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segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Doutorado Honoris Causa concedido a Kiko Arqüello e ao Rabino David Rosen na Universidade Francisco de Vitoria de Madri

Regnum Christi España

NOTA DE IMPRENSA

Na segunda-feira dia 25 de outubro, a Universidade Francisco de Vitoria de Madri, universidade católica que conta com mais de 8 mil estudantes, investirá Kiko Argüello, iniciador, com Carmen Hernández, do Caminho Neocatecumenal, e o Rabino David Rosen, Diretor Internacional de Assuntos Religiosos do American Jewish Commitee, com o Doutorado Honoris Causa por sua grande contribuição ao diálogo judaico-católico, promovendo uma histórica aproximação entre judeus e cristãos como não ocorria há séculos.

Este ato é o reconhecimento, não somente a Kiko, mas também a Carmen Hernández, como iniciadores de um caminho de iniciação cristã, que na metade do último século levou milhares de católicos de todo o mundo a redescobrir as raízes judaicas da fé cristã. Deste redescobrimento nasceu um grande amor para com nossos irmãos mais velhos e pais na fé, o povo de Israel, ao que centenas de rabinos ortodoxos responderam com uma declaração histórica sobre o cristianismo como aliança de Deus com os gentios. Para entender o verdadeiro sentido deste ato é necessário fazer um pouco de história.

Em 1964, em torno de Kiko e Carmen se formou uma comunidade na favela de Palomeras Altas na periferia de Madri, que reuniu as pessoas mais pobres em todos os sentidos. Kiko, que vinha de uma experiência de existencialismo, através dos sofrimento dos inocentes, viu aparecer o Servo do Senhor, descrito por Isaías: “Diante de quem se vira o rosto”, e graças a Carmen, que havia redescoberto em sua vida o mistério pascal, apareceu com uma força enorme a ressurreição: o cumprimento em Jesus Cristo de toda espera de cada liturgia judaica, a vitória sobre a morte. Carmen sempre afirmou que o centro da renovação litúrgica e teológica do Concílio Vaticano II é o redescobrimento do mistério pascal e a volta às primeiríssimas fontes e, portanto, ao mistério de Israel. Por isso é necessário ler a Escritura, Antigo e Novo Testamento, à luz do mistério pascal e do contexto histórico, geográfico, litúrgico e moral de Israel.

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O redescobrimento do patrimônio espiritual do judaísmo em cada ato de Jesus e o permanente papel salvífico e escatológico de Israel, com a experiência antes recordada, começaram a configurar um Caminho de tipo catecumenal que preparasse para receber o dom gratuito da vida divina mostrada no Sermão da Montanha. Monsenhor Casimiro Morcillo, o então arcebispo de Madri, convidou Kiko e Carmen a levar este Caminho a todas as paróquias.

Desses inícios escondidos, este Caminho foi se difundindo pouco a pouco em todo o mundo, ajudando a redescobrir o cristianismo, vivido em uma comunidade cristã, não como um moralismo, mas como um dom que se realiza na Palavra de Deus e nos Sacramentos, que transmitem a vida divina, um coração de carne, cumprimento de todas as promessas de Israel.

Em 2010, Kiko compôs uma sinfonia sobre “O sofrimento dos inocentes”, que em 2011 foi apresentada no Centro Internacional Domus Galilaeae, sobre o Monte das Bem-Aventuranças (Galileia, Israel), diante de um grupo de bispos americanos e numerosos rabinos. A reação foi enormemente favorável e Kiko viu a importância de “fazer conhecer também em Nova York, através da música, esta relação de amor que Deus nos deu com o povo judeu”. 

Em 2012, esta oração e homenagem sinfônica pelo sofrimento do povo judeu na Shoah e pelo sofrimento de cada inocente, foi interpretada no Lincoln Center de Nova York diante de uns três mil judeus, vários cardeais e dezenas de rabinos.

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Naquela ocasião, Rabbí Yitz Greenberg reconheceu o cristianismo não como uma idolatria, mas como uma intervenção providencial de Deus para levar os pagãos ao conhecimento da Torá: “Passaram mais de 3150 anos desde que o Santo, o Bendito, fez uma aliança com o povo de Israel, uma aliança de redenção para o mundo. São quase 2000 anos desde que o Deus de Amor abriu esta aliança de redenção a outras nações através do cristianismo. Durante 2000 anos, Deus tem esperado e desejado que os povos das alianças de redenção trabalhem juntos”. 

Esta declaração revolucionária preparou um encontro em Auschwitz no ano seguinte onde, diante de muitos rabinos, dezenas de bispos e milhares de pessoas, a sinfonia foi interpretada. Kiko começou o encontro com estas palavras: “Entrei em um destes barracões de Auschwitz e me coloquei de joelhos; abri a Escritura e a passagem que me saiu ao acaso foi: “Um rabino pergunta a nossa Senhor Jesus: ‘Mestre, qual é o primeiro mandamento da Lei?’, e Cristo responde: ‘Shemá, Israel, Adonai Elohenu, Adonai Ehad. O Senhor é o Único: amarás a Deus com todo o coração, com toda a mente, com todas as forças, e ao próximo como a ti mesmo…’. E o rabino: ‘Dizes bem, Mestre, que amar a Deus com todo o coração… é o primeiro e o maior de todos os mandamentos’. Enquanto o rabino diz isso, Jesus lhe responde: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. Então, vocês, rabinos que estão aqui em Auschwitz e amam o Shemá: Não estão longe do Reino de Deus”».

Em 2015, a pedido de numerosos rabinos, entre os quais Rosenbaum de Nova York, Rosen do Grande Rabinato de Israel e Greenberg, foi organizado um encontro entre rabinos, bispos e catequistas itinerantes na Domus Galilaeae. Rosen, dirigindo-se aos irmãos do Caminho presentes, disse que naquela música havia intuído “que vocês sentem o que nos faz sofrer”. 

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O rabino Broadman, comovido, viu naquele encontro de comunhão e amor entre rabinos e cristãos que juntos cantavam o Shemá, um sinal de que o Messias estava chegando: « A Bíblia nos diz que quando o Messias está a ponto de chegar, o mundo estará cheio de conhecimento do Onipotente. E eu lhes digo: Obrigado! Obrigado! Judeus e cristãos que juntos servimos ao Onipotente, ao mesmo Onipotente, temos mais coisas em comum que diferenças. Temos que proclamar desde os telhados que o Messias está chegando. Quando digo que me encontro com cristãos, muitos me dizem: “Mas, está louco?”. E, no entanto, todos devem saber que isto ocorre para que possamos estar preparados para a vinda do Messias».

Kiko também naquela ocasião disse: Há aqui um interrogante, ou seja, algo novo está começando. A aproximação do Messias? Nós pensamos que a sinagoga sustenta a Igreja. É a verdadeira oliva, nós estamos enxertados. Os judeus são o povo eleito, tem a aliança, as promessas, a Torá… São Paulo diz que Deus, tendo dado tudo a seu povo, enquanto os goyim (os gentios) não tinham nada além de pecados, ódios e guerras, quer agora levar esta Torá aos goyim. O Concílio marcou uma linha distinta na relação entre o povo judeu e a Igreja Católica, mas é necessário levar adiante o Concílio, porque muita gente não o entendeu, são poucos os que conhecem Nostra Aetate. Nesta batalha, penso que necessitamos ajudar-nos mutuamente, cristãos e judeus, estreitar profundamente nossos laços para fazer a vontade de Deus, para salvar e redimir esta sociedade. 

Em 2017, os rabinos pediram para se encontrarem novamente na Domus, e centenas deles assinaram esta declaração oficial: «Depois de quase dois milênios de recíproca hostilidade e alienação, instituições e seminários em Israel, nos Estados Unidos e na Europa, reconhecemos a oportunidade histórica que temos diante de nós… reconhecemos que o cristianismo não é nem um contratempo nem um erro, mas algo querido por Deus, um dom para as nações… Já não somos inimigos, mas companheiros para a sobrevivência e o bem-estar da humanidade… Judeus e cristãos estão destinados pelo Senhor a ser companheiros amando-se».

Esta é a história do redescobrimento recíproco, entre estes dois representantes dos povos da aliança, que hoje vem reconhecida com este doutorado Honoris Causa.

Fonte: https://neocatechumenaleiter.org/

Papa Francisco anuncia suas próximas viagens

Papa Francisco / Crédito: Daniel Ibáñez (ACI Prensa)

Vaticano, 22 out. 21 / 04:02 pm (ACI).- O papa Francisco anunciou que vai à Grécia e a Chipre em dezembro de 2021 e que quer visitar o Congo e a Hungria em 2022.

Francisco disse à agência argentina de notícias Télam que a Santa Sé já está “trabalhando” na agenda final da viagem, que pode incluir uma visita à ilha de Lesbos, um lugar marcado pelas migrações e refugiados. O papa esteve em Lesbos em abril de 2016 e, quando voltou a Roma, levou consigo 12 refugiados de três famílias sírias no avião papal.

À Télam, Francisco disse que em 2022 pretende visitar alguns países da África e da Europa e realizar uma viagem à Oceania, que seria sua primeira visita a esse continente.

"No momento, tenho na cabeça duas viagens que ainda não fiz, para o Congo e a Hungria", disse Francisco.

A última visita de Francisco a um país africano foi em 2019, quando visitou Madagáscar, Moçambique e Maurício.

Em setembro de 2021, ele visitou a capital húngara, Budapeste, por algumas horas para presidir a missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional.

"Além disso, ainda tenho que pagar a conta atrasada da viagem a Papua Nova Guiné e Timor Leste", disse o papa Francisco à agência argentina, referindo-se à visita originalmente programada para 2020, mas que foi suspensa devido à pandemia do coronavírus.

Em 2021, o papa Francisco, além de estar em Budapeste, fez uma visita de três dias à vizinha Eslováquia nessa mesma viagem.

Em março deste ano, o papa fez uma viagem histórica ao Iraque, sendo o primeiro papa a visitar este país do Oriente Médio.

Foi também sua primeira viagem internacional após a pandemia do coronavírus, com a qual também realizou o sonho de são João Paulo II de visitar o Iraque.

Durante sua visita, Francisco confirmou a fé dos católicos do país que durante anos sofreram a perseguição por parte dos terroristas do Estado Islâmico.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Há 76 anos nascia a ONU com o objetivo da paz mundial

Papa Francisco na ONU | Vatican News

Em 24 de outubro de 1945, após a devastadora Segunda Guerra Mundial, nascia a Organização das Nações Unidas, com o objetivo de trabalhar pela paz no planeta após os horrores do conflito. Luciano Bozzo, professor de Relações Internacionais na Universidade de Florença, fala sobre a relevância das motivações que levaram à criação da ONU.

Giancarlo La Vella – Vatican News

Assim que a dor e a destruição causadas pela Segunda Guerra Mundial terminaram, a comunidade internacional perguntou-se como garantir ao planeta um futuro pacífico e como promover os valores liberal-democráticos. Com base na experiência anterior da Sociedade das Nações pós Primeira Guerra Mundial, que infelizmente falhou, as potências vencedoras iniciaram o processo de criação da ONU, a maior organização intergovernamental da atualidade, em 24 de outubro de 1945. Fazem parte 193 Estados membros, com dois observadores permanentes: a Santa Sé e o Estado da Palestina. O último a aderir é o Sudão do Sul, em 14 de julho de 2011. Foi nesse período imediato do pós-guerra que a paz foi encarada como um bem essencial a ser concretizado, a fim de olhar para um futuro de bem-estar para o mundo inteiro. Todo 24 de outubro marca o Dia das Nações Unidas, para não esquecermos os objetivos para os quais o organismo, sediado no “Palácio de Vidro” em Nova Iorque, foi fundado.

O sonho da paz global

Olhando para trás, 76 anos sob a égide das Nações Unidas, deve ter-se em mente que não houve novos conflitos generalizados, mas a ONU continua empenhada em trabalhar pela paz face às dezenas de micro-conflitos de magnitude variável que ocorrem no nosso tempo. A "guerra mundial em pedaços", como definida várias vezes pelo Papa Francisco, requer um esforço ainda maior da ONU, que deve ultrapassar novos obstáculos para afirmar o seu papel de mediador nas crises internacionais. Segundo Luciano Bozzo, professor de Relações Internacionais na Universidade de Florença, entrevistado pela Rádio Vaticano – Vatican News, as dificuldades da ONU em ter um impacto positivo nas crises atuais residem no fato de que "hoje quase praticamente não existem conflitos entre Estados, mas os conflitos globais não desapareceram", ou seja, as situações que põem a paz em risco ocorrem dentro dos Estados. Vários países da América Latina, Etiópia, Afeganistão, Somália e Nigéria são apenas alguns exemplos. Para as Nações Unidas, portanto, diz o professor Bozzo, "é muito complexo entrar no corpo das estruturas estatais", a fim de reduzir a intensidade dos conflitos sem entrar em conflito com a soberania dos próprios Estados.

Os novos desafios

E hoje, a manutenção da paz não depende apenas de evitar o uso de armas, dando lugar aos instrumentos diplomáticos que a comunidade internacional possui, mas também de enfrentar outras emergências que, por sua vez, podem ser uma causa direta ou indireta de conflito. Luciano Bozzo recorda os conceitos expressos pelo Papa Paulo VI, tais como "o novo nome da paz é desenvolvimento". Esta frase salientou o fato de as guerras terem sido frequentemente o resultado do subdesenvolvimento e de condições econômicas difíceis. Ao mesmo tempo, hoje, a salvaguarda do planeta", diz o professor, "tem laços estreitos com a segurança e a paz globais. Se condições climáticas extremas ocorrem em algumas áreas da Terra, condicionando a vida produtiva de um povo e causando fome e migração, é evidente que estas eventualidades produzem conflitos que também se repercutem na estabilidade das relações entre Estados. Não é por acaso que, em 2015, no 70º aniversário do nascimento das Nações Unidas,  falando à Onu, o Papa Francisco salientou que "uma ofensa contra o ambiente é uma ofensa contra a humanidade". A proteção da casa comum é também um tema ligado, portanto, à paz.

Uma reforma difícil

O mundo mudou nas últimas sete décadas. Os equilíbrios políticos e econômicos são diferentes dos de meados do século passado. Já não existe uma guerra fria, e os países que antes estavam em lados opostos são agora aliados. Mas entretanto, a ONU ainda está organizada com base nos resultados da Segunda Guerra Mundial. Os poderes que venceram o conflito são membros permanentes do Conselho de Segurança com direito de veto, mas outros países pedem para se juntarem ao grupo. A Alemanha e o Japão, por exemplo, fizeram-no sem sucesso. As decisões da Assembleia Geral não são vinculativas, uma vez que o órgão tem principalmente funções consultivas. Mas uma reforma mais democrática da ONU, de acordo com Luciano Bozzo, não é fácil de conseguir. Um exemplo é a União Europeia, onde se aplica o princípio da unanimidade, onde mesmo um país pequeno pode bloquear uma decisão que é útil para a maioria dos estados membros. A transferência deste procedimento para o nível da ONU - conclui Bozzo - correria o risco de bloquear e complicar o trabalho dos órgãos de decisão da ONU.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

São Frei Galvão e Aparecida: histórias entrelaçadas

Shutterstock

Talvez poucos saibam, mas perto do local onde teve origem a devoção à Nossa Senhora Aparecida nasceu um garotinho que se tornou um grande santo.

São Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, e Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, são duas figuras muito queridas pelos fiéis brasileiros.

E o mais curioso é que a história do santo e a devoção à Aparecida estão meio que entrelaças.

Foi o que abordou João Antônio Johas Leão em artigo no site A12.com. O autor lembra que Santo Antônio de Sant´Ana Galvão nasceu no ano de 1739 na cidade de Guaratinguetá, São Paulo, que fica muito perto da cidade de Aparecida, onde tal devoção mariana, que começara 22 anos, crescia a cada dia. Diz o artigo:

“Parece muito providencial que essas duas figuras, hoje tão queridas pelos brasileiros, Nossa Senhora Aparecida e Frei Galvão, tenham suas histórias entrelaçadas. Não sabemos se isso realmente aconteceu, mas não seria nada estranho que Antônio visitasse Nossa Senhora com sua família, que era profundamente religiosa.”

Frei Galvão e a devoção mariana

Antônio de Sant’Ana Galvão estudou em um colégio jesuíta na Bahia. Depois, entrou para a comunidade franciscana. Fundou (e ajudou a construir com as próprias mãos) o mosteiro da Luz, em São Paulo. Por isso, em 2002, ganhou o título de padroeirodos pedreiros, serventes, arquitetos, engenheiros e todos os profissionais da construção civil.

Além disso, ele ficou muito conhecido por sua forte devoção mariana. Tudo começou quando Frei Galvão enviou algumas pílulas de papel com a inscrição “Após o parto, permaneceste virgem: Ó Mãe de Deus, intercedei por nós”, em latim, a uma mulher com dificuldades para engravidar. Depois de ingerir as pílulas, ela conseguiu um parto bem sucedido.

Sobre essa devoção à Mãe Santíssima, o já referido artigo diz:

“Mas os dois fatos, a devoção a Nossa Senhora e a santidade de Frei Galvão, estão relacionados. Não se pode ser santo se não se é um verdadeiro filho de Maria. E Frei Galvão me parece um exemplar filho de Maria. O que Maria faz com aqueles que, com docilidade, se aproximam d’Ela é simplesmente ajudar a que se conformem a seu Filho Jesus, ou seja, os ajuda a que sejam Santos como o Senhor é Santo.

Morte de Frei Galvão e devoção à Aparecida

Frei Galvão morreu em 23 de dezembro de 1822. Naquele ano, a devoção a Nossa Senhora Aparecida já era grande e atraía inúmeros fiéis ao Vale do Paraíba.

“Talvez poucos soubessem, naquele momento, que ali pertinho havia nascido um pequeno garoto que agora era um grande Santo aos olhos de Deus“, finaliza o autor.

 Fonte: https://pt.aleteia.org/

Santo Antônio de Sant'Anna Galvão

S. Antônio de Sant'Anna Galvão | arquisp
25 de outubro

Santo Antônio de Sant'Anna Galvão

O brasileiro Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu em 1739, em Guaratinguetá, São Paulo. Seu pai era Antônio Galvão de França, capitão-mor da província e terciário franciscano. Sua mãe era Isabel Leite de Barros, filha de fazendeiros de Pindamonhangaba. O casal teve onze filhos. Eram cristãos caridosos, exemplares e transmitiram esse legado ao filho.

Quando tinha treze anos, Antônio foi enviado para estudar com os jesuítas, ao lado do irmão José, que já estava no Seminário de Belém, na Bahia. Desse modo, na sua alma estava plantada a semente da vocação religiosa. Aos vinte e um anos, Antônio decidiu ingressar na Ordem franciscana, no Rio de Janeiro. Sua educação no seminário tinha sido tão esmerada que, após um ano, recebeu as ordens sacerdotais, em 1762. Uma deferência especial do papa, porque ele ainda não tinha completado a idade exigida.

Em 1768, foi nomeado pregador e confessor do Convento das Recolhidas de Santa Teresa, ouvindo e aconselhando a todos. Entre suas penitentes encontrou irmã Helena Maria do Sacramento, figura que exerceu papel muito importante em sua obra posterior.

Irmã Helena era uma mulher de muita oração e de virtudes notáveis. Ela relatava suas visões ao frei Galvão. Nelas, Jesus lhe pedia que fundasse um novo Recolhimento para jovens religiosas, o que era uma tarefa difícil devido à proibição imposta pelo marquês de Pombal em sua perseguição à Ordem dos jesuítas. Apesar disso, contrariando essa lei, frei Galvão, auxiliado pela irmã Helena, fundou, em fevereiro de 1774, o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência.

No ano seguinte, morreu irmã Helena. E os problemas com a lei de Pombal não tardaram a aparecer. O convento foi fechado, mas frei Galvão manteve-se firme na decisão, mesmo desafiando a autoridade do marquês. Finalmente, devido à pressão popular, o convento foi reaberto e o frei ficou livre para continuar sua obra. Os seguintes quatorze anos foram dedicados à construção e ampliação do convento e também de sua igreja, inaugurada em 1802. Quase um século depois, essa obra tornar-se-ia um "patrimônio cultural da humanidade", por decisão da UNESCO.

Em 1811, a pedido do bispo de São Paulo, fundou o Recolhimento de Santa Clara, em Sorocaba. Lá, permaneceu onze meses para organizar a comunidade e dirigir os trabalhos da construção da Casa. Nesse meio tempo, ele recebeu diversas nomeações, até a de guardião do Convento de São Francisco, em São Paulo.

Com a saúde enfraquecida, recebeu autorização especial para residir no Recolhimento da Luz. Durante sua última enfermidade, frei Galvão foi morar num pequeno quarto, ajudado pelas religiosas que lhe prestavam algum alívio e conforto. Ele faleceu com fama de santidade em 23 de dezembro de 1822. Frei Galvão, a pedido das religiosas e do povo, foi sepultado na igreja do Recolhimento da Luz, que ele mesmo construíra.

Depois, o Recolhimento do frei Galvão tornou-se o conhecido Mosteiro da Luz, local de constantes peregrinações dos fiéis, que pedem e agradecem graças por sua intercessão. Frei Galvão foi beatificado pelo papa João Paulo II em 25 de outubro de 1998, e canonizado em 11 de maio de 2007 pelo papa Bento XVI, em São Paulo, Brasil.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

domingo, 24 de outubro de 2021

As perseguições em relação à Igreja

Vatican News

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)

 

Ultimamente nós percebemos perseguições, ataques contra a Igreja, ao Papa Francisco, à CNBB, à vida eclesial. Diversas foram às manifestações de solidariedade, de apóio à missão da Igreja de Cristo, da qual nós nos unimos a todas na demonstração de nosso amor a Cristo e à Igreja. A importância é dada pelo testemunho profético que a Igreja segue ao Senhor na realidade atual. As falsas notícias devem ser combatidas, pois a nossa missão é a assunção de uma posição conforme o evangelho de Jesus Cristo, caminho, verdade e vida (cfr. Jo 14,6). 

As perseguições fazem parte do seguimento a Jesus Cristo. Elas ocorreram no passado e ainda hoje sobre a palavra de Jesus Cristo: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim” (Mt 5, 11). A Sagrada Família sofreu perseguições, porque teve que fugir ao Egito, por causa de Herodes que não aceitou a presença do novo Rei em Israel (cfr. Mt 2, 13-15). É impossível compreender Jesus sem a cruz, porque se alguém quiser segui-lo, deverá renunciar a si mesmo, tomar a cruz de cada dia e segui-lo (cfr. Mt 16,24). As perseguições estiveram presentes na comunidade eclesial dos primeiros séculos. Os padres da Igreja elaboraram uma doutrina diante da situação em que estavam vivendo e eles deram fundamentos às perseguições, ao martírio em unidade com o seguimento a Jesus Cristo e à sua Igreja.  

O que é a perseguição?  

A perseguição é uma palavra latina: persecutio-onis, cujo significado é: perseguir, sendo a utilização de ações de forças para esmagar uma minoria étnica, social, religiosa, com objetivo de causar danos às pessoas ou a grupos [1]. No sentido cristão, fala-se em perseguições, porque foram diversas no início do cristianismo e também ao longo da história eclesial, pela natureza violenta dirigidas contra a igreja cristã e os seus membros, povo de Deus por parte dos seus adversários [2]. A mensagem de salvação de Jesus Cristo comportou o confronto com as autoridades judaicas, romanas, e a sua crucificação em Jerusalém. Os evangelhos advertiram que a sorte dos discípulos implicaria como o Mestre, sofrimento e perseguições, o seu sangue seria derramado, no seu nome os discípulos e também os cristãos derramariam o seu sangue (cfr. Mc 10,39) [3] 

Trigo de Deus. 

Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir do século I afirmou na Carta aos Romanos que ele seria trigo de Deus e moído pelos dentes das feras, para que assim se apresentasse como trigo puro de Cristo. Ele compreendia a doação de sua vida como o sentido verdadeiro do discipulado de Jesus Cristo. Ele entendia o sofrimento como uma situação de libertação em Jesus Cristo [4]. Ele desejava alcançar a Jesus Cristo, de modo que tudo passaria em segundo plano, desde que buscasse a unidade em Cristo [5]. O bispo de Antioquia pediu aos romanos, orações por ele, para que ele alcançasse a meta, a entrega de sua vida por amor ao Mestre, Jesus Cristo [6]. 

O sacrifício de doação pelo martírio. 

Clemente de Alexandria, padre dos séculos II e III, afirmou que o verdadeiro gnóstico, a pessoa cristã, era convidada a obedecer facilmente Aquele que lhe pedia o sacrifício do corpo oferecendo-o com alegria, sendo despojada das paixões da carne. Ela seguiria o Senhor que veio a este mundo para se relacionar com os mortais e salvá-los, pois Ele deu um solene testemunho de amor diante de todos. Em relação ao mártir ele seria capaz de combater o perseguidor por amor ao Senhor Deus e não abandonaria nem menos a morte por temor, mas seria capaz de dar a sua vida por causa do Senhor [7]. 

O louvor ao martírio. 

Os confessores romanos escreveram ao bispo São Cipriano de Cartago, após a metade do século III, um hino de louvor aos mártires. Eles foram chamados desta forma, porque chegaram próximos do martírio, mas não o foram. Os confessores romanos disseram que tiveram grande alegria, grande consolação e grande conforto, porque o bispo São Cipriano celebrou com elogios dignos não tanto a morte gloriosa, mas a imortalidade dos mártires. Na Carta que ele escreveu aos confessores de Roma, São Cipriano contemplou o glorioso triunfo dos mártires. Por sua vez, os confessores afirmaram que quase os seguiram, enquanto eles ascendiam ao céu e os estimavam gloriosos entre os anjos e as dominações celestiais. Tudo isso ajudou também aos confessores romanos, alcançar um grau tão excelso de glória [8]. 

Os mártires dão testemunho em relação à fé na ressurreição. 

Santo Agostinho, bispo dos séculos IV e V, afirmou que os milagres ocorridos nos lugares destinados ao culto dos mártires referiam à Ressurreição de Cristo na carne e à sua Ascensão ao céu. Os mesmos mártires foram ‘mártires’ desta fé, isto é, as suas testemunhas; a esta fé testemunharam diante do mundo cruel que venceram não combatendo, mas morrendo, dando as suas vidas por causa de Cristo. Eles o fizeram no nome do Senhor. Por esta fé os mártires sofreram com uma admirável paciência para que manifestasse este grande poder. Cristo ressuscitou dos mortos de modo que a fé dos mártires testemunhou os seus sofrimentos em favor da ressurreição deles em unidade com o Senhor Jesus Cristo [9] 

A perseguição ariana no século IV. 

São Basílio, bispo de Cesaréia, no século IV enviou uma carta pelo ano 376 aos bispos do Ocidente, sobretudo, Itália e Gália, a respeito da perseguição ariana. O fato era que algumas autoridades imperiais simpatizaram com o arianismo de modo que por um certo período, perseguiram os bispos fiéis ao Concílio de Nicéia que afirmou que Jesus é da mesma substância do Pai, Deus como o Pai é Deus. O arianismo foi condenado no Concilio de Nicéia, em 325, afirmando a divindade do Verbo, junto do Pai. São Basílio conclamou os bispos do Ocidente para se unirem aos bispos fieis à Nicéia, no sentido de dar-lhes apóio, dizendo que esses homens religiosos eram afastados da pátria, eram mandados embora nos desertos [10]. Portanto uma perseguição houve contra os que defendiam a fé de Nicéia para a defesa do arianismo. Uns anos mais tarde com novas autoridades imperiais, simpatizantes do Concílio do Nicéia, a grande maioria desses bispos, voltou para as suas sedes episcopais.  

Ontem, como hoje, a igreja sofre perseguições e muitas vezes seus membros são enviados ao exílio e outros são martirizados. Outros ainda recebem criticas, são caluniados. No seguimento a Jesus Cristo, os seus discípulos e as suas discípulas são criticados por causa do bem, do anúncio da paz e do amor em que são chamados. A vivência do Reino de Deus, a palavra libertadora de Jesus possibilitam a cruz. Mas é nesta condição, como o Mestre Jesus passou pela cruz, que chegaremos à gloria da ressurreição, assim como ocorreu ao Senhor. Não tenhamos medo das perseguições, porque elas fazem parte do nosso seguimento a Jesus Cristo e à sua Igreja. A caminhada é iluminada pelo Senhor.

Notas:

 

[1] Cfr. Persecuzione. In: Il vocabolario treccaniIl Conciso. Milano, Trento, 1998, pg. 1168.

[2] Cfr. W.H.C. Frend. Persecuzioni. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristianediretto da Angealo Di Berardino, P-Z. Marietti, Genova, 2008, pg. 4035.

[3] Cfr. Idem, pg. 4035.

[4] Cfr. Inácio aos Romanos, 4, 1-3. In: Padres Apostólicos, Paulus, SP, 1995, pg. 105.

[5] Cfr. Idem, 5,3, pg. 106.

[6] Cfr. Idem, 8,3, pg. 107.

[7] Cfr. Clemente Alessandrino, Stromata, 3,13-14. In: La teologia dei padri, v. 4. Città Nuova Editrice, Roma, 1982, pg. 47.

[8] Cfr. Lettera 31 dei Confessori romani al Vescovo Ciprano di Cartagine, 2-5. In: Idem, pg. 50.

[9] Cfr. Agostino. La Città di Dio, 22,9. In: Idem, pg 67.

[10] Cfr. Basilio, Il Grande. Lettere, 243,1-4. In: Idem, pgs. 65-67.


Fonte:https://www.cnbb.org.br/

Armas e legítima defesa na doutrina social da Igreja: uma confusão típica de nossos tempos

ALETEIA
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

A pouca eficiência da segurança pública nos leva a imaginar uma espécie de faroeste, onde homens armados protegem a si e seus entes queridos.

Um trocadilho sem dúvida provocativo, mas perfeitamente sintonizado com a doutrina da Igreja, “pátria amada não pode ser pátria armada”, proferido pelo arcebispo de Aparecida dom Orlando Brandes, no último 12 de outubro, tem causado furor nas redes sociais e nos meios políticos. Para piorar, muitos têm usado, de forma descontextualizada, a citação de um documento do Pontifício Conselho Justiça e Paz, de 1994, Comércio internacional de armas. Uma reflexão ética (erroneamente atribuída a São João Paulo II):

“Em um mundo onde o mal e o pecado subsistem, existe o direito à legítima defesa pelo uso das armas. Este direito pode tornar-se um sério dever para aqueles que são responsáveis ​​pela vida dos outros, pelo bem comum da família ou da sociedade. Somente este direito pode justificar a posse ou transferência de armas. Mas não é um direito absoluto, mas vem acompanhado do dever de fazer todo o possível para minimizar e, mais ainda, eliminar as causas da violência”.

A confusão é típica de nosso tempo, dominado por fake news, “pós-verdades” e discursos carregados de raiva e ressentimento. Por isso, precisamos entender com precisão o que a Igreja aprendeu e repete ao longo de sua história, o que são entendimentos nascidos da análise da realidade e o que são posturas ideológicas nesse debate.

No Evangelho

Cristo não é um ingênuo, que imagina um mundo sem conflitos. No Evangelho, afirma que não veio trazer a paz, mas a espada (Mt 10, 34). O próprio Papa Francisco, famoso por suas exortações ao diálogo e à reconciliação, considera que o conflito é parte da nossa vida e não pode ser ignorado (cf. Fratelli tutti, FT 237-240).

Contudo, no Sermão das Bem-aventuranças, Jesus exalta os mansos (Mt 5, 5), manda amar os inimigos; oferecer a outra face; a quem nos pedir a túnica, entregar também o manto (Mt 5, 38-44). Ele próprio se declara manso e humilde de coração, pedindo aos seus discípulos que sigam seu exemplo (Mt 11, 29). São declarações que apontam para uma forma de superação dos conflitos que hoje denominamos de “não-violenta”.

São João Paulo II considera a não-violência como um valor proposto pela vida e mensagem de Cristo (Discurso aos Juristas Católicos Italianos, de 1980, n. 4). Para ele, a forma cristã de combater a violência na sociedade não está numa oposição violenta aos violentos, nem numa não-violência que apenas nega a violência, mas sim na construção de uma “civilização do amor”. Bento XVI explicou que não se trata de deixar-se dominar pelos maus, mas sim em responder ao mal com o bem, num “modo de ser pessoa” baseado no amor. 

Essa não é uma utopia inatingível, mas um princípio ideal que pode orientar a construção de um sistema de segurança pública que preserva os direitos e a dignidade de todos.

A Igreja e o desarmamento

A questão das armas e da legítima defesa há muito preocupa a Igreja, principalmente na perspectiva da paz entre as nações (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, CDSI 508-512). Os países têm o direito e o dever de ter as armas necessárias para garantir a sua autodefesa, mas a Igreja sempre se preocupou com uma corrida armamentista na qual cada país quer ter mais armas do que o outro – optando pela guerra em função do seu poderio bélico, desistindo das negociações que levariam à paz. Além disso, a compra de armas drena recursos que deveriam ser usados para garantir o desenvolvimento e o bem-estar das populações. Além disso, o preço das armas é um fator proibitivo, então os pobres (pessoas ou países) não ficam ainda mais indefesos diante dos ricos e poderosos?

Quem compra armas, imagina que vai usá-las. Portanto, quanto maior o número de armas disponíveis, maior o perigo de uma ação violenta. A lógica vale para as nações, mas também pode ser aplicada aos indivíduos. Quem compraria muitas armas se não pretendesse usá-las? Todos que têm armas, têm também a habilidade e o bom senso necessários para seu uso responsável?

A Igreja não quer proibir a posse de armas, seja por um país ou por um indivíduo, reconhece inclusive o perigo de um desarmamento assimétrico entre as nações. Contudo, considera que a paz não pode ser construída com base num equilíbrio de forças onde cada um se sente ameaçado pelo outro, e sim numa opção pela negociação pacífica e pelo entendimento. De forma análoga, podemos pensar também que a ideia de que os ladrões deixarão de nos roubar porque têm medo de nossas armas é um pouco fantasiosa. O mais provável, numa sociedade fortemente armada e na qual não existe um bom sistema de segurança pública, é que os assaltos se tornem mais violentos e as mortes aumentem.

E a legítima defesa, como fica?

Catecismo da Igreja Católica (CIC 2258-2317) explica que todos os seres humanos têm direito à legítima defesa, que é uma consequência do próprio direito à vida. Mais: é um dever de cada um de nós defender a própria vida e a vida dos demais. Conforme o trecho citado no início, “em um mundo marcado pelo mal e pelo pecado, existe o direito à legítima defesa com armas e por motivos justos”. Contudo, seu sentido não é incentivar o uso de armas, mas restringi-lo… É uma alternativa que depende de um “motivo justo” e, como o texto diz em continuação, “acompanhada do dever de fazer todo o possível para minimizar e, além disso, eliminar as causas da violência”.

Bento XVI fala em “princípio da suficiência”: devemos ter apenas as armas necessárias para garantir nossa segurança. São João Paulo II considera que a paz não seria conseguida enquanto “a segurança baseada nas armas não for gradualmente substituída pela segurança baseada na solidariedade”.

Qual a melhor forma de garantir a segurança dos cidadãos?

O problema real não é doutrinal, mas prático: qual a melhor forma de garantir a segurança dos cidadãos? A Igreja reconhece o direito da população se armar se for necessário para garantir sua segurança; mas, se houver alternativas, a Igreja indica essas outras formas.

O Estado moderno se desenvolveu a partir da ideia de que o monopólio da força e a responsabilidade pela segurança da população cabia ao governo e não aos indivíduos. A história do Ocidente indica que essa foi a melhor alternativa para garantir o bem comum. Analisemos. A probabilidade de um cidadão armado, mesmo que treinado, mas pego de surpresa, conseguir vencer um criminoso armado é muito pequena. O que dará mais segurança para nós, nossas famílias e nossos jovens: todos usarem armas e se predisporem a atirar em criminosos ou a polícia ser mais eficiente e prender os meliantes? 

A pouca eficiência da segurança pública no Brasil nos leva a imaginar uma espécie de faroeste, onde homens armados protegem a si e seus entes queridos. Mas, até nesse mítico mundo hollywoodiano as armas não trazem segurança para os fracos, que permanecem constantemente intimidados por pistoleiros e assaltantes. Mesmo nesse universo, é a chegada da lei e não a força dos indivíduos que garante a segurança para todos.

Comparações internacionais não mostram que o aumento do número de armas entre a população aumente ou diminua o número de mortes violentas. Na verdade, a violência e sua letalidade dependem de muitos fatores, como a ação do crime organizado, a eficiência da polícia, condições socioeconômicas e infraestrutura urbana.

Por todos esses fatores, a reivindicação mais efetiva para garantir a segurança da população é aumentar a eficiência das organizações de segurança pública e não o número de armas disponíveis.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

XXX DOM TEMPO COMUM - Ano B

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

Por Dom Paulo Cezar Costa / Arcebispo de Brasília

Mestre, que eu possa ver novamente

            A Palavra de Deus, no Evangelho de hoje (Mc 10, 46 – 52), coloca diante de nós um cego que, curado, segue Jesus, torna-se discípulo de Jesus. Este é o último milagre de Jesus antes de Sua entrada em Jerusalém. Este milagre encerra uma parte fundamental no Evangelho de são Marcos (Mc 8, 27 – 10, 52). Nesta parte do Evangelho, tem- se a profissão de fé de Pedro em Jesus, afirmando que Jesus é o Messias. O título de Messias, naquele tempo, trazia em si uma grande conotação política. Esperava-se por alguém que viesse libertar o povo do domínio dos romanos. Jesus mostra que Ele é o Messias Servo, que deve ir a Jerusalém, ser entregue nas mãos dos homens, ser morto e ressuscitar. Eis os três anúncios da Paixão. Mas, agora, no final desta seção, encontra- se o cego Bartimeu que, curado, segue Jesus.

Detenhamo-nos neste texto: Jesus está saindo de Jericó a caminho de Jerusalém. Jericó estava uns 30 quilômetros de Jerusalém. Pela sua abundância de água, era um oásis no deserto. A cidade gozava de belas construções, feitas por Herodes, o grande, e seu filho Arquelau.  O Evangelista situa bem a cena: “Jesus estava saindo de Jericó com seus discípulos e grande multidão”. Bartimeu estava sentado à beira do caminho, mendigando e está cego. Qual a situação de Bartimeu? É cego e é alguém que está à beira do caminho, alguém que já desistiu de caminhar. Mas quando ouve que é Jesus, o Nazareno, que passa, começou a gritar. Ele está à beira do caminho, mas não perdeu a capacidade de reagir, de gritar. Então ele grita: “Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim”. Aquele cego grita para que Jesus olhe por ele, tenha compaixão dele. As pessoas o repreendem, mandam que ele se cale, mas ele grita mais ainda: “Filho de Davi, tem compaixão de mim”. Qual a atitude de Jesus? Jesus manda chamá-lo. Jesus não é indiferente ao grito das pessoas, aos seus sofrimentos. Jesus lhe pergunta: o que queres que eu te faça? Ele responde: “Rabbouni, que eu possa ver novamente”. Ele já tinha visto, mas agora está cego. E Jesus o cura: “Vai, tua fé te salvou”. O Evangelho diz que “No mesmo instante ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho”.  Alguém que não via e agora vê e, vendo, segue Jesus, tornando-se discípulo de Jesus.

Este milagre tem um significado paradigmático e, servindo para a comunidade de São Marcos, é exemplo para nós hoje. No caminho a Jerusalém, Bartimeu recebe, na fé em Jesus, a luz dos olhos. Ele crê e se faz discípulo de Jesus, enquanto aqueles de Jerusalém, cidade da luz, apesar de perscrutarem as Escrituras e conhecerem a fundo as letras da Lei de Deus, não conseguem aceitar a luz de Jesus. (E. Bouzon – K. J. Romer, A Palavra de Deus, 356).  A narrativa de um milagre é uma vocação à fé e ao seguimento a Jesus Cristo.  Que este texto nos ajude a vermos as cegueiras e a nos deixarmos curar por Jesus, que é a luz do mundo. E, uma vez curados, sigamos Jesus, com beleza, pelas estradas da vida.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF