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quarta-feira, 17 de abril de 2024

Aceita um cafezinho? Veja como a bebida está presente na vida dos brasileiro (2)

A paixão por café de Paul Sapountzakis e Rita Mendes os fizeram trazer para Brasília uma experiência única para amantes de diferentes sabores da bebida(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Em comemoração ao Dia Mundial do Café, a Revista traça um panorama sobre a bebida, bastante apreciada no Brasil, segundo maior consumidor mundial.

REVISTA DO CORREIO

Ailim Cabral

Tainá Hurtado*

postado em 13/04/2024 / atualizado em 14/04/2024

Criador de laços, memórias e afetos

Não é só no âmbito econômico que o café tem valor. Socialmente, a bebida tem o poder de criar laços, memórias e afetos com aquelas que compartilham do momento prazeroso de tomar um café. Seja no intervalo do trabalho, no bolo da tarde com a avó ou na correria do dia a dia, todo mundo tem uma boa história que tenha cheirinho do grão.

O aroma de café sendo passado pode trazer lembranças, seja de uma pessoa, seja de um ambiente. Isso não é diferente para quem possui uma relação afetiva com a bebida, que traz boas memórias. “Meu pai sempre tomou café, e o cheiro me lembra dele coando um cafezinho no meio da tarde ", diz Fernanda Campos, 28 anos, também uma amante do cheiro, do gosto e da experiência de tomar um bom café. O interesse da jovem pela história do produto no Brasil a fez pesquisar e estudar as potencialidades do grão. “Por causa desse interesse, fiz cursos de barista e acabei trabalhando em uma cafeteria durante um intercâmbio na Irlanda”, conta.

A jovem normalmente toma uma xícara pela manhã, todos os dias, para ter mais disposição, porém uma pausa à tarde com um pão de queijo também é especial. “É meu momento de relaxar e de recuperar o foco para terminar o trabalho”, afirma. A jovem também gosta de frequentar boas cafeterias, experimentar diferentes tipos de extração e ter boas prosas.

Fernanda Campos gosta de ir a várias cafeterias experimentar métodos diferentes de extração de café(foto: Arquivo Pessoal)

Essa experiência de trocas e conversas é muito vivida em cafeterias diversas da cidade pelo professor Paulo Almeida, 42 anos. Além de o café o ajudar na produtividade, é capaz de passar o dia inteiro fazendo amizades com os proprietários e os frequentadores. “Eu vou todos os dias. Para mim, é o lugar onde, além de tomar café, eu consigo trabalhar, escrever meus textos e ser mais criativo.”

Segundo Paulo, que é goiano, a bebida o acompanha desde o momento em que sai de casa até o fim do dia. “Eu já saio de casa com um copo de 300ml no carro. Vou tomando até chegar ao trabalho e, lá, vou recarregando meu copo”, afirma. Para ele, o prazer de beber um café não se dá somente pelo gosto, mas pela companhia da bebida em momentos de tranquilidade e desafios ao longo do dia. “É um impulsionador para minha criatividade, uma pausa para reflexão e um convite para conectar-me com outras pessoas em conversas”.

Métodos de preparo

  • Filtro de papel ou coador de pano: para cafés com moagem média ou fina. O pó é depositado uniformemente no filtro, a água é despejada imediatamente antes da fervura, umedecendo todo o pó.
  • Cafeteira italiana ou moka: o método tem o nome do equipamento usado, no qual se deve usar uma moagem grossa, pois a fina impede a passagem da água. O pó e a água são colocados juntos, na parte indicada da cafeteira, que é levada diretamente ao fogo. Quando a água começar a subir, é hora de tirar. Antes servir, mexa o café com uma colher na cafeteira para uniformizar a densidade.
  • Prensa francesa: o pó e a água quente, entre 80ºC e 90ºC, são colocados juntos na cafeteira. Em seguida, a parte de cima, com o êmbolo levantado, é inserida. Depois de quatro minutos de infusão, aos poucos, o equipamento é pressionado para separar a borra do café.
  • Globinho: equipamento composto por dois globos de vidro, um deles com um funil, um filtro, uma base e a chama. A água fica no globo inferior, encaixado na parte superior junto com o filtro. Conforme a água aquece, ela sobe para o globo superior. É nesse momento que o café moído é adicionado e misturado. Depois, o equipamento é retirado do fogo e, à medida que o globo inferior esfria, cria-se um vácuo que puxa o líquido misturado com o pó para baixo, passando pelo filtro e retendo o pó.
  • Chemex: trata-se de uma “jarra” em forma de ampulheta, feita de vidro resistente ao calor com um colar de madeira polida que serve para isolar o calor. Tem um filtro de papel próprio, mais grosso que os filtros comuns.
  • Aeropress: o diferencial é que produz um café semelhante ao espresso. O filtro de papel, mais comum e descartável, produz uma bebida mais limpa com amargor menor. O filtro metálico não é descartável, e a bebida é menos limpa, pois ele não segura tantas partículas.
  • Hario V60: método japonês com porta-filtro com linhas espirais na parte interna, que proporcionam a expansão do pó de café no momento em que a bebida é coada.
  • Café turco: ficou famoso devido à borra que deixa no fundo da xícara, usada tradicionalmente para prever o futuro. É feito em um dispositivo chamado ibrik e não precisa ser coado.
  • Espresso: feito em máquina específica, é um café em que a água quente passa pelo grão moída com uma pressão quase 10 vezes maior que a normal, permitindo um café intenso e forte
O expresso é um dos métodos favoritos do brasileiro. Seu gosto forte e concentrado atrai milhares de pessoas(foto: Unsplash/ Mohamed Shaffaf)

A classificação

O sistema de classificação, antes conhecido como “pirâmide do café”, criado em 2004, continua basicamente o mesmo, mas, hoje, não é mais considerado uma pirâmide. Aline explica que antes da revisão, feita no ano passado, existia uma hierarquia, na qual um café era considerado melhor que o outro. Agora, consideram-se os atributos de cada café e os descritores, mas qual deles é “o melhor” é algo que fica a cargo de cada consumidor. Na base da pirâmide, costumavam ficar os tradicionais e extrafortes. Até em pesquisas feitas às cegas, em que o consumidor provava uma série de cafés sem saber a classificação de cada um, estes eram os destacados como os melhores. “Essa preferência precisa ser respeitada, é o que o consumidor brasileiro mais gosta”, completa.

  • Café superior: é considerado o café com atributos mais equilibrados. Nessa bebida, a doçura, a acidez, o amargor e os sabores amadeirados de cereal e caramelo aparecem nas mesmas proporções.
  • Café tradicional e extraforte: combinação de amargor acentuado e pouca acidez. Possuem um cheiro marcante e sabor forte e tostado, com aromas intensos de especiarias e chocolate.
  • Café especial e gourmet: marcados pela acidez acentuada e pela doçura. Têm sabores mais frutados e florais, puxando sabores como caramelo, amêndoa, chocolate e mel.

E apesar da mudança na classificação dos cafés, Aline garante que o controle de qualidade segue sendo extremamente criterioso. Ela explica que o intuito é que todos os estilos tenham um padrão de qualidade que garanta a satisfação do consumidor. “Independentemente do perfil da bebida, as pessoas precisam saber que estão tomando um café monitorado, livre de impurezas, com o sabor que merecem”.

O brasileiro e o café

Os sentimentos despertados em Paulo e Fernanda fazem parte da vivência da maioria dos brasileiros, como mostrou uma pesquisa realizada pela Abic com mais de 5 mil apreciadores de café, em 14 municípios — a maior já feita sobre o consumo da bebida no Brasil e que revelou alguns dados que todos já imaginavam, e trouxe alguns insights curiosos.

Para começar o dia, Paulo Almeida bebe 300ml de café pela manhã. Para ele, não se trata só de uma bebida, é auxílio na criatividade e produtividade, e companhia para os desafios e prazeres do dia a dia(foto: Arquivo Pessoal)

“Os apreciadores relatam que provar um ‘excelente café’ cria sensações prazerosas, marcadas por lembranças de bem-estar e felicidade, algo que traz satisfação e deve ser compartilhado com uma pessoa querida”, conta Giuliana Bastos, do São Paulo Coffee Hub, empresa de inteligência de mercado especializada em café, responsável pela pesquisa.

Feito no segundo semestre de 2021, o estudo dividiu o público em três grandes grupos: o geral, que toma café comum, não entende sobre os sabores diferenciados e, em sua maioria, consome café tradicional e extraforte, representando 83% entre os entrevistados; os entusiastas, que entendem um pouco mais, compram cafés diferenciados e consomem as categorias tradicional, gourmet e especial, 12% entre os entrevistados; e os especialistas, que entendem muito de café, já fizeram cursos, podendo ou não trabalhar na área, verbalizam sobre o assunto de maneira técnica e consomem prioritariamente os gourmets e especiais e representaram 5% dos entrevistados.

Curiosamente, o público geral é o mais exigente e fiel quanto às marcas que toma, já os especialistas citam poucas e não têm preferências. O café moído é o mais consumido entre todos os grupos; o moído na hora, em cafeterias, agrada os entusiastas e especialistas; e os grãos são mais restritos aos especialistas. Já as cápsulas são consumidas pontualmente pelos entusiastas.

Outra surpresa foi o consumo de café sem açúcar. Cerca de 34% do público geral gosta de apreciar a bebida sem adoçá-la. Entre os entusiastas, essa média chega a 49% e, entre os mais entendidos sobre o tema, a 81%.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF