Em comemoração ao Dia Mundial do Café, a Revista
traça um panorama sobre a bebida, bastante apreciada no Brasil, segundo maior
consumidor mundial.
REVISTA DO CORREIO
Ailim Cabral
Tainá Hurtado*
postado em 13/04/2024 / atualizado em 14/04/2024
Arriscamos dizer que não há quase nenhum
brasileiro, ou mesmo turista visitando o país, que nunca tenha ouvido a gentil
oferta. Ele está nas casas, lojas, locais de trabalho, oficinas, hospitais,
hotéis, bancos. É difícil pensar em algum lugar ou estabelecimento que não
tenha pelo menos uma garrafa térmica com os típicos copinhos de plástico ao
lado. Nem sempre ele será gostoso, pode ser fraco ou forte demais, muito doce
ou amargo, mas o fato é que o café é quase onipresente.
Neste domingo, é celebrado o Dia Mundial do
Café. Presente em 98% dos lares brasileiros, a bebida, além de ser uma das
preferidas no país, tem importante papel na nossa história, economia e vida
diária.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), a tradição de
“tomar um cafezinho” teve início em 1450, quando os filósofos tomavam a bebida
na intenção de ficarem acordados para práticas de exercícios espirituais. Com
os anos, o hábito se popularizou e se tornou um ritual social, praticado
mundialmente.
Na história do Brasil, o café teve grande
importância para a economia do país, principalmente durante a Primeira
República, época em que os lucros das lavouras permitiram grandes mudanças e
avanços para o território brasileiro. Hoje, o Brasil é o maior exportador de café no
mercado mundial e o segundo entre os consumidores da bebida.
Aline Marotti, coordenadora de qualidade da ABIC, brinca que o Brasil só fica em segundo lugar porque nos Estados Unidos, o maior consumidor de café, também se considera o consumo da bebida gelada. “Eu aposto que se fôssemos contabilizar apenas o café quentinho, nós ganhávamos. Nossos dados mostram que cada brasileiro consome, em média, 1.430 xícaras de café por ano ”, conta.
Variedade
brasiliense
Os métodos de preparo do café são diversos, e
Brasília oferece aos apreciadores uma grande pluralidade. Segundo o Sindicato
de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sindhobar-DF), no ano passado, o
Distrito Federal tinha mais de 300 unidades de cafeterias, além das inúmeras
microtorrefadoras e fazendas produtoras instaladas nas regiões rurais da
capital.
Devido às condições climáticas favoráveis ao
cultivo de café, a capital do país vem comemorando o aumento da
produção do grão. Conforme dados da Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), existem 83
agricultores no DF especializados em café e, em 2022, foram registrados um
total de 1.204 toneladas do fruto em 48 hectares de área plantada em 11 regiões
administrativas.
Além da grande quantidade de estabelecimentos,
o Sindhobar ressalta que Brasília se destaca pela variedade e inovação. A
barista Petra Moreira Cruz, técnica júnior na oficina do Espresso/BH, esteve à
frente de um dos cafés mais descolados do DF durante alguns anos, o Objeto
Encontrado, e afirma que o brasiliense tem à sua disposição baristas
qualificados e cafés para todos os gostos.
Ela destaca que o café coado é subestimado e
que as cafeterias que conseguem oferecê-lo com qualidade estão entre as
preferidas. Além dele, o expresso está entre os queridinhos do público, com
suas variações como mocha, latte e cappuccino. Entre os mais diferentes, Petra
ressalta que a prensa francesa e o cold brew são alguns que se destacam e têm
um público crescente na capital.
Nitrogênio
Poder tirar um momento do dia para sentar em
uma cafeteria aconchegante e tomar um café saboroso e diferente é uma
experiência proporcionada pelo Nitrogênio Café. Localizado na 704/705 Norte e
inaugurado em 2019, a cafeteria é especializada em cold brew, um método de
infusão em que a água quente não é utilizada para extração, resultando em um
café refrescante e autêntico.
A maior diferença desse método é o tempo em
que os grãos ficam imersos na água, natural ou fria. “Uma extração que você faz
no coador, em casa, leva, no máximo, cinco ou oito minutos. O cold fica de 22 a
24 horas imerso na água, para extrair tudo que você quer”, explica o barista do
Nitrogênio Café, Filipe Alcantara.
Depois do tempo de imersão, o café passa por
uma dupla filtragem para eliminar qualquer tipo de borra ou resquícios,
deixando o café o mais límpido possível. O cold brew é armazenado em
temperaturas baixas e pode durar dias.
“A empresa tem como missão difundir o nitro
coffee e o cold brew. Nossa cultura é mostrar que não existe só uma forma de
beber café”, afirma um dos sócios do empreendimento, Joaquim Faria. O outro
protagonista da cafeteria, o nitro coffee, é uma versão do cold brew
pressurizado com nitrogênio, evitando a oxidação do café e aumentando a
durabilidade.
A cafeteria também conta com diferentes opções
de drinques e bebidas com o cold crew, doces e salgados de receita e produção
próprias, espaço para crianças e, sobretudo, um ambiente acolhedor e funcional
para dar aquele empurrão na produtividade, junto com um bom café.
Turco
À frente das duas franquias brasilienses do
Asmars Café, Paul Sapountzakis e Rita Mendes contam que a empresa foi criada
por uma família libanesa. Ao conhecer o estabelecimento em Fortaleza, no Ceará,
o casal de apaixonados por café resolveu trazer a experiência para Brasília.
“Somos muito consumidores de café. Quando morávamos nos EUA, tínhamos uma máquina
de cada tipo dentro de casa, para ter o café do nosso jeito. E adoramos
experimentar cafés diferentes”, conta Rita.
O café turco chama atenção pela areia
aquecida, na qual o café passa por três ebulições antes de ser servido, sem ser
coado. Paul explica que o pó tem a moagem bem mais fina que a tradicional, e é
misturado com água pré-aquecida antes das ebulições.
A tradição de esquentar na areia vem do
Oriente Médio e remonta à época dos beduínos árabes, que acampavam no deserto e
usavam fogueiras para se aquecer durante a noite. “De manhã, a areia ao redor
ainda estava quente e eles aproveitavam para fazer o café ali”, conta.
Por um lado da família, Paul tem ascendência
grega e do outro libanesa, tradições muito aparentes em seus cafés. No Asmars,
os entusiastas podem experimentar cinco sabores da bebida, que vão desde o
tradicional até os cafés com especiarias, como pimenta, anis e cardamomo.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/
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