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sábado, 2 de agosto de 2025

Os jovens nos confessionários do Circo Máximo: "Juntos para mudar o mundo"

(@Vatican Media)

No coração do seu Jubileu, neste 1º de agosto, os jovens vivem a Jornada Penitencial: mil sacerdotes atendem confissões em dez línguas, em duzentos gazebos dispostos em fileiras. "Em meio a todas essas pessoas e em um lugar que não é exatamente silencioso", conta Miriam, uma peregrina da região de Marche, "nunca pensamos que sentiríamos o abraço de Deus com tanta força."

Lorena Leonardi - Roma

"Cada bênção é o primeiro dia de uma nova vida, e agora eu me sinto exatamente assim." Martina tem 29 anos e vem de Foggia, no sul da Itália, junto com uma dúzia de fiéis, todos com menos de 30 anos, da Paróquia de São Guilherme e Pellegrino. Ela acaba de se confessar e é uma entre os milhares de peregrinos que vieram a Roma para o Jubileu da Jovens e que se reúnem no Circo Máximo nesta sexta-feira, para a Jornada Penitencial. 

Em preparação para a Vigília com Leão XIV na noite de sábado, e com o objetivo de oferecer o acesso ao Sacramento da Reconciliação ao maior número possível de jovens, 200 confessionários foram montados em várias fileiras e mais de 1.000 sacerdotes estão disponíveis para ouvir confissões em dez idiomas diferentes.

A Jornada Penitencial no Circo Máximo:

https://youtu.be/mJGTSwXHTeA

Um dia para se reconciliar

Os portões foram abertos às 10 horas, permitindo aos jovens o acesso à antiga arena romana de 85.000 metros quadrados, aninhada no vale entre as colinas do Palatino e do Aventino.

Sob a primeira e ampla tenda, garrafas de água são distribuídas para que os jovens possam recarregar as energias após a espera e os longos deslocamentos realizados no início da manhã, a pé e ou com transporte público, partindo dos locais onde passaram a noite — além da "Fiera Roma", albergues, paróquias e escolas. Os duzentos confessionários ficam literalmente lotados: cartazes com bandeiras indicam os idiomas falados pelos sacerdotes que aguardam os jovens lá dentro — alguns com a ajuda de um ventilador portátil.

Cartazes indicam as línguas com as quais os sacerdotes atendem as confissões.   (@Vatican Media)

Jovens corações "ardentes"

Assim como estes últimos, os confessores também são provenientes de várias partes do mundo. Padre Mark Destura, de 40 anos, de origem filipina, atua na pastoral juvenil e vocacional em uma paróquia de Los Angeles, Califórnia, e atualmente estuda na Pontifícia Universidade Gregoriana. As idas e vindas são constantes, mas entre as confissões, o sacerdote consegue transmitir "o fogo que arde nestes corações jovens e igualmente sensíveis": o que o impressiona é a "grande necessidade de Deus" e a "busca de esperança neste mundo dominado pela incerteza e pela confusão".

Após as absolvições, os padres apertam as mãos dos jovens, que se levantam com um sorriso e se juntam aos seus companheiros de viagem. Maria José agora se sente "plena, feliz". Ele vem de Cartagena, na Espanha, e participa do Jubileu como membro de uma organização educacional ligada às Irmãs Carmelitas da Caridade de Vedruna: "Nunca vi tantos católicos juntos, quase me dá vontade de pular de emoção. Quando eu voltar - conclui - me esforçarei para transmitir melhor a fé aos meus alunos adolescentes".

Os confessionários montados no Circo Máximo (@Vatican Media)

Sinais de esperança e paz

De Houston, Texas, vêm Matthew e Gonzalo, de 17 anos, que partiram com o movimento Regnum Christi: "Tudo isso — Matthew aponta com os braços para a extensão dos gazebos — é um presente que vem da misericórdia de Deus, que nos concede a cada dia a oportunidade de viver melhor do que no dia anterior". "Não nos conhecemos todos, mas estamos aqui pelo mesmo motivo: Deus, que é a esperança que adquirimos aqui, mas que levamos para onde quer que vamos, com nossas famílias, com a escola -  ecoa Gonzalo - superemocionado com a ideia de conhecer o 'novo Papa': se viemos de tantos países diferentes e estamos aqui juntos como uma grande família, talvez possamos realmente ser um sinal de esperança de paz para o mundo inteiro", reflete com uma lógica desarmante.

As confissões no Circo Máximo   (@Vatican Media)

Barulho fora, silêncio dentro

Miriam, que veio da região das Marcas (Itália), com a Renovação no Espírito Santo, também acabou de se confessar. A italiana de 26 anos descreve o momento como "um momento muito profundo. No meio de todas essas pessoas e em um lugar que não é exatamente silencioso, não pensei que sentiria o abraço de Deus com tanta força e o conforto nas palavras do padre. Sinto-me muito mais leve; há muito tempo não vivenciava uma confissão espiritual tão profunda. Valeu a pena."

Ser credível todos os dias

Um grupo de jovens da Apúlia, membros da Ação Católica, relembra com entusiasmo o encontro no entardecer de quinta-feira na Praça de São Pedro, para o encontro jubilar dos jovens italianos, organizado pela Conferência Episcopal Italiana (CEI). A promessa "é levar um pouco do Jubileu aos que ficaram para trás", brinca Alessandro, de 30 anos, descrevendo seu compromisso diário de "não ser preconceituoso nem crítico, mas credível, vivendo o Evangelho de forma concreta". "Às vezes conseguimos e sempre tentamos", ecoa Claudia, de 17 anos.

Fiéis participam da Jornada Penitencial pelo Jubileu da Juventude, no Circo Máximo, em Roma, Itália, em 1º de agosto de 2025. ANSA/ANGELO CARCONI   (ANSA)

Nunca sozinhos

Elias, Verônica e Carlos, paraguaios de 25 anos de Assunção, sentem-se "privilegiados": "Estamos impressionados ao ver tantos jovens com a mesma fé, que falam tantas línguas diferentes, mas acreditam nas mesmas coisas. É claro que não estamos sozinhos e, se somos tantos, significa que realmente podemos mudar o mundo."

Manual Youcat sobre Confissão

Vinte voluntários da Fundação Youcat estão atualmente distribuindo dez mil exemplares do livro Youcat sobre confissão. Publicado pela primeira vez em 2014, o volume foi atualizado para o Jubileu da Juventude e está disponível em italiano, inglês, francês e alemão. A nova edição inclui um exame de consciência, explicações sobre o significado da confissão e orações.

Youcat ajuda jovens a prepararem a confissão (@Vatican Media)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Não somos turistas espirituais, diz manifesto de jovens em Roma por uma Europa com alma

Jovens levantam suas vozes hoje (1) na basílica de Santa Maria em Trastevere, em Roma. | Daniel Ibáñez/EWTN News

Por Almudena Martínez-Bordiú*

1 de ago. de 2025

“Não somos turistas espirituais. Somos peregrinos de significado. Viemos com mochilas cheias de dúvidas, feridas, canções e esperança. E com uma certeza no coração: Cristo está vivo. E Ele nos chama”.

Assim começa o "Manifesto dos Jovens Cristãos da Europa", cerne do projeto Roma 25, Santiago 27, Jerusalém 33, que visa "restaurar a alma" do Velho Continente e convida os cristãos a encontrar o Senhor por meio da peregrinação, da cura e da evangelização.

Essa iniciativa, que começou há dois anos com o apoio da subcomissão episcopal para a Juventude e a Infância da Conferência Episcopal Espanhola, da arquidiocese de Santiago de Compostela e da Igreja em Jerusalém, convida jovens cristãos de todo o continente a trilhar um caminho de fé e esperança em vista do Jubileu da Redenção, que será celebrado em 2033, ao se completar o segundo milênio da Paixão e Ressurreição de Jesus.

A iniciativa também tem apoio da Santa Sé e do papa Leão XIV, a quem a iniciativa foi apresentada depois de uma audiência geral no Vaticano em 25 de junho.

O momento-chave do projeto ocorreu hoje (1º) de manhã, no âmbito do Jubileu da Juventude. Muitos jovens se reuniram hoje de manhã na basílica de Santa Maria em Trastevere para assinar o manifesto, que dá voz a uma geração que deseja criar uma nova Europa com Cristo no centro.

"Esse manifesto é um ato de fé e um chamado à esperança”, disse Fernando Moscardó, um dos jovens porta-vozes do projeto, na apresentação da iniciativa em Roma no mês passado.

“É a voz de uma juventude que não quer ficar de fora, que não precisa dizer com veemência: Queremos mais, queremos Cristo no centro (...) A revolução começou; o Espírito está soprando".

Na ocasião, monsenhor Marco Gnavi, pároco de Santa Maria em Trastevere e anfitrião do evento de hoje, disse estar “surpreso com o entusiasmo dos jovens”, especialmente num momento de “mudanças dolorosas”.

O documento foi publicado no site (em inglês, espanhol e italiano) oficial do projeto, e todos os "que se sentem parte dele" são incentivados a assiná-lo.

*Almudena Martínez-Bordiú é uma jornalista espanhola correspondente da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em Roma e no Vaticano, com quatro anos de experiência em informação religiosa.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/63903/nao-somos-turistas-espirituais-diz-manifesto-de-jovens-em-roma-por-uma-europa-com-alma

Curiosidades da Bíblia: a desconhecida civilização dos arameus

Sagrada Escritura (Vatican News)

Apesar de terem perdido a independência política, o legado dos arameus perdurou através dos séculos, principalmente através da língua e da cultura que continuaram a influenciar o desenvolvimento do Oriente Médio até os dias atuais.

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

“Então vocês declararão perante o Senhor, o seu Deus: 'O meu pai era um arameu errante. Ele desceu ao Egito com pouca gente e ali viveu e se tornou uma grande nação, poderosa e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram e nos oprimiram, sujeitando-nos a trabalhos forçados. Então clamamos ao Senhor, o Deus dos nossos antepassados, e o Senhor ouviu a nossa voz e viu o nosso sofrimento, a nossa fadiga e a opressão que sofríamos. Por isso o Senhor nos tirou do Egito com mão poderosa e braço forte, com feitos temíveis e com sinais e maravilhas. Ele nos trouxe a este lugar e nos deu esta terra, terra onde há leite e mel com fartura”. (Dt 26,5)

Para conhecermos melhor as Sagradas Escrituras, inclusive a ligação de Jesus com a história de seu povo, precisamos conhecer um pouco sobre a Civilização Aramaica.

Os arameus foram um antigo povo semítico que habitou as terras do chamado Crescente Fértil, na região que abrange partes do atual Oriente Médio, incluindo partes da Síria, Turquia, Iraque e Irã, durante grande parte da história antiga. O povo arameu deixou profundas marcas na história da região, contribuindo significativamente para a cultura, língua e política do mundo antigo.

Origem da civilização aramaica

Além do texto do Livro do Deuteronômio com o qual iniciamos este episódio várias passagens da Bíblia mencionam os Arameus, povo oriundo da Mesopotâmia, do lugar chamado de Aram-Naharaim, ou Aram dos dois rios, além das regiões circunvizinhas, como a Síria, a Pérsia, o vale do Jordão ou as montanhas do Líbano.

Os arameus formavam tribos de pastores que habitavam a região de Arã-Naharaim, fazendo fronteira com Assur (até 323 a.C.), quando foi absorvida pelos gregos que renomearam a região como Selêucida (323-64 a.C.). Conquistada pelos romanos a região recebeu o nome de Síria (64 a.C.-636 d.C.) que mantem até nos dias de hoje.

Os arameus desempenharam um importante papel na história política do Oriente Médio. Por volta do século II a.C., conseguiram estabelecer vários estados independentes conhecidos como "reinos arameus". Um deles, o Reino de Arã, com sua capital em Damasco se destacou, exercendo influência sobre a região por vários séculos chegando a desafiar a hegemonia dos reinos vizinhos, incluindo Israel e Judá.

Conforme narra o Segundo Livro de Samuel, no processo de ocupação da região pelos Hebreus, o Rei Davi enfrentou e venceu o reino arameu de Damasco, capital da Síria moderna.

Davi se apossou de mil dos seus carros de guerra, sete mil cavaleiros e vinte mil soldados de infantaria. Ainda levou cem cavalos de carros de guerra, e aleijou todos os outros. Quando os arameus de Damasco vieram ajudar Hadadezer, rei de Zobá, Davi matou vinte e dois mil deles. Em seguida estabeleceu guarnições militares no reino dos arameus de Damasco, sujeitando-os a lhe pagarem impostos. E o Senhor dava vitórias a Davi aonde quer que ele fosse. (II Sam 8, 4-6)

A língua falada por Jesus

A língua aramaica se consolidou como uma das línguas semíticas mais importantes da antiguidade, sendo adotada como a língua administrativa do Império Persa, usada em documentos oficiais e diplomáticos.

O aramaico era uma das línguas faladas por Jesus Cristo e pelos seus discípulos, tornando-se importante no contexto do Cristianismo primitivo. Jesus falava o aramaico porque era a língua do dia a dia do Oriente Médio. Se o grego era a linga comercial, o aramaico era falado pelas pessoas mais simples em seu quotidiano, tanto que partes do Novo Testamento foram escritas nesta linga e o evangelho preserva várias expressões em aramaico.

O povo que vivia em cidades e pequenas povoações da Galileia, na região norte e em cidades como Cafarnaum, Nazaré, Caná, Tiberíades, Corazim falava o aramaico. Ali Jesus foi educado, cresceu e passou a maior parte de sua vida.

Fora das fronteiras da Galiléia o aramaico também era falado e entendido porque somente se usava a língua hebraica no ambiente religioso.

Herança dos arameus

Além das realizações políticas e linguísticas, os arameus deram diversas contribuições para a cultura e sociedade do Oriente Médio antigo. Sua arte e artesanato refletiam a rica tradição cultural, evidenciada nas esculturas, cerâmicas e artefatos como os que foram descobertos em sítios arqueológicos dos arameus. Eles também eram conhecidos pelas habilidades comerciais e pelas técnicas agrícolas avançadas que contribuíram para a prosperidade de suas cidades e de seus reinos.

Seu apogeu e queda estão ligados às mudanças políticas e militares da região. A partir do século VIII a.C., o domínio assírio levou à gradual assimilação dos arameus em seus vastos domínios. Depois veio a dominação do Império Neobabilônico e do Império Persa Aquemênida que governaram sobre as terras arameias, consolidando a influência persa na região e marcando o declínio de sua civilização.

Apesar de terem perdido a independência política, o legado dos arameus perdurou através dos séculos, principalmente através da língua e da cultura que continuaram a influenciar o desenvolvimento do Oriente Médio até os dias atuais.

Atualmente, pouco mais de dois mil arameus considerados puritanos vivem na Síria, na Turquia e numa pequena região do Iraque, mas estão ameaçados de extinção por conviverem em um ambiente próximo do domínio islâmico, enfrentando exércitos turcos e guerrilheiros curdos.

O povo arameu continua, entretanto, representando uma peça importante no quebra-cabeça da história de ontem e de hoje do Oriente Médio, como testemunho de uma civilização que deixou sua marca duradoura na região.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Jovens brasileiros presentes no Jubileu em Roma

Jovens brasileiros presentes no Jubileu em Roma (Vatican Media)

Roma nestes dias acolhe jovens de todas as partes do mundo - peregrinos de 146 países - para o Jubileu dos Jovens. Entre eles, grupos de brasileiros que participam de uma programação, que teve início na segunda-feira (28), e segue até este domingo, 03 de agosto, no coração da fé católica. A presença dos jovens brasileiros.

Silvonei José – Vatican News

A iniciativa do Jubileu dos Jovens havia sido anunciada pelo Papa Francisco no fim da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, em Portugal, em 2023. “Marco encontro com os jovens de todo o mundo no ano 2025, em Roma, para celebrarmos juntos o Jubileu dos jovens”, disse o pontífice na ocasião.

Mas quem acolheu os jovens foi o Papa Leão XIV, que no início da noite de terça-feira, a surpresa saudou os jovens na conclusão da Santa Missa na Praça São Pedro. Aproximadamente 120 mil jovens participaram da celebração eucarística presidida por dom Rino Fisichella. 

Ao final da missa, o Papa Leão XIV fez questão de comparecer à Praça São Pedro para saudar a juventude. A bordo do papamóvel, o Santo Padre percorreu os corredores da praça vaticana e toda a Via da Conciliação, acenando e recebendo o afeto dos presentes, que acolheram com grande alegria a surpresa do Pontífice. Ele dirigiu aos fiéis palavras de acolhimento e fez um convite à oração pela paz no mundo em inglês, italiano e espanhol:

Jovens na Basílica de São Pedro (Vatican Media)

"Esperamos que todos vocês sejam sempre sinais de esperança! Hoje estamos começando. Nos próximos dias, vocês terão a oportunidade de ser uma força que pode levar a graça de Deus, uma mensagem de esperança, uma luz para a cidade de Roma, para a Itália e para todo o mundo. Caminhemos juntos com a nossa fé em Jesus Cristo. E o nosso grito deve ser também pela paz no mundo", e fez um pedido aos jovens:

“Digamos todos: Queremos a paz no mundo!”

"Rezemos pela paz e sejamos testemunhas da paz de Jesus Cristo, da reconciliação, essa luz do mundo que todos estamos buscando. Nos vemos. Nos encontraremos em Tor Vergata. Boa semana!", concluiu o Papa. 

Jovens na Basílica de São Pedro (Vatican Media)

Jovens brasileiros

Ítalo Andreatto da paróquia de São Judas Tadeu, Mogi Guaçu acompanha jovens brasileiros junto com o padre Lucas dos Santos Janucci, presbítero da Diocese de São João da Boa Vista, que exerce seu ministério na paróquia São José de Estiva Gerbi-SP. Ele diz que “acompanho nestes dias com muita alegria um grupo de peregrinos de nossa Diocese, composto pelos jovens do Caminho Neocatecumenal, que ao todo compõe-se de 150 jovens, ao Jubileu da Esperança”.

“Partilho a beleza de ver como eles tem tocado com a vida o que até então já viviam pela fé e colher deles o testemunho rico de suas experiências”, afirmou.

O padre Lucas destaca que “neste tempo temos rezado muito e com a esperança viva em nós, cantado pelas ruas das cidades que temos passado. Nelas o próprio povo reconhece o anúncio da Boa Nova de que Cristo Ressuscitou e de que a Igreja é jovem e anseia encontra-se com o Santo Padre nos próximos dias e ali ser confirmados na fé e abraçar a vocação e a missão”.

Jovens em Assis (Vatican Media)

O jovem Paulo Augusto de Aguiar Antunes da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Mogi Guaçu do Caminho Neocatecumenal, disse que “essa Peregrinação tem sido um presente de Deus na minha vida, graças a ajuda de muitos irmãos eu e mais dois jovens de nossa paróquia temos a chance de viver essa experiência extraordinária”.

“O Senhor – afirmou ele -, vem se mostrando em cada detalhe por onde passamos, poder sair da nossa zona de conforto para peregrinar é algo difícil, mas com a providência de Deus vem me animando e ajudando na minha caminhada dentro da igreja”.

“Até o momento passamos por diversas Igrejas e santuários, mas em todos os lugares o Senhor me mostra uma palavra de conversão que me convida a mudar, a voltar para casa como um novo jovem cristão”.

Jovens brasileiros (Vatican Media)

Também a jovem Ana Karolina Macedo, da 5ª comunidade da Paróquia do Rosário, localizada em São João da Boa Vista, SP que atualmente está no pré-catecumenato deu seu testemunho: “essa é a minha primeira peregrinação, e ela foi um verdadeiro presente de Deus, uma experiência marcada pela providência divina. Ele me concedeu essa graça por meio de uma pessoa muito especial e também através de muito trabalho”.

“Minha experiência está sendo viva, única e profunda, na qual Deus nos demonstra o seu amor e carinho! É difícil descrever tudo o que estou sentindo. Visitar os lugares onde viveram os santos pelos quais tenho grande devoção foi uma emoção imensa, foi como caminhar com eles”.

Ela confessa: “nunca havia dormido fora de casa ou ficado tantos dias longe da minha família. Até brinquei dizendo que achava que iria chorar querendo voltar, mas, na verdade, estou chorando porque não quero ir embora. Está sendo uma vivência transformadora”.

Jovens em Monte Cassino (Vatican Media)

“O momento que mais me marcou foi a visita ao túmulo de São Francisco de Assis. Naquele instante, não consegui conter as lágrimas. Admiro profundamente a humildade e a coragem que ele teve para abandonar tudo e seguir a vontade de Deus”.

“Senti, nesse momento, que Deus também nos chama. A mim, a você, a todos. Ele nos chama à santidade. Mas mais do que isso: Ele quer nos revelar algo maior. Para isso, é preciso estar atento, abrir o coração e decidir caminhar com Ele”, concluiu ela.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Chegando à fé pelo Caminho de Santigo

Os caminhos de Santiago (Shutterstock)

Chegando à fé pelo Caminho de Santigo

Reproduzimos o testemunho de conversão ao catolicismo de Cuiwen, uma mulher de Cingapura cujo caminho de fé atravessou várias religiões, uma viagem para fazer o Caminho de Santiago e o livro “Caminho”, do fundador do Opus Dei.

23/07/2025

Sou Cuiwen, moro em Cingapura e estou casada há sete anos. Junto com meu marido, formamos uma família com nossos dois filhos. No entanto, o caminho até aqui não foi fácil: em minha vida, enfrentei momentos de desentendimentos e dificuldades que nem sempre foram fáceis de superar.

Na minha juventude, eu frequentava uma igreja batista. Minha fé era motivada principalmente pelo desejo de agradar meus pais e ser uma boa filha. Eu acreditava que, se obedecesse a Deus, eu O encontraria. Fui batizada no 4º ano do ensino médio, mas, no fundo, não tinha certeza se havia aceitado Deus plenamente em meu coração. Pouco tempo depois, deixei a igreja.

Cuiwen com seu marido, Gerard e Joan (Opus Dei)

Um novo horizonte inesperado

As coisas mudaram no colégio, quando conheci Wei Lian. Tornamo-nos muito amigas porque morávamos perto e partilhávamos o mesmo programa de arte. Foi ela que me apresentou pela primeira vez a fé católica. Quando começou a fazer parte do Opus Dei, convidou-me várias vezes para aulas de doutrina e meditações.

Foi a primeira vez que conheci católicos, que eram calorosos, acolhedores e ficavam felizes de responder às minhas perguntas. Antes disso, achava os rituais e devoções do catolicismo difíceis de compreender. Mas, com o tempo, passei a apreciar a riqueza da fé e a beleza da missa.

Servir aos outros, descobrir Deus

Em dezembro de 2013, participei de uma viagem missionária ao Vietnã organizada por Hillcrest, um centro da Opus Dei para jovens em Cingapura. Foi minha primeira experiência missionária no exterior e uma oportunidade de servir em um país em desenvolvimento. A viagem coincidiu com uma transição profissional e senti que podia oferecer meu tempo e energia aos outros. Lá conheci Carmen, que organizava a viagem e sempre me pareceu simpática e aberta a compartilhar sua fé.

Embora na época eu não sentisse um chamado espiritual nem imaginasse minha futura conversão, fiquei impressionado com o testemunho da fé católica vivida com generosidade. O padre da aldeia conhecia todos os habitantes e se preocupava com ações concretas para melhorar a vida dos mais necessitados.

Também me impressionaram os tradutores vietnamitas, que acolhiam os idosos e os pobres com grande cordialidade, e as voluntárias de Hillcrest, sempre alegres e entusiasmadas. Tudo isso me fez sentir de maneira especial a presença real de Deus na vida cotidiana desses católicos que rezavam e assistiam à missa todos os dias.

Depois dessa viagem, comecei a trabalhar na área de saúde mental dentro do setor de serviços sociais. Uma colega me convidou para uma igreja metodista, e lá comecei a sentir o desejo de me aproximar mais de Deus. Eu me sentia acolhida e em comunidade, muito diferente da minha experiência anterior. Também me inscrevi em um curso de estudo bíblico de um ano para aprofundar minha fé.

Eu achava que talvez não tivesse lido a Bíblia o suficiente para entender a vontade de Deus para mim. Através da convivência e das atividades de serviço, como visitas a lares de idosos, descobri um crescimento espiritual que superava o que eu havia vivido anteriormente.

No Vietnam (Opus Dei)

Quando os percalços do caminho são uma ajuda

No entanto, foi somente no final de maio de 2015, quando estava na metade do curso bíblico e já estava há um ano no meu novo trabalho, que comecei a me sentir exausta por ter me dedicado tanto ao meu trabalho. Minha amiga Wei Lian me contou que iria fazer o Caminho de Santiago pela segunda vez com Carmen e me convidou para participar. Eu aceitei. Desta vez, o grupo era pequeno e eu era a única pessoa não católica.

No início, fiquei entusiasmada com a experiência de ser peregrina, passar tempo na natureza, desfrutar do silêncio com Deus e do bom ambiente entre os caminhantes. Mas, com o passar dos dias, comecei a me sentir desconfortável por ser a única que não rezava o terço nem conhecia as histórias “à maneira católica”. Para evitar me sentir deslocada, comecei a caminhar rápido e sozinha.

No entanto, as coisas não saíram como eu esperava. No terceiro dia, fiquei doente. Tinha febre e me sentia muito fraca. Minhas companheiras viram que eu não podia continuar e me ajudaram muito: chamaram um carro e Joanna me acompanhou até a próxima cidade. Enquanto ardia em febre no albergue, me sentia fraca e zangada com Deus. Me perguntava por que Ele me levara a essa viagem para sofrer, se tudo o que eu queria era estar com Ele.

Só pude chegar a uma conclusão: Deus queria me dizer algo. Não conseguia imaginar um Deus malvado que se alegrasse com meu sofrimento. Ao repassar os dias anteriores, compreendi que, embora minhas companheiras tivessem sido gentis, eu mantivera uma atitude cortês, mas distante.

A partir daquele momento, decidi mudar: aprendi a rezar o terço e começamos a ler, revezando-nos, trechos de Caminho, de São Josemaria.

Refleti sobre minha atitude habitual diante da vida e diante de Deus, e comecei a ver semelhanças com o modo como havia começado o Caminho de Santiago. Rezei a Deus para que me mostrasse a verdade: como eu deveria viver minha fé?

No dia da profissão de fé como católica (Opus Dei)

Amar a Deus como Ele quer ser amado

Foi em uma pequena capela, perto do final do Caminho, que vi uma imagem de Jesus. Pela primeira vez, rezei diante de uma imagem dEle e perguntei se esse era o caminho para o qual ele me chamava e, se fosse, que me explicasse do que se tratava tudo isso.

Naquele momento, uma amiga se aproximou de mim e me disse que aquela imagem era do Sagrado Coração de Jesus e que lembrava uma oração escrita por uma religiosa francesa. Só quando voltei para Cingapura é que compreendi a resposta de Jesus.

Depois de assistir à missa diariamente na Espanha, decidi ir à missa também em Cingapura. Foi numa sexta-feira, na Igreja de São José, onde ouvi a oração ao Sagrado Coração de Jesus. Fiquei profundamente comovida com as palavras: “Jesus, ajude-me a amá-lo mais”. Naquele momento, compreendi que sempre me aproximara de Deus com os meus problemas e necessidades, mas nunca lhe pedira que me ensinasse a amá-lo mais.


São Josemaria diante de São Tiago apóstolo - Opus Dei.

O meu caminho para a plenitude da fé

Naquela época, Wei Lian estava acompanhando outra amiga, Janelle, que morava em Jurong, no seu caminho de iniciação cristã (RCIA). O seu processo de confirmação correu bem.

O maior obstáculo que tive que superar foi a irritação da minha mãe, mas graças à graça de Deus, que me deu firmeza e doçura, pude ser plenamente recebida na Igreja Católica na Páscoa de 2016.

Hoje dou graças a Deus por como Ele continuou me abençoando todos esses anos. Conheci meu marido, um ex-protestante que também se converteu ao catolicismo em 2020, e dois anos depois descobri minha vocação como supernumerária do Opus Dei, enquanto meu marido se tornou cooperador pouco depois e atualmente participa das atividades de formação.

Antes de nos casarmos, participei em duas viagens missionárias a Cebu e atualmente dou aulas de formação a um grupo de amigas e cooperadoras.

Em 2023, fomos abençoados com o nascimento de nosso primeiro filho, Gerard, e em 2025, com nossa filha, Joan, justamente na solenidade da Assunção. Naquele dia, senti como se a Virgem me lembrasse de sua proximidade. A experiência da maternidade tem sido linda, embora não isenta de desafios, especialmente pela ausência de minha mãe.

Nestes anos de caminho rumo à fé, aprendi a reconhecer Deus através do silêncio, da reflexão e do serviço aos outros, e sua presença no dia a dia com maior profundidade. Sou especialmente grata pelo apoio e pela formação do Opus Dei, que nos ajuda a educar nossos filhos na fé e me inspirou a ser uma esposa, mãe, filha e amiga melhor.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/chegando-a-fe-pelo-caminho-de-santigo/

Frei George de Aleppo: no Jubileu, vivemos o sonho de tantos sírios

Os peregrinos sírios diante da sede da Rádio Vaticano (Vatican News)

Vindo a Roma acompanhando vários jovens que haviam fugido para a Europa com suas famílias devido ao conflito civil que eclodiu em 2011, o frade franciscano da Custódia da Terra Santa falou à mídia vaticana sobre as dificuldades da Paróquia de São Francisco de Assis após os recentes ataques. Ele também testemunhou o "milagre diário" de uma vibrante comunidade cristã, composta por mais de 1.200 fiéis, que continua a resistir com fé e esperança.

Edoardo Giribaldi – Cidade do Vaticano

"Espero levar tanta, tanta esperança." Estas são palavras simples, mas que resumem toda a força e fé do frei George Jallouf, frade franciscano da Custódia da Terra Santa, vigário paroquial da Igreja de São Francisco de Assis em Aleppo. Ele veio a Roma acompanhando um grupo de jovens — "filhos da diáspora", como ele os chama — para participar do Jubileu. É com eles, diz ele, que "estamos realizando um sonho que muitos na Síria ainda não conseguem viver".

Jovens retidos na Síria pedem para acender uma vela para eles

Os jovens, refugiados na Europa com suas famílias devido à guerra civil que eclodiu no país em 2011, agora vivem na Alemanha, França, Bélgica e Suécia. Na tarde quente de Roma, eles encontram abrigo à sombra do Palazzo Pio, sede da mídia do Vaticano, que ostenta orgulhosamente a bandeira de seu país.

"Os sírios, no momento, não podem vir facilmente devido a complicações com o visto", explica frei George. O franciscano, no entanto, assumiu pessoalmente as intenções de toda a comunidade cristã local: "Eles me pediram para acender uma vela para eles e levá-los comigo até a Porta Santa". Ele assim o fez. Tirou fotos, enviou mensagens, testemunhando que "eles também estavam lá, mesmo que de longe".

As dificuldades e os "milagres diários" em Aleppo

Mas a situação na Síria continua difícil. “A situação em Aleppo está relativamente calma - conta ele - mas depois dos últimos ataques em Damasco, o medo voltou aos corações dos fiéis. Tivemos que aumentar a segurança, inclusive durante a Missa: homens nas portas das igrejas para proteger quem entra para rezar.”

Apesar de tudo, a comunidade cristã continua resistindo. Uma minoria, que conta com mais de 1.200 jovens, mas que é uma presença vibrante e engajada. “Temos um catecismo que se estende do jardim de infância ao ensino médio. É uma graça, é um milagre diário.”

Quando retornar à Síria, frei George levará consigo os rostos, as palavras e a bênção de Roma. E uma certeza: “O Senhor está conosco. A esperança não desilude. E somos chamados a ser essa esperança, todos os dias, para aqueles que encontramos.”

Frei George Jallouf (Vatican News)

Da Síria para pedir paz em todo o Oriente Médio

"Só o fato de estar aqui e representar a Síria já é motivo de orgulho", diz um dos jovens sírios presentes em Roma para o Jubileu da Juventude: "É um sentimento indescritível. Estamos verdadeiramente felizes. E rezamos para que, um dia, haja paz em todos os países do mundo."

Um companheiro de peregrinação compartilha esse sentimento, explicando como sua presença é significativa não apenas para a Síria, mas para todo o Oriente Médio. "Há tantos jovens cristãos maravilhosos lá, com uma fé tremenda." Assim como no caso do frei George, os jovens também expressam suas orações e sonhos de seus colegas: "Rezamos aqui no lugar deles, em nome deles."

Acima de tudo, eles estão cientes do presente que representa estar em Roma e participar do Jubileu. "Rezamos acima de tudo para que o Senhor um dia lhes dê a oportunidade de vir e viver esta experiência."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Os jovens do Jubileu redescobrem São Carlos de Foucauld

Antoine Mekary | ALETEIA

Cyprien Viet - publicado em 01/08/25

"Como um viajante na noite": esse foi o título do espetáculo apresentado aos participantes do Jubileu dos jovens, realizado nos dias 30 e 31 de julho no auditório da Conciliazione, perto do Vaticano.

Cerca de 50 cantores e 18 músicos se reuniram para fazer essa apresentação gratuitamente, que foi criada para a canonização de Carlos de Foucauld, em 15 de maio de 2022.

Capucine, que veio de Lorient, ficou encantada: "Achei isso absolutamente sublime, de uma qualidade excepcional! Isso dá um novo ânimo à vida espiritual, à vida com Deus e até ao dia a dia." Para a primeira apresentação, muitos peregrinos franceses e italianos lotaram as quase 1.800 cadeiras do auditório, inaugurado durante o Ano Santo de 1950.

O desejo da embaixada da França junto ao Vaticano e dos Pios Estabelecimentos da França em Roma de destacar figuras jovens de santidade durante o Jubileu levou à reexibição deste espetáculo, que já tinha sido visto em 2022 na Catedral de São João de Latrão.

O oratório, intitulado "Come un viaggiatore nella notte", foi escrito por Marcello Bronzetti e dirigido por sua esposa, Tina Vasaturo. A cantora Fatima Lucarini explicou que o coro nasceu na paróquia Santa Silvia em Roma, com a iniciativa desse casal de artistas, que até convidou pessoas que não sabiam cantar. Essas pessoas, aos poucos, puderam aprender e contribuir para divulgar a história desse santo. “Carlos de Foucauld é uma figura incrível, que acolhe todas as religiões e todos os povos. Ele viveu uma vida bela e fez escolhas significativas. Que melhor exemplo para os jovens?”, refletiu Fatima.

O espetáculo, dividido em dez atos com textos e músicas em italiano, acompanhados de tradução em francês, retrata de forma emocionante a jornada de Carlos de Foucauld. O relato vai desde suas dúvidas espirituais em Paris até o cumprimento de sua vocação em Nazaré e, finalmente, em Tamanrasset, onde ele foi tragicamente assassinado por bandidos no deserto. Este ex-militar e geógrafo viveu como eremita nas montanhas do Hoggar, na Argélia, e ficou na história como um profeta do diálogo com os muçulmanos. Sua vida discreta gerou um impacto missionário extraordinário, especialmente através dos Pequenos Irmãos e Irmãs de Jesus, que se inspiram em sua espiritualidade.

Da noite da dúvida à luz do amor

“Eu conhecia pouco sobre Carlos de Foucauld”, admitiu Marie, que veio de Dijon com um grupo de amigos. “Com esse espetáculo, percebi que a fé não é uma estrada fácil. Todos temos momentos de dúvida, jovens e menos jovens... Foi lindo entender que ele também teve suas crises na juventude e precisou crescer para reencontrar a fé.” Marie também se emocionou com a história da prima dele, que orava por ele. “É muito bonito, porque é importante orar uns pelos outros e acreditar na força da oração”, contou a jovem, especialmente ligada à adoração.

Irmã Geneviève, uma amiga próxima do Papa Francisco, ficou muito emocionada ao ver tantos jovens saindo do espetáculo dedicado a São Carlos, cuja espiritualidade inspirou sua congregação. Conhecida por seu trabalho com circenses, ela não queria falar muito, mas compartilhou que encontra em Carlos de Foucauld um apóstolo do “amor universal”. E é esse “amor universal” que os jovens participantes do Jubileu podem levar para seus amigos durante e após essa semana especial.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/08/01/os-jovens-do-jubileu-redescobrem-sao-carlos-de-foucauld-apostolo-do-amor-universal/

Cardeal Newman, “um gênio complexo, poeta e místico”

São John Henry Newman, próximo Doutor da Igreja (Vatican News)

O arcebispo de Reggio Calabria - Bova, sul da Itália, dom Fortunato Morrone, traça um perfil do santo purpurado inglês, que será proclamado Doutor da Igreja.

Por Fortunato Morrone

John Henry Newman será doutor da Igreja. Finalmente! Após a canonização do beato cardeal, proclamada pelo Papa Francisco em 13 de outubro de 2019, esperava-se que a Igreja, na pessoa do Santo Padre Leão XIV, o reconhecesse como um de seus doutores (note-se que, em 1879, Leão XIII o elevou ao cardinalato). Imagino, todavia, um Newman de certo modo embaraçado e surpreso com tal reconhecimento da Igreja.

Consciente de seu caráter e limitações culturais, mas também de seu notável potencial intelectual e moral, Newman, já idoso, em uma correspondência, após listar uma série de qualidades e dons específicos exigidos de um teólogo, confidenciou: "Isso eu não sou, nem jamais serei. Como São Gregório Nazianzeno, prefiro trilhar meu próprio caminho e dispor do meu tempo [...] sem compromissos urgentes" (LD XXIV, 213).

Nesse sentido, Newman foi, antes de mais nada, um pastor e pregador de rara delicadeza linguística e comunicativa, e um homem de fé de notável cultura e refinada inteligência que - na contingência de polêmicas culturais ou na defesa detalhada desta ou daquela questão teológica ou filosófica - soube expor as razões da esperança cristã em toda a sua plenitude, mas com um estilo e uma agudeza de reflexão que revelam a grandeza de seu espírito, capaz de elevar o tom do debate religioso, social, educacional ou cultural para ampliar o horizonte cognitivo, racional e de fé de seus leitores ou ouvintes, fossem eles a favor ou contra ele.

Mas a Igreja não se engana: Newman será doctor Ecclesiae porque, nas palavras de São Paulo VI, ele é reconhecido como "um farol cada vez mais luminoso para todos os que buscam uma orientação clara e uma direção segura em meio às incertezas do mundo moderno" (Discurso aos especialistas e estudiosos do pensamento do Cardeal Newman, 7 de abril de 1975).

Leitor assíduo e discípulo dos Padres, como eles, Newman alimentou e motivou seu exercício e ministério teológicos, haurindo continuamente, por meio da oração, da escuta e do estudo das Escrituras. Se com sua vida de fé, Newman testemunhou a beleza e a praticabilidade do Evangelho, com sua reflexão teológica, o presbítero anglicano e professor em Oxford, e mais tarde presbítero católico oratoriano, ofereceu argumentos convincentes em favor da credibilidade, solidez e sabedoria da fé.

"Um gênio complexo, poeta e místico" (Bremond), líder do Movimento de Oxford durante a era anglicana, Newman foi uma referência teológica confiável, apesar de anos de desconfiança entre seus compatriotas, para a comunidade católica renascida na Inglaterra após sua dolorosa, mas lúcida passagem para a Igreja de Roma. Defendendo a liberdade de consciência em nome de uma fé incondicionalmente aberta à "luz suave" da Verdade e dialogando dialógica e criticamente com as correntes do pensamento religioso, filosófico e teológico da era vitoriana, Newman soube conjugar magistralmente a relação entre fé e razão, aspecto crucial do pensamento ocidental, com uma abordagem mais fenomenológica-personalista do que metafísica. Abriu, assim, novos caminhos para a pesquisa teológica, chamada a oferecer razões para a esperança que os crentes, especialmente os simples, são convidados a testemunhar, ontem e hoje, nesta história humana amada por Deus. E aos simples, Newman dedicou sua Gramática do Assentimento (1870), que o envolveu por toda a vida, seguindo as linhas programáticas essenciais já delineadas nos Quinze Sermões Universitários, proferidos entre 1830 e 1843.

Atualmente, sua obra, no horizonte da amizade entre as razões da fé, fundadas na Revelação, e as exigências da razão, oferece-nos a visão de uma fé jubilosa que dá confiança à razão diante do relativismo e o cientificismo atual.

Entre outras obras teológicas de Newman, destacamos o Ensaio sobre o desenvolvimento da doutrina cristã (1845), concluído pouco antes de sua passagem para o catolicismo, no qual a categoria de Tradição é evidenciada à luz da história secular da Igreja de forma dinâmica e criativa; a Ideia de Universalidade (1854), fruto de sua experiência como reitor da nova Universidade de Dublin, obra na qual os temas da unidade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade do conhecimento em diálogo com a teologia (ver Veritatis Gaudium 4, aqui Newman é citado juntamente com Rosmini) são antecipados no contexto de seu tempo. Ainda, Sobre a consulta dos fiéis em matéria de doutrina (1859), no qual a visão eclesiológica — delineada em The Prophetical Office, publicado em 1837 para dar consistência teológica ao anglicanismo, mas retomado e corrigido no Terceiro Prefácio da Via Media (1873) — nos ajuda a compreender a natureza sinodal da Igreja hoje. E, por fim, a Carta ao Duque de Norfolk, sobre o delicado tema da consciência, o lugar do coração na experiência de si mesmo e de Deus (God and myself – “Deus e eu mesmo”), mas entendido dentro do ato de fé do crente, como uma assunção subjetiva e responsável da confissão objetiva de fé garantida pela Igreja.

Esses textos permanecem um ponto de referência hoje, tanto para o amplo debate teológico contemporâneo quanto para a missão da Igreja neste mundo em constante mudança, que apresenta novos desafios para a inteligência da fé e oportunidades inéditas para a proclamação do Evangelho, mas em uma dinâmica relacional que, no crente, envolve principalmente o coração que se comunica com o coração (cor ad cor loquitur) e que certamente envolve a inteligência.

*Arcebispo de Reggio Calabria – Bova

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 31 de julho de 2025

HISTÓRIA DOS JUBILEUS: O Papa penitente sobre as memórias dos apóstolos

História dos Jubileus: A Porta Santa (A12)

HISTÓRIA DOS JUBILEUS

Arquivo 30Dias nº 02 - 1999

O Papa penitente sobre as memórias dos apóstolos

O Ano Santo de 1575 foi o primeiro Ano Santo após o Concílio de Trento. Foi preparado por Gregório XIII em conjunto com o Arcebispo de Milão, Carlo Borromeo. O povo ficou maravilhado ao ver o Papa, já idoso, realizar seis peregrinações às quatro basílicas patriarcais.

por Serena Ravaglioli

O Papa Gregório XIII Boncompagni certamente compreendeu a importância de usar o Ano Santo de 1575 para demonstrar o vigor renovado da Igreja e o novo clima espiritual estabelecido após a conclusão do Concílio de Trento e a promulgação dos decretos conciliares. O Pontífice, portanto, começou a se preparar para o Jubileu com grande solicitude em 1573, logo após sua eleição.

As medidas organizacionais habituais foram tomadas, no que diz respeito a alojamento e suprimentos, regulamentos para fortalecer a ordem e a segurança públicas, e a construção e restauração de pontes, estradas e edifícios. Mas a ênfase estava especialmente nos aspectos morais e espirituais da preparação, para que a cidade pudesse oferecer aos peregrinos uma nova imagem de austeridade e rigor, distante da pompa e do mundanismo que caracterizaram a primeira metade do século. Por essa razão, entre outras coisas, as celebrações de Carnaval e todos os outros eventos semelhantes foram abolidos pela primeira vez; o dinheiro normalmente alocado para sua organização foi, por decreto papal, usado pelos Conservadores para obras de caridade. Recomendações particularmente urgentes foram dirigidas aos cardeais: em um consistório secreto realizado em novembro de 1574, o Papa exortou os príncipes da Igreja a não causarem escândalo com seu comportamento e o de suas famílias: "Que se esforcem para erradicar de suas almas, pela graça divina, as paixões desordenadas e para abandonar os maus hábitos, se houver."

A promulgação da bula de indiction Dominus ac Redemptor noster Iesus ocorreu em 20 de maio de 1574, Dia da Ascensão, mais cedo do que o habitual; a escolha da festa foi claramente simbólica, aludindo à abertura das portas do céu garantida aos pecadores pela indulgência do Jubileu. Imediatamente depois, breves anunciando o Jubileu foram enviados a todos os bispos da cristandade, e cartas-convite especiais foram enviadas aos príncipes católicos. Todos os padres de Roma e da Itália foram instados a explicar o significado do Ano Jubilar aos seus fiéis.

Gregório XIII reservou para si o papel de peregrino modelo, um exemplo de fé e devoção. Na véspera de Natal, ele iniciou o Ano Santo com a cerimônia solene da abertura da Porta Santa, que se tornara costumeira. Em 3 de janeiro, ele fez a peregrinação prescrita às quatro Basílicas pela primeira vez, uma peregrinação que repetiu mais cinco vezes ao longo do ano. Ele causou profunda impressão e admiração quando, apesar de sua idade avançada (tinha setenta e cinco anos), subiu a Escada Santa de joelhos e caminhou da Porta San Paolo até a Basílica de Ostuni. Ele era então incansável em assistir a todas as solenidades religiosas e em conceder audiências, às quais dedicava várias horas por dia.

Um digno companheiro do Papa, tanto na preparação quanto na celebração do Ano Santo, foi São Carlos Borromeu, Arcebispo de Milão. Já no outono de 1574, Gregório XIII mandou chamá-lo para estar ao seu lado nessa ocasião. Ainda antes, em setembro, São Carlos havia endereçado uma carta pastoral à sua diocese na qual, explicando a importância e as origens da prática do Jubileu, exortava-os a fazer a peregrinação a Roma da forma mais santa possível: "Embora nestes nossos tempos infelizes [...] o exercício religioso da peregrinação tenha diminuído muito, não deveis, portanto, retirar-vos [...] antes, entusiasmar-vos ainda mais, pois este é precisamente o tempo em que os verdadeiros católicos [...] devem mostrar zelo pela sua fé e piedade, imitando e renovando a devoção ancestral."

Convocado pelo Papa, São Carlos partiu em sua jornada, pretendendo que esta também fosse uma devota preparação para o Jubileu. Passando por caminhos acidentados e difíceis, sem se importar com o frio e nunca deixando de observar o jejum do Advento, visitou Camaldoli, La Verna, Vallombrosa e Monte Oliveto, passando noites inteiras imerso em oração em cada um desses santuários. Chegando finalmente a Roma em 21 de dezembro, após apresentar-se ao Pontífice, retirou-se para o convento de Santa Maria dos Anjos, onde passou os dias que antecederam a véspera de Natal em oração e exercícios penitenciais, estando ao lado de Gregório XIII na abertura da Porta Santa.

Ele fez as quinze visitas às quatro Basílicas, prescritas para peregrinos não romanos, sempre a pé, às vezes descalço. Rezou em voz alta durante todo o percurso, sem nunca perder a concentração, limitando-se a acenar rapidamente para aqueles que o cumprimentavam, e até mesmo omitindo essa saudação se fossem amigos ou parentes. Foi o caso dos príncipes Colonna, um dos quais era seu cunhado: o cardeal fingiu não vê-los, embora tivessem desembarcado da carruagem para prestar suas homenagens. Além da visita habitual às Basílicas, Carlos Borromeu fez várias visitas às Sete Igrejas, de acordo com o costume recentemente reintroduzido por São Filipe Néri, e também visitou todas as outras igrejas onde alguma relíquia estava preservada ou que eram locais de particular devoção entre o povo. Todos os dias, além disso, ele ia à Escada Santa e a subia de joelhos.

Todos eram obviamente muito admirados por seu comportamento, acompanhado de constantes atos de generosidade e caridade, como a disponibilização de seu palácio cardinalício em Santa Prassede aos peregrinos. A veneração por ele crescia a cada dia. O biógrafo de Borromeo, Giovan Pietro Giussano, de quem aprendemos todas essas informações, relata em particular que Cesare Baronio, devoto do Arcebispo de Milão, como muitos dos seguidores de São Filipe Neri, queria guardar para si os sapatos que São Carlos usara em suas visitas jubilares e os guardava como uma herança preciosa e até milagrosa.

O exemplo do arcebispo foi seguido por muitos de seus diocesanos, e de fato os milaneses constituíam um dos maiores grupos entre os que se reuniam em Roma. O Ano Santo de 1575, no entanto, foi muito bem frequentado no geral: dados bastante confiáveis nos permitem estabelecer um número de aproximadamente 400.000 peregrinos. Para aliviar o desconforto das multidões, Gregório decretou que o número de visitas poderia ser reduzido se fossem realizadas em procissão. As longas procissões de peregrinos rezando e cantando tornaram-se, assim, um espetáculo característico da vida urbana.

Entre os muitos devotos que vieram a Roma, podemos também recordar o triste caso do príncipe herdeiro Carlos Frederico de Cleves. Conhecido por sua piedade, ele compareceu à cerimônia inaugural na Basílica de São Pedro; no início de janeiro, recebeu a espada e o chapéu abençoados do Papa, um presente honorário comumente reservado a reis e imperadores; Gregório XIII, de fato, nutria grandes esperanças de influenciar a conversão dos príncipes protestantes alemães por meio de Carlos Frederico. Mas, poucos dias depois, o jovem adoeceu com varíola e faleceu em 9 de fevereiro. O Papa ordenou que ele fosse sepultado com todas as honras e a maior pompa na igreja nacional alemã de Santa Maria dell'Anima.

Os frutos esperados daquele Ano Santo certamente foram colhidos: as opiniões dos contemporâneos eram de lisonjeira admiração pelo "silêncio, fervor e devoção" que caracterizavam Roma, seus habitantes e visitantes; e também houve muitos casos de conversões. Os Avisos de Roma (uma espécie de crônica diária dos eventos mais importantes que ocorreram na cidade) observam : «Devido ao exemplo de tantas obras santas que estão sendo feitas em Roma, alguns tramontani [peregrinos vindos de além dos Alpes] que estavam distantes dela devido aos seus erros retornaram espontaneamente à fé cristã».

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Zezinho sobre católicos politicamente radicais: “são separatistas”

Padre Zezinho | Divulgação

Aleteia Brasil - publicado em 08/10/19 - atualizado em 31/07/25

"A Igreja já canonizou mais de 400 santos que foram políticos. Mas há um tipo de católico que aceita qualquer catequese, menos a política."

O pe. Zezinho postou o seguinte comentário na sua página do Facebook a respeito da radicalização ideológica e política entre católicos:

São separatistas radicais

Nós aqui e eles lá

Há um tipo de católico que aceita qualquer catequese, menos a política. A Igreja já canonizou mais de 400 santos que foram políticos.

Alguns foram reis, rainhas, prefeitos, governadores e administradores. Outros enfrentaram ditadores e reis e foram mortos ou exilados por protestarem contra o mau governante ou imperador.

São João Batista denunciou o rei em público e foi decapitado por isso. A Igreja nunca escapou do fardo da política: ou havia fiéis em favor do governo ou contra o governo. E por mais neutro que o bispo ou o pároco ou pregador se mostrasse, sempre havia o fiel que escrevia ou gritava contra o bispo ou padre porque não falou em favor do seu partido.

Por isso é que no Evangelho de João há uma longa oração de Jesus pela UNIDADE dos seus discípulos.

Ele sabia que se dividiriam por razões políticas ou religiosas. O demônio da divisão e da separação sempre tentou os seguidores de Jesus!

E os mais engajados na política quase sempre perderam a capacidade de dialogar com os do outro lado!

Grande número de católicos diz que odeia política, mas, na verdade, odeia quem propõe diálogo. Não querendo nada com os do outro lado, atacam quem propõe encontros e diálogos com outra religião ou com outras correntes políticas.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2019/10/08/pe-zezinho-sobre-catolicos-politicamente-radicais-sao-separatistas/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF