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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Apresentação do Senhor

Apresentação do Senhor | Opus Dei
02 de fvereiro

Festa da Apresentação do Senhor

Reflexão para meditar no dia 2 de fevereiro, Festa da Apresentação do Senhor. Os temas propostos são: a festa do encontro; Simeão era um homem esperançado; impulsionados pelo Espírito Santo.

PASSADOS QUARENTA DIAS do nascimento de Jesus, a Sagrada Família viaja ao Templo em Jerusalém a fim de cumprir duas prescrições da Lei: a apresentação do primogênito (cf. Ex 13, 2. 12-13) e a purificação da mãe (cf. Lev 12, 2-8). Os dois mistérios estão unidos na festa de hoje.

Por um lado, a apresentação do primogênito recordava a salvação dos primogênitos hebreus no Egito. De acordo com a lei de Moisés, o primogênito masculino era propriedade de Deus e devia ser “consagrado ao Senhor” (Lc 2, 23), pelo que esta cerimônia era considerada uma espécie de “resgate”. Por outro lado, a purificação da mãe realizava-se quarenta dias após o parto. Até então, a mulher não podia aproximar-se dos lugares santos, pois estava manchada por uma certa impureza depois de dar à luz. Na cerimônia de purificação, era oferecido um duplo sacrifício: um cordeiro e uma rola ou pombo jovem; mas se a mulher fosse pobre, podia oferecer duas rolas ou dois pombos jovens. “E desta vez serás tu, meu amigo, quem leve a gaiola das rolas. – Estás vendo? Ela – a Imaculada! – Submete-se à Lei como se estivesse imunda”[1]. O evangelista especifica que Maria e José ofereceram o sacrifício dos pobres (cf. Lc 2, 24).

“Logo chegará ao seu templo o Dominador” (Ml 3, 1), diz o profeta Malaquias na primeira leitura. É um momento único e belo: o Filho de Deus entra no seu próprio templo. É por isso que o salmo responsorial canta: “Ó portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, a fim de que o Rei da glória possa entrar! Dizei-nos: Quem é este Rei da glória? É o Senhor, o valoroso, o onipotente, o Senhor, o poderoso nas batalhas!” (Sl 23, 7-10). Na realidade, porém, o “Deus poderoso” não queria entrar no Templo ao som de trombetas, mas apenas como uma criança entre outras. No meio das constantes idas e vindas de pessoas, entre peregrinos, devotos, sacerdotes e levitas: ninguém soube o que estava acontecendo. Apenas dois idosos, Simão e Ana, tiveram o “Rei da Glória” em seus braços. Por este motivo, a festa da Apresentação do Senhor no Templo “é a festa do encontro: a novidade do Menino encontra-se com a tradição do templo; a promessa encontra o seu cumprimento; Maria e José, os jovens, conhecem Simeão e Ana, os idosos. Tudo se encontra, em suma, quando Jesus chega”[2].

SIMEÃO era um homem “justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor” (Lc 2, 25-26). Simeão estava sempre preparado para o encontro com Deus porque, como as virgens sensatas da parábola, transportava a lâmpada cheia de azeite. Era um homem idoso que tinha a juventude permanente da esperança. Movido pelo Espírito, subiu ao Templo para rezar. Quando viu a família que vinha de Belém, e olhou para o menino, percebeu que ele não era um dos muitos que vinham ao Templo todos os dias. Neste bebê, que ele tomou nos seus braços, cumpriam-se todas as profecias: ele era o esperado, o primogênito de uma nova humanidade, o consagrado do Pai.

“Simão não se deixou desgastar pela passagem do tempo. Era um homem já carregado de anos, e, no entanto, a chama do seu coração ainda ardia; na sua longa vida deve ter sido ferido algumas vezes, desapontado; no entanto, não perdeu a esperança. Com paciência, guardou a promessa – cumprir a promessa – sem se deixar consumir pela amargura do tempo passado ou por aquela melancolia resignada que surge quando se chega ao ocaso da vida. A esperança da espera traduziu-se nele na paciência diária de alguém que, apesar de tudo, permaneceu vigilante, até que finalmente "os seus olhos viram a salvação" (cf. Lc 2, 30)”[3].

Com o auxílio do Espírito Santo, Simeão chamou Jesus de “luz” para iluminar as nações (cf. Lc 2, 29-35). A liturgia de hoje começa com uma procissão de velas, significando que Cristo é a luz que vem ao mundo para iluminar as pessoas que, sem Deus, só tropeçam na escuridão. A palavra de Deus é, em palavras de São Josemaria, “luz e esperança nos corações”[4]. Provavelmente isto fazia parte do segredo de Simeão para manter viva aquela sua juventude: a abertura sincera à palavra de Deus, sempre com um novo olhar.

DEPOIS de Simeão, a família de Belém encontrou-se com Ana, uma profetisa idosa, que ia diariamente ao Templo, “dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações” (Lc 2, 37). Esta viúva idosa, ao encontrar o Menino, louvou a Deus e falou d’Ele “a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2, 38). Ambos os anciãos profetizam que Jesus é o Messias há muito esperado, e preveem a sua morte e ressurreição para salvar todas as nações.

Vislumbra-se na cena a presença do Espírito Santo, movendo “os passos e os corações daqueles que o esperam. É o Espírito que sugere as palavras proféticas de Simeão e Ana, palavras de bênção, de louvor a Deus, de fé no seu Consagrado, de ação de graças porque finalmente os nossos olhos podem ver e os nossos braços acolher a sua salvação”[5]. Neles descobrimos modelos maravilhosos de docilidade. O Espírito Santo era o verdadeiro motor das suas vidas, “estava neles”, guiava-os, empurrava-os, falava em seus corações, ditava as suas palavras. São um ícone de santidade, porque ouvem e proclamam a Palavra de Deus, procurando resolutamente o rosto de Cristo, as suas pegadas, a sua vontade.

“No templo, Jesus vem ao nosso encontro, enquanto nós vamos ao seu encontro. Contemplamos o encontro com o velho Simeão, que representa a expectativa fiel de Israel e a exultação do coração pelo cumprimento das antigas promessas. Admiramos também o encontro com a idosa profetisa Ana que, ao ver o Menino, exulta de alegria e louva a Deus. Simeão e Ana representam a espera e a profecia, Jesus é a novidade e o cumprimento: Ele se apresenta a nós como a perene surpresa de Deus; neste Menino que nasceu para todos encontram-se o passado, feito de memória e de promessa, e o futuro, repleto de esperança”[6]. Podemos imaginar como Simeão e Ana devem ter admirado a Virgem Maria, que carregava essa esperança em seu ventre. Ela pode interceder para que nas nossas vidas nunca falte o alento do Espírito Santo, que faz novas todas as coisas.

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[1] São Josemaria, Santo Rosário, 4.º mistério gozoso.

[2] Francisco, Homilia, 2/02/2019.

[3] Francisco, Homilia, 2/02/2021.

[4] São Josemaria, Via Sacra, 1.ª estação.

[5] Bento XVI, Homilia, 2/02/2013.

[6] Francisco, Homilia, 2/02/2016.


Fonte: https://opusdei.org/pt-br

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

As cartas de São Paulo

As cartas de São Paulo | arquifln

As cartas de São Paulo

A tradição cristã reconheceu 14 cartas de são Paulo das 21 do Novo Testamento. As cartas na antiguidade Greco-romana eram de dois gêneros: as cartas familiares, comerciais, políticas etc. e as epístolas, espécie de tratados sobre um certo tema, dedicados a alguma personalidade, a um amigo ou familiar.  Os escritos paulinos são de ambos gêneros.

A ordem em que aparecem na Bíblia é artificial. São agrupadas primeiro as que se dirigem às comunidades, depois à pessoas particulares, primeiro as mais longas e depois as mais curtas. A Epístola aos Hebreus é uma exceção, pois sempre está colocada no final de todas. As cartas não aparecem pois em ordem cronológica na Biblia.

As cartas aos Tessalonicenses: são consideradas por todos os estudiosos como as primeiras cartas de São Paulo (e primeiras do Novo Testamento). Foram escritas em Corinto entre os anos 50 e 52.

Essas cartas tratam fundamentalmente da Parusia, ou segunda vinda de Cristo e da ressurreição dos mortos. O Apóstolo diz que desconhece o tempo dos acontecimentos porque não foram revelados por Cristo e poe  ênfase na vigilância e na importância do trabalho. Chega a dizer o Apóstolo: “quem não quiser trabalhar, que também não coma” (2 Tes 3,10).

As grandes Epístolas:

São assim chamadas as cartas aos Gálatas, 1ª e 2ª aos Coríntios e aos Romanos, escritas durante a terceira viagem missionária (53-58 d.C.).

Gálatas: o tema principal é o da liberdade dos cristãos, relativamente ao cumprimento das complexas prescrições do Judaísmo. Alguns pensavam que era necessária a observância da Lei de Moisés e de suas tradições orais para a salvação. Essa controvérsia (que já estava resolvida pelo concílio apostólico de Jerusalém) ofereceu ocasião de explicar o valor redentor da Paixão de Cristo, na qual nos inserimos pela fé e pelo Batismo, com absoluta independência da Antiga Lei, pedagoga da história da Salvação.

Coríntios: a cidade de Corinto era uma cidade com 2 portos, era uma das cidades mais importantes do Império Romano. Tinha muitas religiões, cheia de degradação moral e religiosa. Aí havia o culto a Afrodite e as mil sacerdotisas dedicadas ao culto a essa deusa, por meio da “prostituição sagrada”. No entanto essa comunidade estava repleta das graças de Deus, com uma grande diversidade de carismas especiais. A primeira epístola aborda o tema da unidade dos cristãos e dos cristãos, pois havia ali divisões (partidos) entre os neófitos. Censura com energia os abusos morais mantidos por alguns cristãos convertidos, e tolerados pela comunidade (caso do incestuoso). Por isso explica a natureza do matrimonio e da castidade (cap. 7). Responde à questão da liceidade de comer carne de animais sacrificados aos ídolos. Entre os temas importantíssimos que trata são Paulo nessa carta está o tema da Eucaristia (sua instituição pelo Senhor, a presença real de Cristo nas espécies eucarísticas, e a disciplina sobre o Ágape, que acompanhava as Eucaristias). Trata também o tema da ressurreição dos mortos (cap. 15), e da ordenação dos carismas do Espírito Santo.

Na Segunda Epístola: trata de defender sua autoridade de Apóstolo, negada por alguns. Diz que foi chamado diretamente por Cristo e foi incorporado ao grupo dos Doze. Aí aparece o coração de pastor de São Paulo, o amor pelos seus filhos na fé e a fortaleza do seu espírito, e o sentido de sua responsabilidade que lhe exige a sua vocação.

Romanos: é a mais longa de seu epistolário e é considerada a mais importante. Trata da obra redentora de Cristo (aprofundando a carta aos Gálatas). Começa com uma profunda saudação e segue dando uma visão da humanidade não redimida; contempla a degradação moral dos gentios e os pecados semelhantes dos judeus, para concluir na necessidade da Redenção realizada por Cristo para alcançar o perdão de Deus e a graça. A salvação provem unicamente de Cristo e a ela aderimos pela fé, dom gratuito de Deus, não efeito das nossas obras. O Batismo nos enxerta em Cristo, podemos e devemos fazer o bem, praticar a virtude, pelo Espírito Santo, que habita em nós e completa a obra da justificação começada por Cristo, tornando-nos santos e filhos adotivos do Pai. A segunda parte da carta São Paulo aplica a doutrina ao comportamento moral do cristão: a “vida no Espírito” é o cristão que se deixa guiar pelo Espírito, que lhe dá uma vida nova, com todas suas conseqüências.

Epístolas do Cativeiro:

Paulo as escreveu no seu cativeiro em Roma, entre os anos 58 e 63.

Filemon: enviada ao cristão Filemon para que esse receba a Onésimo, escravo dele que se tinha fugido e refugiado em Roma, onde se tinha convertido, por meio de São Paulo. O Apóstolo ensina que eles agora são irmãos e assim devem ser tratados.

Filipenses: a comunidade de Filipos era constituída por antigos legionários retirados, com suas famílias. São Paulo os considerava seus queridos filhos, com uma fidelidade inquebrantável e generosa correspondência. O ponto doutrinal mais importante é o hino cristológico (Fil 2,6-11) que canta a humilhação de Cristo na sua encarnação, vida morte e sua gloriosa ressurreição.

Colossenses: essa comunidade enfrentava dificuldades doutrinais, pois alguns pregavam que Cristo era um ser intermédio entre Deus e a matéria. São Paulo então aprofunda temas capitais sobre Cristo. Ele é superior a todos os seres, a todos os anjos. Por isso afirma: “em Cristo habita toda a plenitude da divindade corporalmente” (Col 2,9). Jesus Cristo é pois Deus eterno, que ao tomar a natureza humana não deixa de ser Deus e, portanto, é o primeiro e superior a todos. Depois São Paulo dá diversos ensinamentos morais aos cônjuges, servos e senhores.

Efésios: é o ponto culminante no itinerário espiritual e doutrinal de São Paulo, no que diz respeito ao mistério de Cristo, da obra da Redenção e da teologia da Igreja. Trata quase os mesmos temas de Col. com maior profundidade e serenidade. Aí afirma que Cristo Jesus é a cabeça de todos os seres, tanto celestes quanto terrestres. O seu senhorio é absoluto e Ele é o Salvador de todos. Ef 1,3-14 é um grande hino que louva o plano salvador de Deus por meio de Cristo em favor da humanidade. Contempla o mistério profundo da Igreja na sua unidade e totalidade inseparáveis, instrumento universal da salvação que Cristo criou como Seu Corpo, Sua plenitude, Sua esposa imaculada, para aplicar à humanidade a salvação que Ele realizou com sua morte e ressurreição. Todo fiel deve pois viver a unidade na caridade, pois forma parte de um só corpo com Cristo, animado pelo mesmo Espírito.

Epístolas Pastorais:

Esses escritos (1 e 2 Tim. e Tito) são para orientar e ajudar aos discípulos na sua tarefa de auxiliares de São Paulo no governo pastoral de várias Igrejas. Aqui São Paulo afirma que o conteúdo da lei moral natural presente na Lei de Moisés não caducou; também vai explicar que a Igreja tem uma ordem e uma disciplina (como tratado na carta aos Coríntios). A hierarquia eclesiástica esta em período de gestação, ainda não distinguiu um vocabulário preciso para designar os ofícios dos bispos e dos presbíteros, ainda que seja clara a ordem diferente de bispos e presbíteros, dum lado, e os diáconos, do outro. Nas Cartas de Santo Inácio de Antioquia (morto em 107) a instituição dos diversos graus da ordem está perfeitamente determinada. Nessas cartas Paulo se preocupa em consolidar as Igrejas já fundadas.

Epístola aos Hebreus:

Muito provavelmente foi escrita por um discípulo de São Paulo, mas transmitem as idéias do Apóstolo. Foi escrita a um grupo de cristãos provenientes do judaísmo, na qual predominava um número de sacerdotes e levitas do Templo de Jerusalém. São Paulo se dirige a eles para os reconfortar na fé, argumentando para eles que os antigos sacrifícios do Templo, e o próprio Templo não eram senão uma figura, uma sombra antecipada da realidade do único sacrifício que é o de Cristo, verdadeiro Templo e Sumo Sacerdote. Aqui São Paulo desenvolve a doutrina sobre o sacerdócio e o sacrifício de Cristo.

Ano  Cronologia tradicional (Vida)
8 d.C.  Nascimento
33  Conversão
36  Jerusalém (1ª visita)
46  Jerusalém (fome): Hch 11
47-48  Primeiro viajem missionário
49  Conferência apostólica
50  Chegada de Paulo a Corinto
51/52  Paulo deixa Corinto
53  Paulo chega a Éfeso
56  Paulo deixa Éfeso
56  Paulo chega a Corinto
57  Paulo em Filipos
57  Paulo chega a Jerusalém
59  Paulo ante Festo
60  Paulo chega a Roma

Ano  Cronologia tradicional (Cartas)
50/51 1  Tessalonicenses: Corinto
51/52 2  Tessalonicenses: Corinto
56 1  Coríntios: Éfeso
57 2  Coríntios: Macedônia
57/58  Gálatas: Macedônia/Corinto
58  Romanos: Corinto
Filipenses
Filemón
61-63  Colossenses: Roma
61-63  Efésios: Roma
61-63 2  Timoteo: Roma

A sua paciência nos espera (2/3)

Rembrandt, Cristo e a adúltera, Munique, Sala das 
Estampas | 30Giorni

Arquivo 30Dias – 03/2003

Luciani e a confissão

A sua paciência nos espera

“O Senhor é um pai que espera no portão. Que nos vê quando ainda estamos longe, e se enternece, e, correndo, vem se atirar ao nosso pescoço e nos beijar com ternura... Nosso pecado, então, transforma-se quase numa joia que podemos lhe dar de presente para prover-lhe a consolação de perdoar... Agimos como senhores, quando damos joias de presente. E não é derrota, mas uma vitória cheia de alegria deixar Deus vencer!”

de Stefania Falasca

“Que seria de mim, pobre coitado,
se não houvesse a confissão”
(santo Cura d’Ars)
Entre os confessores de Albino Luciani, são lembrados em particular alguns monges da Cartuxa de Vedana, mosteiro que gostava de frequentar desde os tempos de Beluno, frequência que não deixou de lado durante todo o período em que foi bispo de Vitório Vêneto. E se nos trinta e três dias de pontificado manteve como seu confessor o jesuíta Paolo Dezza, que fora também confessor de Paulo VI, quando estava em Veneza ia com frequência ajoelhar-se no confessionário do padre Leandro Tiveron, jesuíta também. Modesto e reservado, padre Tiveron pronunciou poucas palavras a respeito de seu ilustre penitente, depois de sua morte: “Luciani foi um exemplo de coragem e confiança indestrutível em Deus, de humildade unida a uma grande fortaleza de espírito”. São palavras que remetem uma vez mais à história humana boa, simples e misteriosa que Luciani encontrara quando criança na fé de sua mãe, de padre Filippo Carli, seu pároco em Canale, amigo e coetâneo de padre Cappello. Assim, lembrou tantas vezes as orações que aprendeu com a mãe e sua infância em Canale, os episódios daquela piedade humaníssima, de devoção, de amor por Jesus que vira e vivera quando criança. A verdade é que devia muito a seu pároco. Devia a ele ter-se tornado padre. Dele aprendera que, para um padre, não há coisa maior e mais frutuosa que batizar, dar a eucaristia, absolver os pecados. In persona Christiý E dele aprendera também toda a sinceridade e a humildade na confissão. “Vejam”, disse Luciani uma vez num encontro durante a Quaresma, “que o Senhor nos deu a confissão como instrumento da Sua misericórdia, e portanto de paz para nós. Não é preciso angustiar-se, ter medos demais. E não é preciso remoer os pecados cometidos. Vocês os confessaram? Pronto, não pensem mais neles. É claro que a confissão deve ser simples, límpida. Alguns, quando vão se confessar, fazem um exame de consciência um pouco complicado, pois pensam: tenho de me sair bem. ‘Esse não é o lugar para se sair bem!’, dizia sempre meu pároco. Então, não é simples: é melhor falar claramente, com poucas palavras, o que se tem a dizer. O que houve, com brevidade, com humildade, sem rodeios. [...] Mais que entrar em exames de consciência muito complicados, é importante pedir ao Senhor que nos faça sentir dor pelos pecados”. A paciência para explicar com clareza as fórmulas do catecismo, com exemplos eficazes que todos pudessem compreender, sempre foi uma prerrogativa de Luciani. “Uma vez, durante uma aula de catecismo em Canale”, lembra a irmã, Antônia, “ouvi Albino explicar a importância da confissão com exemplos contados pelo Cura d’Ars, que repetia sempre: ‘Que seria de mim, pobre coitado, se não houvesse a confissão? Que seria de nós?’. E recomendava que as pessoas se confessassem com frequência. ‘As mães’, dizia Albino, ‘por acaso não trocam sempre suas crianças? A alma também é assim: nós sempre temos faltas e temos sempre de nos lavar, não uma vez ou duas por ano, mas devemos nos confessar com freqüência, se for possível’”. Indicava explicitamente a seus sacerdotes: “Sejamos fiéis ao que diz o código: Frequentará. Vários sínodos dizem: toda semana. Procurem ser fiéis. Um pouco de esforço, mas depois a pessoa fica melhor, fica mais contente, retoma as forças. O arrependimento contínuo, a humilhação contínua também é útil e salutar”.
Os anos do patriarcado de Veneza foram os mais difíceis para Albino Luciani. E foi lá, em Veneza, que teve de se dar conta com amargura do quanto aquela herança cristã tão cara estava cada vez mais longe do horizonte da vida. “Ouve-se cada vez com mais freqüência: ‘O pecado não existe’. Essa maneira de pensar está realmente na última moda, e assusta”, escrevia numa carta aos párocos, continuando: “Há sacerdotes que não acreditam mais na confissão. [...] Pecados sempre existiram, sempre choveram - não há muito o que dizer -, até mesmo na Idade Média cristã. Mas as pessoas sabiam que pecavam, rompiam a lei até mesmo com pecados graves, mas continuavam a respeitar a lei rompida e nem sonhavam em negar o pecado. Hoje, no entanto, dizem que não existem leis muito menos pecados. [...] É isso que assusta”. Em 1974, por ocasião dos exercícios espirituais para o clero, disse: “Não tenho vontade nenhuma de ser heresiólogo; mas às vezes tenho uma forte tentação de apontar sinais de quietismo e semiquietismo, de pelagianismo e semipelagianismo em escritos e discursos que ou descrevem o trabalho pastoral como se tudo dependesse dos homens ou falam de nós, pobres homens, como se não tivéssemos mais de nos preocupar com o pecado...”. E respondeu decidido aos sacerdotes que lamentavam uma queda no número de confissões: “O pecado mortal saqueia nossas almas. Rouba da alma a graça. Vocês estudaram o tratado De gratia e conhecem os efeitos da graça na alma. [...] A confissão é o banco a partir do qual se distribui o sangue de Cristo, é uma cruz vermelha em que se consertam os ossos quebrados pelo pecado. Uma coisa portentosa. [...] Mas repito, como é que as pessoas podem se confessar se vocês não lhes explicarem claramente o exame de consciência, a dor, o propósito e as outras coisas? E repito, sobretudo: quem é que vai se confessar se vocês não disserem o que é a graça de Deus e o quanto é preciosa?”.

Fonte: http://www.30giorni.it/

3 coisas que não devem ser desperdiçadas, segundo o Papa Francisco

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Por Kathleen N. Hattrup

Até Jesus deu o exemplo de não desperdiçar!

No Angelus de 29 de janeiro de 2023, o Papa Francisco se concentrou em apenas um versículo Evangelho: “Bem- aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”(Mt 5,3).

Os pobres de espírito, disse o Papa, “são aqueles que sabem que não bastam a si mesmos, que não são autossuficientes, e vivem como ‘mendigos de Deus’: sentem necessidade de Deus e reconhecem o bem vem d’Ele, como dom, como graça.”

Portanto, os pobres de espírito desejam que “nenhum dom seja desperdiçado”. O Santo Padre exemplificou:

“Jesus mostra-nos a importância de não desperdiçar, por exemplo após a multiplicação dos pães e dos peixes, quando pede para recolher a comida que sobeja para que nada se perca (cf. Jo 6, 12). Não desperdiçar permite-nos apreciar o valor de nós mesmos, das pessoas e das coisas. Infelizmente, contudo, este princípio é frequentemente ignorado, especialmente nas sociedades mais abastadas, onde dominam as culturas do desperdício e do descarte: ambas são uma peste.”

Francisco, então, propôs três desafios para enfrentarmos a cultura do desperdício:

1NÃO DESPERDIÇAR O DOM QUE SOMOS

O Pontífice explicou:

“Cada um de nós é um bem, independentemente dos dotes que temos. Cada mulher, cada homem é rico não só de talentos, mas também de dignidade, é amado por Deus, vale, é precioso. Jesus lembra-nos que somos abençoados não pelo que temos, mas pelo que somos. E quando uma pessoa desanima e se dissipa, desperdiça-se a si própria. Lutemos, com a ajuda de Deus, contra a tentação de nos considerarmos inadequados, errados, e de nos lamentarmos.”

2NÃO DESPERDIÇAR OS DONS QUE TEMOS

Ao apresentar o segundo desafio, Francisco falou sobre uma dura realidade e fez um alerta:

“No mundo cerca de um terço da produção total de alimentos é desperdiçada. E isto acontece enquanto tantos estão a morrer de fome! Os recursos da criação não podem ser utilizados dessa forma; os bens devem ser guardados e partilhados, para que a ninguém falte o necessário. Não desperdicemos o que temos, mas difundamos uma ecologia de justiça e caridade, de partilha.”

3NÃO DESCARTAR AS PESSOAS

No terceiro desafio, o Santo Padre abordou a necessidade do respeito à vida e ao próximo:

“A cultura do descarte diz: uso-te enquanto me serves; quando já não me interessas ou és um obstáculo para mim, ponho-te de lado. E é especialmente assim que são tratados os mais frágeis: os nascituros, os idosos, os necessitados e os desfavorecidos. Mas as pessoas não podem ser deitadas fora, os desfavorecidos não podem ser deitados fora! Cada um é um dom sagrado, cada um é um dom único, em todas as idades e em todas as condições. Respeitemos e promovamos a vida sempre! Não descartemos a vida!”

Uma pergunta a nós mesmos

O Papa propôs ainda que todos nos perguntemos como vivemos a pobreza de espírito:

“Antes de mais, como vivo a pobreza de espírito? Dou espaço a Deus, acredito que Ele é o meu bem, a minha verdadeira e grande riqueza? Acredito que Ele me ama, ou desanimo com tristeza, esquecendo que sou um dom? E depois: tenho o cuidado de não desperdiçar, sou responsável na utilização das coisas, dos bens? E estou disposto a partilhá-los com os outros, ou sou egoísta? Por fim: considero os mais frágeis como dons preciosos, dos quais Deus me pede para cuidar? Lembro-me dos pobres, daqueles que não têm o necessário?”

Santa Brígida de Kildare

Santa Brígida de Kildare | ACI Digital
01 de fevereiro
Santa Brígida de Kildare

REDAÇÃO CENTRAL, 01 Fev. 23 / 10:35 am (ACI).- Hoje (1º) é celebrada santa Brígida de Kildare, padroeira da Irlanda junto com são Patrício e são Columbano.

Livre para servir a Deus

Santa Brígida é considerada a fundadora do monaquismo feminino na Irlanda, onde nasceu. Ela viveu entre os anos 451 e 525. Nasceu na cidade de Faughart, filha de um rei pagão e de uma escrava, segundo a tradição.

Desde muito nova foi apresentada ao cristianismo e se consagrou a Deus. Graças à sua vida de virtudes, conquistou a liberdade e foi batizada por são Patrício. Mais tarde receberia o véu das virgens das mãos de são Melo, sobrinho de são Patrício.

Servidora de seu povo

Brígida, junto com outras virgens consagradas, foi morar na cidade de Meath, onde serviu aos mais pobres. Lá ela fez muitos milagres, principalmente curando leprosos, mudos e cegos. A ela é creditado o "milagre da cerveja", com o qual, de um único barril, teria abastecido dezoito igrejas.

Há muitos registros históricos que mostram como santa Brígida chegou a ser considerada uma santa em vida.

Mosteiro de Kildare

Santa Brígida, também conhecida como Brígida da Irlanda, fundou o mosteiro de Kildare por volta do ano 513, adotando a regra de são Cesário. Esta decisão levou outros mosteiros a adotar ou retomar a mesma regra. O mosteiro de Kildare, liderado por Brígida, promoveu uma extensa renovação do catolicismo em toda a nação.

Santa Brígida foi considerada uma mãe espiritual por muitas religiosas ao longo da história. Ela morreu no ano 525 em Kildare e seu corpo foi enterrado em Downpatrick, junto a são Patrício e são Columbano.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa na RDC: limpar o coração da ira, dos remorsos, de todo o rancor e ódio

O Papa na RDC | Vatican News

"Que seja o momento propício para ti, que, neste país, te dizes cristão e, todavia, praticas a violência; a ti diz o Senhor: «Depõe as armas, abraça a misericórdia»", disse Francisco na homilia da missa celebrada no Aeroporto de N’dolo, em Kinshasa, na República Democrática do Congo.

https://youtu.be/U0BhVDs5Z2Q

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco celebrou a missa pela paz e a justiça no Aeroporto de N’dolo, em Kinshasa, na República Democrática do Congo, na manhã desta quarta-feira (1°/02), no âmbito de sua 40ª Viagem Apostólica Internacional. Participaram da celebração eucarística cerca de um milhão de fiéis.

Francisco proferiu a palavra Esengo que significa alegria, manifestando a imensa alegria de ver e encontrar os congoleses. "Desejei muito este momento. Obrigado por terdes vindo aqui", disse ele.

"O Evangelho acaba de nos dizer que também a alegria dos discípulos era grande na tarde de Páscoa, e que esta alegria brotou ao «verem o Senhor». Naquele clima de alegria e maravilha, o Ressuscitado fala aos seus e lhes diz: «A paz esteja convosco!».

O Papa Francisco durante a missa pela paz e a justiça no Aeroporto 
de N’dolo, em Kinshasa | Vatican News

Segundo o Papa, "trata-se de uma saudação, mas é mais do que uma saudação: é um dom. Porque a paz, aquela paz anunciada pelos anjos na noite de Belém, aquela paz que Jesus prometeu deixar aos seus, é agora, pela primeira vez, entregue solenemente aos discípulos. Jesus proclama a paz enquanto no coração dos discípulos existem os escombros, anuncia a vida enquanto eles sentem dentro a morte. Assim faz o Senhor: surpreende-nos, estende-nos a mão quando estamos prestes a afundar, levanta-nos quando tocamos o fundo".

O perdão nasce das feridas

"Irmãos, irmãs, com Jesus o mal nunca triunfa, nunca tem a última palavra. «Com efeito, Ele é a nossa paz», e a sua paz vence. Por isso nós que pertencemos a Jesus, não podemos deixar prevalecer em nós a tristeza, não podemos permitir que se insinuem resignação e fatalismo", disse ainda o Papa, acrescentando.

Se ao nosso redor se respira este clima, que não seja por nossa causa: num mundo desanimado com a violência e a guerra, os cristãos fazem como Jesus. Ele, como que insistindo, repetiu para os discípulos: A paz esteja convosco! E nós somos chamados a assumir e proclamar ao mundo este inesperado e profético anúncio de paz.

Papa Francisco na missa em Kinshasa | Vatican News

A seguir, Francisco indicou "três nascentes de paz, três fontes para continuar a alimentá-la: o perdão, a comunidade e a missão". Primeira fonte: o perdão.

“O perdão nasce das feridas. Nasce quando as feridas sofridas não deixam cicatrizes de ódio, mas tornam-se o lugar onde se dá espaço aos outros acolhendo as suas debilidades. Então as fragilidades tornam-se oportunidades, e o perdão torna-se o caminho da paz.”

"Não se trata de esquecer tudo como se nada fosse, mas de abrir aos outros o próprio coração com amor. Irmãos, irmãs, quando a culpa e a tristeza nos oprimem, quando as coisas não correm bem, sabemos para onde olhar: para as chagas de Jesus, pronto a perdoar-nos com o seu amor ferido e infinito".

“Ele conhece as tuas feridas, conhece as feridas do teu país, do teu povo, da tua terra! São feridas que ardem, continuamente infectadas pelo ódio e a violência, enquanto o remédio da justiça e o bálsamo da esperança parecem nunca mais chegar.”

É isto que Cristo deseja: ungir-nos com o seu perdão, para nos dar a paz e a coragem de por nossa vez perdoar, a coragem de realizar uma grande amnistia do coração. Faz-nos tão bem limpar o coração da ira, dos remorsos, de todo o rancor e ódio! Que seja o momento propício para ti, que, neste país, te dizes cristão e, todavia, praticas a violência; a ti diz o Senhor: «Depõe as armas, abraça a misericórdia».

Papa Francisco na missa em Kinshasa | Vatican News

A humildade é a grandeza do cristão

A seguir, o Papa falou sobre a segunda fonte da paz: a comunidade. "Jesus ressuscitado confia a sua paz à primeira comunidade. Não há cristianismo sem comunidade, tal como não há paz sem fraternidade", sublinhou. "E qual é o caminho para não cair nas ciladas do poder e do dinheiro, para não ceder às divisões, às lisonjas do carreirismo que corroem a comunidade, às falsas ilusões do prazer e da feitiçaria que nos encerram em nós mesmos?" Perguntou Francisco. A resposta nos é dada através do profeta Isaías, que diz: «Estou com os oprimidos e humilhados, para reanimar o espírito dos humilhados e reanimar o coração dos oprimidos».

“O caminho é partilhar com os pobres: este é o melhor antídoto contra a tentação de nos dividir e mundanizar. Ter a coragem de olhar para os pobres e escutá-los, porque são membros da nossa comunidade, e não estranhos que devem ser abolidos da vista e da consciência.”

Abrir o coração aos outros, em vez de o fechar nos próprios problemas ou nas próprias vaidades. Recomecemos dos pobres e descobriremos que todos compartilhamos a pobreza interior; que todos precisamos do Espírito de Deus para nos libertar do espírito do mundo; que a humildade é a grandeza do cristão, e a fraternidade a sua verdadeira riqueza. Acreditemos na comunidade e, com a ajuda de Deus, edifiquemos uma Igreja vazia de espírito mundano e cheia de Espírito Santo, livre de riquezas para nós mesmos e repleta de amor fraterno!

Missa em Kinshasa | Vatican News

Somos chamados a ser missionários de paz

Por fim, a terceira fonte da paz: a missão. Jesus diz aos discípulos: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». "Numa palavra, enviou-O para todos: não só para os justos, mas para todos".

“Irmãos, irmãs, somos chamados a ser missionários de paz, e isto nos encherá de paz. Trata-se duma opção: é dar espaço a todos no coração, é acreditar que as diferenças étnicas, regionais, sociais e religiosas vêm em segundo lugar e não são obstáculo; que os outros são irmãos e irmãs, membros da mesma comunidade humana; que cada um é destinatário da paz trazida ao mundo por Jesus. É acreditar que nós, cristãos, somos chamados a colaborar com todos, a romper a espiral da violência, a desmantelar os enredos do ódio.”

"Enviados por Cristo, os cristãos são chamados, por definição, a ser consciência de paz no mundo: não só consciências críticas, mas sobretudo testemunhas de amor; não pretendentes dos próprios direitos, mas dos do Evangelho, que são a fraternidade, o amor e o perdão; não indivíduos à procura dos próprios interesses, mas missionários daquele amor louco que Deus tem por cada um dos seres humanos", disse ainda o Papa.

"A paz esteja convosco: diz Jesus hoje a cada família, comunidade, etnia, bairro e cidade deste grande país. A paz esteja convosco: deixemos que ressoem no coração, em silêncio, estas palavras de nosso Senhor. Ouçamo-las dirigidas a nós e escolhamos ser testemunhas de perdão, protagonistas na comunidade, pessoas em missão de paz no mundo", concluiu Francisco.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

O Papa Francisco chega à República Democrática do Congo

O Papa Francisco recebe flores das crianças ao chegar à República
Democrática do Congo | Vatican News

Bandeiras brancas e amarelas do Vaticano ou azuis e vermelhas congolesas dão as boas-vindas ao Papa Francisco, em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. O avião pousou antes do horário previsto, uma antecipação que não surpreendeu as pessoas que o aguardavam, felizes pela chegada do Bispo de Roma.

Vatican News

O Papa Francisco chegou a Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, no âmbito de sua 40ª Viagem Apostólica Internacional.

O avião papal aterrissou no Aeroporto Internacional de N’djili, às 14h33, hora local, 10h30 no horário de Brasília.

O Papa foi saudado pelo primeiro-ministro congolês ao descer do avião e por duas crianças que lhe ofereceram flores.

Juntos, Francisco e o primeiro-ministro se dirigiram para a Sala VIP, onde teve a lugar a apresentação das delegações e um breve encontro.

Pesquisas dizem que observar pássaros é uma das melhores coisas para a saúde mental

Ondrej Prosicky | Shutterstock
Por Zoe Romanowsky

Se você sempre pensou que observar pássaros é chato, talvez seja melhor rever seu conceito.

Uma das surpresas mais adoráveis ​​que minha família e eu experimentamos quando nos mudamos da cidade para o nosso endereço semi-rural atual foi o número de belos pássaros que encontramos diariamente. Sempre adorei ver um cardeal raro em nosso pequeno quintal urbano, mas agora é como se vivêssemos em um santuário de pássaros. E todos nós reconhecemos que isso tornou a nossa vida melhor.

De fato, não se trata de uma verdade apenas para nós. Uma pesquisa confirmou que observar os pássaros e ouvir o canto deles podem ter um impacto positivo na saúde mental e no bem-estar.

O estudo de 2017 publicado na BioScience por cientistas da Universidade de Exeter, na Inglaterra, mostrou que quando as pessoas observavam mais pássaros em seu cotidiano elas experimentavam prevalência e gravidade reduzidas de depressão, estresse e ansiedade.

Já outra pesquisa encomendada pela RSPB, uma organização britânica fundada em 1889 para proteger as aves da extinção, descobriu que 88% dos adultos do Reino Unido disseram que passar o tempo ao ar livre curtindo o mundo natural era importante para eles. Cerca de 91% dos entrevistados concordaram que ver pássaros e ouvir o canto deles teve um impacto positivo na saúde mental e no bem-estar

De fato, parar para observar os pássaros é uma ótima alternativa para dar um tempo nas telas e nos eletrônicos, que podem causar até insônia.

Mas é mais do que isso: a beleza dos pássaros, seus movimentos e sons nos lembram como a criação de Deus, em sua diversidade, não é apenas um dom a ser apreciado, mas uma parte importante de uma vida rica e plena.

Então, aqui estão dicas para você dedicar mais tempo para os pássaros em sua vida e usufruir dos benefícios que eles trazem para a saúde mental:

1VISITE PARQUES ECOLÓGICOS

Muitos parques têm patos, gansos e outros pássaros. Faça questão de prestar atenção nos pássaros e passar algum tempo observando-os (mas não os alimente com pão – ao contrário da crença popular, isso não é bom para eles).

2CONSTRUA UMA CASINHA DE PÁSSARO

Instale casas de pássaro no seu quintal, no seu deck ou na sua varanda. Elas atraem diferentes espécies, e você ficará surpreso com os pássaros que estão por perto esperando para receber carinho e comida.

3CONHEÇA AS AVES NATIVAS DA SUA REGIÃO

Você pode encontrar informações sobre isso na biblioteca, na internet ou em uma loja de animais local. Depois, use um guia para identificar os pássaros que você vê.

4INVISTA EM BINÓCULOS

Os pássaros e seus padrões intrincados são mais fáceis de serem identificados quando você tem um par de binóculos para fazer a observação! O acessório também é um presente divertido para as crianças!

5RECOLHA O LIXO

Sempre que vir lixo e plástico espalhados do lado de fora, pegue-os e jogue-os em um recipiente adequado – é ruim para os pássaros e toda a vida selvagem.

6DÊ UM PASSEIO DE VEZ EM QUANDO

Faça questão de ouvir o canto dos pássaros enquanto caminha, especialmente de manhã e à noite. O que você ouve? Quais são seus favoritos?

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A sua paciência nos espera (1/3)

Rembrandt, A volta do filho pródigo, gravura a água-forte,
Nova York, Pierpont Morgan Library

Arquivo 30Dias – 03/2003

Luciani e a confissão

A sua paciência nos espera

“O Senhor é um pai que espera no portão. Que nos vê quando ainda estamos longe, e se enternece, e, correndo, vem se atirar ao nosso pescoço e nos beijar com ternura... Nosso pecado, então, transforma-se quase numa joia que podemos lhe dar de presente para prover-lhe a consolação de perdoar... Agimos como senhores, quando damos joias de presente. E não é derrota, mas uma vitória cheia de alegria deixar Deus vencer!”

de Stefania Falasca

Às vezes, não há dúvidas. O que determina as circunstâncias ou é a Providência ou... é a Providência. É o que se pode dizer a respeito do santo confessor de Roma, o padre jesuíta Felice Cappello, e do papa Luciani. Eles simplesmente foram batizados na mesma fonte batismal da paróquia de Canale, simplesmente eram parentes distantes, e, como se não bastasse, um deles (padre Cappello) simplesmente espelhava para o outro o caminho que este gostaria de seguir. Entre na igreja paroquial de Agordo; se vocês pedirem ao pároco, monsenhor Lino Mottes, que conheceu bem a ambos, ele os conduzirá para um lado menos iluminado da igreja: “Aí está, esse era o seu confessionário. Quando padre Felice vinha a Agordo, estava sempre aí”. Depois indicará um outro, bem em frente, perto da imagem de Nossa Senhora: “E esse era de Albino Luciani”. A mão do “homem lá de cima” estabelecera dispô-los dessa forma durante certo período. Um na frente do outro. No confessionário. Vizinhos de frente na administração do sacramento da reconciliação. Eram os anos de 1936, 1937. Naquela época, o futuro João Paulo I era um padre recém-ordenado, um sacerdote novato que o irmão de padre Felice, monsenhor Luigi Cappello, então vigário-geral da igreja de Santa Maria Nascente de Agordo, quisera a todo custo como assistente em sua paróquia. Nos meses de verão daqueles anos, padre Felice subia a Agordo para passar as férias. Já era um canonista de renome e professor extremamente respeitado da Gregoriana, e sua fama de santo confessor também já se espalhara. Assim, mesmo quando estava em Agordo, acabava por repetir-se todos os dias o que se repetia diariamente na igreja de Santo Inácio, em Roma. Nem é preciso falar da fila que se formava na frente do seu confessionário e de como aquele cantinho da igreja se transformava numa fonte de água fresca para quem tinha sede. Ele confessava em poucos minutos. E dizia poucas palavras. Sempre as mesmas. E então vidas murchas e corações envelhecidos descobriam que sempre se pode recomeçar. E voltavam outras vezes. Encorajadas, confiantes, voltavam. Luciani, com bondade que não era menor, também atendia a suas ovelhas. Mas, mais que ovelhas perdidas, quem se ajoelhava em seu confessionário eram crianças barulhentas e irritantes da primeira comunhão, jovenzinhos vivos, bagunceiros e impacientes. Assim, não eram poucas as vezes em que, revestindo-se de toda a paciência de Nosso Senhor, era obrigado a sair do confessionário para acabar com a bagunça e pedir silêncio. Depois, quando acabavam as férias e padre Felice voltava para Roma, todas as pessoas da outra fila vinham de boa vontade engrossar a fila do padre assistente Albino. Assim, ele ouviu muitas vezes esta recomendação de padre Felice: “Sermo brevis et rudis. Nos pareceres e nas decisões, todavia, nunca se deve usar de severidade. O Senhor não a quer. Deve-se sempre dar uma solução que permita às almas respirarem”. O próprio Luciani diria o quanto o marcou a proximidade desse grande conhecedor da reta doutrina e dos princípios inflexíveis que, no confessionário, deixava tudo nas mãos da graça de Deus, e o quanto esse período lhe foi importante. Em 29 de junho de 1978, exatamente dois meses antes de subir ao trono de Pedro. A última vez em que voltou a Agordo. Durante a homilia na igreja da qual fora padre assistente, lembrou aqueles anos como os mais bonitos da sua vida: “Confessei tanto, como confessei!...”. Na sua vida inteira, se há uma coisa que tenha realmente repetido centenas de vezes, é justamente isto: “Como estão errados, como estão errados aqueles que não têm esperança! Judas cometeu um grave despropósito, coitado, no dia em que vendeu Cristo por trinta dinheiros, mas cometeu outro muito mais grave quando pensou que seu pecado fosse grande demais para ser perdoado. Nenhum pecado é grande demais, nenhum! Nenhum é maior que a Sua misericórdia sem fim!”.

“Pecadores todos somos”
(João Paulo I)

Subindo a Agordo para as férias, padre Cappello passava por Pádua para visitar o capuchinho Leopoldo Mandic, o santo confessor que em 1983 foi elevado às honras dos altares. Padre Cappello ia se ajoelhar também diante do pequeno frade de origem dálmata, saboreando como penitente a mesma divina misericórdia que, por sua vez, doava sem descanso em seus confessionários. Como padre Cappello, Luciani também tivera a oportunidade de se confessar com Mandic. “Foi em março de 1928”, lembra Edoardo, irmão de Luciani. “Albino era pequeno, estava ainda no seminário menor de Feltre, e padre Leopoldo foi visitar o seminário em companhia do bispo. Ouviu diversas confissões, entre as quais a de meu irmão. Albino sempre conservou uma lembrança vivíssima daquele encontro, tanto que carregou para sempre consigo a imagenzinha de padre Leopoldo”. Sua irmã, Antônia, lembra também desse episódio, que Albino lhe contou: “Padre Leopoldo o confessou, pegou depois seu rosto nas mãos e lhe disse: ‘Fique tranquilo, e siga seu caminho’”. Em 30 de janeiro de 1976, quando era patriarca de Veneza, Luciani quis celebrar a missa na igreja dos Capuchinhos em Pádua, bem ao lado do confessionário do fradinho. Toda a homilia foi uma lembrança comovida de padre Leopoldo e da maneira como confessava. Luciani disse: “Pecadores todos somos, padre Leopoldo sabia disso muito bem. É preciso tomar consciência dessa nossa triste realidade. Ninguém pode evitar por muito tempo as faltas, pequenas ou grandes. ‘Mas’, como dizia São Francisco de Sales, ‘se você tem um burrinho, e na estrada ele desaba no cascalho, o que deve fazer? Não vai cutucar suas costelas com o bastão, coitado, ele já sofreu bastante. É preciso que você o pegue pelo cabresto e lhe diga: vem, vem, de volta para a estrada. É hora de retomar o caminho, teremos mais atenção na próxima vez’. Esse é o sistema, e padre Leopoldo o aplicou plenamente. Um sacerdote, amigo meu, que se confessava com ele, disse: ‘Padre, o senhor é generoso demais. Gosto de me confessar com o senhor, mas o acho generoso demais’. E padre Leopoldo: ‘Mas quem é que foi generoso, meu filho? Foi o Senhor que foi generoso; eu não morri pelos pecados, foi o Senhor que morreu pelos pecados. Mais generoso do que isso, com o ladrão, com os outros, como é que poderia ser!’”. E Luciani continuou, dizendo: “Jesus, por um lado, entra em choque com o pecado, ‘vítima de expiação pelos pecados’, por outro lado não entra em choque, mas encontra os pecadores. Abram as páginas do Evangelho, ele entra em choque com o pecado, diz João Batista: ‘Eis o cordeiro de Deus, que tira os pecados’. Leiam São Paulo: ‘Morreu pelos pecados’. Nada de pecados! O Senhor não quer o pecado. Por outro lado, porém, quanta bondade! Quanta misericórdia para com os pecadores! Eu me comovo quando penso que Paulo VI fez beato a padre Leopoldo; mas o primeiro a ser canonizado, o primeiro homem proclamado santo diante de todos, foi um ladrão. Na cruz, Jesus disse: ‘Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso’. Disse isso a um assassino, a um ladrão! [...ý E quanta bondade! Como eu dizia, para com os pecadores! Quando levaram à sua presença a adúltera: ‘Mulher, ninguém te condenou?’. ‘Ninguém, Senhor’. ‘Mulher, nem eu também te condeno. Vai em paz e procura não pecar mais’”. E, voltando a padre Leopoldo, disse Luciani: “Ele copiou fielmente esse aspecto de Jesus: como Jesus, também tinha medo do pecado, chorava pelo pecado, mas era exatamente o contrário com os pecadores. Alguém uma vez lhe disse: ‘Padre, o senhor confessa há tantos anos, já ouviu de tudo, o pecado já não o impressiona mais’. ‘O que o senhor está dizendo? Eu a todo momento tremo pensando que os homens põem em risco sua saúde eterna por bobagens, por coisas fúteis’. Ele tremia, chorava pelo pecado. Mas acolhia o pecador como verdadeiro irmão, como amigo, por isso não era pesado confessar-se com ele. Certa vez chegou uma pessoa: fazia vinte anos que não se confessava. Disse seus pecados. Quando acabou, padre Leopoldo se levantou, pegou suas mãos e lhe agradeceu: ‘Obrigado, obrigado por ter vindo a mim, por ter aceito que fosse eu que acolhesse o seu arrependimento depois de tantos anos’. Era ele que agradecia, entendem! [...] Eis o que foi, o que é padre Leopoldo para nós, o espelho da bondade do Senhor”. Luciani se referia constantemente a essa bondade. E sempre remeteria a ela. Mesmo nas poucas audiências gerais que fez na sé de Pedro como vigário de Cristo. “Quanta bondade, quanta misericórdia é preciso ter, mesmo aqueles que erram...”. Foi assim naquele 6 de setembro de 1978, sua primeira audiência geral. Quando fez essa referência à humildade, todos perceberam que ela nascia da consciência de ser um mísero pecador e da experiência que ele vivia do perdão: “Limito-me a recomendar a virtude, tão cara ao Senhor, que disse: ‘Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração’. Corro o risco de dizer um despropósito, mas o digo: o Senhor ama tanto a humildade que às vezes permite pecados graves. Por quê? Porque aqueles que cometeram esses pecados, depois de arrependidos ficam humildes. Não têm mais vontade de se considerar meio anjos quando sabem ter cometido faltas graves. O Senhor recomendou tanto: sejam humildes. Mesmo que tenham feito grandes coisas, digam: ‘Somos servos inúteis’”.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF