O Homem busca a face do Outro, de Deus, que é Trindade, a
Comunhão. O Homem busca a face de Deus, a comunhão eterna com o Outro. Só isso
o sacia, só isso lhe dará a perenidade que é desejada na profundidade de seu
ser.
Vatican News
"Um homem que trabalhou com inteligência, competência e
sucesso vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou.
Também isso é ilusão e grande desgraça" – nos diz Coélet, autor do
Eclesiastes. E a solução proposta por ele é comer, divertir-se, enfim um
moderado aproveitamento de tudo o que a vida oferece.
A resposta que satisfará plenamente nossa inquietação virá
de Jesus, no Evangelho.
Em Lucas, um homem rico ao ver que sua fazenda produz
bastante, fica muito feliz e planeja não uma redistribuição de sua produção com
os seus empregados, mas encontrar lugar para armazenar mais. O fazendeiro é
louco, pois construiu sua riqueza sobre o suor de seus empregados e, agora,
deseja descansar sobre o trabalho e o sofrimento de outros, sem nada partilhar.
Jesus termina o relato desse caso, dizendo que tudo o que ele armazenou ficará
para outros, já que sua vida será pedida naquela noite.
Os bens tomaram conta da vida daquele homem e ocuparam o
lugar de Deus, da família e dele mesmo.
Por outro lado, o que acumulou não pode ser chamado de vida,
pois a vida se destina a todos e ele acumulou só pensando em si mesmo.
O pecado do homem rico não está em ser rico, mas no fato que
trabalhou exclusivamente para si e não se enriqueceu aos olhos de Deus.
Jesus faz o alerta não apenas aos ricos, mas a todos aqueles
que só trabalham para si mesmos. Mesmo um estudante de um curso supletivo, que
estuda à noite com muito sacrifício e só pensa em desfrutar a vida no futuro, é
destinatário dessa parábola porque, apesar de ser pobre, tem um coração de
rico: deixou-se levar pelo egoísmo.
A segunda leitura nos dá a indicação de como deve ser a vida
daqueles que desejam trabalhar com sentido e quais deverão ser seus valores.
"Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do
alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e
não às terrestres." Mais adiante Paulo nos incentiva a fazer morrer em nós
aquilo que é terrestre: "imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a
cobiça, que é idolatria".
O emprego de nossa vida, com seus dons e suas
potencialidades deverá ser realizado com um objetivo maior do que a simples
satisfação mundana e a simples saciação de nossas necessidades básicas. Tudo
isso acabará; será dissolvido pelo tempo, a doença, as traças e a morte. Nada
ficará de lembrança. Até nosso nome, com o tempo, desaparecerá. De fato, tudo
ilusão!
Apenas o uso de nossas potencialidades, de nossa vida em
favor do outro, em favor da realização do Reino de Deus dará sentido ao nosso
esforço e transformará tudo de material em imaterial, de imanente em
transcendente, de meramente humano em divino. A eternidade está na dimensão da
partilha, do nós, do outro.
O Homem busca a face do Outro, de Deus, que é Trindade, a
Comunhão. O Homem busca a face de Deus, a comunhão eterna com o Outro. Só isso
o sacia, só isso lhe dará a perenidade que é desejada na profundidade de seu
ser. Abrir-se ao outro é abrir-se a Deus, é abrir-se à felicidade eterna. (CAS)
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