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quarta-feira, 21 de maio de 2025

A alegria do cardeal Damasceno pela eleição de Leão XIV

Arcebispo emérito de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis (Vatican Media)

A Rádio Vaticano – Vatican News recebeu nesta segunda-feira, o arcebispo emérito de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, que expressou sua alegria ao falar sobre a celebração do início do Ministério Petrino do Papa Leão XIV em Roma. Destacou a grande participação da multidão na Praça de São Pedro e a emoção do Papa durante a cerimônia.

Silvonei José – Vatican News

Na entrevista, o cardeal Raymundo Damasceno Assis, compartilhou sua experiência de ter acompanhado diversas eleições papais desde 1961, incluindo a do Papa Leão XIV, que traz um nome não usado desde o século XIX. Enfatizou ainda a trajetória do Papa Leão, um frei agostiniano dos EUA que se tornou uma figura pastoral reconhecida no Peru, ressaltando seu foco na evangelização centrada em Jesus Cristo.

Falando sobre a Santa Missa de início de Pontificado, no último domingo, dom Raymundo disse que a mesma, foi realmente uma celebração muito linda e, sobretudo, muito participada. “Eu fiquei impressionado com a Praça São Pedro realmente repleta, inclusive a Via della Conciliazione, repleta de gente. Muitos os representantes de governos. Evidentemente, também, religiosos, muitos cardeais que ficaram aqui depois da eleição do Papa para participar desta missa de inauguração do seu Ministério Petrino, como nós dizemos. Lindo, lindo”.

O cardeal destacou ainda que o clima ajudou, estava um pouco suave, um pouco nublado. “Isso facilitou também, porque não houve tanto sol, a missa foi às 10 horas e é o momento do sol. Tudo ajudou, então”. “E o Papa muito emocionado, a gente percebia que ele estava muito emocionado de ver aquela multidão diante dele ali na Praça".

Numa cerimônia bonita, ele recebeu o Pálio, que é o símbolo do bispo de Roma. Como os arcebispos recebem o Pálio, também o Papa Leão recebeu o Pálio como sucessor de Pedro. Depois recebeu o anel, o anel do pescador. Foi uma cerimônia muito bonita, comovente. "E cada vez que eu participo de uma celebração como essa - disse o cardeal -, ou de um acontecimento como esse, eu fico realmente emocionado e agradecido por viver esses momentos importantes na história da Igreja”.

Dom Raymundo destacou ainda que presenciou a eleição de Paulo VI, com a morte do Papa João XXIII. “Eu era estudante aqui em Roma, então vi o Papa João XXIII várias vezes, é claro”. “E depois eu também visitei o corpo dele, que estava exposto na Basílica para visitação.

Desde João XXIII, o senhor já se frequenta a Roma? “Frequento Roma desde 1961”, respondeu. “Eu cheguei aqui em 1961. Justamente no período do Concílio, de 1962 a 1965. Eu estava aqui. Estive aqui na eleição e na morte do João XXIII, e também na eleição do Paulo VI. Depois, estive também aqui com o Papa Bento XVI, na sua morte. Depois, na eleição do Papa Francisco. Participei do Conclave que elegeu o Papa Francisco, portanto, pela segunda vez. E agora, a terceira vez também, participando. Também participei com muita tristeza da morte e do sepultamento do Papa Francisco e da alegria da eleição do Papa Leão também.

Falando de Leão XIV disse que até o nome é uma surpresa para todos nós. “Quebrou, de certa forma, essa continuidade de João e Paulo. E Bento foi surpresa, mas não tanto, porque parece que São Bento é uma devoção tão popular. Ele é patrono da Europa. Então o nome não chamou tanta atenção. Mas Leão, sim, porque desde Leão XIII, final do século XIX, começo do século XX, nós não temos um Papa com esse nome. É o XIV, Papa Leão.

O que lhe chama a atenção, então, Papa Leão? “O Papa Leão me chama a atenção”, disse. “Eu não o conhecia. Embora tenha sido secretário do Celan, presidente do Celan, não o conhecia pessoalmente. Fiquei conhecendo aqui em Roma e depois pelo que eu fui lendo durante as Congregações Gerais acerca da vida dele, dos testemunhos de pessoas que o conhecem. Ele é realmente extraordinário. Quer dizer, é um frei agostiniano que nasce nos Estados Unidos, mas que depois entra na Ordem Agostiniana e vai viver como padre e como bispo no Peru, na América Latina. Então, eu digo que o Papa Leão é americano de nascimento, mas eu acho que de coração ele é peruano e latino-americano. E é uma figura extraordinária. Ele é peruano pelo trabalho que exerceu como pastor. Ele é primeiramente um pastor e um missionário. Ele estava em Chiclayo, numa diocese no Peru, relativamente pobre. Viveu um tempo de grande violência ali no Peru, que teve um momento de muita violência. Depois, numa presença muito, digamos, viva em todos os momentos da vida da diocese, momentos difíceis, de alagamentos, de tempestades, foi uma pessoa pobre no meio dos índios. A gente viu ele várias vezes participando da vida do povo, de seus problemas e dificuldades e também nas alegrias. De modo que eu acho que ele traz para o pontificado uma experiência muito grande de pastor, de missionário. Isso é certamente muito enriquecedor para a Igreja, porque eu acho que o foco dele vai ser certamente esse, a missão da Igreja, a evangelização, centrada em Jesus Cristo, portanto, no querigma, Jesus Cristo morto, ressuscitado, que é caminho, verdade e vida. Portanto, é em Cristo que encontramos a resposta para todas as questões mais profundas da vida humana e também é nele que encontramos a salvação. É o único nome pelo qual podemos ser salvos, como diz São Paulo”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 20 de maio de 2025

“Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo.” (Jo 21,17)

“Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo.” (Jo 21,17) | Palavra de Vida Maio 2025

por Organizado por Letizia Magri com a comissão da Palavra de Vida   publicado às 00:00 de 24/04/2025, modificado às 10:09 de 28/04/2025

O último capítulo do Evangelho de João nos leva à Galileia, às margens do lago de Tiberíades. Após a morte de Jesus, Pedro, João e outros discípulos voltam ao seu trabalho de pescadores, mas infelizmente sem resultados naquela noite. 

Ali, o Ressuscitado se manifesta pela terceira vez. Exorta-os a lançar novamente as redes, e desta vez, eles apanham muitos peixes. Depois, na praia, Ele os convida a compartilhar a comida. Pedro e os outros o reconheceram, mas não têm a coragem de lhe dirigir a palavra.

Jesus toma a iniciativa e se dirige a Pedro com uma pergunta muito desafiadora: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”. O momento é solene: três vezes Jesus renova o chamado de Pedro1 para que cuide das suas ovelhas, das quais Ele mesmo é o Pastor2.

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“Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo.” 

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Mas Pedro se lembra de que o tinha traído, e essa experiência trágica não o deixa responder positivamente à pergunta de Jesus. Então, responde com humildade: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”.

Ao longo de todo o diálogo, Jesus não censura Pedro pela traição, não insiste em evidenciar o erro. Vai até onde chegam as possibilidades do discípulo, leva-o para dentro da sua dolorosa ferida, a fim de curá-la com a sua amizade. A única coisa que Ele pede é que a relação seja reconstruída na confiança mútua.

Então, brota de Pedro uma resposta que é um ato de consciência da própria fraqueza e, ao mesmo tempo, de confiança sem limites no amor acolhedor do seu Mestre e Senhor:

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“Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo.”

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Jesus faz a mesma pergunta também a cada um de nós: tu me amas? Queres ser meu amigo?

Ele sabe tudo: conhece os dons que Ele mesmo nos deu, bem como as nossas fraquezas e feridas, que às vezes estão sangrando. Mesmo assim, Ele renova a sua confiança, não nas nossas forças, mas na amizade com Ele.

Nessa amizade, Pedro encontrará também a coragem de testemunhar o seu amor por Jesus até dar a própria vida por Ele.

“Todos nós passamos por momentos de fraqueza, de frustração, de desânimo: [...] contrariedades, situações dolorosas, doenças, mortes, provações interiores, incompreensões, tentações, fracassos [...]. Justamente aquele que se sente incapaz de superar certas provações que se abatem sobre o físico e a alma, e que, portanto, não pode contar com suas próprias forças, está em condições de confiar em Deus. E Ele intervém, atraído por essa confiança. Onde Ele age, realiza coisas grandes, que parecem maiores justamente por terem origem na nossa pequenez3”. 

No dia a dia, podemos nos apresentar a Deus do jeito que somos e invocar a sua amizade; e essa nos cura. Nesse abandono confiante na sua misericórdia, podemos retornar à intimidade com o Senhor e retomar a nossa caminhada com Ele.

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“Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo.” 

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Esta Palavra de Vida também pode se tornar uma oração pessoal, a nossa resposta, pela qual nos confiamos a Deus com as nossas poucas forças e lhe agradecemos pelos sinais do seu amor:

“[…] Quero-te bem porque entraste em minha vida mais do que o ar nos meus pulmões, mais do que o sangue em minhas veias. Entraste aonde ninguém podia entrar, quando ninguém podia me ajudar, toda vez que ninguém me podia consolar. […] Dá que eu te seja grata – ao menos um pouco – no tempo que me resta, por esse amor que derramaste sobre mim e me obrigou a dizer-te: Quero-te bem4”.

Também em nossos relacionamentos na família, na sociedade e na Igreja, podemos aprender o estilo de Jesus: amar a todos, tomar a iniciativa no amor, “lavar os pés”5 dos nossos irmãos, especialmente dos mais pequeninos e mais frágeis. Aprenderemos a acolher a todos com humildade e paciência, sem julgar, abertos a pedir e a acolher o perdão, para entendermos juntos como caminhar lado a lado na vida.

Organizado por Letizia Magri com a comissão da Palavra de Vida

1) Cf. Mt 16,18-19.

2) Jo 10,14.

3) LUBICH, Chiara. A força da fraqueza. Palavra de Vida, julho de 2000.

4) LUBICH, Chiara. Gratidão. Ideal e Luz. São Paulo: Brasiliense; Cidade Nova, 2003. p. 178. 

5) Cf. Jo 13,14.

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/editorial/inspira/4056-senhor_tu_sabes_tudo_tu_sabes_que_te_amo

A vida e história de Papa Leão XIV: Robertum Franciscum Prevost

Papa Leão XIV (Vatican Media)

A vida e história de Papa Leão XIV: Robertum Franciscum Prevost

Vatican News

Primeiro papa agostiniano, é o segundo pontífice americano depois de Francisco, mas, ao contrário de Bergoglio, o estadunidense Robert Francis Prevost, de 69 anos, é originário do norte do continente. De fato, o novo bispo de Roma nasceu em 14 de setembro de 1955 em Chicago, Illinois, filho de Louis Marius Prevost, de ascendência francesa e italiana, e de Mildred Martínez, de ascendência espanhola. Ele tem dois irmãos, Louis Martín e John Joseph.

Passou a infância e a adolescência com a família e estudou primeiro no Seminário Menor dos Padres Agostinianos e depois na Villanova University, na Pensilvânia, onde se formou em 1977 em Matemática e estudou Filosofia. Em 1º de setembro do mesmo ano, ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho (OSA) em St. Louis, na província de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Chicago, e fez sua primeira profissão em 2 de setembro de 1978. Em 29 de agosto de 1981, emitiu seus votos solenes.

Estudou na Catholic Theological Union em Chicago, graduando-se em Teologia. Aos 27 anos, foi enviado por seus superiores a Roma para estudar Direito Canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino (Angelicum). Na Urbe, foi ordenado sacerdote em 19 de junho de 1982, no Colégio Agostiniano de Santa Mônica, por Dom Jean Jadot, pró-presidente do Pontifício Conselho para os Não Cristãos, hoje Dicastério para o Diálogo Inter-religioso.

Prevost obteve a licenciatura em 1984 e, no ano seguinte, enquanto preparava sua tese de doutorado, foi enviado para a missão agostiniana em Chulucanas, Piura, Peru (1985-1986). Em 1987 defendeu sua tese de doutorado sobre "O papel do prior local da Ordem de Santo Agostinho" e foi nomeado Diretor de Vocações e Diretor de Missões da Província Agostiniana "Mãe do Bom Conselho" em Olympia Fields, Illinois (EUA).

No ano seguinte, ingressou na missão de Trujillo, também no Peru, como diretor do projeto de formação comum para os aspirantes agostinianos dos vicariatos de Chulucanas, Iquitos e Apurímac. Durante onze anos, ocupou os cargos de Prior da comunidade (1988-1992), Diretor de Formação (1988-1998) e formador dos professos (1992-1998) e na Arquidiocese de Trujillo foi Vigário Judicial (1989-1998) e Professor de Direito Canônico, Patrística e Moral no Seminário Maior “São Carlos e São Marcelo”. Ao mesmo tempo, também lhe foi confiado o cuidado pastoral de Nossa Senhora Mãe da Igreja, que mais tarde foi erigida como paróquia com o título de Santa Rita (1988-1999), na periferia pobre da cidade, e foi administrador paroquial de Nossa Senhora de Monserrat de 1992 a 1999.

Em 1999, foi eleito prior provincial da Província Agostiniana “Mãe do Bom Conselho” de Chicago, e dois anos e meio depois, no Capítulo Geral Ordinário da Ordem de Santo Agostinho, seus coirmãos o escolheram como prior geral, confirmando-o em 2007 para um segundo mandato.

Em outubro de 2013, retornou à sua província agostiniana, em Chicago, e foi diretor de formação no convento de Santo Agostinho, primeiro conselheiro e vigário provincial; cargos que ocupou até que o Papa Francisco o nomeou, em 3 de novembro de 2014, administrador apostólico da diocese peruana de Chiclayo, elevando-o à dignidade episcopal como bispo titular de Sufar. Ele entrou na diocese em 7 de novembro, na presença do Núncio Apostólico James Patrick Green, que o ordenou bispo pouco mais de um mês depois, em 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, na Catedral de Santa Maria.

O seu lema episcopal é “In Illo uno unum”, palavras que Santo Agostinho pronunciou em um sermão, a Exposição sobre o Salmo 127, para explicar que “embora nós cristãos sejamos muitos, no único Cristo somos um”.

Em 26 de setembro de 2015, foi nomeado bispo de Chiclayo pelo pontífice argentino e, em março de 2018, foi eleito segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana, na qual também foi membro do Conselho Econômico e presidente da Comissão de Cultura e Educação.

Em 2019, por decisão de Francisco, foi incluído entre os membros da Congregação para o Clero em 13 de julho de 2019 e, no ano seguinte, entre os membros da Congregação para os Bispos (21 de novembro). Nesse meio tempo, em 15 de abril de 2020, recebe a nomeação pontifícia também como administrador apostólico da diocese peruana de Callao.

Em 30 de janeiro de 2023, o Papa o chamou a Roma como Prefeito do Dicastério para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, promovendo-o a arcebispo. E no Consistório de 30 de setembro do mesmo ano, ele o criou e o tornou cardeal, atribuindo-lhe o diaconato de Santa Mônica. Prevost tomou posse em 28 de janeiro de 2024 e, como chefe do dicastério, participou das últimas viagens apostólicas do Papa Francisco e da primeira e segunda sessões da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, realizadas em Roma de 4 a 29 de outubro de 2023 e de 2 a 27 de outubro de 2024, respectivamente. Uma experiência em assembleias sinodais já adquirida no passado como Prior dos Agostinianos e representante da União dos Superiores Gerais (UGS).

Enquanto isso, em 4 de outubro de 2023, Francisco o incluiu entre os membros dos Dicastérios para a Evangelização, Seção para a Primeira Evangelização e as Novas Igrejas Particulares; para a Doutrina da Fé; para as Igrejas Orientais; para o Clero; para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; para a Cultura e a Educação; para os Textos Legislativos; da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano.

Finalmente, em 6 de fevereiro deste ano, ele foi promovido à ordem dos bispos pelo Pontífice argentino, obtendo o título de Igreja Suburbicária de Albano.

Durante a última hospitalização de seu predecessor no hospital ‘Gemelli’, Prevost presidiu o rosário pela saúde de Francisco em 3 de março na Praça São Pedro.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Doutor da igreja, cantor, inventor do celibato: conheça todos os papas Leão da história

Papa Leão XIV acena para fiéis na Praça São Pedro — Foto: Reuters/Stoyan Nenov

Doutor da igreja, cantor, inventor do celibato: conheça todos os papas Leão da história

Escolha do nome papal de Robert Francis Prevost, o Leão XIV, pode dar pistas sobre o futuro de seu pontificado.

Por Daniel Médici, Ana Montoro, g1

11/05/2025

Ao ser escolhido para o cargo mais importante da Igreja Católica, o então cardeal Robert Prevost decidiu adotar o nome de Leão XIV.

A tradição de trocar de nome remete a Jesus Cristo, que, segundo o Novo Testamento, mudou o nome do pescador Simão para Pedro — os papas são considerados pela Igreja sucessores do apóstolo.

O nome escolhido também pode dar pistas daquilo que um novo papa almeja para seu pontificado. Jorge Bergoglio, por exemplo, adotou o nome de Francisco para remeter a um papado marcado pela simplicidade e que desse atenção aos pobres, em referência a São Francisco de Assis.

Ao contrário de Francisco, inédito até então, Leão é um dos nomes papais mais comuns da história. Neste sábado, o novo papa disse ter se inspirado em Leão XIII (1878-1903), que abordou a questão social no contexto da primeira revolução industrial.

Conheça, a seguir a história de todos os 13 papas que já lideraram os católicos antes do americano.

Leão I (440 - 461)

O primeiro Papa Leão I — Foto: Divulgação / Vatican News

Leão I foi o 45º papa da Igreja Católica e um dos mais celebrados, conhecido como Leão Magno. De origem na aristocracia romana da Toscana, ele é considerado um Doutor da Igreja por sua contribuição para a Cristologia, disciplina da teologia que debate as essências divina e humana de Jesus.

Ele assumiu o papado em 29 setembro de 440, iniciando um pontificado que seria marcante para a centralização do governo da Igreja Romana. O pontífice permaneceu no cargo por 21 anos.

Um dos episódios marcantes de seu pontificado foi o encontro com Átila, líder dos hunos, um dos mais famosos artífices das invasões bárbaras. O encontro ocorreu perto de Mântua, no ano de 452. Segundo a história, após a conversa, Átila teria desistido de invadir Roma.

Leão foi o responsável por escrever o 'Tomo de Leão', uma carta enviada por ele ao patriarca de Constantinopla, Flaviano. O documento explica como Cristo tem duas naturezas, uma humana e outra divina, que não podem ser dissociadas. Durante o Concílio de Calcedônia, em 451, o documento foi aceito como uma explicação doutrinária da pessoa de Cristo.

A carta defende que Cristo não era de natureza humana, mas sim "o Verbo feito carne", ou seja, viveu em um corpo que foi criado diretamente para esse propósito, e não um corpo verdadeiramente derivado do corpo de sua mãe.

Leão Magno foi contemporâneo de Santo Agostinho, inspiração da ordem agostiniana da qual Leão XIV faz parte.

Leão II (682-683)

Papa Leão II — Foto: Divulgação / Vatican News

O segundo papa Leão nasceu na Sicília, por volta de 610, e teve um pontificado breve durante o período conhecido como Papado Bizantino, no qual os papas estavam sujeitos à aprovação do imperador bizantino, que controlava de Constantinopla o Império Romano do Oriente.

São Leão II, como é conhecido pela Igreja, manteve boas relações com o então imperador Constantino IV, o que lhe rendeu uma ajuda para trazer o arcebispado de Ravena (uma importante cidade medieval, localizada na atual Itália) novamente para o controle de Roma.

No campo teológico, ele ratificou a condenação ao monotelitismo, uma doutrina que defendia que Cristo tinha uma única essência, considerada a partir de então uma heresia. Tido como um grande cantor, ele também deu contribuições importantes para a música gregoriana.

Leão III (795-816)

Papa Leão III — Foto: Divulgação / Vatican News

Também considerado santo, ele foi o responsável por coroar Carlos Magno, seu protetor, como imperador na antiga Basílica de São Pedro, em Roma. O ato é considerado fundador do Sacro Império Romano-Germânico e ajudou a consolidar a ideia de que só o papa poderia coroar reis.

O imperador bizantino, no entanto, considerava Carlos Magno um usurpador, e as tensões contribuíram para a deflagração do processo que culminou no Grande Cisma Oriente-Ocidente, a separação entre as igrejas Apostólica Romana e Ortodoxa.

Leão IV (847-855)

Papa Leão IV — Foto: Divulgação / Vatican News

São Leão IV é conhecido por reconstruir Roma e diversas igrejas dos saques dos árabes sarracenos, frequentes na época na península Itálica. Ele reforçou as fortificações da cidade, construindo as Muralhas Leoninas, mas também tomou iniciativas para proteger outras cidades que eram alvos frequentes dos assaltos, como Civitavecchia.

Ele também ganhou fama de ter mão de ferro contra abusos cometidos por figuras eclesiásticas poderosas, censurando o arcebispo de Reims e excomungando um cardeal de forma a manter a obediência do clero a Roma.

Leão V (903)

Papa Leão V — Foto: Divulgação / Vatican News

Pouco se sabe sobre a vida do pontífice que governou durante o período conhecido como "Século Obscuro" da Igreja Católica, no século 10, dominado por conflitos internos e pela submissão do clero à aristocracia romana. Leão V foi papa entre agosto e setembro, até ser deposto e encarcerado por Cristóvão, hoje considerado um antipapa. Ele provavelmente foi morto na prisão.

Leão VI (928-929)

Papa Leão VI — Foto: Divulgação / Vatican News

Outro papa do "Século Obscuro" e de pontificado breve, de apenas sete meses. Sabe-se que foi escolhido pela senadora Marozia para o cargo, então matriarca de uma poderosa família em Roma, que havia ordenado a deposição de seu antecessor, João X.

Leão VII (936-939)

Papa Leão VII — Foto: Divulgação / Vatican News

Provavelmente um monge beneditino, ele também sucedeu um papa João (o XI), também aprisionado. Conseguiu mediar uma trégua, com a ajuda do abade de Cluny, entre o duque de Roma e o rei da Itália, que promovia um cerco à cidade. Sabe-se também que ele proibiu que o arcebispo de Mainz de batizar judeus à força em sua diocese —ao mesmo tempo em que permitiu a expulsão de judeus que recusassem o batismo.

Leão VIII (963-965)

Papa Leão VIII — Foto: Divulgação / Vatican News

Vinha de uma família da nobreza romana e um raro caso de um leigo que foi promovido a papa, Leão VIII é uma figura controversa, já que seu período à frente da Igreja conflita com o de João XII e Bento V, que também reivindicavam o trono de Pedro.

Ele foi nomeado pelo imperador do Sacro Império Romano Otto I e considerado atualmente por alguns pesquisadores um antipapa nos primeiros anos de seu pontificado, e papa no restante dele.

Leão IX (1049-1054)

Papa Leão IX — Foto: Divulgação / Vatican News

Bruno de Egisheim, nascido na Alsácia (atual França) em 1002, tornou-se um dos papas medievais mais importantes ao combater a simonia (compra e venda de cargos eclesiásticos) e o casamento de membros do clero. Uma de suas primeiras ações, inclusive, foi instituir formalmente o celibato na Igreja.

Pela bandeira da moralidade e por viagens a diferentes pontos da Europa, ele ajudou a consolidar a figura do papa mais como líder espiritual e menos como um senhor feudal. Isso não o impediu de chefiar pessoalmente uma campanha militar contra os normandos no sul da Itália, da qual saiu derrotado. Foi mantido prisioneiro e morreu pouco após a libertação.

Durante seu papado, as relações de Roma com o patriarca de Constantinopla se deterioraram, precipitando o Grande Cisma Oriente-Ocidente.

Leão X (1513-1521)

Detalhe do retrato do papa Leão X, pintado por Rafael Sanzio (1518-1520) — Foto: Reprodução

O nome Leão só volta a surgir entre os papas depois de quase 500 anos. Giovanni de Médici era o segundo filho de Lorenzo o Grande e membro da família de Florença conhecida por patrocinar alguns dos maiores artistas da Renascença italiana.

Seu papado ajudou Roma a se tornar novamente um grande centro cultural. Os trabalhos da atual Basílica de São Pedro foram acelerados —e pintores, escultores e arquitetos foram atraídos para a cidade.

O custo das obras, bem como das guerras empreendidas pelos Estados Papais, secou os cofres da Igreja. A venda de indulgências (perdão para os pecados), autorizada por Júlio II, seu antecessor, seguiu a todo vapor. Leão X também se envolveu em escândalos e foi acusado de viver com muitos luxos e pouca moralidade para os padrões católicos.

Isso fomentou a ira de alguns fiéis, entre eles Martinho Lutero, excomungado por Leão X no último ano de vida do papa. O luteranismo não foi visto por seu papado como uma grave ameaça, mas provocaria o Grande Cisma do Ocidente alguns anos depois e o surgimento do protestantismo.

Leão XI (1605)

Papa Leão XI — Foto: Divulgação / UOL

Outro membro da família Medici, Leão XI teve um dos pontificados mais breves da história, de 1º a 27 de abril de 1605. Foi ordenado padre já depois dos 30, após a morte de sua mãe, que não queria o único filho homem no clero.

Sua vitória no conclave foi patrocinada pelo rei da França, e vista como um ato de desafio dos cardeais ao rei espanhol. Escolheu o nome em homenagem a seu tio, Leão X. Aos 69 anos, porém, estava fraco e sucumbiu a uma febre, num período em que não havia medicamentos.

Leão XII (1823-1829)

Retrato do papa Leão XII por Charles Picqué (1828) — Foto: Reprodução

O cardeal Annibale della Genga já tinha 63 anos, idade considerada avançada no século 19, quando tornou-se papa. Ele era um candidato da ala reacionária da Igreja e, acredita-se, o fato de parecer estar à beira da morte ajudou a convencer os cardeais liberais a votarem nele para encerrar um conclave que se arrastava por quase um mês.

Leão XII sofreu com problemas de saúde ao longo de todo o seu pontificado, que durou surpreendentes cinco anos e meio. Como chefe dos Estados Papais, ele tentou reorganizar as finanças da nação, sem sucesso.

Também tomou decisões autoritárias, como a proibição de judeus de terem posses. Reverteu muitas reformas liberais de seu antecessor, Pio VII, e condenou a maçonaria, por considerar pagãos seus rituais secretos. Fez avanços nas relações exteriores da Igreja. Em retrospecto, é considerado um papa impopular.

Papa Leão XIII (1878-1903)

Papa Leão XIII — Foto: Reprodução/Vaticano

Vincenzo Giocchino Pecci também se tornou papa com a idade avançada, mas viveu para se tornar o terceiro pontífice mais longevo da história.

Ele disse ter escolhido seu nome pela admiração que tinha por Leão XII, sobretudo nas áreas de educação e diplomacia. Ao contrário daquele, porém, a reputação de seu pontificado sobreviveu aos dias atuais, e Leão XIII pode ter sido a principal inspiração para o nome escolhido por Robert Prevost.

Pela primeira vez em séculos, o papa não era mais chefe de Estado, já que seus territórios haviam sido anexados pelo Reino da Itália em 1870. Leão XIII foi considerado hábil na diplomacia, fortalecendo laços com diversos países europeus, embora Igreja e Itália mantivessem mútua desconfiança. O pontífice seguiu a política de seu antecessor, Pio IX, de se autodeclarar encarcerado no Vaticano pela Coroa italiana.

Na teologia, Leão XIII buscou recuperar o pensamento do pensador medieval São Tomás de Aquino — e por tabela, de Santo Agostinho.

Na visão dos arquivos do Vaticano e historiadores, Leão XIII foi um papa inovador para sua época, buscando conciliar a tradição da Igreja com os desafios do mundo moderno, especialmente nas áreas social, filosófica e diplomática.

Foi ele que publicou a famosa encíclica Rerum Novarum (1891), que abordou a questão operária, os direitos dos trabalhadores e a justiça social. Este documento é considerado o marco inicial da Doutrina Social da Igreja.

Leão XIII defendeu o direito dos trabalhadores a um salário e a condições de vida digna, ao mesmo tempo em que buscou se distanciar do socialismo, defendendo a livre iniciativa e a propriedade privada.

Embora houvesse antecedentes, foi apenas com Leão XIII e a Rerum Novarum que a Igreja passou a se posicionar de forma sistematizada sobre os problemas sociais e econômicos

Curiosamente, ele se posicionou contra o americanismo, uma tendência do catolicismo praticado nos EUA vista como como excessivamente liberal, com concessões excessivas à cultura americana.

Papa Leão XIV (2025)

Papa Leão XIV celebra sua primeira missa no Vaticano (Vatican News)

https://youtu.be/hMoDyKW-mME

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/05/11/doutor-da-igreja-cantor-inventor-do-celibato-conheca-todos-os-papas-leao-da-historia.ghtml

LAUDATO SI': Amazônia e os jovens guardiões ambientais ribeirinhos

Gustavo Frazao | Shutterstock

Paulo Teixeira - publicado em 14/05/25

Cuidar da Casa comum e proteger o futuro

O Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia destacou que “cabe a todos ser guardiões da obra de Deus”. Com fé e empenho, é importante que as comunidades assumam esse compromisso. Como Deus cuida de todos, também é importante que todos cuidem das coisas que Deus criou. Dessa forma, as comunidades da Amazônia são chamadas a ser protagonistas do cuidado e proteção da floresta e dos rios; também dos direitos dos povos e da evangelização.

Serviço

Na Arquidiocese de Palmas, no Tocantins, 45 agentes foram investidos como Guardiões ecológicos. Após um período de formação de seis anos, esses agentes receberam da Igreja o serviço de proteger e cuidar da Casa comum. 

Os guardiões realizaram no início do mês um retiro espiritual para ter sempre em mente que o ponto de partida da missão é contemplar a criação e que a missão espiritual impulsiona e precede a ação do agente de pastoral.

Os guardiões atuam, sobretudo, na conscientização das comunidades sobre a necessidade da conversão ecológica, também se empenharão na defesa do meio ambiente sob inspiração dos princípios da fé católica.

Preparação

No Amapá, um projeto chamado de Guardiões Ambientais Ribeirinhos. Já faz seis anos que a sede do Instituto Educacional Amapá Pará (IEAP), no arquipélago do Marajó, recebe jovens para a preparação para o cuidado com a natureza. Os encontros são presenciais e modulares, e a convivência comunitária favorece o aprendizado coletivo. Mais do que fornecer conteúdos e informações sobre a preservação, os encontros buscam debater as causas da degradação ambiental e as maneiras como defender o meio ambiente. 

O intuito é que os guardiões sejam agentes de transformação, que além de atuar na conscientização, possam promover práticas sustentáveis em suas casas e comunidades. Dois polos que orientam a formação são a ecologia integral e o bem-viver.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/05/14/amazonia-e-os-jovens-guardioes-ambientais-ribeirinhos

Leão, e a Igreja, “pequeno fermento” de unidade e amor

Leão XIV (@VaticanNews)

As palavras da homilia do Bispo de Roma que inicia seu serviço aos irmãos.

Andrea Tornielli

“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vós como um irmão que deseja fazer-se servo da vossa fé e da vossa alegria, percorrendo convosco o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família”. Assim se apresenta o Papa Leão XIV, bispo missionário, neto de migrantes, 267º Bispo de Roma. As palavras simples e profundas da homilia da missa de início do seu ministério representam um programa que nos fala de uma alteridade e de um estilo.

Uma alteridade, porque em nosso mundo tão marcado pelas guerras, pelo ódio, pela violência, pelas divisões, a palavra humilde do Sucessor de Pedro proclama o Evangelho do amor, da unidade, da compaixão, da fraternidade, de um Deus que nos quer como única família. Uma alteridade porque pretende dar testemunho de amor, diálogo, compreensão, para derrotar o ódio e a guerra que começam no coração do homem, quer ele empunhe as armas contra o irmão, quer o crucifique com a arrogância das palavras que ferem como pedras.

E um estilo, porque Leão lembrou que o ministério de Pedro é o de ser servus servorum Dei. O seu é um serviço de amor e de oferta da vida pelos irmãos: “a Igreja de Roma preside na caridade e a sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo”. Não se trata, portanto, de “capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios do poder”, como em todas as épocas somos tentados a fazer, através do colateralismo, das estruturas, do protagonismo, do marketing religioso, das estratégias estudadas na mesa. Trata-se, ao contrário, “sempre e apenas de amar como fez Jesus”. Por isso, Pedro “deve apascentar o rebanho sem nunca ceder à tentação de ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas”. Pelo contrário, é-lhe pedido que ame mais. É-lhe “pedido que sirva a fé dos irmãos, caminhando junto com eles”.

Nestas últimas palavras, podemos reconhecer a imagem do Bom Pastor que o Papa Francisco tantas vezes nos apresentou. É a imagem do pastor que caminha à frente do rebanho para guiá-lo; no meio do rebanho para acompanhá-lo, sem se sentir superior ou separado; e também atrás do rebanho, para que ninguém se perca e para poder recolher os últimos, os mais cansados pela caminhada.

O bispo missionário que hoje ocupa a Cátedra de Pedro nos convida, portanto, a anunciar o Evangelho do amor, “sem nos fecharmos em nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo”. A Igreja é um povo de pecadores perdoados, sempre necessitados de misericórdia, que por isso mesmo deveriam ser “vacinados” contra qualquer complexo de superioridade, como seguidores de um Deus que escolheu o caminho da fraqueza e se rebaixou aceitando morrer na cruz para nos salvar. “Somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus”, disse o Papa Leão, para estar na massa do mundo, “um pequeno fermento de unidade, de comunhão, de fraternidade” e assim lançar o olhar para longe, para ir ao encontro das perguntas, das inquietações e dos desafios de hoje.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Sexta-feira Santa, o Mistério da Cruz e a Via-Sacra

Jesus na cruz nos dá sua vida (Comunidade Oásis)

Hoje as igrejas estão silenciosas. Na liturgia não há canto, não há música e não se celebra a Eucaristia, porque todo espaço é dedicado à Paixão e à morte de Jesus.

Silvonei José - Vatican News

Depois disso Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que se cumprisse a Escritura, disse: “Tenho sede”. Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e a levaram à sua boca. Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (Jo 18, 28-30).

Hoje as igrejas estão silenciosas. Na liturgia não há canto, não há música e não se celebra a Eucaristia, porque todo espaço é dedicado à Paixão e à morte de Jesus. Ajoelhamo-nos, para simbolizar a humilhação do homem terreno e a coparticipação ao sofrimento do Senhor. Porém, não é um dia de luto, mas um dia de contemplação do amor de Deus que chega para sacrificar o próprio Filho, verdadeiro Cordeiro pascal, para a salvação da humanidade.

A adoração da Cruz

A Cruz está presente na vida de todos os cristãos desde a purificação do pecado no Batismo, absolvição do Sacramento da Reconciliação, até o último momento da vida terrena com a Unção dos enfermos. Na Sexta-feira Santa somos convidados a adorar a Cruz para o dom da salvação que conseguimos através da sua vinda. Depois da ascese quaresmal o cristão está preparado para não fugir do sofrimento. Durante a liturgia os fiéis tocam a Cruz, a beijam e assim entram ainda mais em contato com a dor de Cristo que é a dor de todos, porque Ele carregou na Cruz os pecados de toda a humanidade para salvá-la.

A Sexta-feira Santa

A Sexta-feira Santa nasceu como dia da morte de Jesus (dia 14 do mês de Nissan, que caía numa sexta-feira). Trata-se de um dia de luto, acompanhado de "jejum", depois estendido a todas as sextas-feiras do ano. A liturgia é composta de três momentos: Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão. Neste dia, por meio desta liturgia, os fiéis são convidados a fixar seu olhar em Jesus Crucificado, que morreu na cruz para cumprir a sua missão salvífica, que o Pai lhe havia confiado: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo". O profeta Isaías diz: “Ele tomou sobre si os nossos pecados, as nossas dores e sofrimentos, e nós o julgamos castigado por Deus” (Is 52,13-53,12). Com a sua vida, Jesus pagou um alto preço pela nossa desobediência, mas o fez com amor e por amor: “Sendo rico, Jesus se fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer com a sua pobreza” (2Cor 8,9). No contexto desta Sexta-feira Santa, cada um de nós pode ficar diante da cruz e dialogar com o Senhor Jesus sobre os próprios problemas, dramas, sofrimentos. Todas as questões sobre a vida são iluminadas pela Cruz, a ponto de chegarmos a dizer, realmente, que "o coração tem suas razões, que a razão não pode compreender". O Senhor Jesus deve ser acompanhado com amor, até o fim, como Ele o fez.

A Via-Sacra foi introduzida na Europa pelo dominicano beato Alvaro De Zamora da Cordoba em 1402 e mais tarde pelos Frades Menores.

“O caminho da Cruz”

A Via-Sacra consiste em percorrer espiritualmente o caminho de Jesus ao Monte Calvário enquanto carregava a Cruz, assim como a oportunidade de interiorizar em seu sofrimento.

Em relação ao seu significado, “Via Crucis”, ou Via-Sacra, significa em latim “O caminho da Cruz”. Este caminho é formado por 14 estações que representam determinadas cenas da Paixão, cada uma corresponde a um acontecimento especial ou a maneira especial de devoção relacionada a tais representações.

Antigamente, o número de estações variava consideravelmente em diferentes lugares, mas agora o Magistério prescreve quatorze:

1. Cristo é condenado à morte
2. Jesus carrega a cruz aos ombros
3. Jesus cai pela primeira vez
4. Jesus encontra a sua Santíssima Mãe
5. Simão Cirineu ajuda Jesus a carregar a cruz
6. Verônica enxuga o rosto de Jesus
7. Jesus cai pela segunda vez
8. Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
9. Jesus cai pela terceira vez
10. Jesus é despojado de suas vestes
11. Jesus é pregado na cruz
12. Jesus morre na cruz
13. Jesus é descido da cruz
14. Jesus é colocado no sepulcro

No princípio, a oração da Via-Sacra era diferente. No século IV, a religiosa Egedia escreveu acerca das peregrinações que os cristãos realizavam a Jerusalém para percorrer os lugares da paixão e morte de Jesus com os Evangelhos na mão. Esta peregrinação terminava no Monte Calvário.

Papa na Via-Sacra

Durante a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa em 2023 o Papa Francisco presidiu no parque Eduardo VII, a "Colina do Encontro", a Via-Sacra, onde partilhou com os jovens os momentos da Paixão de Cristo. 

"Hoje, vocês vão caminhar com Jesus hoje. Jesus é o Caminho e nós vamos caminhar com Ele, porque Ele caminhou”, disse Francisco. 

O caminho de Jesus, explicou o Papa, é Deus saindo de si mesmo para caminhar entre nós. É o que ouvimos tantas vezes na missa: "O Verbo se fez carne e habitou entre nós". E Ele o faz isso por amor.  A Cruz que acompanha cada Jornada Mundial da Juventude, acrescentou o Pontífice, é o ícone, é a figura dessa jornada. A Cruz é o significado maior do amor maior, aquele amor com o qual Jesus quer abraçar nossa vida. E ninguém tem mais amor do que aquele que dá a vida por seus amigos, que dá a vida pelos outros. "É por isso que, quando olhamos para o Crucificado, que é tão doloroso, tão difícil, vemos a beleza do amor que dá a vida por cada um de nós."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 17 de abril de 2025

PEREGRINAÇÃO À TERRA SANTA: "Uma benção para todos"

Bento XVI rezando na Gruta da Natividade
[© Osservatore Romano]

Arquivo 30Dias n. 05 - 2009

BENTO XVI. Imagens, memórias e balanços da sua peregrinação

"Uma benção para todos"

Entrevista com Fouad Twal, Patriarca Latino de Jerusalém: «Nos gestos e nas palavras do Papa encontramos coragem, verdade, amor, humildade».

Entrevista com o Patriarca Latino de Jerusalém Fouad Twal por Gianni Valente

O Papa peregrino na Terra Santa atravessou com passo leve o emaranhado de histórias, acontecimentos e paixões humanas, políticas e religiosas que hoje se concentram entre a Jordânia, Israel e os Territórios Palestinos, nos lugares onde Jesus viveu. Antes de partir, muitos balançaram a cabeça, considerando arriscada a escolha de uma visita papal a uma região onde as feridas da última guerra ainda estavam abertas.

Mesmo para Fouad Twal, Patriarca Latino de Jerusalém por pouco mais de um ano, os dias de peregrinação papal foram uma espécie de prova de fogo. Com a sinceridade que o distingue, ele não escondeu as dúvidas e preocupações que também circulavam na comunidade católica da Terra Santa na véspera da visita papal. Agora, para 30Gioni , ele traça um balanço de natureza completamente diferente. 

Agora que algum tempo passou, qual é a sua avaliação geral da visita de Bento XVI à Terra Santa? 

FOUAD TWAL: Foi uma bênção para todos. Nos gestos e nas palavras do Papa encontramos coragem, verdade, amor, humildade. 

Mas ela mesma, antes da visita, havia confirmado as dúvidas que também circulavam na comunidade cristã. 

TWAL: De fato, havia alguns medos e alguma angústia. A visita papal teria ocorrido em um momento difícil, em uma região difícil, onde nos últimos meses houve uma overdose de conscientização, após a guerra em Gaza. Havia receios de que uma das duas partes no conflito tentasse monopolizar a visita. 

O que contribuiu para que isso não acontecesse? 

TWAL: Expressamos todas as nossas observações e reservas à Santa Sé. E somos gratos ao Secretário de Estado que levou nossos medos em consideração. E os discursos foram muito bem feitos, equilibrados e ao mesmo tempo marcados por uma coragem que outros líderes políticos não têm. Marcada acima de tudo pelo amor a esta terra e às pessoas que a habitam. 

Você guarda alguma imagem particular da visita papal? 

TWAL: Uma imagem sozinha não resolve o problema. Acompanhei o Papa o tempo todo e preciso de um álbum… Fiquei especialmente impressionado com os momentos em que ele se aproximou das pessoas, que talvez ficassem envergonhadas porque não estavam preparadas para tal circunstância. E então ele calmamente e com um rosto infantil os cumprimentou delicadamente, mostrando-se a eles em uma atitude familiar. Em algumas situações ficamos nervosos e impacientes. Ele, por outro lado, estava sempre calmo. 

Antes da visita papal, todos insistiam em seu caráter pastoral. Talvez para se protegerem da exploração política.
TWAL: E de fato, ao confirmar os irmãos na fé, ele nos lembrou de todas as dimensões espirituais da vida de fé na Terra Santa: oração, peregrinação... Ele convidou os cristãos a não partirem, ele os convidou a ficar, porque nossa terra é santa e bela. Ele também se dirigiu a todos os nossos irmãos cristãos. As duas visitas, realizadas com toda a calma e humildade, aos Patriarcados Ortodoxo e Armênio, deram-lhe a oportunidade de dizer que não é o caso de agravar com as nossas separações as muitas dores que esta terra sofreu e sofre. O Papa Bento XVI sempre enfatizou a oração como uma ferramenta para pedir ao Senhor por nossa unidade, deixando a Ele decidir como e quando isso pode ser alcançado.

Bento XVI com o Patriarca Fouad Twal na Praça da Manjedoura, onde celebrou a Santa Missa, Belém, 13 de maio de 2009 [© Osservatore Romano]

Contudo, não faltaram implicações políticas.
TWAL: A dimensão política nunca falta aqui na Terra Santa. E em seus encontros com autoridades na Jordânia, Palestina e Israel certamente havia um aspecto político. O Papa quis reiterar que a Terra Santa tem uma vocação própria de santidade. É isso que todos nós gostaríamos, mas por isso mesmo não podemos ignorar a situação específica do momento, que é uma situação de conflito. Gostei muito do último discurso, dirigido ao presidente Peres, antes de partir. O Papa, sem fazer condenações abstratas, disse em tom pessoal que, durante a visita que teve a graça de fazer, uma das visões que mais lhe causaram tristeza foi a do muro. Uma maneira nobre e calma de dizer com humildade e amor que esses muros certamente não servem para criar um contexto de paz, diálogo e esperança.

Antes da viagem, ela havia dito que a visita do Papa era como um lindo bolo do qual todos queriam um pedaço. No final, quem ficou com a maior fatia?
TWAL: Nós, a Igreja local, a comunidade cristã aqui. Ele veio para nos confirmar na fé, na missão, no diálogo, na dor, no caminho da cruz . Acho que foi lindo para os nossos fiéis verem que há alguém que reza por eles, que pensa neles, e esse alguém é o Papa! Bento XVI chamou a Igreja universal a pensar na Terra Santa, a vir à Terra Santa. Ele nos pediu muitas vezes, tanto na Jordânia quanto em Belém e Jerusalém, para não termos medo, para perceber que não fomos esquecidos. Isso carrega nossas baterias maravilhosamente.

E agora, você espera que alguma coisa mude?
TWAL: Muitas pessoas me perguntam isso. Não é que se deva esperar mudanças milagrosas da visita em si. Mas com suas palavras e seus gestos, nosso querido Santo Padre semeou muito, tanto local quanto internacionalmente e no nível da Igreja universal. Com calma, com a graça de Deus e com a ajuda de todos os amigos, começando pelas Igrejas irmãs da Itália, os frutos virão. Muitas organizações estão pedindo para me conhecer para me perguntar o que podem fazer por nós. Agora cabe a nós corresponder à confiança do Santo Padre. E fazer bem o nosso trabalho aqui. Durante a celebração das Vésperas em Nazaré, o Papa comparou a condição dos cristãos na Terra Santa à de Maria, que levava uma vida escondida em Nazaré, "com muito pouca riqueza ou influência mundana". Ele nos pediu para termos a coragem "de ser fiéis a Cristo e permanecer aqui na terra que Ele santificou com Sua presença".

Como o senhor se lembra do encontro entre o Papa e a delegação de Gaza?
TWAL: Duzentos cristãos deveriam vir de Gaza. No final, Israel concedeu autorizações a apenas quarenta e oito pessoas. Eles puseram as mãos nos fundos de algumas escolas na Galileia, que são usados ​​para pagar os salários dos professores. O núncio, muito bom, como diplomata não queria agravar a situação nem alarmar a opinião pública. Mas houve confiscos. Posteriormente, autoridades governamentais garantiram que não haverá mais casos no futuro. O embaixador israelense na Santa Sé também disse isso. Estamos felizes e agradecemos às autoridades israelenses. Além disso, há um artigo no Acordo Geral que alerta que, enquanto as negociações sobre o status tributário da propriedade da igreja continuarem, não poderá haver mudanças unilaterais no regime atual. Mas há algumas autoridades que talvez não saibam disso... Afinal, na sociedade israelense nunca faltará uma ou outra voz se declarando insatisfeita com a visita do Santo Padre. Que pena para eles. Não há nada que possamos fazer sobre isso.

E na outra frente, a do Hamas?
TWAL: A reação dos homens do Hamas foi muito positiva sobre a visita do Papa, especialmente quando souberam que ele visitou um campo de refugiados, que queria estar perto daqueles que sofrem, para dar esperança de retorno a todos os refugiados do mundo. E se não houver retorno, que ao menos encontremos compensações justas e identifiquemos uma maneira de viver em paz e dignidade.

Bento XVI saúda as crianças do Caritas Baby Hospital, em Belém, 13 de maio de 2009 [© Osservatore Romano]

Uma comparação com as visitas papais anteriores de Paulo VI e João Paulo II?
TWAL: Não vejo sentido nessas comparações. Os contextos, as pessoas, os estados de espírito são diferentes… Cada Papa foi bom e fez bem no seu momento. O homem certo, no lugar certo, na hora certa … E tudo deu certo, graças a Deus.

Você então ouviu o discurso de Obama no Cairo…
TWAL: Fantástico.

O que mais o convenceu naquele discurso?
TWAL: Há muito tempo esperávamos por uma mudança de "mentalidade", de conversas, de abordagem. Você pode não concordar 100%, mas o discurso de Obama foi claro, corajoso e visou o bem de todos, israelenses e árabes, pedindo que todos mudassem suas conversas e tivessem mais fé uns nos outros, no futuro e em Deus. Era exatamente o que era necessário.

Alguns notaram vários pontos de contato entre o discurso de Obama e o que o Papa disse na Terra Santa.
TWAL: Sim. Eles enfatizaram os pontos cruciais. E Obama, quando falou sobre os palestinos, especificou que eles são muçulmanos e cristãos.

Obrigada, felicidade.

Lembre-se: envie uma saudação especial a todos os seus leitores. Não se esqueça disso.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Vamos aprender sobre Jerusalém? A pátria espiritual por definição

LALS STOCK | Shutterstock

Paulo Teixeira - publicado em 17/04/25

A Cidade Santa é um símbolo de reconstrução com uma história marcada por peregrinações e conflitos.

Jerusalém é conhecida como cidade da paz, o umbigo da terra, a cidade três vezes santa, a pátria espiritual de todo o mundo. Essa cidade já foi conquistada mais de 40 vezes, mas parece que ressurge cada vez mais forte. 

Para os mulçumanos, Jerusalém é a cidade em que Maomé foi arrebatado ao céu. Para os judeus, ela é especial porque ali se ergueu o templo de Deus. Para os cristãos, lá Jesus peregrinou diversas vezes, também morreu e ressuscitou. E essa cidade teve destaque no início do cristianismo sendo uma espécie de sede da Igreja que nascia em meio a perseguições e desejos missionários.

Onde fica?

Jerusalém surge numa região elevada da palestina, entre o mar mediterrâneo e a depressão desértica, próxima ao salgado Mar Morto. Muitas construções da cidade usam pedra calcária, a mesma das colinas da região, e dão uma luminosidade à cidade, um tom bege, que faz com que essa cidade seja percebida como iluminada, clara, brilhante. 

Bíblia

Vamos conhecer Jerusalém por meio da própria Bíblia que dela diz coisas impressionantes como este texto do capítulo 31 do livro do profeta Isaías: “Como as aves dão proteção aos filhotes com suas asas, o senhor dos exércitos protegerá Jerusalém; ele a protegerá e a livrará; ele a poupará e a salvará". 

Acredita-se que o templo tenha sido construído no mesmo lugar em que Abraão ofereceu seu filho Isaque em sacrifício conforme narra o capítulo 22 do livro de Gênesis.  

O talmude, livro de ensinamentos judaicos, diz que Deus pegou do monte do templo o barro para modelar o ser humano. Os Salmos narram diversas manifestações de alegria quando as pessoas chegavam em romaria até Jerusalém e viam o templo, como o Salmo 121: “Que alegria, quando ouvi que me disseram: 'vamos à casa do senhor!'. E agora nossos pés já se detêm, Jerusalém, em tuas portas. Para lá sobem as tribos de Israel, as tribos do senhor. Para louvar, segundo a lei de Israel, o nome do Senhor. A sede da justiça lá está e o trono de Davi. Rogai que viva em paz Jerusalém, e em segurança os que te amam! Que a paz habite dentro de teus muros, tranquilidade em teus palácios!”. 

O Templo de Jerusalém

A história de Jerusalém não só se mistura com a do templo, mas a construção mais importante marcou os ritmos da cidade. Por volta do ano 900 Antes de Cristo o rei Salomão construiu um templo para proteger a arca da aliança. Moisés, segundo conta o livro do Êxodo, realizou a aliança com Deus no monte Sinai, guardou em uma arca os símbolos desse compromisso. Que são: as tábuas de pedra nas quais estão escritos os mandamentos, o cajado com o qual abriu o mar vermelho para a fuga do Egito, e uma porção daquele misterioso pão chamado maná que apareceu de forma milagrosa no deserto. É interessante que esta arca, mais do que conter algo no seu interior, como uma espécie de cofre, se caracterizada por ser sinal da presença de Deus entre os homens, tanto que a arca tinha uma cabana, uma tenda especial nos acampamentos durante a longa travessia pelo deserto. Depois, a arca passou a ter um templo e, de certa forma, uma cidade.  

Entre os capítulos 5 e 7 do primeiro livro dos reis é narrada detalhadamente a construção do templo por Salomão. São registradas medidas da construção, o tamanho das janelas, as indicações sobre os utensílios de ouro e os detalhes da decoração. No santuário, lugar mais reservado em que foi colocada a arca, foram esculpidos anjos que mediam dois metros e meios de altura e, com as asas abertas, chegavam a quatro metros de ponta a ponta. Esse lugar magnifico não era para visitação pública, mas era o lugar, digamos assim, da habitação de Deus, sendo visitado somente uma vez por ano por um dos sacerdotes do templo.  

O esplendoroso templo de Salomão ficou de pé por aproximadamente 400 anos. Depois que os babilônicos venceram o Egito, se tornaram uma potência regional. Em 597, sob o comando do rei Nabucodonosor, Jerusalém foi saqueada e foram levados para a babilônia artesão, soldados e nobres, como o profeta Daniel que relata sua experiência no livro com o seu nome, no Antigo Testamento. Após revoltas contra a dominação babilônica, Nabucodonosor resolveu destruir Jerusalém e levar como prisioneiros os sobreviventes. O profeta Jeremias considera um castigo divino o que aconteceu com a cidade e seus habitantes devido a falta de justiça social. 

Atualmente o monte sobre o qual se erguia o templo abriga duas mesquitas. Os judeus recitam suas orações na parede que restou da construção de Salomão, destruída definitivamente pelos romanos no ano 70 depois de Cristo. O muro do pranto ou muro das lamentações é um dos lugares mais emblemáticos de Jerusalém.  

A reconstrução e Jerusalém foi fantástica. O templo se tornou o maior edifício de culto do mundo grego romano, media cerca de 20 campos de futebol. Jerusalém também cresceu e abrigava mais de 80 mil pessoas numa época em que Israel todo não contava com 2 milhões de habitantes. A população da cidade triplicava na festa da Páscoa. Foi esta Jerusalém pujante que Jesus conheceu e percorreu com seus discípulos. Foi também nessa grande cidade e em meio a diversos conflitos que Jesus foi morto de forma violenta. Nesta cidade, Jesus ressuscitou e a vitória da vida sobre a morte teve Jerusalém como uma capital da esperança.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/04/17/vamos-aprender-sobre-jerusalem-a-patria-espiritual-por-definicao

Aos padres – Quinta-Feira Santa

Sacerdócio com amor (Catequizar)

AOS PADRES – QUINTA-FEIRA SANTA 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

Aos Padres 

 Quinta-Feira Santa  

Neste dia em que celebramos a instituição da Eucaristia, quero dirigir-me a todos os presbíteros que, diariamente, consagram o Corpo e o Sangue de Cristo para o alimento espiritual dos fiéis. Neste momento festivo para a Igreja, em que recordamos a entrega total de Jesus por nós, convido todo o povo de Deus a elevar uma prece pelos sacerdotes, para que perseverem com fidelidade em sua missão e busquem viver a santidade no cotidiano. 

Rezemos por todos os padres doentes e idosos, que tanto se dedicaram ao sacerdócio ao longo da vida. Rezemos também por aqueles que, por diferentes motivos, estão afastados ou privados do exercício ministerial, para que o Senhor os fortaleça e renove neles a confiança em Sua misericórdia que jamais falha. Que tudo se realize conforme a vontade de Deus. 

Sabemos o quanto o ministério sacerdotal é desafiador e vai muito além da celebração da Missa e da administração dos sacramentos. Muitas vezes, o sacerdote assume múltiplas funções: é secretário da paróquia, cozinheiro na casa paroquial, responsável por resolver questões burocráticas como idas a bancos, cartórios, correios e compras de materiais litúrgicos. Acrescente-se as situações de violência, de insegurança e de questões diversas que aparecem no dia a dia da paróquia. Por isso, é compreensível que, ao final do dia, esteja exausto diante das inúmeras tarefas desempenhadas. 

Entretanto, para que tudo isso seja fecundo, o sacerdote não pode negligenciar a vida de oração. É a oração, unida à Eucaristia diária, que sustenta o ministério presbiteral. Antes de qualquer outra atividade, é essencial começar o dia com a oração, rezando as Laudes, e, se houver celebração pela manhã, presidir a Santa Missa. Sem a oração e, sobretudo, sem a Eucaristia cotidiana, o ministério enfraquece, e o padre corre o risco de tornar-se apenas um “executador de tarefas”. O sacerdote é muito mais que isso: é ministro do Sagrado, chamado a proclamar a Palavra de Deus e a celebrar, com piedade, a Eucaristia para o povo que lhe foi confiado. 

Além disso, o padre está a serviço da comunidade e não pode permitir que as obrigações administrativas o afastem do contato com os fiéis. É preciso encontrar tempo para visitar os enfermos, atender confissões, presidir celebrações, sepultar os mortos e ministrar os demais sacramentos. O sacerdote precisa estar presente na paróquia, acessível ao povo que o procura. 

O sacerdócio não deve ser encarado como um fardo. Quando o Senhor nos chamou para esta missão, não o fez para nos sobrecarregar, mas para que, com alegria, servíssemos ao seu povo. O padre não deve ser alguém amargurado, constantemente cansado ou de mau humor. Ao contrário, mesmo diante das muitas tarefas do dia, é preciso conservar o bom humor e acolher bem os fiéis. Como em qualquer outra vocação, é fundamental que o padre se sinta realizado em sua missão. Só assim é possível viver com alegria. Cumprir tudo apenas por obrigação leva ao desgaste e à infelicidade. 

Esta é uma mensagem de encorajamento e ânimo para que continuem a exercer com amor o ministério que lhes foi confiado. Embora o Dia do Padre seja celebrado em 4 de agosto, na quinta-feira santa comemoramos a razão de ser da Igreja: a instituição da Eucaristia. E os sacerdotes são, por excelência, os ministros deste mistério de amor. Rogo a Deus pelo ministério de cada um, para que sejam verdadeiros pastores, cuidando com zelo do rebanho, especialmente das ovelhas feridas e dispersas. 

Uma característica essencial da vida presbiteral é a fraternidade, especialmente entre os padres e com o bispo. A chamada fraternidade presbiteral implica cuidado mútuo, interesse pelo irmão que não está bem, visitas fraternas e busca conjunta de soluções. Muitas vezes, isolamo-nos em nossos próprios mundos e esquecemos de olhar para a dor do outro. Precisamos dar o exemplo, cultivar o amor entre os presbíteros, e a partir daí, ensinar os fiéis a viverem a caridade entre si. 

Do mesmo modo, os sacerdotes são chamados a viver a fraternidade com os leigos, acolhendo com misericórdia e buscando os que se afastaram. A fraternidade é uma virtude evangélica que deve marcar a vida de todos: bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas e leigos. 

Vivam o sacerdócio com amor e, a cada dia, renovem o “sim” dado no dia da ordenação, como fazemos também na missa do Crisma, na Quinta-feira Santa. Essa renovação acontece na oração diária, onde se reaviva o chamado. Que a Virgem Maria, Mãe das Divinas Vocações, interceda por todos vocês.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF