Fé e família na nova
evangelização
Num texto do Magistério sobre a família, o Papa João Paulo II afirmava que “a família nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura”.
14/05/2014
Num texto do Magistério sobre a família, o Papa João Paulo II afirmava
que “a família nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições,
tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da
sociedade e da cultura”[1].
Com estas palavras, o Papa observava como a perda do sentido do
compromisso ou do amor que se percebe em alguns ambientes, embaçou
progressivamente o valor, a natureza e a missão da família, provocando a
desorientação de muitas pessoas.
Trinta anos depois, esta observação continua plenamente vigente e não
nos desanima, mas estimula o nosso otimismo humano e sobrenatural.
O Prelado do Opus Dei recorda com frequência “a família precisa
urgentemente de que se reafirme o seu humus originário,
querido por Deus na criação, que infelizmente os costumes e as leis civis de
muitos países se empenham em perverter”[2]. No
contexto marcado pelo Sínodo sobre a Nova Evangelização, este é um momento
propício para redescobrir o papel fundamental do matrimônio e da família, pois
aqui está em jogo o futuro da Igreja e da humanidade.
A família, igreja doméstica
A família é insubstituível para o homem, pois constitui a célula
primeira e original da sociedade; nela o homem e a mulher são acolhidos e
tratados pela primeira vez como a sua dignidade requer: com amor desde a
concepção até a morte, sendo amados pelo que são. É no lar onde cada pessoa
aprende a amar e ser amada. O ser humano precisa da família, não só pela sua
fragilidade e pela necessidade que tem dos outros para sobreviver, mas
principalmente para atingir a sua plenitude.
Partindo destes princípios, se entende por que a qualidade moral do
homem e da sociedade está ligada à família. De fato, o homem e a sociedade
serão o que a família for. Precisamos urgentemente compreender que o futuro da
humanidade passa por esta instituição: ali onde encontra o seu lugar e é protegida,
mantendo em segurança a sua natureza, a sociedade consegue promover o
desenvolvimento completo e integral dos seus cidadãos. Pelo contrário, onde é
atacada e desprezada, o bem comum é danificado. Por isso proteger a família é
“uma tarefa de importância capital, em que os católicos coincidimos com pessoas
de outras crenças, ou sem religião alguma, conscientes de que a promoção da
família – comunhão de amor entre um homem e uma mulher, indissolúvel e aberta à
vida – constrói uma coluna insubstituível para a reta orientação da sociedade,
e um fundamento importante para que os homens atinjam a maturidade e a
felicidade”[3].
A defesa da família não é uma questão religiosa ou privada. O ser
humano, o fundamento da sociedade, nasce e se desenvolve na família. Por isso
“Nenhum país do mundo, nenhum sistema político pode pensar no seu futuro senão
através da imagem destas novas gerações que assumirão dos pais o múltiplo
patrimônio dos valores, dos deveres e das aspirações da nação à qual pertencem,
e o de toda a família humana”[4]. Por
outro lado, a identidade da família cristã não está circunscrita só nisso. Deus
quis lhe dar um papel fundamental para a vida da graça e para a relação de cada
pessoa com Deus. A Constituição Dogmática Lumen Gentium afirma
que nesta espécie de Igreja doméstica “devem os pais, pela palavra e pelo
exemplo, ser para os filhos os primeiros arautos da fé e favorecer a vocação
própria de cada um”[5]. A
família cristã é uma autêntica 'igreja doméstica': “participa na vida e na
missão da Igreja”[6],
pois os casais cristãos “não só 'recebem' o amor de Cristo tornando-se
comunidade 'salva', mas também são chamados a 'transmitir' aos irmãos o mesmo
amor de Cristo, tornando-se assim comunidade 'salvadora'“[7].
Para cumprir esta missão, é necessário um movimento em duas direções,
porque só uma família evangelizada, que acolheu o Evangelho e permitiu que
frutificasse nos seus membros, pode ser evangelizadora. Por isso em primeiro
lugar a igreja doméstica deve acolher em si mesma a mensagem de Cristo:
converter-se num lugar onde se aprende a fé, e em que as relações entre as
pessoas são vivificadas pela graça de Deus. Deste modo, a família cristã poderá
ser luz para os outros homens, e instrumento de Deus eficaz para a nova
evangelização.
maio 2013
© CRIS 2013
___________
[1] Cfr.
João Paulo II, Exhort. apost. Familiaris consortio, n. 1.
[2] D.
Javier Echevarría, Carta, 2-10-2011, n. 30
[3] D.
Javier Echevarría, Carta, 2-10-2011, n. 30
[4] São
João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio, n. 11
[5] Conc.
Vaticano II, Const. dogm. Lumen Gentium, n. 11
[6] São
João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio, n. 49
[7] São
João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio, n. 49
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