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quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Ícones bizantinos e a missão de Maria

Ícone Madonna Odigitria doado em 2001 ao Papa João Paulo II em Lviv, Ucrânia  (Vatican Media)

As Igrejas do Oriente frequentemente representam Nossa Senhora como a Odigitria, aquela que “indica o caminho”, ou seja, o Filho Jesus Cristo”. O Papa Francisco se lembrou de uma “pintura antiga da Odigitria na Catedral de Bari, numa de suas audiências gerais. “Nossa Senhora que mostra Jesus nu. Depois, colocaram nele uma roupa para cobrir a nudez, mas a verdade é que Jesus, nu, ele mesmo homem que nasceu de Maria, é o mediador e ela mostra o mediador. É a Odigitria“.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Nossa Senhora Peregrina tem nos acompanhado nas últimas reflexões do Pe. Gerson Schmidt*. O sacerdote gaúcho enriquece esse percurso mariano fazendo hoje particular referência ao ícone da Madonna Odigitria (OdighítriaOdegétria), ou seja, a “Condutora”, Nossa Senhora Guia.

Essa iconografia cristã foi particularmente difundida na arte bizantina e russa do período medieval. O ícone da Odigitria, em particular, consiste em Nossa Senhora segurando o Menino Jesus nos braços, sentado em ato de bênção, segurando na mão um pergaminho enrolado e que a Virgem indica com a mão direita (daí a origem do epíteto).

Este tema figurativo tem origem no ícone com o mesmo nome que representou, a partir do século V, um dos principais objetos de culto de Constantinopla. Segundo a hagiografia, de fato, esta relíquia teria sido um dos ícones marianos pintados pelo evangelista Lucas que Elia Eudocia (Aelia Eudocia, cerca de 401-460), esposa do imperador Teodósio II, teria encontrado na Terra Santa e levado para Bizâncio.

O ícone original, que era conservado na basílica do mesmo nome e levado em procissões solenes e durante triunfos, foi perdido quando Constantinopla caiu nas mãos dos otomanos em 1453. Diversas igrejas e locais de culto levam o seu nome, especialmente na Grécia, sul da Itália, Sicília e Sardenha:

"Completemos ainda nosso foco de Nossa Senhora peregrina, em base a LG nos números 52 a 69. O Papa Francisco deu destaque à dinâmica de Maria como peregrina e evangelizadora, confrontando com a missão atual da Igreja. No número 288 da Evangelii Gaudium afirma que “há um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja. Porque sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto. N’Ela, vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentir importantes. Fixando-A, descobrimos que aquela que louvava a Deus porque «derrubou os poderosos de seus tronos» e «aos ricos despediu de mãos vazias» (Lc 1, 52.53) é mesma que assegura o aconchego dum lar à nossa busca de justiça. E é a mesma também que conserva cuidadosamente «todas estas coisas ponderando-as no seu coração» (Lc 2, 19). Maria sabe reconhecer os vestígios do Espírito de Deus tanto nos grandes acontecimentos como naqueles que parecem imperceptíveis. É contemplativa do mistério de Deus no mundo, na história e na vida diária de cada um e de todos. É a mulher orante e trabalhadora em Nazaré, mas é também nossa Senhora da prontidão, a que sai «à pressa» (Lc 1, 39) da sua povoação para ir ajudar os outros. Esta dinâmica de justiça e ternura, de contemplação e de caminho para os outros faz d’Ela um modelo eclesial para a evangelização. Pedimos-Lhe que nos ajude, com a sua oração materna, para que a Igreja se torne uma casa para muitos, uma mãe para todos os povos, e torne possível o nascimento dum mundo novo”.

A iconografia, sobretudo ortodoxa, sempre representou Maria apontando para Cristo e como guia para àquele que é o Verdadeiro Caminho, Verdade por excelência e vida em abundância. A devoção a Nossa Senhora Guia nasceu na Igreja Ortodoxa, que é reconhecida pela Igreja Católica. Na Igreja Ortodoxa ela é conhecida como Odigitria, que quer dizer 'Condutora', aquela que dirige, ou 'Guia'. Como seu significado é realmente importante e expressa uma das grandes missões de Nossa Senhora, esta devoção foi incorporada também na Igreja Católica. A imagem de Nossa Senhora da Guia é cheia de símbolos que expressam esta sua missão de Condutora da humanidade até Jesus. As figuras hieráticas dos ícones maravilham os visitantes, com tons quentes de dourado e outras belas cores que desvanecem do marrom, ao vermelho, e ao azul lazulite. Observamos a Mãe de Deus, com a mão direita e a cabeça inclinada, em direção ao Menino Jesus sentado na sua mão esquerda. As imagens são austeras, o rosto de Cristo e da Virgem Maria não se tocam. Jesus é representado em um ato de benção tendo em sua mão um pergaminho enrolado.

Nestes ícones, a Virgem parece indicar para toda a humanidade, que o verdadeiro caminho é aquele em direção a Cristo. A magnificência da figura de Maria representa que Ela é a porta segura por onde se passa para viver bem a nossa relação com Deus. Através de Maria podemos escutar a voz autêntica do único verdadeiro e bom pastor que é Jesus, reconhecendo-O e seguindo-O.

As Igrejas do Oriente representaram-na frequentemente como a Odigitria, aquela que “indica o caminho”, ou seja, o Filho Jesus Cristo”. O Papa Francisco se lembrou de uma “pintura antiga da Odigitria na Catedral de Bari, numa de suas audiências gerais[1].  “Nossa Senhora que mostra Jesus nu. Depois, colocaram nele uma roupa para cobrir a nudez, mas a verdade é que Jesus, nu, ele mesmo homem que nasceu de Maria, é o mediador e ela mostra o mediador. É a Odigitria“. “Na iconografia cristã a sua presença está em toda parte, às vezes até com grande destaque, mas sempre em relação ao Filho e em função d’Ele. As suas mãos, o seu olhar, a sua atitude são um “catecismo” vivo e indicam sempre o âmago, o centro: Jesus. Maria está totalmente voltada para Ele a ponto de que podemos dizer que é ela mais discípula do que mãe. A indicação nas Bodas de Caná. Ela sempre mostra Cristo. É a primeira discípula”, sublinhou o Papa Francisco."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] Fonte: Vatican News, Audiência Geral, Vaticano 24 de março de 2021.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF