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segunda-feira, 3 de maio de 2021

O impacto das novas tecnologias em povos indígenas

Crédito: Impacto Ambiental

PARA ALÉM DA ALDEIA Entrada vertiginosa da internet, das redes sociais e dos celulares afetou a dinâmica das comunidades e suas tradições, mas, ao mesmo tempo, despertou nos jovens a vontade e a criatividade para levar a valorização da cultura indígena para os meios digitais.

por Cibele Lana em 19/04/2021

QUANDO começou a frequentar uma escola na cidade, ainda criança, o indígena xavante Cristian Wariu era alvo de bullying, com apelidos pejorativos por parte dos amiguinhos. “Existiam esses apelidos, mas quando eu explicava por que um indígena estava ali e sobre a minha cultura, isso se tornava admiração, interesse. No fim da escola, as pessoas já me chamavam pelo nome”, conta. 

Hoje, com 22 anos e consciente do poder da informação e da dinâmica da internet, Cristian é um influenciador digital indígena, com mais de 400 mil visualizações em seu canal do YouTube, aproximadamente 30 mil seguidores no Instagram e outros milhares no Tik Tok. “A minha missão ao produzir conteúdo indígena sempre foi a mesma e sempre vai ser: melhorar a convivência com os povos indígenas, desconstruir essas ideias que se enraizaram sobre o povo indígena, trazer não só a minha voz, mas também a de outros indígenas e ocupar esses espaços para mostrar por que somos indígenas e por que existimos”, completa. 

A história de Cristian retrata um dos impactos muito positivos das novas tecnologias em povos originários ao retransmitir a valorização da cultura e do modo de vida, amplificando suas vozes para a sociedade.

Mas a entrada das novas tecnologias nessas comunidades também desencadeou uma série de desafios, especialmente pela rapidez e escassez de informação sobre seus usos e malefícios. Muitas aldeias já têm sinal de wi-fi e amplo acesso à internet e às redes sociais. “Os nativos estão sendo bombardeados por fake news sobre a vacina e não estão com capacidade de lidar com isso”, explica Delcio Yokota, coordenador de gestão da informação no Instituto de Pesquisa e Informação Indígena, que tem ampla atuação com povos indígenas no Amapá, especialmente na formação de professores. De acordo com Yokota, muitos nativos têm se recusado a receber a vacina por conta de mensagens no WhatsApp, mesmo sendo um grupo prioritário para vacinação. 

Ao expandirmos o olhar para a história, compreendemos que essa é apenas uma consequência recente de um processo que já acontece há muito tempo a partir da relação de contato com não indígenas.

Entre riscos e conquistas

A professora da Universidade do Estado do Amazonas e doutoranda em Antropologia Social Romy Cabral trabalha com povos indígenas há 20 anos, especialmente com o povo Munduruku, na terra Coatá-Laranjal, que também abriga o povo Sateré-Mawé. Ela relata que nas últimas duas décadas as relações de contato nessa região também foram muito fortes. A professora acompanha as comunidades desde 2001, quando o principal meio de comunicação era a radiofonia e ainda havia apenas dois aparelhos de televisão na região. “Às 19h, eles ligavam o motor de luz (com diesel) e muitos iam para as portas da casa de quem tinha TV para ver o jornal e a novela. Em tempo de Copa do Mundo, faziam ‘cotinha’ para colocar diesel no motor e poder assistir aos jogos durante o dia.” 

Em meados de 2010, os povos indígenas começaram a receber os auxílios do governo federal, e um programa levou a energia elétrica para muitas aldeias. O cenário começou a mudar desde então. “Teve início uma relação de consumo que não foi diferente da nossa”, relata a professora. As cidades mais próximas começaram a enviar barcos carregados de eletrodomésticos. “Cada família tem, hoje, um ou dois aparelhos celulares usados para tirar fotos, para o ensino tecnológico nas escolas, para baixar jogos e aplicativos de conversa”, completa. 

O kumu (expressão similar a pagé), também antropólogo e escritor indígena, Jaime Diakara, do povo Desano, admite que o impacto das novas tecnologias tem provocado mudanças de hábitos nas aldeias, especialmente na transmissão das histórias de forma oral e na formação das crianças sobre o papel das lideranças indígenas. “Você não vê as crianças perguntarem para os pais quem era a vovó, o papel de liderança da vovó. O pai está sendo trocado por aplicativo.” 

Por outro lado, Diakara enfatiza que a cultura é dinâmica e que o fato de as novas tecnologias terem chegado aos povos originários não faz deles menos indígenas. “A cultura sempre evolui, movimenta conforme o tempo e o espaço. O homem cria e recria. Essas tecnologias chegaram para as comunidades como ferramenta para a educação, pesquisa, divulgação de produtos e da sua identidade. Antes, os nativos só assistiam ao que os brancos faziam, mas agora os brancos começam a assistir à cultura dos indígenas.” 

Essa é também a percepção dos jovens indígenas Erimar Miquiles (Sateré-Mawé) e Davi Marworno (Galibi-Marworno). Eles concordam que as novas tecnologias impactaram o cotidiano especialmente da juventude, deixando-a mais ociosa, dificultando a transmissão da língua e da oralidade e que há um amadurecimento no processo de conscientização de uso da internet nas aldeias. Mas, ao mesmo tempo, defendem que a inclusão digital tem uma importância crucial para o ativismo dessa parcela da população. Antigamente, era preciso um esforço enorme de juntar as aldeias para denunciar barcos pesqueiros, hidrelétricas e outras intervenções em terras indígenas. Atualmente, com o acesso às plataformas digitais, conseguem se articular e fazer denúncias mais eficazes na internet

Davi é cineasta e já produziu dois filmes no Oiapoque. Para ele, o momento é de experimentação e cada um tem uma relação com as ferramentas. “Mas também é tempo de provocarmos os povos: como podemos melhorar nossas escolas, nossos coletivos de artistas, valorizar nossa cultura e nossa identidade. (...) Com o meu trabalho, sinto que é importante valorizar os mais velhos, a língua, o que a comunidade está desenvolvendo e usar isso como combate ao discurso de ódio. São processos de amadurecimento individual e coletivo que estamos desenvolvendo.” 

De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a população indígena brasileira é formada por aproximadamente 900 mil pessoas, de 305 povos, falantes de 274 línguas.

Arquidiocese recorda Primeira Missa da Capital Federal dia 03 de maio

Primeira Missa celebra em Brasília, presidida pelo cardeal de São Paulo na época /
 Foto: Arquivo público / Arquidiocese de Brasília

Com uma Celebração Eucarística, a Arquidiocese de Brasília, recordará na próximo segunda-feira, 3 de maio, a primeira Missa celebrada na Capital Federal. A celebração terá início às 10h00 na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida.

A Missa será presidida por Dom Paulo Cezar, arcebispo de Brasília.

A seguir, às 11h00, na praça do Cruzeiro, local da primeira missa no DF, Dom Paulo Cezar dará uma benção especial no espaço que foi revitalizado.

Um marco histórico

A primeira Missa do Distrito Federal foi celebrada em 1957 e presidida pelo, na época, arcebispo de São Paulo, cardeal Carlos Camelo de Vasconcelos Motta. A cerimônia ocorreu na Praça do Cruzeiro, marcando o início da construção de Brasília.

“Hoje é o dia de Santa Cruz. Dia em que Brasília, ontem apenas uma esperança e hoje entre todas a mais nova das filhas do Brasil, começa a erguer-se, integrada no espírito cristão, causa, princípio fundamento da nossa unidade nacional; dia em que Brasília se torna autenticamente brasileira. Porque desde as suas origens o Brasil existe com a presença de Cristo. Este é o dia do batismo do Brasil novo. É o dia da esperança, o dia da ressurreição da esperança. É o dia da cidade que nasce. Plantamos, com o Sacrifício da Santa Missa, uma semente espiritual neste sítio que é o coração da Pátria. Seja-me permitido formular uma ardente súplica, neste momento: que Nossa Senhora da Aparecida, a Padroeira do Brasil e Madrinha de Brasília, vele por esta cidade que surge, resguarde os que a vierem habitar, volva os olhos benignos para os homens públicos que daqui deverão dirigir esta Nação, a fim de que eles honrem os nossos maiores e sirvam condignamente as gerações futuras. Que Brasília se modele na conformidade dos altos desígnios do Eterno; que a Providência faça desta nossa terrestre um reflexo da cidade de Deus; que ela cresça sob o signo da Caridade, da Justiça e da Fé”. (Juscelino Kubitschek)

Foi também nesta primeira Missa que a Capital Federal recebeu a imagem de Nossa Senhora Aparecida, preservada até então na Catedral. A cruz de madeira usada na Celebração também está exposta na Catedral.

Desde 2008, a Arquidiocese de Brasília relembra  este fato histórico com uma Missa na Praça do Cruzeiro, ponto mais alto do Planalto Central. Mas em 2014, a realização desta solenidade foi transferida para a Catedral Metropolitana de Brasília.

Arquidiocese de Brasília

A liberdade religiosa, no Brasil e na América Latina

Piti Tangchawalit - Shutterstock
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Em quase todos os países do continente, nos círculos intelectuais e na mídia, é frequente uma “perseguição educada”, que é como o Papa Francisco se refere ao cancelamento cultural a que muitos cristãos estão sujeitos.

15º Relatório sobre liberdade religiosa no mundo, da Ajuda à Igreja que Sofre (em inglês, Aid to the Church in Need, ACN), lançado mundialmente no último dia 20 de abril, mostra um cenário de conflitos envolvendo a religião, na América Latina e no Brasil, que passa quase desapercebido entre nós. Sofremos com a intolerância contra religiões de origem africana e minorias estigmatizadas, com os conflitos ideológicos que dividem os cristãos e com aquilo que o Papa Francisco chamou de “perseguição educada” e que alguns no Brasil chamam de cristofobia (erroneamente, pois essa perseguição educada não é aquela perseguição agressiva que ocorre no Oriente Médio, na China ou, em alguns momentos, até mesmo no México).

A intolerância da qual não nos damos conta

Como nos sentiríamos se soubéssemos que uma menina, indo para sua primeira comunhão de vestidinho branco, foi apedrejada por estar vestida para ir à missa? Pois uma situação semelhante aconteceu, aqui no Brasil, com uma menina que saia, com trajes típicos, de uma cerimônia de candomblé, em 2015. E se um grupo de traficantes entrasse nas igrejas de uma cidade e proibisse a realização de missas? Pois um grupo de traficantes, autointitulado “Bandidos de Cristo” fez isso em terreiros de umbanda e candomblé em 2019, na Baixada Fluminense. Em Manaus, a polícia não quis aceitar a queixa de um pai de santo que estava sendo ameaçado fisicamente por um vizinho, e em Brasília a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrou com uma denúncia de intolerância religiosa porque o governo destruiu um terreiro de candomblé sob a alegação de que se tratava de uma construção irregular, mas não fez nada em relação a todas as outras construções irregulares em volta. No auge das ações do Estado Islâmico, no Oriente Médio, uma senhora muçulmana foi socada, no Brasil, no meio da rua, simplesmente porque estava usando um véu no rosto. E um judeu foi espancado no interior de São Paulo, por jovens neonazistas, porque usava quipá, 

As páginas sobre liberdade religiosa no Brasil, no Relatório mais recente da ACN e nos anteriores, trazem esses e outros exemplos de intolerância religiosa entre nós, mostrando que não somos um País onde os religiosos gozam, na prática, dos mesmos direitos. Todas as religiões, inclusive a maioria católica, sofre com alguns atos de intolerância e violência, mas um cálculo baseado em denúncias recebidas pelo Disque100 indica que a probabilidade de um praticante de religiões afro-brasileiras sofrer com atos de discriminação religiosa é 130 a 210 vezes maior do que para a população em geral.

Os problemas acontecem em toda a América Latina – às vezes de forma surpreendente para nós. No México, só nos últimos anos, três padres foram assassinados e outros dois foram sequestrados. Além disso, várias igrejas foram atacadas, até com granadas. Pastores e famílias de outras denominações cristãs também foram atacados. Os autores dos atentados parecem ser principalmente cartéis do tráfico de drogas incomodados com a condenação dos cristãos ao tráfico. Na Colômbia, que ainda não superou a situação da guerra civil, grupos armados forçam populações indígenas cristãs a voltar a suas crenças tribais. Chegaram inclusive a assassinar o pastor de uma Igreja neopentecostal… No Chile, em meio aos protestos contra o governo, pelo menos 57 igrejas (51 católicas e seis evangélicas) foram alvo de atos de vandalismo desde outubro de 2019.

Esquerda e direita, progressistas e conservadores: o mal das ideologias

Em muitos países da América Latina, os ataques estão associados a questões políticas e culturais. Mesmo no Brasil, sacerdotes católicos considerados “progressistas” passaram a ser hostilizados e receberem ameaças por “traírem a sua fé”. Numa outra vertente, na Venezuela, onde bispos, padres e muitos católicos têm se colocado numa postura crítica a Nicolás Maduro, igrejas foram atacadas por simpatizantes do governo – com o beneplácito das autoridades. Na Nicarágua, que vive uma situação política similar à da Venezuela, um pastor evangélico e a sua família morreram queimados em casa, num ataque imputado a agentes da polícia. O governo também interferiu com a procissão católica pela paz, tradicionalmente realizada no dia 1º de janeiro. Foram contabilizados 22 atos de vandalismo e profanações de igrejas no país entre dezembro de 2018 e julho de 2020. Em Cuba, ainda que não existam, num período recente, casos de agressões como essas já comentadas, não existe liberdade religiosa e todas as Igrejas encontram-se sobre a tutela do Estado. Os católicos já contam com estruturas tradicionais, anteriores ao regime, mas as novas denominações pentecostais encontram grande dificuldade para se estabelecer.

Os cristãos têm direito à liberdade de opinião, tanto em questões políticas quanto culturais. Podemos considerar que nossos irmãos têm ideias equivocadas ou até mesmo que estão traindo sua fé, mas nada disso justifica a violência e a opressão. O mais escandaloso, nos casos acima de ataques a cristãos, é que – na maior parte dos casos – trata-se de ataques perpetrados por outros cristãos (cerca de 88% da população do continente é cristã), por conta de suas diferenças ideológicas. Não podemos, em nenhuma hipótese, deixar que a raiva ou os interesses particulares se sobreponham ao diálogo e ao desejo de comunhão fraterna. Não podemos deixar que ideologias, estejam no poder ou na oposição, definam nosso comportamento no lugar do Evangelho.

A perseguição educada

Em quase todos os países do continente, nos círculos intelectuais e na mídia, é frequente uma “perseguição educada”, que é como o Papa Francisco se refere ao cancelamento cultural a que muitos cristãos estão sujeitos. É uma postura que não realiza a perseguição física ou institucional declarada, mas não admite o direito de expressão dos cristãos em questões como o aborto (caso característico da Argentina, nesse período) ou ridiculariza valores caros ao cristianismo (como acontece frequentemente no Brasil, na época do Natal).

A justificativa, para esses ataques, é que os cristãos são intolerantes ou contrários à liberdade das pessoas. Contudo, frequentemente trata-se da negação de qualquer defesa à dignidade da pessoa humana e ao valor da vida que entre em choque com a mentalidade individualista e à lógica mercantil, hegemônicas em nossas sociedades.

Aleteia

O Papa: Charles de Foucauld e outros seis novos santos para a Igreja

Charles de Foucauld | Vatican News

O Papa Francisco presidiu no Vaticano a celebração do Consistório público ordinário para a votação das causas de canonização. A data deverá ser ainda definida por causa da emergência sanitária. Cardeal Semeraro: "Eles testemunharam Cristo com o dom da vida e o exercício da caridade".

Salvatore Cernuzi/Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco presidiu, na manhã desta segunda-feira (03/05), o Consistório Ordinário Público para a votação das causas de canonização de sete beatos, duas mulheres e cinco homens. Dentre eles está Charles de Foucauld, sacerdote francês, "pobre entre os pobres" e "irmão universal", como ele mesmo se definia, que no início do século passado plantou as sementes do Verbo divino no coração do Saara.

A data da canonização ainda deve ser definida

"A data da canonização dos beatos ainda não foi definida. O dia deve ser ainda decidido", disse o Pontífice na fórmula em latim usada para os sete beatos cuja "vida cristã e santidade exemplar" foram lembradas pelo Pontífice. A situação atual da emergência de saúde devido ao coronavírus influenciou na decisão de marcar a canonização numa data posterior.

Semeraro: "Os novos santos, intercessores de graças e milagres"

"Estes beatos não só são admirados pelo povo de Deus pelo esplendor de suas virtudes, mas também são invocados como intercessores de graças e milagres", disse o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, que depois da Hora Terça apresentou ao Pontífice e aos cardeais reunidos na Sala do Consistório "uma breve síntese da experiência humana e espiritual" dos sete beatos e beatas que "em várias épocas e com diferentes vocações, testemunharam, uns com o dom supremo da vida e outros com o exercício heroico da caridade e das virtudes, a fecundidade da Páscoa de Cristo, fonte de esperança".

Charles de Foucauld

Antes de se tornar "irmão Carlos de Jesus", o jovem Charles, nascido em Estrasburgo, iniciou uma carreira militar, seguindo os passos de seu avô que o havia criado quando ficou órfão de seus pais aos 6 anos. O futuro beato deixou a fé de lado durante sua adolescência, mas durante uma perigosa exploração no Marrocos, em 1883-1884, despertou nele uma pergunta: "Deus existe?" "Meu Deus, se você existe, deixe-me conhecê-lo", foi seu pedido, que já assumiu as características daquela oração incessante que marcou toda sua vida. Voltando à França, Foucauld partiu em busca e pediu a um sacerdote para instruí-lo. Depois foi em peregrinação à Terra Santa e lá, nos lugares da vida de Cristo, encontrou sua vocação: consagrar-se totalmente a Deus, imitando Jesus numa vida escondida e silenciosa. Ordenado sacerdote aos 43 anos (1901), Charles de Foucauld foi para o deserto argelino do Saara, primeiro para Beni Abbès, pobre entre os mais pobres, depois mais ao sul para Tamanrasset com os Tuareg do Hoggar. Viveu uma vida de oração, meditando continuamente a Sagrada Escritura, no desejo incessante de ser para cada pessoa o "irmão universal". Morreu aos 58 anos na noite de 1º de dezembro de 1916, assassinado por um bando de saqueadores de passagem. Bento XVI o beatificou em 2005.

Lázaro

Primeiro leigo indiano a se tornar beato, Lázaro, conhecido como Devasahayam, foi um pai de família e mártir. Filho de um brâmane no reino hindu de Travancore, pertencia à alta casta dos guerreiros. Converteu-se ao cristianismo quando adulto e recebeu o Batismo aos 33 anos. Esta conversão foi considerada uma traição e um perigo para a solidez do reino. Portanto, ele foi preso, humilhado e torturado por oficiais, que receberam ordens para matá-lo. A acusação? Abjuração do hinduísmo. Bento XVI o inscreveu na lista dos beatos em 2011.

Maria Francisca de Jesus

Anna Maria Rubatto, nascida no Piemonte, dedicou-se durante anos à assistência aos pobres em Turim, à visita aos doentes no Cottolengo e ao compromisso constante no Oratório de Dom Bosco. Fundou na cidade de Loano, perto de Savona, o Instituto das Irmãs Terciárias Capuchinhas e depois partiu para a América Latina, onde trabalhou arduamente para servir os pobres. Em 1892, levou suas irmãs para Montevidéu no Uruguai e de lá, após pouco tempo, para Argentina e Brasil. Por sete vezes, Madre Francisca atravessou o Oceano para acompanhar e visitar suas filhas. Morreu em Montevidéu, em 1904, e foi beatificada oitenta e nove anos depois por João Paulo II, em 1993.

Maria Domenica Mantovani

Ela foi a primeira superiora da Congregação das Pequenas Irmãs da Sagrada Família, que ela fundou junto com o Beato Giuseppe Nascimbeni, seu guia espiritual, que a queria como colaboradora para a fundação do Instituto. Ela foi uma figura determinante no desenvolvimento do carisma e da espiritualidade. Consagrou toda sua vida, até o final de seus dias, ao serviço humilde dos pobres, órfãos e doentes. João Paulo II a declarou beata em 2003.

Vatican News

Com a oração do Rosário, Papa Francisco inaugura mês de oração pelo fim da pandemia

Papa Francisco reza diante da Virgem do Socorro no Vaticano.
Foto: Vatican Media

Vaticano, 01 mai. 21 / 04:53 pm (ACI).- Neste sábado, 1 de maio, às 18h de Roma (14h de Brasília) o Papa Francisco dirigiu-se à Basílica de São Pedro para inaugurar o mês de maio com uma especial oração a Maria, pedindo pelo fim da pandemia de Covid-19 no mundo. O mês será marcado também pela “maratona” de orações do terço, convocada pelo Pontífice, que terão lugar em 30 santuários marianos espalhados pelo mundo, incluindo o de Fátima e o de Nossa Senhora Aparecida.

O Santo Padre se dirigiu até a Capela Gregoriana da Basílica, para rezar diante do ícone da Madona del Soccorso (Nossa Senhora do Socorro), acompanhado por uma procissão de velas enquanto os poucos fiéis presentes entoavam um canto em honra a Nossa Senhora de Lourdes.

Este ícone, diante do qual os fiéis em Roma rezaram ao longo dos séculos, localiza-se na parede acima do altar da Capela Gregoriana, que leva este nome por conter os restos de São Gregório de Nazianzo, quem viveu no séc. VII e foi Patriarca de Constantinopla. Devido às suas reflexões sobre a Santíssima Trindade recebeu o título de doutor da Igreja. O Papa Francisco escolheu este recinto para entregar à virgem um ramo de flores e recitar o Rosário, com cerca de 160 fiéis, antes de elevar a Nossa Senhora uma especial oração pelo fim da pandemia de covid-19, que já fez mais de 3 milhões de vítimas mortais.  

Durante o Rosário, o Papa recordou aqueles que foram afetados pela pandemia e as consequências da mesma para a saúde das pessoas e a economia mundial, aproveitando a ocasião para agradecer a todos aqueles que durante estes meses têm se dedicado ao cuidado dos enfermos e ao serviço do bem comum.

“No início do mês dedicado a Nossa Senhora, nós nos unimos em oração com todos os Santuários em todo o mundo, com os fiéis e com todas as pessoas de boa vontade, para confiar às mãos de nossa Mãe Santíssima toda a humanidade, duramente provada por este período de pandemia”, disse o Santo Padre antes do início do Rosário

“A cada dia deste mês de maio, confiaremos a Vós, Mãe de Misericórdia, as muitas pessoas que foram tocadas pelo vírus e que continuam a sofrer as consequências: dos nossos irmãos e irmãs falecidos, às famílias que vivem a dor e a incerteza do amanhã; dos doentes aos médicos, aos cientistas e enfermeiros que estão na linha de frente nesta batalha; dos voluntários até todos os profissionais que prestaram seu precioso serviço em favor dos outros; das pessoas em luto e dor, até aquelas que, com um simples sorriso e uma boa palavra, levaram conforto aos necessitados. daqueles que, especialmente mulheres, sofreram violência dentro das paredes de seus lares devido ao fechamento forçado a quantos desejam os ritmos de vida cotidianos. Mãe do Socorro, acolhei-nos sob o vosso manto e protegei-nos, sustentai-nos na hora da provação e acendei em nossos corações a luz da esperança pelo futuro”, completou o Papa Francisco.

O Papa esteve acompanhado por algumas famílias, com quem recitou o Rosário, meditando os Mistérios Gozosos.

Depois do Rosário, o Santo Padre dirigiu a oração que ele preparou especialmente para o momento que inaugura o mês de oração pelo fim da pandemia:

“Sob vossa proteção buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus”

Na dramática situação atual, carregada de sofrimentos e angústias que oprimem o mundo inteiro, recorremos a Vós, Mãe de Deus e nossa Mãe, refugiando-nos sob a vossa proteção.

Ó Virgem Maria, volvei para nós os vossos olhos misericordiosos nesta pandemia do coronavírus e confortai a quantos se sentem perdidos e choram pelos seus familiares mortos e, por vezes, sepultados de uma maneira que fere a alma.

Sustentai aqueles que estão angustiados por terem pessoas enfermas de quem não se podem aproximar, para impedir o contágio. Infundi confiança em quem vive ansioso com o futuro incerto e com as consequências sobre a economia e o trabalho.

Mãe de Deus e nossa Mãe, alcançai-nos de Deus, Pai de misericórdia, que esta dura prova termine e que volte um horizonte de esperança e de paz. Como em Caná, intervinde junto do vosso Divino Filho, pedindo-Lhe que conforte as famílias dos doentes e das vítimas e abra os seus corações à confiança.

Protegei os médicos, os enfermeiros, os agentes de saúde, os voluntários que, neste período de emergência, estão na vanguarda arriscando a própria vida para salvar outras vidas. Acompanhai a sua fadiga heroica e dai-lhes força, bondade e saúde.

Permanecei junto daqueles que assistem noite e dia os doentes, e dos sacerdotes que procuram ajudar e apoiar a todos, com solicitude pastoral e dedicação evangélica.

Virgem Santa, iluminai as mentes dos homens e mulheres da ciência, a fim de que possam encontrar as soluções justas para vencer este vírus.

Assisti os Responsáveis das nações, para que atuem com sabedoria, solicitude e generosidade, socorrendo aqueles que não têm o necessário para viver, programando soluções sociais e econômicas com clarividência e espírito de solidariedade.

Maria Santíssima, tocai as consciências para que as somas enormes usadas para aumentar e aperfeiçoar os armamentos sejam, antes, destinadas a promover estudos adequados para prevenir catástrofes do gênero no futuro.

Mãe amadíssima, fazei crescer no mundo o sentido de pertença a uma única grande família, na certeza do vínculo que une a todos, para acudirmos, com espírito fraterno e solidário, à tanta pobreza e às inúmeras situações de miséria. Encorajai a firmeza na fé, a perseverança no serviço, a constância na oração.

Ó Maria, consoladora dos aflitos, abraçai todos os vossos filhos atribulados e alcançai-nos a graça de que Deus intervenha com a Sua mão onipotente para nos libertar desta terrível pandemia, de modo que a vida possa retomar com serenidade ao seu curso normal.

Confiamo-nos a Vós, que resplandeceis sobre o nosso caminho como sinal de salvação e de esperança, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Amém.

Conduzi os passos de vossos peregrinos que desejam rezar o amar-vos nos Santuários dedicados a Vós em todo o mundo sob os mais variados títulos que pedem a vossa intercessão, sede para cada um deles uma guia segura. Amém”.

Ao final do momento de oração, o Papa Francisco abençoou os Terços que serão enviados aos 30 Santuários que participam da "maratona" de oração deste mês mariano e abençoou os fiéis invocando com confiança a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria.

O Santuário de Nossa Senhora de Walsingham, foi o primeiro dos 30 que participarão da “maratona” de orações do terço. Ali, os fiéis se reuniram para rezar na intenção do Santo Padre em simultâneo com o Santo Padre em Roma.

No dia 06 de maio a oração do terço será transmitida de Aparecida, no Brasil e no dia 13, em Fátima, Portugal.

ACI Digital

SS. FILIPE E TIAGO O MENOR, APÓSTOLOS

SS. Filipe e Tiago o Menor, apóstolos 
(© BAV, Vat. lat. 14701, f. 312v)
03 de maio

Estes dois Santos têm muitas coisas em comum: eles se conheceram porque faziam parte dos Doze, que Jesus chamava Apóstolos, ou seja, os discípulos mais próximos dele. Ambos viveram com Cristo e o seguiram; depois, começaram a obras de evangelização e, por isso, foram martirizados. Os dois foram sepultados, juntos, na Basílica chamada Santos XII Apóstolos, que, no início, era dedicada apenas aos dois.

"Filipe, vem e segue-me"

Quando Jesus encontrou Filipe, lhe disse apenas: “vem e segue-me”. Isso foi suficiente para ele mudar de vida.
Natural de Betsaida, Filipe, que já era discípulo de João Batista, esperava o Messias há muito tempo. Quando Jesus começou suas pregações, o recompensou: foi um dos primeiros a receber a chamada. Ele esteve com Jesus no deserto, um pouco antes do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes: foi ele que lhe perguntou onde poderiam encontrar tantos pães para saciar a fome de todas aquelas pessoas, que tinham vindo para ouvir suas palavras. Filipe esteve ao lado de Jesus até o fim, na Última Ceia, quando lhe pediu para mostrar a eles o Pai do Céu.
Depois de Pentecostes, o Apóstolo atravessou a Ásia Menor evangelizando os povos Citas e Partos, obtendo muitas conversões. Enfim, ao chegar a Hierápolis, na Frigia, foi pregado de cabeça para baixo em uma cruz em forma de X, na qual morreu como mártir.

Tiago, o "irmão" de Jesus

São Paulo o chama "irmão" de Jesus, um epíteto que designava os parentes mais próximos da família. De fato, segundo algumas fontes, Tiago teria sido o primo de Cristo, filho de Alfeu, que era irmão de São José. Tiago também tinha um irmão, que também era discípulo de Jesus: Judas Tadeu.
Tiago, também chamado o Menor, para distingui-lo de Tiago Maior, que o sucedeu à frente da Igreja de Jerusalém, onde, no ano 50, presidiu a um importante Concílio, durante o qual foram tratados diversos assuntos, importantes para a época, como a circuncisão. Porém, antes destes acontecimentos, Tiago se encontrava ao lado de Cristo, que lhe apareceu após a Ressurreição.
Tiago sempre teve uma conduta exemplar: não comia carne, não bebia vinho e observava os votos. Por isso, não causa surpresa o fato de ter recebido o apelido de "o Justo".
Autor das primeiras Cartas "católicas" do Novo Testamento, Tiago recorda, de modo particular, aquela que observa o seguinte: "a fé sem obras é morta".
São Tiago Menor morreu como mártir, provavelmente por apedrejamento, entre os anos 62 e 66.

Vatican News

domingo, 2 de maio de 2021

O Sacerdote no Século XXI

Crédito: Presbíteros

O Sacerdote no Século XXI

Intervenção do cardeal prefeito da Congregação para o Clero apresentou em Los Angeles (Estados Unidos) no dia 3 de Outubro, durante um encontro com os presbíteros dessa arquidiocese.

Dorothy Thompson, escritora americana, publicou há décadas, num artigo para uma revista, os resultados de uma sondagem específica sobre o famigerado campo  de concentração de Dachau. Uma pergunta-chave dirigida aos sobreviventes era a seguinte: “Quem no meio do inferno de Dachau, permaneceu durante mais tempo em condições de equilíbrio? Quem manteve por mais tempo o próprio sentido de identidade?”. A resposta foi coral e sempre a mesma: “Os sacerdotes católicos!”. Sim, os presbíteros católicos! Eles conseguiram-se manter-se no próprio equilíbrio, no meio de tanta loucura, porque estavam conscientes de sua vocação. Eles tinham a sua escala hierárquica de valores. A sua dedicação ao ideal era total. Eles estavam conscientes da sua missão específica e das motivações profundas que a sustentavam. No meio do inferno terreno, eles ofereciam o seu testemunho: o de Jesus Cristo!

Nós vivemos de modo instável. Existe uma instabilidade na família, no mundo, no trabalho, nas várias agregações sociais e profissionais, nas escolas e nas instituições. No entanto, o sacerdote deve ser constitucionalmente um modelo de estabilidade e de maturidade, de dedicação completa ao seu apostolado. No caminho inquieto da sociedade, apresenta-se com freqüência uma interrogação à mente do cristão: “Quem é o sacerdote no mundo contemporâneo? É um marciano? É um extraterrestre? É um fóssil? Quem é ele?” A secularização, o gnosticismo, o ateísmo nas suas várias formas, continuam a reduzir cada vez mais o espaço reservado ao sagrado, estão a esvaziar os conteúdos da mensagem cristã. Os homens das técnicas e do bem-estar, as pessoas caracterizadas pela febre da aparência, sentem uma extrema pobreza espiritual, uma vez que são vítimas de uma grave angústia existencial, e revelam-se incapazes de resolver as problemáticas fundamentais da vida espiritual, familiar e social.

Se desejássemos interrogar a cultura mais difundida, compreenderíamos que ela é dominada e impregnada pela dúvida sistemática e suspeita em relação a tudo aquilo que diz respeito à fé, à razão. “Deus é uma hipótese inútil – escrevia Camus – e estou totalmente persuadido que não me interessa”.

Na melhor das hipóteses, desce um silêncio pesado sobre Deus; mas chega-se com muita freqüência à afirmação do conflito insolúvel entre as duas existências destinadas a eliminar-se: ou Deus, ou o homem. Depois, se tivéssemos que lançar um olhar sobre o panorama global dos comportamentos morais, não poderíamos evitar a constatação da confusão, da desordem e da anarquia que reina nesta nossa época. O home faz-se o criador do bem e do mal. Concentra egoisticamente a atenção sobre si mesmo. Substitui a norma moral com o seu próprio desejo e procura os seus interesses pessoais.

Neste contexto, a vida e o ministério do presbítero tornam-se de importância decisiva e de urgente atualidade. Aliás – permita que o diga – quanto mais é marginalizado, tanto mais é importante, quando mais é considerado obsoleto, tanto mais é atual. O sacerdote deve proclamar ao mundo a mensagem eterna de Cristo, na sua pureza e radicalidade; não pode diminuir a mensagem mas, pelo contrário, deve elevar as pessoas; tem o dever de transmitir à sociedade anestesiada pelas mensagens de determinados autores ocultos, falsificadores dos poderes que valem, a força libertadora de Cristo. Todos sentem a necessidade de reformas no campo social, econômico e político; todos fazem votos a fim de que, nas lutas sindicais e na proclamação econômica sejam confirmadas e observadas a centralidade do homem e a promoção de finalidades de justiça, de solidariedade e de convergência para o bem comum. Tudo isto permanecerá somente um desejo, se não se transformar o coração do homem, de numerosas pessoas, que por sua vez devem renovar as estruturas..

Como podeis ver, o verdadeiro campo de batalha da Igreja é a paisagem secreta do espírito do homem, e nele não se entra desprovido de muito tato, de uma forte contrição, ou então sem a graça de estado prometida pelo sacramento da ordem. É justo que o sacerdote se insira na existência, na vida comum dos homens, mas não deve ceder aos conformismos nem aos compromissos da sociedade. A sã doutrina, mas também a documentação histórica demonstram-nos que a Igreja é capaz de resistir aos ataques, a todos os assaltos que podem ser desferidos contra ela pelas potências políticas, econômicas e culturais, mas não resiste ao perigo derivante do esquecimento destas palavras de Jesus: “Vos sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo”. O próprio Jesus indica a conseqüência deste esquecimento: “Se o sal se tornar insípido, como se preservará o mundo contra a corrupção?” (Cf. Mt 5, 13-14).

Para que serviria um presbítero tão assimilado com o mundo, a ponto de se tornar um sacerdote mimetizado, e já não fermento transformador? Diante de um mundo anêmico de oração e de adoração o sacerdote é, em primeiro lugar, o homem da oração, da adoração, do culto e da celebração dos santos Mistérios. Perante um mundo inundado de mensagens consumistas, pansexualistas, assaltado pelo erro, apresentado nos aspectos mais sedutores, o presbítero deve falar acerca de Deus e das realidades eternas; mas para o poder fazer de maneira credível, deve ser um crente apaixonado, e do mesmo modo deve estar “limpo”!

O presbítero deve aceitar a impressão de estar no meio do povo, como alguém que começa a partir de uma lógica e fala uma língua diferente dos outros: “Não vos conformeis com a mentalidade deste mundo” (Rm 12, 2). Ele não é como “os outros”. Aquilo que as pessoas esperam dele é precisamente que não seja “como todos os demais”. Diante de um mundo mergulhado na violência e corrompido pelo egoísmo, o presbítero tem o dever de ser o homem da caridade. Dos cumes puríssimos do amor de Deus, do qual faz uma experiência extremamente particular, desce ao vale, onde muitos levam a sua vida de solidão, de incomunicabilidade e de violência, para lhes anunciar a misericórdia, a reconciliação e a esperança. O sacerdote responde às exigências da sociedade, fazendo-se voz de quantos não a têm: os pequeninos, os pobres, os idosos, os oprimidos e os marginalizados. Ele não se pertence a si mesmo, mas ao próximo. Não vive para si próprio, nem procura aquilo que é seu. Ele busca o que é de Cristo, o que é dos seus irmãos. Compartilha as alegrias e os sofrimentos de todos, sem qualquer distinção de idade, de classe social, de pertença política ou de prática religiosa. Ele é o guia da porção do povo que lhe foi confiado. Sem dúvida, não o comandante de um exército anônimo, mas o pastor de uma comunidade formada por pessoas que têm, cada uma, o próprio nome, a sua história, o seu destino e o seu segredo.

O sacerdote tem a tarefa difícil, mas exaltante, de orientar estas pessoas com a atenção mais religiosa e com o respeito mais escrupuloso pela sua dignidade humana, pelo seu trabalho e pelo seus direitos, com a plena consciência de que, à sua condição de filhos de Deus, corresponde nelas uma vocação eterna, que se realiza na plena comunhão com Deus. O presbítero não hesitará em oferecer a própria vida, ou num breve mas intenso período de dedicação generosa e sem limites, ou numa entrega cotidiana, prolongada, no sacrifício de gestos de serviço humilde ao seu povo, sempre orientado para a defesa e a formação da grandeza humana e do crescimento cristão de cada fiel individualmente e de todo o seu povo.

O sacerdote deve ser pequeno e contemporaneamente grande, nobre de espírito como um rei, simples e natural como um camponês. Um herói na conquista de si mesmo, o soberano de seus desejos, um servidor para os pequeninos e os mais frágeis; que não se inclina diante dos poderosos, mas se debruça perante os pobres e deserdados, discípulo do seu Senhor e chefe da própria grei. Nenhum dom mais precioso pode ser oferecido à comunidade de um sacerdote, segundo o Coração de Cristo. A esperança do mundo consiste em poder contar, também em relação ao futuro, sobre o amor de corações sacerdotais límpidos, fortes e misericordiosos, livres e mansos, generosos e fiéis.

Queridos amigos, se os ideais forem demasiados elevados, o caminho difícil, o terreno talvez também minado e as incompreensões numerosas, todavia tudo podemos n’Aquele que nos conforta (cf. Fl 4, 13). O eclipse da luz de Deus e do seu amor não representam a extinção da sua luz e do seu amor. Já amanhã aquilo que se tinha insinuado, ofuscando a fé e encurralando o mundo numa obscuridade assustadora, poderia dissipar-se, e depois de uma prolongada pausa, do intervalo demasiado longo do eclipse, o sol poderia voltar a brilhar, plena e esplendorosamente. Para além das inquietações e contestações que agitam o mundo, fazendo-se sentir inclusive no seio da Igreja, entram em ação as forças de santidade secretas, escondidas e fecundas. Mais além de rios de palavras e de discursos, de programas e de planos, de iniciativas e de organizações, existem almas santas que rezam, sofrem e expiam, adorando o Deus-conosco. No meio delas encontram-se crianças e adultos, homens e mulheres, jovens e idosos, pessoas doutas e ignorantes, doentes e sadios, encontram-se inclusive numerosos presbíteros, que não são só dispensadores dos mistérios de Cristo, mas na babel contemporânea, permanecem como sinais de referência e de esperança seguros para aqueles que se põem em busca da plenitude, do sentido, da meta e da felicidade.


https://www.presbiteros.org.br/

O QUE É REZAR?

Crédito: O Fiel Católico
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)

Há ainda lugar para a oração no corre-corre do cotidiano marcado por um crescente processo de secularização? A oração encontra ainda lugar em nosso cotidiano? O que é oração?

Conta-se de uma senhora de idade avançada que diariamente reservava tempo para o cultivo da oração. Pálpebras veladas, murmurava Ave-marias enquanto as contas do rosário iam deslizando por entre os dedos. Perguntaram-lhe: “o que é que a senhora está fazendo?” Com olhar tranquilo e voz mansa, um tanto admirada, ela respondeu: “Não estou fazendo nada. Estou apenas seguindo o fio da oração”. De forma lacônica ela, então, explicou que não era ela que fazia a oração, mas era a oração que a conduzia. Replicaram-lhe: “Mas o que é isso que a conduz?” A senhora com simplicidade respondeu: “não sei. Só sei que me carrega, como uma grande corrente de água”.

Alguém experto na doutrina cristã e em métodos de oração poderia acusar essa senhora de ignorância. Diria provavelmente que ela não sabia da doutrina cristã e nem possuía o conceito de um Deus pessoal. Consideraria certamente aquela senhora ingênua, simplória.

Há uma antiquíssima tradição cristã que propõe um método de oração que pode ser de auxílio para quem se sente atingido e desafiado pelo ritmo contemporâneo de vida, marcado por celeridade. Trata-se daquilo que se cunhou denominar a “oração de Jesus”. Ela consiste na repetição da súplica “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus Vivo, tem piedade de nós”. Sugere-se uma sintonia entre a oração e a respiração. São João Clímaco dizia: “Que a memória de Jesus se una inteiramente à tua respiração e tu conhecerás a significação do silêncio”.

Essa forma de oração do coração, silenciosa, pessoal e íntima não aponta para uma espiritualidade marcada pela evasão do mundo, mas, sim, de tudo o que é imundo.

Não encontraríamos nesta forma de rezar, uma indicação para resgatar a intimidade com Nosso Senhor e Mestre? Não seria este um método de oração chancelado pela nobre tradição cristã, capaz oferecer sentido à vida humana e resgatar seu sentido profundo e transcendental?

CNBB

Gotas de sabedoria para um "Mês com Maria"

Imaculada Virgem Maria | Vatican News

O Cardeal Angelo Comastri, Vigário emérito do Papa para a Cidade do Vaticano, reflete, em 31 vídeo-meditações, uma para cada dia de maio, sobre as raízes da devoção à Virgem, entre casos e histórias de conversão.

Eugenio Bonanata - Vatican News

O Cardeal Angelo Comastri aceitou, de bom grado, o convite da Telepace – canal de televisão católico - para fazer, durante este mês de maio, um ciclo de breves vídeos diários, intitulado “Um mês com Maria”, com o objetivo de colher, na sua intimidade, o amor dos fiéis e da Igreja pela Mãe de Cristo. Os 31 episódios serão transmitidos, todos os dias deste mês mariano, através de vários canais: na Web e redes sociais do Vatican News, na parte da tarde.

Um percurso inesperado

“Vou narrar uma série de conversões e milagres nos quais se toca com a mão a presença de Nossa Senhora”, afirma o Cardeal Comastri, que, através dos vários vídeos, traça um percurso inesperado, no qual qualquer pessoa se pode reconhecer facilmente. Isto acontece porque a habilidade da comunicação se entrelaça com a força de uma narração que, muitas vezes, questiona as experiências únicas de fé de personagens como Ungaretti, Carducci, Papini, Napoleão Bonaparte, entre outros.

Nossa Senhora é uma escolha de Deus

“O mês de maio é uma oportunidade que deve ser levada a sério”, acrescenta o Cardeal Angelo Comastri ao falar sobre este ciclo, que nasce dentro da sua capelinha particular, na sua residência vaticana. “Nossa Senhora - explica o Cardeal - é uma escolha de Deus. Por isso, coloquemo-nos também nós ao seu lado para impelir o mundo em direção ao Senhor. Eis o poder da oração, que Nossa Senhora nos recorda, em Lourdes e Fátima. Em cada uma das suas aparições ela sempre pediu para rezar pela conversão do mundo”.

Pedidos do mundo inteiro

Esta nova iniciativa mariana, neste mês de maio, pode ser acrescentada à oração do terço que o Cardeal começou a transmitir em vídeo, ao vivo, da Basílica de São Pedro, desde o último dia 17 de abril, como ele mesmo explica: “Trata-se de um retorno devido aos muitos pedidos vindos de fora, de numerosas pessoas e também de diversas nações”. De fato, são numerosas as cartas de gratidão que o purpurado recebe continuamente: muitas narram testemunhos de pessoas que voltaram à fé, graças a esta oração, transmitida graças à colaboração dos vários meios de comunicação católicos.

Serei sacerdote até o fim

Apesar de ter, recentemente, renunciado a todos os seus encargos no Vaticano, “por ter se aposentado”, as atividades do Cardeal Angelo Comastri não param. Ele mesmo faz questão de explicar que “um sacerdote, como todo cristão, nunca se aposenta. Mudam os tempos, os métodos e instrumentos de apostolado, mas, para mim, estou feliz em dizer que serei sacerdote até meu último respiro”.

Por outro lado, até Madre Teresa de Calcutá incentivou sempre o Cardeal Angelo Comastri a desfrutar das suas qualidades de comunicador. De fato, ele lembra que “Madre Teresa sempre me dizia: “O Senhor deu-lhe o dom da palavra simples, clara, acessível a todos; por isso, deve colocá-la à disposição de todos”. Nunca me esqueço que, certa vez, apontando o dedo para mim, me disse: “Se não fizer assim, o senhor terá que assumir uma grande responsabilidade!” Por isso procuro colocar à disposição esta capacidade que o Senhor me deu, para levar as pessoas a Ele. Eis o meu objetivo!".

Vatican News

8 dicas para viver o mês de Maria

Virgem Maria com Jesus / Flickr Lawrence OP (DC-BY-NC-ND-2.0)

REDAÇÃO CENTRAL, 02 mai. 21 / 05:00 am (ACI).- “Grande coisa é o que agrada a Nosso Senhor qualquer serviço que se faça à sua Mãe”, dizia Santa Teresa de Jesus. Por isso, em maio, mês de Maria, selecionamos algumas dicas que poderão te ajudar a viver mais intensamente estes dias marianos.

1. Ambientar um lugar

O primeiro é ambientar a casa, o escritório ou o lugar onde esteja. Há lares ou locais de trabalho católicos que costumam montar um altar, em um lugar especial, com uma imagem ou quadro da Virgem, adornado de flores e tecidos.

No escritório, é possível colocar uma imagem de Nossa Senhora ao lado do teclado ou como fundo de tela do computador e também do celular.

2. Leitura sobre a Virgem

Para se aprofundar mais nas maravilhas que Deus realizou e segue realizando na Virgem, é recomendável ler algumas passagens bíblicas como a Anunciação, o Nascimento de Jesus, a apresentação do menino no templo e Maria aos pés da cruz.

Por outro lado, um fato que também contém muitas mensagens para o mundo e vem dos lábios da própria Mãe de Deus é a aparição da Virgem de Fátima aos três pastorinhos, cuja festa é celebrado no próximo 13 de maio, quando será comemorado o centenário das aparições.

3. Rezar o Rosário

Como se sabe, a oração do Santo Rosário é uma das prediletas da Igreja que a própria Santíssima Virgem ensinou São Domingos de Gusmão a rezar.

Dentro das promessas da Rainha do Rosário tiradas dos escritos do Beato Alano della Rupe estão: prometo minha especialíssima proteção e grandes benefícios aos que devotamente rezem meu Rosário; a alma que se encomende a mim pelo Rosário não perecerá.

4. Participar de procissões

Um costume que ainda se vive em alguns povos é a oração da aurora, na qual um grupo de fiéis sai em procissão pelas ruas nas primeiras horas com uma imagem da Virgem e invocando o auxílio de Maria com o Rosário, orações marianas e cantos.

5. Receber os sacramentos

Do mesmo modo, não pode haver verdadeira devoção à Virgem se não participar dos sacramentos, especialmente da Reconciliação e da Eucaristia, onde Jesus espera seus irmãos com os braços abertos.

6. Realizar obras de Misericórdia

Convencidos do amor de Maria pela humanidade e fortalecidos com as graças sacramentais de nosso Senhor Jesus Cristo, é tempo de sair em ação ajudando, por exemplo, alguma mãe grávida em necessidade ou visitando o asilo de idosos, nos quais sempre há alguma mulher mais velha que se sente sozinha e incompreendida.

7. Realizar apostolado

É importante transmitir esta fé às futuras gerações. Faz muito bem às crianças, adolescentes e jovens falar com eles sobre como a Virgem os ama muito e ensiná-los a rezar à Mãe de Deus.

8. Dar de presente objetos abençoados

Também se recomenda dar de presente uma Medalha Milagrosa ou o Escapulário da Virgem do Carmo, abençoados por algum sacerdote, para que sempre que virem a imagem, lembrem-se da proximidade da Mãe de Deus e do muito que os estimava quem a deu de presente.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF