A declaração é de Frei Paolo
Braghini, entrevistado pela Rádio Vaticano - Vatican News durante a Aldeia pela
Terra, evento de caráter anual na Villa Borghese de Roma para conscientizar
sobre o Dia da Terra comemorado nesta segunda-feira, 22 de abril. A manifestação
de 4 dias reuniu mais 300 associações que promoveram cerca de 600 iniciativas
visando a proteção do planeta.
Andressa
Collet e Giancarlo La Vella - Vatican News
“Quando nós não cuidamos da
terra, da Amazônia, que é uma parte muito importante do planeta Terra, da nossa
Mãe, estamos maltratando a nossa Mãe e todos nós, porque as consequências são
graves - como aquelas das mudanças climáticas que vemos em todos os lugares. E
nós, com os povos indígenas da Amazônia, sentimos todos dias na pele essas
mudanças e consequências graves. Realmente, não cuidar da Amazônia é não cuidar
da humanidade.”
Frei Paolo Braghini participou da Aldeia
pela Terra, evento de caráter anual na Villa Borghese em Roma para
conscientizar sobre o 54° Dia da Terra comemorado nesta
segunda-feira, 22 de abril. Ele trouxe para a Itália a sua experiência
junto aos povos amazônicos que a cada dia veem a sua extensão de terra
diminuir devido à exploração indiscriminada da madeira e dos recursos naturais
do subsolo. Através de um debate público, o missionário italiano destacou como
o progressivo empobrecimento da região está causando danos gravíssimos, em
primeiro lugar, às pessoas que ali vivem, mas também a todo o planeta.
"Nós,
frades capuchinhos, vivemos há anos junto com 4 povos indígenas, num território
muito grande, no coração da Amazônia. Os problemas que enfrentamos diariamente
são a diminuição dos peixes - principal alimento para eles; a diminuição da
água - o rio está secando e no ano passado vivemos uma seca impressionante
diminuindo inclusive as espécies de peixes e de animais, alterando o equilíbrio
natural pela falta de água todos os dias; e a diminuição da madeira, não
estamos em uma área de grande desmatamento, mas eles já invadem para extrair
madeira ou até mesmo minerais, o que tem consequências muito sérias, pois a
madeira preciosa para eles é a vida com a qual constroem a casa, a canoa para
pescar enquanto eles estão extraindo clandestinamente a madeira para
vendê-la."
“Os povos indígenas há milênios
cuidam da natureza, sabendo que a natureza cuida deles, é realmente um receber
e dar com o constante e diário com a natureza.”
A Aldeia pela Terra em preparação ao Jubileu
A Aldeia
pela Terra terminou no domingo (21) após 4 dias de festa e testemunhos
pela proteção do planeta, reunindo mais de 300 associações que promoveram cerca
de 600 iniciativas. A manifestação, organizada pelo Earth Day Italia e
pelo Movimento dos Focolares, em mais uma edição enalteceu a urgência de um
trabalho conjunto pelo bem da casa comum. "A cada ano é um crescendo
de emoções. Também estamos nos preparando para viver juntos o Jubileu. 2025
será o ano do Jubileu, e o que gostaríamos é que esta Aldeia se tornasse, acima
de tudo, acolhedora e inclusiva em nossa cidade, para aqueles que querem vir e
experimentar o que fazemos aqui", explicou Antonia Testa, responsável dos
Focolares em Roma.
No evento
de 2016, inclusive o Papa Francisco fez uma visita surpresa à Aldeia
pela Terra, e suas palavras continuaram sendo um marco para as edições
sucessivas. "Ainda me lembro daquele momento com grande emoção",
enfatizou Antonia, "o Papa queria falar com suas próprias palavras, havia
tantas pessoas ao seu redor que queriam ouvi-lo e ele queria fazer uma leitura
do que estava à sua frente. Desde então nós também estamos tentando fazer isso,
ou seja, ler os sinais dos tempos e fazer do Evangelho um desafio a ser
abraçado hoje. O Papa Francisco nos falou sobre perdão e gratuidade, e ainda
hoje percebo o milagre de todas essas pessoas da Aldeia, que doam livremente o
seu tempo e profissionalismo para um bem maior. Isso deve se tornar nossa
rotina diária, não apenas durante esses dias do evento".
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