LEITURAS
Arquivo 30Dias nº 02 - 1999
O martírio dos cristãos em Roma
Um trecho da Mensagem de Rádio do Papa Pio XII ao Mundo na
Festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, 29 de junho de 1941.
Um trecho da Mensagem de Rádio do Papa Pio XII ao Mundo
na Festa dos Santos Pedro e Paulo
Nesta solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo,
vossos pensamentos e afeição devotos, amados filhos da Igreja Católica
universal, voltam-se para Roma com o verso triunfal: O Roma felix quae
duorum Principum es consecrata glorioso sanguine! "Ó Roma feliz,
que fostes consagrada pelo sangue glorioso destes dois Príncipes!" Mas a
felicidade de Roma, que é uma felicidade de sangue e de fé, é também vossa;
pois a fé de Roma, selada aqui nas margens direita e esquerda do Tibre com o
sangue dos príncipes dos apóstolos, é a fé que vos foi proclamada, que é
proclamada e será proclamada por todo o mundo. Alegrai-vos com o pensamento e a
saudação de Roma, porque sentis em vós o salto da romanidade universal da vossa
fé.
Durante dezenove séculos, no sangue glorioso do primeiro Vigário de Cristo e
Doutor dos Gentios, a Roma dos Césares foi batizada de Roma de Cristo, como
sinal eterno do principado indefectível da autoridade sagrada e do Magistério
infalível da fé da Igreja; e nesse sangue foram escritas as primeiras páginas
de uma nova e magnífica história das lutas e vitórias sagradas de Roma.
Já alguma vez se perguntou quais devem ter sido os
sentimentos e os medos do pequeno grupo de cristãos espalhados pela grande
cidade pagã quando, depois de enterrarem às pressas os corpos dos dois grandes
mártires, um aos pés do Vaticano e o outro na Via Ostiense, a maioria deles se
reuniu nos pequenos quartos de escravos ou artesãos pobres, alguns em suas
casas ricas, e se sentiu sozinha e quase órfã com o desaparecimento dos dois
grandes apóstolos? Foi a fúria da tempestade recentemente desencadeada sobre a
Igreja nascente pela crueldade de Nero; Diante de seus olhos ainda pairava a
horrível visão de tochas humanas fumegando à noite nos jardins de Cesareia e de
corpos mutilados pulsando nos circos e nas ruas. Parecia então que a crueldade
implacável havia triunfado, golpeando e derrubando as duas colunas, cuja mera
presença sustentava a fé e a coragem do pequeno grupo de cristãos. Naquele pôr
do sol sangrento, como seus corações devem ter sentido a pontada de dor ao se
verem sem o conforto e a companhia daquelas duas vozes poderosas, abandonados à
ferocidade de um Nero e ao braço formidável da grandeza imperial romana!
Mas contra a força férrea e material do tirano e seus
ministros, eles receberam o espírito de força e amor, mais poderoso que o
tormento e a morte. E parece-nos ver, no encontro subsequente, no meio da
comunidade desolada, o velho Lino, o primeiro a ser chamado para substituir o
falecido Pedro, tomar nas mãos, trêmulo de emoção, as páginas que preservavam
preciosamente o texto da carta já enviada pelo Apóstolo aos fiéis da Ásia Menor
e reler lentamente as frases de bênção, confiança e conforto: "Bendito seja
o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande
misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus
Cristo [...] Então, vós vos alegrareis, se por um pouco de tempo vos convier
ser afligidos por várias tentações... Humilhai-vos, pois, sob a poderosa mão de
Deus... lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de
vós... O Deus de toda a graça, que nos chamou à sua eterna glória em Cristo
Jesus, vos aperfeiçoará, fortificará e estabelecerá por um pouco de sofrimento.
A ele seja a glória e o poder pelos séculos dos séculos!" (1 Pd 1,
3. 6; 5, 6-7. 10).
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