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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

A liturgia é escola de vida - I (3/3)

© Anna Nass I Shutterstock

A liturgia é escola de vida – I

Por Don Emanuele Bargellini

Entenda o modo de viver de um grupo de pessoas, existente desde tempos imemoriais e presente em todas as grandes religiões: o monaquismo. E como esse modo de viver pode nos ajudar a ter uma vida mais plena:

Mas nem tudo são flores…

O ritmo cotidiano e contínuo do Opus Dei pode, porém, levar ao risco da rotinavaziade sentido que acompanha de vez em quando a repetição dos gestos humanos, e o do formalismo ritual, até criar a ilusão da autojustificação, produzida pela observância sistemática das leis, ou “observância regular”, como se o fazer modelasse o ser. Este risco pode tocar a vida monástica no seu conjunto, assim como a vida litúrgica. Ritmos cadenciados que nos orientem e sustentem são necessários à vida, mas precisamos também ter atenção, humildade e um pouco de autoironia sobre nós mesmos. São Bento indica o remédio mais eficaz para o formalismo: “Não querer ser tido como santo antes que o seja, mas primeiramente sê-lo, para que como tal o tenham mais com fundamento” (RB 4,62). 

Em relação à liturgia, São Bento retoma a clássica afirmação patrística: “A nossa mente concorde com a nossa voz” (RB 19,7). Indicação aparentemente simples, mas que, na sua essencialidade, resume o grande ensinamento bíblico sobre as condições interiores necessárias para prestar a Deus um culto autêntico e a necessidade de assumir com seriedade a estrutura simbólica da pessoa humana e a conseguinte estrutura simbólico-sacramental da liturgia. 

A carne é o eixo da salvação

O próprio Jesus retoma o ensino dos profetas sobre o horizonte infinito do culto em espírito e verdade (cf Amos 5,21; Is, 1,1- 20; Oseas 6, 6), cujo fundamento é ele mesmo (Jo 4, 21-24). Paulo convida os batizados, que foram imergidos no mistério pascal de Cristo, a fazer da própria existência, animada pelo Espírito, um culto agradável a Deus (Rm 12, 1-2). 

O Concilio Vaticano II fez uma atualização muito significativa desta visão teológica e deste ensino espiritual, fundamentada na Escritura e na tradição patrística, e partindo do grande horizonte da participação ao sacerdócio de Cristo que todos os fiéis são chamados a viver por força do batismo (cf Lumen Gentium n. 10 e 34). Esta perspectiva constitui um grande avanço da eclesiologia do Concílio, pois toca nas raízes da identidade do discípulo de Jesus, molda sua espiritualidade a partir de Cristo orientando assim seu chamado a atuar na sociedade de hoje. 

O encontro salvífico com o Senhor se realiza e se manifesta através da linguagem corpórea e simbólica da ação litúrgica. É um encontro que envolve não só a esfera racional, mas também a psíquica e espiritual, por isso envolve a integralidade da pessoa. “Caro salutis est cardo” – “A carne, o corpo, é o eixo da salvação”, afirmava o padre da igreja Tertuliano, ao reivindicar a função fundamental do Verbo Encarnado no processo da salvação cristã e a insubstituível função do batismo e dos sacramentos para a vida cristã. Como dizia Agostinho, se há desejo, há culto e se há culto há salvação. 

Segundo a perspectiva cristã, a “carne” constitui um elemento central da experiência litúrgica e da liturgia como expressão da fé e escola de formação espiritual. Hoje em dia se apresentam no grande mercado das “espiritualidades” favorecido pela invasão da mídia, não poucas correntes que pretendem “desencarnar” o caminho espiritual.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF