A Rádio Vaticano – Vatican News recebeu nesta segunda-feira,
o arcebispo emérito de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, que
expressou sua alegria ao falar sobre a celebração do início do Ministério
Petrino do Papa Leão XIV em Roma. Destacou a grande participação da multidão na
Praça de São Pedro e a emoção do Papa durante a cerimônia.
Silvonei José – Vatican News
Na entrevista, o cardeal Raymundo Damasceno Assis,
compartilhou sua experiência de ter acompanhado diversas eleições papais desde
1961, incluindo a do Papa Leão XIV, que traz um nome não usado desde o século
XIX. Enfatizou ainda a trajetória do Papa Leão, um frei agostiniano dos EUA que
se tornou uma figura pastoral reconhecida no Peru, ressaltando seu foco na
evangelização centrada em Jesus Cristo.
Falando sobre a Santa Missa de início de Pontificado, no
último domingo, dom Raymundo disse que a mesma, foi realmente uma celebração
muito linda e, sobretudo, muito participada. “Eu fiquei impressionado com a
Praça São Pedro realmente repleta, inclusive a Via della Conciliazione, repleta
de gente. Muitos os representantes de governos. Evidentemente, também,
religiosos, muitos cardeais que ficaram aqui depois da eleição do Papa para
participar desta missa de inauguração do seu Ministério Petrino, como nós dizemos.
Lindo, lindo”.
O cardeal destacou ainda que o clima ajudou, estava um pouco
suave, um pouco nublado. “Isso facilitou também, porque não houve tanto sol, a
missa foi às 10 horas e é o momento do sol. Tudo ajudou, então”. “E o Papa
muito emocionado, a gente percebia que ele estava muito emocionado de ver
aquela multidão diante dele ali na Praça".
Numa cerimônia bonita, ele recebeu o Pálio, que é o símbolo
do bispo de Roma. Como os arcebispos recebem o Pálio, também o Papa Leão
recebeu o Pálio como sucessor de Pedro. Depois recebeu o anel, o anel do
pescador. Foi uma cerimônia muito bonita, comovente. "E cada vez que eu
participo de uma celebração como essa - disse o cardeal -, ou de um
acontecimento como esse, eu fico realmente emocionado e agradecido por viver
esses momentos importantes na história da Igreja”.
Dom Raymundo destacou ainda que presenciou a eleição de
Paulo VI, com a morte do Papa João XXIII. “Eu era estudante aqui em Roma, então
vi o Papa João XXIII várias vezes, é claro”. “E depois eu também visitei o
corpo dele, que estava exposto na Basílica para visitação.
Desde João XXIII, o senhor já se frequenta a Roma?
“Frequento Roma desde 1961”, respondeu. “Eu cheguei aqui em 1961. Justamente no
período do Concílio, de 1962 a 1965. Eu estava aqui. Estive aqui na eleição e
na morte do João XXIII, e também na eleição do Paulo VI. Depois, estive também
aqui com o Papa Bento XVI, na sua morte. Depois, na eleição do Papa Francisco.
Participei do Conclave que elegeu o Papa Francisco, portanto, pela segunda vez.
E agora, a terceira vez também, participando. Também participei com muita
tristeza da morte e do sepultamento do Papa Francisco e da alegria da eleição
do Papa Leão também.
Falando de Leão XIV disse que até o nome é uma surpresa para
todos nós. “Quebrou, de certa forma, essa continuidade de João e Paulo. E Bento
foi surpresa, mas não tanto, porque parece que São Bento é uma devoção tão
popular. Ele é patrono da Europa. Então o nome não chamou tanta atenção. Mas
Leão, sim, porque desde Leão XIII, final do século XIX, começo do século XX,
nós não temos um Papa com esse nome. É o XIV, Papa Leão.
O que lhe chama a atenção, então, Papa Leão? “O Papa Leão me
chama a atenção”, disse. “Eu não o conhecia. Embora tenha sido secretário do
Celan, presidente do Celan, não o conhecia pessoalmente. Fiquei conhecendo aqui
em Roma e depois pelo que eu fui lendo durante as Congregações Gerais acerca da
vida dele, dos testemunhos de pessoas que o conhecem. Ele é realmente
extraordinário. Quer dizer, é um frei agostiniano que nasce nos Estados Unidos,
mas que depois entra na Ordem Agostiniana e vai viver como padre e como bispo
no Peru, na América Latina. Então, eu digo que o Papa Leão é americano de
nascimento, mas eu acho que de coração ele é peruano e latino-americano. E é
uma figura extraordinária. Ele é peruano pelo trabalho que exerceu como pastor.
Ele é primeiramente um pastor e um missionário. Ele estava em Chiclayo, numa
diocese no Peru, relativamente pobre. Viveu um tempo de grande violência ali no
Peru, que teve um momento de muita violência. Depois, numa presença muito,
digamos, viva em todos os momentos da vida da diocese, momentos difíceis, de
alagamentos, de tempestades, foi uma pessoa pobre no meio dos índios. A gente
viu ele várias vezes participando da vida do povo, de seus problemas e
dificuldades e também nas alegrias. De modo que eu acho que ele traz para o
pontificado uma experiência muito grande de pastor, de missionário. Isso é
certamente muito enriquecedor para a Igreja, porque eu acho que o foco dele vai
ser certamente esse, a missão da Igreja, a evangelização, centrada em Jesus
Cristo, portanto, no querigma, Jesus Cristo morto, ressuscitado, que é caminho,
verdade e vida. Portanto, é em Cristo que encontramos a resposta para todas as
questões mais profundas da vida humana e também é nele que encontramos a
salvação. É o único nome pelo qual podemos ser salvos, como diz São Paulo”.
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