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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

São Juan Diego Cuauhtlatoatzin

São Juan Diego Cuauhtlatoatzin (A12)
09 de dezembro
Localização: México (Cidade do México)
São Juan Diego Cuauhtlatoatzin

Juan Diego nasceu em 1474 em Cuauhtitlan, atual cidade do México, pertencendo à mais baixa casta do Império Asteca; antes de ser batizado, seu nome era Cuauhtlatoatzin. Era pobre e dedicava-se ao difícil trabalho no campo e à fabricação de esteiras. Convertido com sua esposa pelos franciscanos chegados ao México em 1524, caminhava 20 quilômetros para participar da Santa Missa em Tlatelolco.

Era muito piedoso. Em 9 de dezembro de 1531, Nossa Senhora lhe apareceu pela primeira vez, chamando-o de “Joaõzinho”, “meu filho caçula”, em sua língua nativa (nahuatl). Queria Ela a construção de uma igreja naquele local, na região de Guadalupe, o que dependia da licença do Bispo, Dom João de Zumárraga. Este pediu a Juan provas da aparição; então no dia 12 a Virgem disse a Juan Diego para colher flores no alto da colina de Tepeyac, embora não fosse época delas, e as apresentasse ao bispo.

Ao abrir a sua túnica, feita de fibras de cacto, um tecido chamado tilma ou ayatenão apenas o bispo reconheceu o milagre das flores, como sobre o manto de Juan ficou a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, que, à luz de estudos modernos, apresenta várias e impressionantes condições milagrosas – incluindo o fato da imagem não estar tingida ou impressa no manto, mas “flutuando” sobre ele.

 Depois disso, e já estando viúvo, Juan passou a morar numa sala ao lado da capela onde ficou o manto. Dedicou o resto da vida à divulgação das aparições de Guadalupe aos seus conterrâneos astecas, conseguindo inúmeras conversões. Faleceu em 3 de junho de 1548, com 74 anos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Nossa Senhora de Guadalupe é padroeira da América Latina. A importância deste fato é tanto maior quanto gravíssima é a crise de fé no mundo católico atual, que na América Latina se apresenta nos governos anticatólicos em quase todos os seus países, e nas campanhas políticas de fundo ateu e materialista que procuram confundir os povos com promessas de utópicos “paraísos terrestres” igualitários e dirigidos por regimes ditatoriais. “Sempre tereis pobres entre vós” (Mc 14,7), preveniu o Cristo (o que não quer dizer que devam ser ignorados, mas sim que este mundo jamais será perfeito), “mas a Mim não tereis sempre”: Jesus Se referia à Sua morte na Cruz, mas também ao fato de que, se nos preocuparmos mais com as coisas deste mundo, acabaremos por perdê-Lo na vida infinita que vem após a morte. A caridade e a preocupação legítima com os mais necessitados são parte da ação normal da Igreja, e de qualquer homem de boa vontade; mas mesmo isto não é mais importante que amar primeiro a Cristo – antes que à política, antes que ao mundo, antes que a si mesmo, antes que ao próximo. Tentativas de “justiça social” que oferecem métodos que afastam de Deus não são obra Dele: os fins não justificam os meios.

Oração:

Deus de infinito amor, que quereis a plenitude da felicidade humana, e não apenas bens passageiros para os Vossos filhos, concedei-nos por intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe a mesma riqueza que destes a São Juan Diego, o de nos preocuparmos mais em Vos levar ao próximo e buscar a conversão dos pecadores, motivo pelo qual ele mereceu o Céu, do que desejarmos a impossível perfeição material deste mundo que passa. Amém.

Fonte: 
https://www.a12.com/

Maria filha, Maria esposa e Maria mãe: 3 aspectos da Virgem Maria explicados pelo Papa

Nesta Missa Concelebraram Os 21 Novos Cardeais Que O Papa Criou Na Tarde De Sábado, 7 De Dezembro. Foto: Vatican Media

Maria filha, Maria esposa e Maria mãe: 3 aspectos da Virgem Maria explicados pelo Papa

Homilia do Papa na Solenidade da Imaculada Conceição na Santa Missa com os novos cardeais e o Colégio Cardinalício.

08 DE DEZEMBRO DE 2024 01:33 ZENIT EDITORIAL PAPA FRANCISCO

(ZENIT Notícias / Cidade do Vaticano, 08.12.2024).- Na manhã de domingo, 8 de dezembro, o Papa Francisco participou da santa missa por ocasião da solenidade da Imaculada Conceição da Virgem, uma das principais festividades marianas de todos os tempos. em todo o mundo. Nesta missa, os 21 novos cardeais que o Papa criou na tarde de sábado, 7 de dezembro, concelebraram na Basílica Vaticana. Abaixo oferecemos a homilia do Papa Francisco traduzida para o espanhol:

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Nesta Missa Concelebraram Os 21 Novos Cardeais Que O Papa Criou Na Tarde De Sábado, 7 De Dezembro. Foto: Vatican Media

"Alegrai-vos! cheia de graça" ( Lucas  1:28). Com esta saudação, o Anjo revelou a Maria, na humilde casa de Nazaré, o mistério do seu Imaculado Coração que, desde a concepção, é “imune à mancha do pecado original” (B. Pio IX, Ap. Const.  Ineffabilis Deus , 8 de dezembro de 1854). De muitas maneiras, ao longo dos séculos, com palavras e imagens, os cristãos tentaram representar tal dom, realçando a graça e a doçura nos traços da “Bem-aventurada entre todas as mulheres” (cf.  Lc  1,42). traços somáticos e categorias de raças e culturas muito diversas.

E de fato  a Mãe de Deus  —como observou São Paulo VI—  mostra-nos «o que todos nós temos no fundo do coração: a imagem autêntica da humanidade […] inocente, santa, […] porque o seu ser é todo harmonia, franqueza, simplicidade  - isso é Maria: toda harmonia, franqueza, simplicidade -;  É tudo transparência, gentileza, perfeição; Tudo é beleza”  (cf.  Homilia na solenidade da Imaculada Conceição , 8 de dezembro de 1963).

Nesta Missa Concelebraram Os 21 Novos Cardeais Que O Papa Criou Na Tarde De Sábado, 7 De Dezembro. Foto: Vatican Media

Paremos por um momento para contemplar esta beleza à luz da Palavra de Deus, em três aspectos da vida de Maria que a tornam próxima e familiar para nós. Quais são esses três aspectos? Maria  filha , Maria  esposa  e Maria  mãe .

Em primeiro lugar, vejamos a Imaculada Conceição como  filha .

Os textos sagrados não falam da sua infância;  O Evangelho , por outro lado,  apresenta-a entrando na história como uma jovem, rica de fé, humilde e simples. Ela é a “virgem”  (cf.  Lc  1,27),  em cujo olhar se reflete o amor do Pai e em cujo coração puro, a gratuidade e a gratidão são a cor e o perfume da santidade . Aqui a Virgem aparece-nos bela como uma flor, crescida despercebida e finalmente pronta a abrir-se na entrega total de si mesma. Porque a vida de Maria é uma doação contínua de si mesma.

Nesta Missa Concelebraram Os 21 Novos Cardeais Que O Papa Criou Na Tarde De Sábado, 7 De Dezembro. Foto: Vatican Media

Isto conduz-nos à segunda dimensão da sua beleza: a de  esposa , isto é, aquela que Deus escolheu como companheira do seu projeto de salvação (cf. Segunda Vat. Ecum. Conc., Dogm. Const.  Lumen gentium , 61 ).

Assim diz o Concílio:  Deus escolheu Maria, escolheu uma mulher como companheira do seu plano de salvação. Não há salvação sem mulheres porque a Igreja também é mulher. E Ela respondeu “sim” dizendo: “Eu sou a serva do Senhor”  ( Lucas  1:38).

“Servo” não no sentido de “submetido” e “humilhado”, mas sim como pessoa “de confiança”, “estimada”, a quem o Senhor confia os tesouros mais queridos e as missões mais importantes . A sua beleza, então, multifacetada como a de um diamante, revela um novo aspecto: o da fidelidade, da lealdade e do cuidado que caracterizam o amor recíproco dos cônjuges. Tal como o concebeu São João Paulo II, quando escreveu que a Imaculada Conceição “aceitou a eleição como Mãe do Filho de Deus, guiada pelo amor esponsal, que “consagra” totalmente a Deus a pessoa humana” (Carta Enc.  Redemptoris Mater , 39).

Nesta Missa Concelebraram Os 21 Novos Cardeais Que O Papa Criou Na Tarde De Sábado, 7 De Dezembro. Foto: Vatican Media

E assim chegamos à terceira dimensão da beleza. Qual é esta terceira dimensão da beleza de Maria? A  mãe

Esta é a forma mais comum como a representamos: com o Menino Jesus nos braços, ou, no presépio, debruçada sobre o Filho de Deus deitado numa manjedoura  (cf.  Lc  2, 7). Sempre presente com o Filho em todas as circunstâncias da vida: próximo no cuidado e escondido na humildade; como em Caná, onde intercede pelos cônjuges (cf.  Jo  2, 3-5); em Cafarnaum, onde é elogiada pela escuta da Palavra de Deus (cf.  Lc  11,27-28); ou aos pés da cruz - a mãe de um condenado - onde o próprio Jesus nos dá-a como mãe (cf.  Jo  19, 25-27). Aqui  a Imaculada Conceição é bela na sua fertilidade, isto é, no saber morrer para dar a vida, no esquecer-se de cuidar daqueles que, pequenos e indefesos, se apegam a Ela.

Tudo isto está contido no Coração puro de Maria, livre do pecado, dócil à ação do Espírito Santo  (cf. São João Paulo II, Carta Enc.  Redemptoris Mater , 13), pronto a dar a Deus, por amor , «a homenagem do entendimento e da vontade» (Segunda Vat. Ecum. Conc., Dogm. Const.  Dei Verbum , 5; cf. I Vat. Conc., Dogm. Const.  Dei Filius , 3).

Nesta Missa Concelebraram Os 21 Novos Cardeais Que O Papa Criou Na Tarde De Sábado, 7 De Dezembro. Foto: Vatican Media

O risco, porém, seria pensar que se trata de uma beleza distante, uma beleza muito elevada, inatingível. Mas não é assim . De facto,  também a recebemos como dom no Baptismo, quando somos libertos do pecado e feitos filhos de Deus. E com ela nos é confiado o apelo a cultivá-la, como a Virgem, com amor filial, esponsal e materno, gracioso em receber e generoso em dar, homens e mulheres de “obrigado” e “sim”, ditos com palavras, mas principalmente com a vida  – é lindo encontrar homens e mulheres que são a sua vida, agradecer e dizer “sim” –;  dispostos a dar lugar ao Senhor nos nossos projetos e a acolher com ternura materna todos os irmãos e irmãs que encontramos no nosso caminho .

A Imaculada Conceição não é um mito, nem uma doutrina abstrata, nem um ideal impossível; mas é antes a proposta de um projeto belo e concreto, o modelo plenamente realizado da nossa humanidade, através do qual, pela graça de Deus, todos podemos contribuir para melhorar o nosso mundo .

Nesta Missa Concelebraram Os 21 Novos Cardeais Que O Papa Criou Na Tarde De Sábado, 7 De Dezembro. Foto: Vatican Media

Infelizmente, ao nosso redor vemos como a pretensão do primeiro pecado, o de querer ser “como Deus” (cf.  Gn  3, 1-6), continua a ferir a humanidade, e como esta presunção de autossuficiência não produz nem amor nem felicidade. Na verdade,  quem exalta ao conquistar a rejeição de todos os vínculos estáveis ​​e duradouros, não gera liberdade. Quem desrespeita pai e mãe, quem não quer filhos, quem considera os outros um objeto ou um incômodo, quem considera a partilha como uma perda e a solidariedade como um empobrecimento, não espalha alegria nem futuro. De que adianta ter dinheiro no banco, conforto nos apartamentos, falsos “contatos” no mundo virtual, se então os corações permanecem frios, vazios ou fechados? De que servem os elevados níveis de crescimento financeiro dos países privilegiados, se metade do mundo morre de fome e de guerra, enquanto o resto assiste com indiferença? De que adianta viajar por todo o planeta, se então cada encontro se reduz à emoção do momento, a uma fotografia da qual ninguém se lembrará depois de alguns dias ou alguns meses?

Irmãos e irmãs, hoje contemplamos Maria Imaculada e pedimos-lhe que o seu Coração cheio de amor nos conquiste, que nos converta e nos torne uma comunidade onde a filiação, o esponsalismo e a maternidade sejam regra e critério de vida; onde as famílias se encontram, os maridos partilham tudo, os pais e as mães estão presentes, em carne e osso, perto dos filhos, e os filhos cuidam dos pais. Esta é a beleza de que nos fala a Imaculada Conceição, esta é a “beleza que salva o mundo” e à qual também nós, como Maria, queremos responder ao Senhor: Aqui estou, “que o que fizeste seja cumpriu-se em mim.” ( Lucas  1:38).

Nesta Missa Concelebraram Os 21 Novos Cardeais Que O Papa Criou Na Tarde De Sábado, 7 De Dezembro. Foto: Vatican Media

Celebramos esta Eucaristia juntamente com os novos cardeais. São irmãos a quem pedi que me ajudassem no serviço pastoral da Igreja universal. Eles vêm de numerosas partes do mundo, portadores de uma única Sabedoria com muitas faces, para contribuir para o crescimento e a extensão do Reino de Deus. Confiemos-vos de modo particular à intercessão da Mãe do Salvador.

Fonte: https://es.zenit.org/2024/12/08/maria-hija-maria-esposa-y-maria-madre-3-aspectos-de-la-virgen-maria-explicados-por-el-papa/

O Papa: uma Teologia apenas de homens é uma Teologia pela metade, é necessária a contribuição feminina

O Papa Francisco com os participantes do Congresso Internacional sobre o Futuro da Teologia  (Vatican Media)

Francisco recebeu em audiência os participantes do Congresso Internacional sobre o Futuro da Teologia, organizado pelo Dicastério para a Cultura e a Educação. Ele fez um apelo para que esta disciplina, “luz” que faz emergir o Evangelho, possa ser “acessível a todos” e ajude a “repensar o pensamento” num mundo complexo. O Pontífice exortou a combater as ideologias que “achatam tudo” e matam a realidade, o pensamento, a comunidade.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Pontífice manifestou satisfação por professores, pesquisadores e reitores, provenientes de várias partes do mundo, terem se reunido para refletir sobre "como herdar o grande patrimônio teológico das gerações passadas e imaginar o futuro".

Francisco disse que quando pensa na Teologia, vem à sua mente a luz. "Graças à luz, as coisas emergem da escuridão, os rostos revelam os seus contornos, as formas e as cores do mundo aparecem finalmente. A luz é bela porque faz com que as coisas apareçam, mas sem se exibir", disse ele.

"Agora, aqui, admiramos esta sala, vemos nossos rostos, mas não percebemos a luz, porque ela é discreta, é gentil, é humilde e, portanto, permanece invisível", disse o Papa, acrescentando:

Assim também é a Teologia: ela faz um trabalho escondido e humilde, de modo que a luz de Cristo e seu Evangelho possa emergir. A partir dessa observação, surge para vocês um caminho: buscar a graça e permanecer na graça da amizade com Cristo, a verdadeira luz que veio a este mundo. Toda Teologia nasce da amizade com Cristo e do amor por seus irmãos, suas irmãs, seu mundo; este mundo, dramático e magnífico ao mesmo tempo, cheio de dor, mas também de beleza comovente.

O Papa convidou os participantes do Congresso Internacional sobre o Futuro da Teologia a se fazerem as seguintes perguntas: Teologia, onde você está? Com quem você está caminhando? O que está fazendo pela humanidade? "Esses dias serão importantes para abordar essas questões, para perguntar se a herança teológica do passado ainda pode dizer alguma coisa aos desafios de hoje e nos ajudar a imaginar o futuro. Este é um caminho que vocês são chamados a percorrer juntos, teólogos e teólogas", disse ainda Francisco.

A seguir, o Papa recordou uma passagem do Segundo Livro dos Reis que diz que "durante a restauração do Templo de Jerusalém, foi encontrado um texto, talvez seja a primeira edição perdida de Deuteronômio. Um sacerdote e alguns estudiosos o leram; até o rei o estudou; eles intuem algo, mas não o entendem. Então o rei decide entregá-lo a uma mulher, Hulda, que imediatamente o entende e ajuda o grupo de estudiosos – todos homens – a entendê-lo". "Há coisas que só as mulheres intuem e a Teologia precisa da sua contribuição. Uma Teologia apenas de homens é uma Teologia pela metade. Ainda há um longo caminho a percorrer neste sentido", sublinhou o Papa.

A seguir, o Papa entregou-lhes um desejo e um convite.

O desejo é que a Teologia ajude a repensar o pensamento. O nosso modo de pensar, como sabemos, também molda nossos sentimentos, nossa vontade e nossas decisões. Um coração amplo corresponde a uma imaginação e um pensamento amplos, enquanto um pensamento retraído, fechado e medíocre dificilmente pode gerar criatividade e coragem.

O Papa recordou os livros didáticos de Teologia que eram usados para estudar. Disse que eram "todos fechados, todos parecidos com museus, com bibliotecas, mas não faziam pensar".

Segundo o Pontífice, "a primeira coisa a fazer, para repensar o pensamento, é curar a simplificação. De fato, a realidade é complexa, os desafios são variados, a história é habitada pela beleza e, ao mesmo tempo, ferida pelo mal, e quando não se consegue ou não se quer lidar com o drama dessa complexidade, facilmente se tende a simplificar".

Mas a simplificação, no entanto, quer mutilar a realidade, dá origem a pensamentos estéreis e, pensamentos unívocos, gera polarizações e fragmentações. Assim fazem, por exemplo, as ideologias. A ideologia é uma simplificação que mata: mata a realidade, mata o pensamento, mata a comunidade. As ideologias achatam tudo numa única ideia, e depois a repetem de forma obsessiva e instrumental, superficial e como papagaios.

De acordo com o Papa, "um antídoto contra a simplificação é indicado na Constituição Apostólica Veritatis gaudium: interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Trata-se de fazer “fermentar” a forma do pensamento teológico junto com a de outros conhecimentos: filosofia, literatura, artes, matemática, física, história, ciências jurídicas, políticas e econômicas. Deixar fermentar o conhecimento, porque são como os sentidos do corpo: cada um tem a sua especificidade, mas precisam um do outro, segundo também diz o apóstolo Paulo: «Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se tudo fosse ouvido, onde estaria o olfato?»".

Francisco recordou que "este ano celebramos o 750º aniversário da morte de dois grandes teólogos: Santo Tomás de Aquino e São Boaventura. Tomás lembra que não temos apenas um sentido, mas múltiplos sentidos, e sentidos diferentes, para que a realidade não nos escape. E Boaventura afirma que, na medida em que alguém «acredita, espera e ama Jesus Cristo», «recupera a audição e a visão, o olfato, o paladar e o tato»". "Ao ajudar a repensar o pensamento, a Teologia voltará a brilhar como merece, na Igreja e nas culturas, ajudando todos e cada um na busca da verdade", disse ainda o Papa.

A seguir, Francisco fez um convite: que a Teologia seja acessível a todos. Segundo o Pontífice, "há alguns anos, em muitas partes do mundo, existe um interesse entre os adultos em retomar a sua formação, incluindo a formação acadêmica. Homens e mulheres, especialmente de meia-idade, talvez já formados, desejam aprofundar a sua fé, querem fazer um caminho, muitas vezes matriculam-se numa faculdade universitária. E este é um fenômeno de crescimento. É também um fenômeno em crescimento que merece o interesse da sociedade e da Igreja".

"A meia-idade é uma época especial da vida. É uma época em que geralmente se goza de uma certa segurança profissional e solidez emocional, mas também é uma época em que os fracassos são sentidos com maior dor e novas questões surgem à medida que os sonhos juvenis desmoronam. Nesta fase é possível sentir uma sensação de abandono e, às vezes, a alma se bloqueia. É a crise da meia-idade. Sente-se a necessidade de retomar uma busca, talvez tateando, talvez sendo segurado pela mão, e a Teologia é esta companheira de viagem ", disse ainda o Papa, concluindo:

Se alguma dessas pessoas bater à porta da Teologia, das escolas de Teologia, por favor, encontre-a aberta. Façam com que estas mulheres e homens encontrem na Teologia uma casa aberta, um lugar onde possam retomar o caminho, onde possam procurar, encontrar e procurar novamente. Preparem-se para isso. Imaginem coisas novas nos programas de estudo para que a Teologia seja acessível a todos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 8 de dezembro de 2024

O triste Natal de Belém, a cidade do Natal por excelência

Gary Yim | Shutterstock - Belém, Palestina

Francisco Vêneto - publicado em 26/12/23

A cidade palestina onde nasceu Jesus cancelou as festividades públicas do Natal deste ano - mas o contexto é mais complexo que o da guerra.

Em novembro, no contexto da guerra em andamento entre o Estado de Israel e o grupo terrorista islâmico Hamas, a prefeitura de Belém, na Palestina, anunciou a remoção de todas as decorações natalinas “em luto pelas almas dos mártires e em solidariedade com o nosso povo em Gaza”. A prefeita da cidade onde Jesus nasceu, aliás, é cristã: Vera Baboun governa em coalização com políticos muçulmanos.

Pouco antes dessa decisão, as igrejas cristãs na Terra Santa haviam lançado um comunicado conjunto orientando os fiéis a priorizarem o aspecto espiritual do Natal em vez de celebrações “desnecessariamente festivas”, já que, devido à guerra, “tem havido uma atmosfera de tristeza e dor”, em que “milhares de civis inocentes, incluindo mulheres e crianças, morreram ou sofreram ferimentos graves”.

O texto não faz menção aos lados em conflito e por isso foi interpretado de distintas maneiras mundo afora: por um lado, como sinal busca pela paz; por outro, como uma demonstração da autonomia cada vez menor dos cristãos palestinos.

População cristã em declínio acentuado

De fato, é impactante a diminuição do número de cristãos palestinos. Eles chegaram a ser 11% da população local em 1922, caindo para 6% em 1967 e reduzindo-se hoje para menos de 1%.

Especificamente em Belém, que por motivos óbvios é uma cidade de imensurável importância para os cristãos, a população cristã era de 84% em 1922, mas já tinha caído para 28% em 2007. Atualmente, todas as estimativas a calculam como inferior a 20%.

Os cristãos palestinos, que na maioria são árabes, se concentram em poucas cidades, como a própria Belém, Nazaré e a capital, Ramala – que, aliás, foi fundada no século XVII por árabes cristãos. Além de minoritários, os cristãos são fragmentados: só em Ramala, mesmo com apenas 40 mil habitantes dos quais a grande maioria são muçulmanos, há cerca de dez tradições cristãs diferentes, entre elas a católica romana e a ortodoxa grega, que são as duas maiores, e também, em menor número, a copta, a católica grega, a luterana, a anglicana, entre outras.

A redução acelerada da presença cristã na Palestina costuma ser “explicada” de modo simplista como decorrente da emigração.

Mas o que leva os cristãos a terem de emigrar?

Restrições religiosas

Ehab Hassan é um cristão palestino que vive hoje nos Estados Unidos e não pretende voltar à Palestina. Ele mesmo afirma que, nos Estados Unidos, tem liberdade e segurança para criticar as autoridades palestinas, o que não teria na sua própria terra. Entrevistado pelo jornal brasileiro Gazeta do Povo, Hassan relatou que nasceu em família muçulmana, mas se converteu ao cristianismo em 2015 – e era o único cristão da sua vila.

Chama a atenção, no seu relato, a informação de que as igrejas cristãs em Ramala foram muito reticentes em aceitá-lo como membro: demorou três anos até que uma delas o aceitasse. E por quê? Hassan resume: os cristãos são relativamente protegidos pelo governo local, desde que não tentem converter muçulmanos. Por isso, as igrejas têm medo de represálias se aceitarem a adesão de muçulmanos convertidos.

Desconfiança das autoridades

Em 2020, o Centro Palestino de Política e Pesquisa divulgou um levantamento apontando que 23% dos cristãos palestinos pretendiam deixar o território, aumentando para mais de 50% na faixa etária dos 18 aos 29 anos. Eles também demonstraram desconfiança tanto no tocante às autoridades palestinas quanto às israelenses: 62% disseram acreditar que Israel pretendia removê-los, enquanto 77% declarou temer os fundamentalistas islâmicos.

Discriminação religiosa

No tocante às oportunidades sociais e econômicas na Palestina, 43% dos cristãos palestinos entrevistados disseram acreditar que os muçulmanos não querem a sua presença; 44% afirmaram que existe discriminação religiosa na busca por um emprego; pouco mais de 50% consideraram que a Autoridade Palestina deveria promover melhor as oportunidades de trabalho para os cristãos.

Gaza, um caso à parte

As difíceis condições de vida dos cristãos mencionadas acima se referem à área da Palestina conhecida como Cisjordânia, separada da Faixa de Gaza. Em Gaza, região submetida ao controle do grupo terrorista Hamas, a situação é incomparavelmente mais dramática. Ehab Hassan chega a sintetizar: “A situação em Gaza é mil vezes pior do que em Ramala”. Restam em Gaza menos de mil cristãos.

Opressão política

Mesmo na Cisjordânia, a participação cristã na vida política é cada vez mais condicionada à sua adesão pública às diretrizes da maioria islâmica e anti-Israel. Ehab Hassan observa, na sua entrevista à Gazeta do Povo, que não é comum ouvir críticas de líderes cristãos locais às autoridades palestinas: “Você não pode criticar livremente a comunidade muçulmana ou as autoridades muçulmanas. Eles acusam Israel por tudo, mas nunca dizem nada sobre o Hamas”.

Cancelamento do Natal em Belém

Dadas as circunstâncias, é difícil saber até que ponto a supressão das festividades natalinas na própria cidade em que nasceu Jesus não se deve ao medo de represálias locais. O que não é difícil constatar é que, sofrendo restrições à ação missionária, discriminação religiosa no cotidiano e opressão política sistemática, a tendência é que restem cada vez menos cristãos na Palestina para celebrar os Natais do futuro próximo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2023/12/26/o-triste-natal-de-belem-a-cidade-do-natal-por-excelencia

Reflexão para o 2º domingo do Advento (C)

Evangelho do domingo (Vatican News)

A misericórdia de Deus é maior que todas as crises e tragédias humanas, por isso Ele não cessa de recriar, de reanimar seus filhos.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

Jerusalém é convidada a trocar as vestes de luto pelas da justiça. Com essa frase introdutória à primeira leitura deste domingo, o Profeta Baruc está anunciando a restauração da cidade, promovida pelo coração misericordioso de Deus. O Senhor ao ensinar as pessoas a praticarem a justiça, estará restabelecendo uma sociedade justa.  Nela as relações humanas serão dirigidas para a paz.

A misericórdia de Deus é maior que todas as crises e tragédias humanas, por isso Ele não cessa de recriar, de reanimar seus filhos.

No Evangelho, Lucas mostra João Batista anunciando a nova sociedade que nasce do batismo de conversão, isto é, nasce de uma profunda mudança de vida, de um voltar-se para Deus, da prática da justiça e do desejo de paz. A sociedade antiga, marcada pelos poderes políticos e religiosos, cederá seu espaço à nova, construída sobre os alicerces da partilha, do serviço, da misericórdia. Por isso as estradas deverão ser endireitadas, deverá ser corrigido tudo aquilo que machuca, que incomoda, que faz o povo de Deus sofrer. É necessário que tudo fique pronto para que todos possam ver a salvação de Deus.

Essa salvação de Deus só poderá chegar quando os corações forem libertos das amarras da opressão, de qualquer escravidão, livres de egoísmo e de desvios. Somente aí o Messias, o Salvador, o Príncipe da Paz poderá exercer sua missão de Pacificador e de Redentor. Poderá realizar as transformações pessoais e sociais.

A segunda leitura, extraída da Carta aos Filipenses, coloca-nos Paulo  falando: “Tenho a certeza de que aquele que começou em vós uma boa obra, há de levá-la à perfeição até à vinda de Cristo Jesus.” Para Paulo, a força do Evangelho é tamanha que é capaz de criar uma nova sociedade, comprometida com o projeto de Deus, capacitada em discernir o que é melhor para todos.

Preparemo-nos para o Natal. Preparemo-nos para celebrar a chegada da Vida. Que este tempo nos ajude a um reajuste ou, se for necessário, a uma total mudança de vida. O Príncipe da Paz encontre em nossa vida, pessoa capacitada a colaborar com ele na mudança para um mundo mais justo, mais fraterno, com feições mais humanas, capaz de gestos concretos de misericórdia – reflexo do seu Criador.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Terceira catequese do Advento: Advento, na escola de Nossa Senhora da Expectação

O Sentido do Advento (Catequizar)

TERCEIRA CATEQUESE DO ADVENTO: ADVENTO, NA ESCOLA DE NOSSA SENHORA DA EXPECTAÇÃO 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

O Advento é o tempo litúrgico em que a Igreja se prepara para a chegada de Jesus Cristo. Neste período, a figura de Nossa Senhora ganha especial destaque, especialmente sob o título de Nossa Senhora da Expectação, que representa Maria como aquela que espera, com fé e esperança, o nascimento do Salvador. Com o tema Advento, na escola de Nossa Senhora da Expectação, somos convidados a aprender com Maria como viver a espera ativa, a oração e a prontidão espiritual. 

Quem é Nossa Senhora da Expectação? Nossa Senhora da Expectação, também conhecida como Nossa Senhora do Ó, é um título atribuído à Virgem Maria que destaca sua atitude de expectativa e preparação para o nascimento de Jesus. Esta devoção remonta ao século VII, quando a Igreja começou a celebrar a festa da Expectação do Parto de Maria no dia 18 de dezembro, poucos dias antes do Natal. 

O título “do Ó” é associado às antífonas maiores do Advento, conhecidas como Antífonas do Ó, que expressam a ansiedade e o desejo pela vinda do Messias. Maria, com sua espera silenciosa e cheia de fé, é o modelo perfeito para os cristãos que aguardam a chegada de Cristo no Natal e sua vinda gloriosa no fim dos tempos. 

A Escola de Maria: Como Esperar com Fé. Maria nos ensina que a espera não é passiva, mas ativa. Sua atitude no Advento é marcada por três dimensões principais: a fé, a esperança e a prontidão para o serviço. 

 A fé que Confia no Plano de Deus: Maria recebeu o anúncio do anjo Gabriel com uma fé inabalável: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Sua resposta revela uma total entrega ao plano de Deus, mesmo diante da incerteza e dos desafios. 

Na escola de Maria, aprendemos que, durante o Advento, é necessário confiar plenamente no Senhor, mesmo quando não compreendemos todos os aspectos de sua vontade. A fé nos permite reconhecer que Deus está presente em cada momento de nossa vida, conduzindo-nos ao bem. 

Por isso nestes abençoados dias de espera rezemos o “Magnificat” (Lc 1,46-55), louvando a Deus por suas maravilhas e renovando sua confiança no plano divino. 

A Esperança que Sustenta a Caminhada: Maria esperou o nascimento de Jesus com uma esperança firme, sabendo que a promessa de Deus seria cumprida. Essa esperança é a base de sua serenidade e coragem. No Advento, somos chamados a renovar nossa esperança, especialmente em tempos de dificuldade. Assim como Maria, devemos acreditar que Deus cumpre suas promessas e que sua presença transforma toda realidade. 

Durante este tempo do Advento, reserve um momento diário para meditar sobre as promessas de Deus na Bíblia, especialmente as profecias sobre a vinda do Messias. 

 O Serviço como Resposta à Espera: A espera de Maria foi ativa: ela foi ao encontro de sua prima Isabel para ajudá-la, mesmo estando grávida (Lc 1,39-56). Sua prontidão para o serviço mostra que a verdadeira preparação para Cristo inclui o cuidado com o próximo. 

No Advento, a escola de Maria nos ensina que a caridade é uma forma de preparar o coração para receber Jesus. O amor ao próximo reflete a luz de Cristo que está por vir. 

Numa preparação mais próxima do Natal recomendo que na medida do possível, você participe de iniciativas solidárias, como campanhas de doação ou visitas a pessoas necessitadas, seguindo o exemplo de Maria. 

 Maria: Modelo de Oração e Silêncio. Nossa Senhora da Expectação nos ensina o valor da oração e do silêncio durante o Advento. Maria guardava todas as coisas em seu coração, meditando sobre os mistérios de Deus (Lc 2,19). Este silêncio contemplativo não é vazio, mas cheio da presença de Deus. 

O Silêncio que Escuta: Em um mundo ruidoso, Maria nos ensina a importância de criar espaço para ouvir a voz de Deus. No Advento, somos convidados a diminuir o ritmo, evitar distrações excessivas e focar na escuta da Palavra de Deus. Dedique momentos do dia ao silêncio e à leitura orante da Bíblia (Lectio Divina), deixando que a Palavra de Deus fale ao seu coração. 

A Oração que transforma: A oração de Maria não era apenas contemplativa, mas profundamente transformadora. No Advento, a oração é o canal que nos permite entregar nossos anseios e preparar o coração para acolher Cristo. Como é salutar ter intimidade com a oração mariana por excelência que nos conduz aos mistérios do nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus. Reze o terço diariamente, contemplando os mistérios gozosos, que destacam os momentos iniciais da vida de Jesus e sua vinda ao mundo. 

 Preparar o Coração com Maria: Maria nos ensina que a preparação para o Natal é uma experiência interior e comunitária. Sua atitude de humildade, entrega e amor nos convida a refletir sobre como estamos nos preparando para acolher Jesus em nossa vida. 

Endireitar as Veredas: Assim como João Batista pregava a conversão, Maria nos inspira a remover os obstáculos espirituais que nos afastam de Deus. O Advento é um tempo de reconciliação e de renovação interior. Aproveite este tempo do Advento para participar do Sacramento da Reconciliação e renovar sua vida espiritual. 

Viver a Comunhão: Maria nos ensina a importância de viver em comunhão com a Igreja e a comunidade. Ao visitar Isabel, ela nos mostra que a fé se fortalece no encontro com os outros. Participe ativamente das celebrações comunitárias de sua paróquia durante o Advento, especialmente da Novena de Natal. 

Acompanhar Maria na Expectativa: Nossa Senhora da Expectação nos guia no caminho do Advento, ensinando-nos a esperar com fé, esperança e amor. Seu exemplo de oração, humildade e serviço é um farol para todos os cristãos que aguardam a chegada do Salvador. 

Ao longo deste tempo sagrado, sigamos os passos de Maria, abrindo nossos corações para que Cristo nasça em nós e transforme nossa vida. Que a espera do Natal, vivida na escola de Nossa Senhora, nos conduza a um encontro renovador com Jesus, fonte de toda paz e alegria! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa cria 21 novos cardeais em Consistório, como o brasileiro Jaime Spengler

Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, é um dos 21 novos cardeais (foto: Reuters)

Dom Jaime Spengler, presidente da CNBB e do Celam, está em Roma desde quarta-feira (04/12) e cumpriu intensa agenda até o final da tarde deste sábado (07/12) quando participou do Consistório Ordinário Público e foi criado cardeal pelo Papa Francisco.

A biografia dos novos cardeais do Consistório de 7 de dezembro

Andressa Collet - Vatican News

Dom Jaime Spengler, franciscano brasileiro de 64 anos, foi criado cardeal pelo Papa Francisco neste sábado (07/12), na Basílica de São Pedro, durante o Consistório Ordinário Público. O arcebispo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, é presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho), além de ser membro dos dicastérios para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos e do Instituto de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica da Santa Sé, no Vaticano.

O rito de criação dos novos cardeais

A celebração começou com o canto Tu es Petrus e as palavras de agradecimento a Francisco pronunciadas pelo primeiro cardeal da lista, Angelo Acerbi, ex-núncio apostólico. Em seguida, o Papa pronunciou a fórmula para a criação dos novos purpurados, que juraram fidelidade e obediência ao Pontífice e a seus sucessores "até o derramamento de sangue". Um a um eles se aproximaram da sede do Papa para receber os símbolos do cardinalato de joelhos: solidéu vermelho, barrete, anel e a atribuição a um Título ou Diaconia. Após, todos receberam o abraço de paz de Francisco.

Dom Jaime Spengler, por exemplo, recebeu o título da igreja de "S. Gregório Magno alla Magliana Nuova", que está localizada no bairro Portuense, em Roma, com sede paroquial desde 14 de dezembro de 1963. A partir de 26 de agosto de 2023 o título estava vacante. O título cardinalício, diferentemente do cargo eclesiástico específico a que um cardeal pode ser chamado, é vitalício e simboliza a participação do cardeal no clero romano e a unidade do Colégio de Cardeais como um instrumento de apoio à atividade pastoral do Bispo de Roma: o Papa. É uma “pertença que exprime a unidade da Igreja e o vínculo de todas as Igrejas com a Igreja de Roma”, como já havia escrito o próprio Papa Francisco em carta divulgada em 12 de outubro dirigida a todos os novos cardeais deste 7 de dezembro.

A primeira missa de dom Jaime como cardeal em Porto Alegre será em 17 de dezembro, às 10h, na Catedral Metropolitana (foto Reuters)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

CRISTANDADE: A oração, os milagres, a virgindade de Maria, a humanidade de Jesus (II)

Maria e o Dragão (Jornal O São Paulo)

Arquivo 30Giorni nº. 12 - 2011

A oração, os milagres, a virgindade de Maria, a humanidade de Jesus

Bento XVI no Advento e no Natal

Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria
Quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Nossa Senhora e a Igreja

O único perigo que a Igreja pode e deve temer é o pecado dos seus membros

Na visão do Apocalipse há outro detalhe: na cabeça da mulher vestida de sol há “uma coroa de doze estrelas”. Este sinal representa as doze tribos de Israel e significa que a Virgem Maria está no centro do Povo de Deus, de toda a comunhão dos santos. E assim esta imagem da coroa de doze estrelas nos apresenta a segunda grande interpretação do signo celeste da “mulher vestida de sol”: além de representar Nossa Senhora, este sinal personifica a Igreja, a comunidade cristã de todos os tempos . Ela está grávida, no sentido de que leva Cristo no seu seio e deve dá-lo à luz no mundo: eis o trabalho da Igreja peregrina na terra, que no meio das consolações de Deus e das perseguições do mundo deve levar Jesus aos homens.

É precisamente por esta razão, porque transporta Jesus, que a Igreja encontra a oposição de um adversário feroz, representado na visão apocalíptica por «um enorme dragão vermelho» ( Ap 12, 3). Este dragão tentou em vão devorar Jesus – o “filho homem, destinado a governar todas as nações” (12, 5) – em vão porque Jesus, através da sua morte e ressurreição, ascendeu a Deus e sentou-se no seu trono. Portanto o dragão, derrotado de uma vez por todas no céu, volta os seus ataques contra a mulher – a Igreja – no deserto do mundo. Mas em todos os tempos a Igreja é sustentada pela luz e pela força de Deus, que a alimenta no deserto com o pão da sua Palavra e a santa Eucaristia. E assim, em cada tribulação, em todas as provações que encontra ao longo do tempo e em diferentes partes do mundo, a Igreja sofre perseguições, mas sai vitoriosa. E precisamente deste modo a comunidade cristã é a presença, a garantia do amor de Deus contra todas as ideologias de ódio e de egoísmo.

O único perigo que a Igreja pode e deve temer é o pecado dos seus membros. Na verdade, enquanto Maria é Imaculada, livre de toda mancha de pecado, a Igreja é santa, mas ao mesmo tempo marcada pelos nossos pecados.

Por isso também nós, especialmente nesta ocasião, não deixamos de pedir a sua ajuda com confiança filial: “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a ti”. Ora pro nobis, interceda pro nobis ad Dominum Iesum Christum !

 Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa: Maria salva o mundo; não há salvação sem a mulher

Solenidade da Imaculada Conceição (Vatican Media)

Na missa no Vaticano com os novos cardeais, Francisco deseja que o modo como a Virgem viveu a filiação, a esponsalidade e a maternidade “nos conquiste”, porque a Imaculada não é um mito, mas um projeto bonito e concreto. Toda presunção de autossuficiência, de fato, não gera nem amor, nem felicidade: “de que adiantam os altos níveis de crescimento econômico dos países privilegiados, se metade do mundo morre de fome e de guerra, e outros ainda observam com indiferença?”

Antonella Palermo - Vatican News

Na Solenidade da Imaculada Conceição, que este ano coincide com o segundo Domingo do Advento, o Papa Francisco preside a Santa Missa na Basílica Vaticana, onde neste sábado (07/12) criou 21 cardeais, “portadores de uma única Sabedoria com muitas faces”, que neste domingo (08/12) participam da celebração de ação de graças com o Pontífice. A homilia se concentrou na beleza de Maria, “serva” não no sentido de “subjugada”, mas de “estimada”. Uma existência, a dela, a ser tomada como critério praticável de vida, no aqui e agora, capaz de fecundar com amor autêntico tanto a esfera familiar quanto as relações sociais e entre as nações.

Não há salvação sem a mulher, a Igreja é a mulher 

A contemplação da Virgem oferecida pelo Papa a torna particularmente próxima e familiar. Maria, Francisco nos lembra, teve uma infância que não é contada nos textos sagrados. E, no entanto, nesse mesmo anonimato - que nos Evangelhos dá lugar à sugestão de uma vida rica em fé, humilde e simples, toda harmonia e candura - o reflexo do amor de Deus floresce e se irradia muito além do desconhecido vilarejo de Nazaré. É “uma flor que cresceu sem ser notada”. Uma filha de “coração puro” com o “perfume da santidade”. A vida de Maria é uma doação contínua. Como esposa, é definida como “serva do Senhor”; mas aqui o Papa faz questão de esclarecer: “serva” não no sentido de “subjugada” e “humilhada”, mas de uma pessoa “confiável”, “estimada”, a quem o Senhor confia os tesouros mais preciosos e as missões mais importantes. E mais uma ênfase, acrescentada pelo Pontífice:

O Concílio diz o seguinte: Deus escolheu Maria, escolheu uma mulher como companheira para o seu projeto de salvação. Não há salvação sem a mulher, porque a Igreja também é mulher.

A Imaculada Conceição não é uma doutrina abstrata ou um ideal impossível

A maternidade de Maria, que se tornou a característica que mais interessou aos artistas na história da Igreja, sugere uma generatividade que está totalmente atenta à exaltação do outro, o Filho. Com um coração livre de pecado, dócil à ação do Espírito Santo. A fecundidade da Imaculada, observa o Papa, é bonita precisamente porque ela sabe morrer para dar vida, “em seu esquecer-se de si mesma para cuidar daqueles que, pequenos e indefesos, a Ela se agarram”. Entretanto, é uma figura que encarna uma beleza que não é muito alta, inatingível. 

A Imaculada, portanto, não é um mito, uma doutrina abstrata ou um ideal impossível: é a proposta de um bonito e concreto projeto, o modelo plenamente realizado de nossa humanidade, por meio do qual, pela graça de Deus, todos nós podemos contribuir para mudar o nosso mundo para melhor.

A beleza de Maria salva o mundo da autossuficiência

A beleza de Maria é uma beleza “que salva o mundo” e, portanto, deve nos conquistar e nos converter, espera o Sucessor de Pedro. Uma beleza em que as famílias são um espaço de verdadeira partilha e em que os pais estão “presentes em carne e osso junto dos filhos”. Se esse estilo for internalizado, poderão surgir atitudes de abertura, solidariedade, empatia e harmonia, afetando todas as áreas da vida que, com muita frequência, são condicionadas por pretensões de autossuficiência. É essa preocupação em “ser como Deus”, diz o Papa, que continua a ferir a humanidade e não gera nem amor nem felicidade.

De que serve o dinheiro se metade do mundo morre?

Ele prossegue listando uma série de situações críticas: “quem exalta como uma conquista a rejeição de qualquer vínculo estável e duradouro, concretamente não fomenta liberdade. Aqueles que não respeitam o pai e a mãe, que não querem ter filhos, que consideram os outros como um objeto ou um incômodo, que avaliam a partilha como uma perda e a solidariedade como um empobrecimento, não espalham alegria nem futuro”. Em seguida, o Pontífice faz algumas perguntas, provocações que analisam algumas contradições óbvias nas sociedades contemporâneas:

De que serve o dinheiro no banco, o conforto nos apartamentos, as falsas “amizades” do mundo virtual, se os corações permanecem frios, vazios, fechados? De que adiantam os altos níveis de crescimento econômico dos países privilegiados, se metade do mundo morre de fome e de guerra, e outros ainda observam com indiferença? De que adianta viajar pelo mundo inteiro, se cada encontro é reduzido à emoção de um momento, a uma fotografia que, em alguns dias ou meses, ninguém se lembrará mais?

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 7 de dezembro de 2024

Papa aos novos cardeais: não ceder à competição corrosiva, mas construir a unidade

Consistório para a criação dos 21 cardeais (Vatican News)

Na Basílica de São Pedro, Francisco presidiu o Consistório para a criação dos 21 cardeais: o convite é para que não se deixem deslumbrar pelo fascínio do prestígio, pela sedução do poder e da aparência. Para animar o serviço, recomenda Francisco, que seja sempre “a aventura do caminhar, a alegria de encontrar os outros, o cuidado com os mais frágeis”.

Antonella Palermo - Vatican News

É o décimo Consistório do pontificado de Francisco. Na solenidade e no calor do tempo do Advento, na Basílica de São Pedro, repleta de 5.500 fiéis, foram criados 21 cardeais. Desde o início do rito, a palavra “unidade” é recorrente. Nós a encontramos na homilia, bem como nas palavras introdutórias de homenagem e agradecimento pronunciadas pela pessoa mais idosa a receber o cardinalato, o ex-núncio apostólico Angelo Acerbi, de 99 anos, que lembra precisamente a necessidade de “caminhar juntos”, expressa no recente Sínodo, como o caminho a ser seguido. Ele falou do desejo comum de paz em um mundo desfigurado por desigualdades, guerras e pobreza, e acrescentou que a Encíclica Dilexit nos é “uma fonte de inspiração especial para o trabalho pastoral que cada um dos novos cardeais é chamado a realizar no seu próprio âmbito”. Na homilia, o Papa reiterou um dos pilares do seu magistério: não perseguir os primeiros lugares, mas cultivar a humildade e a fraternidade. 

Não se deslumbrar pela sedução do prestígio

Nosso coração é uma “miscelânea”, lembra o Papa citando Manzoni em "Os Noivos". Ele se refere à atitude dos discípulos, não imunes a cedências, fragilidades, desorientações, infidelidades, mal-entendidos. Enquanto, de fato, Jesus está em um caminho cansativo, em subida, que o levará ao Calvário, lembra Francisco, eles pensam na estrada suave, em descida, do Messias vitorioso. Esse é um dos grandes mal-entendidos do seguimento de Cristo, do qual devemos nos tornar “humildemente conscientes”. 

Isso também pode acontecer conosco: que nosso coração se perca pelo caminho, deixando-se deslumbrar pelo fascínio do prestígio, pela sedução do poder, por um entusiasmo demasiado humano pelo Senhor. Por isso é importante olhar para o nosso interior, colocar-nos humildemente diante de Deus e honestamente diante de nós mesmos, e nos perguntar: Para onde está indo o meu coração? Em que direção ele está se movendo? Talvez esteja indo na direção errada?

Retornar ao coração, a dobradiça sendo Jesus

É o “retorno ao coração” recomendado por Santo Agostinho, também citado pelo Papa. Esse retorno ao que é essencial, profundo, verdadeiramente necessário. Porque muitas vezes acontece que confundimos os planos, considerando essencial o que não é. Com uma metáfora adequada, o Pontífice se refere à imagem da “dobradiça” de uma porta: o suporte, o centro de gravidade no qual confiar a própria vida deve permanecer Cristo.

Hoje, especialmente para vós, caros irmãos que recebeis o cardinalato, eu gostaria de dizer: tende o cuidado de caminhar na estrada de Jesus. O que isso significa? Caminhar na estrada de Jesus significa, antes de tudo, voltar para Ele e recolocá-Lo no centro de tudo. Na vida espiritual, assim como na vida pastoral, às vezes corremos o risco de nos concentrarmos naquilo que é acessório, esquecendo-nos do essencial.

Caminhar pelas ruas, encontrando o próximo

O Papa continua a declinar as formas de imitar Jesus, colocando-o em seu caminho: curando as feridas do homem, aliviando os fardos de seu coração, removendo as pedras do pecado e quebrando as correntes da escravidão. O cardinalato, insiste o Sucessor de Pedro, não é o isolamento, mas a imersão contínua na vida das pessoas, em suas lutas e feridas, em seus desencantos. O próprio Pe. Mazzolari, de quem o Papa se lembra, falou da necessidade de andar pelas ruas, de uma ação livre e sem filtros: isso ainda é necessário hoje, diz Francisco. "Não esqueçamos que o cansaço estraga o coração e a água cansada é a primeira a se corromper", acrescenta o Papa.

“A aventura do caminhar, a alegria de encontrar os outros, o cuidado com os mais frágeis: isso deve animar o vosso serviço como cardeais.”

Buscar a unidade, não os primeiros lugares

No grupo de discípulos, “a traça da competição destrói a unidade”, continua o Papa. Os cardeais são convidados a não cair nessa tentação, mas a derrubar os muros da inimizade, animados por aquele ardor na busca da unidade que era tão caro a São Paulo VI. Esse é o espírito que faz a diferença, conclui ele, em um mundo marcado pela “competição corrosiva”, em uma sociedade dominada pela obsessão das aparências e pela busca dos primeiros lugares.

Portanto, lançando seu olhar sobre vocês, que vêm de diferentes histórias e culturas e representam a catolicidade da Igreja, o Senhor os chama a serem testemunhas, testemunhas da fraternidade, os chama a serem artesãos da comunhão e construtores da unidade. E essa é a missão de vocês!

Com a criação dos novos 21 cardeais, o Colégio de Cardeais agora é composto por 253 cardeais, dos quais 140 são eleitores e 113 são não eleitores. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF