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quinta-feira, 17 de abril de 2025

Aos padres – Quinta-Feira Santa

Sacerdócio com amor (Catequizar)

AOS PADRES – QUINTA-FEIRA SANTA 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

Aos Padres 

 Quinta-Feira Santa  

Neste dia em que celebramos a instituição da Eucaristia, quero dirigir-me a todos os presbíteros que, diariamente, consagram o Corpo e o Sangue de Cristo para o alimento espiritual dos fiéis. Neste momento festivo para a Igreja, em que recordamos a entrega total de Jesus por nós, convido todo o povo de Deus a elevar uma prece pelos sacerdotes, para que perseverem com fidelidade em sua missão e busquem viver a santidade no cotidiano. 

Rezemos por todos os padres doentes e idosos, que tanto se dedicaram ao sacerdócio ao longo da vida. Rezemos também por aqueles que, por diferentes motivos, estão afastados ou privados do exercício ministerial, para que o Senhor os fortaleça e renove neles a confiança em Sua misericórdia que jamais falha. Que tudo se realize conforme a vontade de Deus. 

Sabemos o quanto o ministério sacerdotal é desafiador e vai muito além da celebração da Missa e da administração dos sacramentos. Muitas vezes, o sacerdote assume múltiplas funções: é secretário da paróquia, cozinheiro na casa paroquial, responsável por resolver questões burocráticas como idas a bancos, cartórios, correios e compras de materiais litúrgicos. Acrescente-se as situações de violência, de insegurança e de questões diversas que aparecem no dia a dia da paróquia. Por isso, é compreensível que, ao final do dia, esteja exausto diante das inúmeras tarefas desempenhadas. 

Entretanto, para que tudo isso seja fecundo, o sacerdote não pode negligenciar a vida de oração. É a oração, unida à Eucaristia diária, que sustenta o ministério presbiteral. Antes de qualquer outra atividade, é essencial começar o dia com a oração, rezando as Laudes, e, se houver celebração pela manhã, presidir a Santa Missa. Sem a oração e, sobretudo, sem a Eucaristia cotidiana, o ministério enfraquece, e o padre corre o risco de tornar-se apenas um “executador de tarefas”. O sacerdote é muito mais que isso: é ministro do Sagrado, chamado a proclamar a Palavra de Deus e a celebrar, com piedade, a Eucaristia para o povo que lhe foi confiado. 

Além disso, o padre está a serviço da comunidade e não pode permitir que as obrigações administrativas o afastem do contato com os fiéis. É preciso encontrar tempo para visitar os enfermos, atender confissões, presidir celebrações, sepultar os mortos e ministrar os demais sacramentos. O sacerdote precisa estar presente na paróquia, acessível ao povo que o procura. 

O sacerdócio não deve ser encarado como um fardo. Quando o Senhor nos chamou para esta missão, não o fez para nos sobrecarregar, mas para que, com alegria, servíssemos ao seu povo. O padre não deve ser alguém amargurado, constantemente cansado ou de mau humor. Ao contrário, mesmo diante das muitas tarefas do dia, é preciso conservar o bom humor e acolher bem os fiéis. Como em qualquer outra vocação, é fundamental que o padre se sinta realizado em sua missão. Só assim é possível viver com alegria. Cumprir tudo apenas por obrigação leva ao desgaste e à infelicidade. 

Esta é uma mensagem de encorajamento e ânimo para que continuem a exercer com amor o ministério que lhes foi confiado. Embora o Dia do Padre seja celebrado em 4 de agosto, na quinta-feira santa comemoramos a razão de ser da Igreja: a instituição da Eucaristia. E os sacerdotes são, por excelência, os ministros deste mistério de amor. Rogo a Deus pelo ministério de cada um, para que sejam verdadeiros pastores, cuidando com zelo do rebanho, especialmente das ovelhas feridas e dispersas. 

Uma característica essencial da vida presbiteral é a fraternidade, especialmente entre os padres e com o bispo. A chamada fraternidade presbiteral implica cuidado mútuo, interesse pelo irmão que não está bem, visitas fraternas e busca conjunta de soluções. Muitas vezes, isolamo-nos em nossos próprios mundos e esquecemos de olhar para a dor do outro. Precisamos dar o exemplo, cultivar o amor entre os presbíteros, e a partir daí, ensinar os fiéis a viverem a caridade entre si. 

Do mesmo modo, os sacerdotes são chamados a viver a fraternidade com os leigos, acolhendo com misericórdia e buscando os que se afastaram. A fraternidade é uma virtude evangélica que deve marcar a vida de todos: bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas e leigos. 

Vivam o sacerdócio com amor e, a cada dia, renovem o “sim” dado no dia da ordenação, como fazemos também na missa do Crisma, na Quinta-feira Santa. Essa renovação acontece na oração diária, onde se reaviva o chamado. Que a Virgem Maria, Mãe das Divinas Vocações, interceda por todos vocês.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF