 2,5 km, 5 km e 10 km.
As inscrições seguem até o dia 09 de junho e podem ser feitas somente pelo link: http://www.corridadecorpuschristi.org/
A programação retorna na parte da tarde, a partir das 15h com diversas apresentações artísticas e momentos de oração e preparação para a Santa Missa, que terá início ás 17h00.
Também na parte da tarde haverá atendimento de confissão para os fiéis.
Toda a infra-estrutura também está sendo pensada para garantir a segurança de todos que virão para a Festa. No local haverá tenda de saúde, água potável, banheiros químicos e a presença do Detran, Bombeiro Civil e particular, Polícia Civil e Polícia Militar.
Durante todo o dia também haverá a venda de alimentos nos barracões que serão montados no local.
Procissão
Como todos os anos a procissão será realizada no final da Celebração, em torno do primeiro quadrilátero da Esplanada, em frente a Catedral Metropolitana. Na ocasião serão concedidas três bênçãos. A primeira para os doentes, a segunda pelos governantes e a terceira pelas famílias.
Traga a sua vela e venha participar desta grande festa de nossa Arquidiocese.
Trânsito
O Trânsito no local será modificado durante todo o dia. Pela manhã e até a hora da procissão, três faixas da Via S1 e N1 ficarão interditadas para a circulação de veículos. Na hora da procissão, todas as faixas das Vias S1 e N1 ficarão fechadas para a passagem do cortejo. A alternativa será utilizar as vias anexas aos Ministérios.

Por Kamila Aleixo
Arquidiocese de Brasília

Solenidade da Santíssima Trindade

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Nesta solenidade, celebramos o mistério de um só Deus que se revela em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. A fé trinitária nos acompanha desde o Batismo, realizado em nome da Santíssima Trindade, e se expressa continuamente através da oração, especialmente do Creio e do sinal da cruz. Ao fazer o sinal da cruz, demonstramos crer no Deus Trindade, a ele confiando a nossa vida.  
O mistério da Santíssima Trindade encontra-se revelado na Sagrada Escritura. A palavra “mistério” não significa algo obscuro e complicado, pois Deus é amor.  A Santíssima Trindade expressa o mistério do amor de Deus por nós, que se revela na  Bíblia e se manifesta em nossa vida. O Deus Uno e Trino é o Deus-conosco! Segundo a passagem proclamada na primeira leitura, Deus é “misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel” (Ex 34,7). Conforme o Evangelho, o amor de Deus se manifestou na cruz salvadora do Filho, que não foi enviado para condenar o mundo, mas “para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,17).
Por mais que possa ser conhecido ou experimentado, o amor de Deus permanece “mistério” inesgotável a ser acolhido na fé. Por isso, a fé na Santíssima Trindade deve ser alimentada pela experiência permanente do encontro com o Deus vivo, do diálogo orante e da acolhida do seu amor misericordioso. A comunhão trinitária se manifesta na vida da Igreja. Somos chamados a viver em comunhão, testemunhando a fé na Santíssima Trindade através da participação e da comunhão na vida da Igreja, especialmente na Eucaristia.
Na próxima quinta feira, 15 de junho, estaremos celebrando a solenidade de Corpus Christi, manifestação pública da fé na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento e de unidade da Igreja. Somos todos convidados a participar da missa e da procissão de Corpus Christi, na Esplanada dos Ministérios, às 17 h, reunindo o clero e todas as paróquias da Arquidiocese de Brasília. Participe e convide outras pessoas para essa celebração. Corpus Christi é sinal de unidade e de paz num espaço urbano que tem sido tristemente marcado pela violência. Sejamos pessoas e comunidades eucarísticas que promovem a comunhão e a paz. O Pão eucarístico seja o alimento para os que querem trilhar os caminhos do amor, da justiça e da paz.
Neste domingo, realizamos a Jornada Arquidiocesana do Dízimo, valorizando o dízimo como sinal de comunhão, partilha e corresponsabilidade, como expressão de gratidão a Deus, instrumento de evangelização e principal fonte de sustentação da comunidade. Nossa cordial gratidão aos dizimistas e a todos os que trabalham na Pastoral do Dízimo, suplicando as bênçãos de Deus para todos! 
Arquidiocese de Brasília

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Dos Livros “Moralia” sobre Jó, de São Gregório Magno, papa

(Lib. 29,2-4:PL76,478-480)            (Séc.VI)

A Igreja adianta-se qual o despontar da aurora
            A madrugada ou aurora é o tempo da passagem das trevas para a luz. Portanto, é muito justo dar estes nomes à Igreja de todos os eleitos. Pois, conduzida da noite da infidelidade à luz da fé,qual aurora depois das trevas, ela se abre para o dia com o esplendor da caridade celeste. O Cântico dos Cânticos bem o diz: Quem é esta que se adianta qual aurora nascente? Indo em busca dos prêmios da vida celeste, a Santa Igreja é chamada aurora porque abandonou as trevas dos pecados e começou a refulgir com a luz da justiça.
            Sobre esta qualidade de ser madrugada ou aurora, temos algo a pensar com mais sagacidade. A aurora e a madrugada anunciam ter passado a noite, no entanto, ainda não mostram toda a claridade do dia: repelem aquela, acolhem este, e, enquanto isto, as trevas e a luz se misturam. Que somos nós nesta vida, nós que seguimos a verdade, a não ser aurora ou madrugada? Já havendo realizado algo que pertence à luz, no entanto, ainda não nos libertamos inteiramente das trevas. Pelo Profeta foi dito a Deus: Diante de ti, nenhum vivente é justo. E em outro lugar: Em muitas coisas falhamos todos.
            Por isto, quando Paulo diz: Passou a noite; não acrescenta logo: Chegou o dia, mas: dia se aproximou. Ao dizer que, passada a noite, o dia não veio mas se aproximou, demonstra, sem qualquer dúvida, estar ainda na aurora, depois das trevas e antes do sol.
            A Santa Igreja dos eleitos será então plenamente dia quando já não houver nela sombra de pecado. Será então plenamente dia quando for clara pelo perfeito ardor da luz em seu íntimo. Bem se mostra estar a aurora como que de passagem, nas palavras: E mostrastes à aurora seu lugar. Aquele a quem se mostra seu lugar é chamado daqui para ali, é claro. Qual é então o lugar da aurora, a não ser a perfeita claridade da visão eterna? Quando, conduzida, lá chegar, nada mais lhe restará das passa das trevas da noite. A aurora apresa-se em alcançar seu lugar, no testemunho do Salmista: Minha alma tem sede do Deus vivo; quando irei e aparecerei diante da face de Deus? A este lugar já conhecido a aurora apressava-se a chegar, quando Paulo dizia ter o desejo de morrer e estar com Cristo. E de novo: Para mim, viver é Cristo e morrer, um lucro.
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Papa Francisco: “Não há nenhum pai no mundo que nos ame como Deus”

Papa Francisco durante a Audiência Geral. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa
VATICANO, 07 Jun. 17 / 09:35 am (ACI).- Em sua catequese da Audiência geral desta quarta-feira, o Papa Francisco incentivou os cristãos a se dirigir a Deus como a um pai, pois “não há nenhum pai neste mundo que nos ame como Ele”.
Em sua catequese, o Santo Padre explicou o significado da oração que Jesus ensinou aos seus discípulos, o Pai Nosso, “a oração cristã por excelência”. Nesse sentido, Francisco destacou a “simples invocação” com a qual começa: “Pai”.
O Pontífice destacou que os discípulos de Jesus “estavam assustados pelo fato de que, especialmente durante a manhã e a noite, se retirava para rezar e se submergia na oração”. Por este motivo, “um dia lhe pediram que também os ensinassem a rezar”. Foi então que o Senhor lhes ensinou o Pai Nosso.
“Todo o mistério da oração cristã se resume nesta palavra: ter a coragem de chamar Deus com o nome de Pai. É o que afirma também a Liturgia quando, convidando-nos à oração comunitária da oração de Jesus, utiliza a expressão ‘ousemos dizer’”.
O Bispo de Roma enfatizou como extraordinário chamar Deus de “pai”, porque “chamar Deus com o nome de Pai não é, de forma alguma, um fato normal. Podemos nos inclinarmos a utilizar um título mais elevado, um que nos parece mais respeitoso com sua transcendência. Entretanto, invocá-lo como ‘Pai’ nos situa em uma relação de confiança com Ele, como uma criança que se dirige a seu pai sabendo-se amada e cuidada por ele”.
Chamar Deus de Pai nos revela “o mistério de Deus, que sempre nos fascina e nos faz sentir pequenos, porém, não causa medo, não nos sufoca, não nos angustia. Esta é uma revolução difícil de acolher em nossa alma humana”.
“Pensemos na parábola do pai misericordioso”, propôs Francisco. “Jesus fala de um pai que só conhece o amor por seus filhos. Um pai que não pune o filho pela sua arrogância e que é capaz até mesmo de confiar a ele a sua parte de herança e deixá-lo ir embora de casa”.
“Deus é Pai, diz Jesus, mas não da maneira humana, porque não existe nenhum pai neste mundo que se comportaria como o protagonista desta parábola”.
Francisco recordou que “Deus é Pai a sua maneira: bom, indefeso diante do livre arbítrio do homem, capaz somente de conjugar o verbo ‘amar’. Quando o filho rebelde, depois de ter gastado tudo, finalmente retorna para casa, seu pai não aplica critérios de justiça humana, mas sente, antes de tudo, necessidade de perdoar, e com o seu abraço faz entender ao filho que durante o longo tempo de ausência, ele lhe fez falta”.
Assim, o Papa sublinhou a palavra utilizada por duas vezes por São Paulo em suas cartas: “abba”. “Trata-se de uma expressão ainda mais íntima em relação a ‘pai’, e que alguns traduzem como ‘papai, papaizinho’”.
“Queridos irmãos e irmãs: Já não estamos mais sozinhos! Podemos estar afastados, sermos hostis, podemos até mesmo dizer que ‘não há Deus’. Mas, o Evangelho de Jesus Cristo nos revela que Deus não pode estar sem nós: Ele nunca será um Deus ‘sem o homem’; é Ele que não pode estar sem nós, e isto é um grande mistério... Deus não pode ser Deus sem o homem: um grande mistério isto. E esta certeza é a fonte de nossa esperança, que está em todas as invocações do Pai Nosso”.
Francisco finalizou a catequese incentivando todos a pedir a Deus, ao Pai, por nossas necessidades cotidianas, porque “quando temos necessidade de sua ajuda, Jesus não nos pede para renunciarmos e nos fecharmos em nós mesmos, mas nos chama a nos dirigirmos ao Pai e pedir-lhe coisas com fé”.
“Todas as nossas necessidade, desde as mais evidentes e cotidianas, como a comida, a saúde, o trabalho, até aquelas como ser perdoados e sustentados nas tentações, não são o espelho de nossa solidão, pois existe um Pai que sempre nos olha com amor e que, seguramente, não nos abandona”, concluiu.
Acidigital

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Das Cartas de São Bonifácio, bispo e mártir

(Ep.78:MGH, Epistolae, 3,352.354)           (Séc.VIII)


Pastor solícito, vigilante sobre o rebanho de Cristo
            A Igreja é como uma grande barca que navega pelo mar deste mundo. Sacudida nesta vida pelas diversas ondas das tentações, não deve ser abandonada a si mesma, mas governada. Na Igreja primitiva temos o exemplo de Clemente, Cornélio e muitos outros na cidade de Roma, de Cipriano em Cartago, de Atanásio em Alexandria. Sob o reinado dos imperadores pagãos, eles governaram a barca de Cristo, ou melhor, a sua caríssima esposa, que é a Igreja, ensinando-a, defendendo-a, trabalhando e sofrendo até ao derramamento de sangue.
            Ao pensar neles e noutros semelhantes, fico apavorado; o temor e o tremor me penetram e o pavor dos meus pecados me envolve e deprime! (Sl 54,6); gostaria muito de abandonar inteiramente o leme da Igreja, se encontrasse igual precedente nos Padres ou na Sagrada Escritura.
            Mas não sendo assim, e dado que a verdade pode ser contestada mas nunca vencida nem enganada, nossa alma fatigada se refugia nas palavras de Salomão: Confia no Senhor com todo o teu coração, e não te fies em tua própria inteligência; em todos os teus caminhos, reconhece-o, e ele conduzirá teus passos (Pr 3,5-6). E noutro lugar: O nome do Senhor é uma torre fortíssima. Nela se refugia o justo e será salvo (cf. Pr 18,10).
            Permaneçamos firmes na justiça e preparemos nossas almas para a provação; suportemos as demoras de Deus, e lhe digamos: Vós fostes um refúgio para nós, Senhor, de geração em geração (Sl 89,1).
            Confiemos naquele que colocou sobre nós este fardo. Por não podermos carregá-lo sozinhos, carreguemo-lo com o auxílio daquele que é onipotente e nos diz: O meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11,30).
            Fiquemos firmes no combate, no dia do Senhor, porque vieram sobre nós dias de angústia e de tribulação (cf. Sl 118,143). Se Deus assim quiser morramos pelas santas leis de nossos pais (cf. 1Mc 2,50), a fim de merecermos alcançar junto com eles a herança eterna.
            Não sejamos cães mudos, não sejamos sentinelas caladas, não sejamos mercenários que fogem dos lobos, mas pastores solícitos, vigilantes sobre o rebanho de Cristo. Enquanto Deus nos der forças, preguemos toda a doutrina do Senhor ao grande e ao pequeno, ao rico e ao pobre, e todas as classes e idades, oportuna e inoportunamente, tal como São Gregório escreveu em sua Regra Pastoral.
Fonte: www.liturgiadashoras.org

domingo, 4 de junho de 2017

Hoje é Pentecostes, Solenidade do Espírito Santo e do nascimento da Igreja

REDAÇÃO CENTRAL, 04 Jun. 17 / 05:00 am (ACI).- Hoje é celebrada Solenidade de Pentecostes, que comemora a vinda do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos, cinquenta dias após a ressurreição de Jesus Cristo.

O capítulo dois do livro dos Atos dos Apóstolos descreve que “de repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo”.
João Paulo II ao refletir sobre este evento em sua encíclica “Dominum et vivificantem”, assinalou que “o Concílio Vaticano II fala do nascimento da Igreja no dia de Pentecostes. Este acontecimento constitui a manifestação definitiva daquilo que já se tinha realizado no mesmo Cenáculo no Domingo da Páscoa”.
“Cristo Ressuscitado veio e foi ‘portador’ do Espírito Santo para os Apóstolos. Deu-lho dizendo: ‘Recebei o Espírito Santo’. Isso que aconteceu então no interior do Cenáculo, ‘estando as portas fechadas’, mais tarde, no dia do Pentecostes, viria a manifestar-se publicamente diante dos homens”.
Posteriormente, o Papa da família cita o documento conciliar “Lumen Gentium”, em que é se ressalta que “o Espírito Santo habita na Igreja e nos corações dos fiéis como num templo (cf. 1 Cor 3, 16; 6, 19); e neles ora e dá testemunho da sua adoção filial (cf. Gál 4, 6; Rom 8, 15-16. 26). Ele introduz a Igreja no conhecimento de toda a verdade (cf. Jo 16, 13), unifica-a na comunhão e no ministério, edifica-a e dirige-a com os diversos dons hierárquicos e carismáticos e enriquece-a com os seus frutos (cf. Et 4, 11-12; 1 Cor 12, 4; Gál 5, 22)”.
Acidigital

sábado, 3 de junho de 2017

Solenidade de Pentecostes

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Conforme narra os Atos dos Apóstolos (At 2,1-11), quando era comemorada a antiga festa de Pentecostes, em Jerusalém, no início da pregação apostólica, aconteceu a efusão do Espírito Santo sobre os discípulos reunidos no cenáculo. Por isso, Pentecostes recebeu um novo significado, passando a celebrar a vinda do Espírito Santo. Com esta solenidade, concluímos o Tempo Pascal, suplicando a presença do Espírito Santo em nossa vida e na vida da Igreja. “Enviai o vosso Espírito, Senhor, e renovai a face da terra”, rezamos com o Salmo 103. “Daí aos corações vossos sete dons”, pedimos através do hino litúrgico conhecido como “Sequência” de Pentecostes.
Nós cremos no Espírito Santo “que procede do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado”, conforme rezamos no “Creio” (Credo Niceno-Constantinopolitano). Nós cremos no Espírito da Verdade, o Defensor, o Consolador (Jo 14,26), que nos ilumina e fortalece na vivência e no testemunho da Palavra de Jesus. Por isso, confiantes, suplicamos a sua presença, nesta solenidade, e a cada dia.
A Liturgia da Palavra nos fala da ação do Espírito Santo. Os Atos dos Apóstolos mostra o Espírito iluminando e animando os discípulos na missão, unindo os que falavam línguas diferentes e fazendo-os compreender a pregação dos Apóstolos, “pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua” (At 2,8). A unidade das diferentes línguas, dom do Espírito, se contrapõe à divisão ocorrida em Babel.  São Paulo também se refere à ação do Espírito, que se manifesta na diversidade de dons e ministérios, “em vista do bem comum” (1Cor 12, 5-6), motivando os cristãos a viverem unidos.  O Evangelho segundo João, ao relacionar o dom do Espírito ao Senhor Ressuscitado, destaca o perdão e a paz, assim como o envio missionário. “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21), afirma Jesus. O Espírito do perdão e da paz nos une para que possamos cumprir a missão de testemunhar o Evangelho. Hoje, ainda mais, o testemunho da unidade torna-se necessário para que o mundo creia. 
Por isso, somos convidados a rezar pela unidade da Igreja e pela unidade de todos os cristãos, concluindo a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, cujo tema, neste ano, tem sido “Reconciliação: É o amor de Cristo que nos move” (2Cor 5,14-20).
Unidos como Igreja, em Brasília, vamos celebrar com alegria, gratidão e louvor a Deus, o Jubileu de Ouro Episcopal do Cardeal Dom Falcão, dia 10 de junho, às 10:00 h, na Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida. Reze por Dom Falcão. Venha rezar com ele, no próximo sábado! 
Arquidiocese de Brasília

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Das Atas do martírio dos santos Justino e seus companheiros

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SÃO JUSTINO, MÁRTIR

Memória

Justino, filósofo e mártir, nasceu no princípio do século II, em Flávia Neápolis (Nablus), na Samaria, de família pagã. Tendo-se convertido à fé cristã, escreveu diversas obras em defesa do cristianismo; mas se conservam apenas as duas Apologias e o Diálogo com Trifão. Abriu uma escola de filosofia em Roma, onde mantinha debates públicos. Sofreu o martírio,juntamente com seus companheiros, no tempo de Marco Aurélio, cerca do ano 165.
(Cap.1-5: cf.PG 6, 1566-1571)             (Séc. II)

Abracei a verdadeira doutrina dos cristãos
            Aqueles homens santos foram presos e conduzidos ao prefeito de Roma, chamado Rústico. Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico disse a Justino: “Em primeiro lugar, manifesta tua fé nos deuses e obedece aos imperadores”. Justino respondeu: “Não podemos ser acusados nem presos, só pelo fato de obedecermos aos mandamentos de Jesus Cristo, nosso Salvador”.
            Rústico indagou: “Que doutrinas professas?” E Justino: “Na verdade, procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a verdadeira doutrina dos cristãos, embora ela não seja aceita por aqueles que vivem no erro”.
            O prefeito Rústico prosseguiu: “E tu aceitas esta doutrina, grande miserável?” Respondeu Justino: “Sim, pois a sigo como verdade absoluta”.
            O prefeito indagou: “Que verdade é esta?” Justino explicou: “Adoramos o Deus dos cristãos, a quem consideramos como único criador, desde o princípio, artífice de toda a criação, das coisas visíveis e invisíveis: adoramos também o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que os profetas anunciaram vir para o gênero humano como mensageiro da salvação e mestre da boa doutrina. E eu, um simples homem, considero insignificante tudo o que estou dizendo para exprimir a sua infinita divindade, mas reconheço o valor das profecias que previamente anunciaram aquele que afirmei ser o Filho de Deus. Sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram a sua vinda entre os homens”.
            Rústico perguntou: “Então, tu és cristão?” Justino afirmou: “Sim, sou cristão”.
            O prefeito disse a Justino: “Ouve,tu que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina: se fores flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao céu?” Disse Justino: “Espero entrar naquela morada, se tiver de sofrer o que dizes. Pois sei que para todos os que viverem santamente está reservada a recompensa de Deus até o fim do mundo inteiro”.
            O prefeito Rústico continuou: “Então, tu supões que hás de subir ao céu para receber algum prêmio em retribuição”? Justino respondeu-lhe: “Não suponho, tenho a maior certeza”.
            O prefeito Rústico declarou: “Basta, deixemos isso e vamos à questão que importa, da qual não podemos fugir e é urgente. Aproximai-vos e todos juntos sacrificai aos deuses”. Justino respondeu: “Ninguém de bom senso abandona a piedade para cair na impiedade”. O prefeito Rústico insistiu: “Se não fizerdes o que vos foi ordenado, sereis torturados sem compaixão”. Justino disse: “Desejamos e esperamos chegar à salvação através dos tormentos que sofrermos por amor de nosso Senhor Jesus Cristo. O sofrimento nos garante a salvação e nos dá confiança perante o tribunal de nosso Senhor e Salvador, que é universal e mais terrível que o teu”.
O mesmo também disseram os outros mártires: “Faze o que quiseres; nós somos cristãos e não sacrificaremos aos ídolos”.
            O prefeito Rústico pronunciou então a sentença: “Os que não quiseram sacrificar aos deuses e obedecer ordem do imperador, depois de flagelados, sejam conduzidos para sofrer a pena capital, segundo a norma das leis”. Glorificando a Deus, os santos mártires saíram para o local determinado, onde foram decapitados e consumaram o martírio proclamando a fé no Salvador.
www.liturgiadashoras.org

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF