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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Apresentação do Senhor

Apresentação do Senhor | Opus Dei
02 de fvereiro

Festa da Apresentação do Senhor

Reflexão para meditar no dia 2 de fevereiro, Festa da Apresentação do Senhor. Os temas propostos são: a festa do encontro; Simeão era um homem esperançado; impulsionados pelo Espírito Santo.

PASSADOS QUARENTA DIAS do nascimento de Jesus, a Sagrada Família viaja ao Templo em Jerusalém a fim de cumprir duas prescrições da Lei: a apresentação do primogênito (cf. Ex 13, 2. 12-13) e a purificação da mãe (cf. Lev 12, 2-8). Os dois mistérios estão unidos na festa de hoje.

Por um lado, a apresentação do primogênito recordava a salvação dos primogênitos hebreus no Egito. De acordo com a lei de Moisés, o primogênito masculino era propriedade de Deus e devia ser “consagrado ao Senhor” (Lc 2, 23), pelo que esta cerimônia era considerada uma espécie de “resgate”. Por outro lado, a purificação da mãe realizava-se quarenta dias após o parto. Até então, a mulher não podia aproximar-se dos lugares santos, pois estava manchada por uma certa impureza depois de dar à luz. Na cerimônia de purificação, era oferecido um duplo sacrifício: um cordeiro e uma rola ou pombo jovem; mas se a mulher fosse pobre, podia oferecer duas rolas ou dois pombos jovens. “E desta vez serás tu, meu amigo, quem leve a gaiola das rolas. – Estás vendo? Ela – a Imaculada! – Submete-se à Lei como se estivesse imunda”[1]. O evangelista especifica que Maria e José ofereceram o sacrifício dos pobres (cf. Lc 2, 24).

“Logo chegará ao seu templo o Dominador” (Ml 3, 1), diz o profeta Malaquias na primeira leitura. É um momento único e belo: o Filho de Deus entra no seu próprio templo. É por isso que o salmo responsorial canta: “Ó portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, a fim de que o Rei da glória possa entrar! Dizei-nos: Quem é este Rei da glória? É o Senhor, o valoroso, o onipotente, o Senhor, o poderoso nas batalhas!” (Sl 23, 7-10). Na realidade, porém, o “Deus poderoso” não queria entrar no Templo ao som de trombetas, mas apenas como uma criança entre outras. No meio das constantes idas e vindas de pessoas, entre peregrinos, devotos, sacerdotes e levitas: ninguém soube o que estava acontecendo. Apenas dois idosos, Simão e Ana, tiveram o “Rei da Glória” em seus braços. Por este motivo, a festa da Apresentação do Senhor no Templo “é a festa do encontro: a novidade do Menino encontra-se com a tradição do templo; a promessa encontra o seu cumprimento; Maria e José, os jovens, conhecem Simeão e Ana, os idosos. Tudo se encontra, em suma, quando Jesus chega”[2].

SIMEÃO era um homem “justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor” (Lc 2, 25-26). Simeão estava sempre preparado para o encontro com Deus porque, como as virgens sensatas da parábola, transportava a lâmpada cheia de azeite. Era um homem idoso que tinha a juventude permanente da esperança. Movido pelo Espírito, subiu ao Templo para rezar. Quando viu a família que vinha de Belém, e olhou para o menino, percebeu que ele não era um dos muitos que vinham ao Templo todos os dias. Neste bebê, que ele tomou nos seus braços, cumpriam-se todas as profecias: ele era o esperado, o primogênito de uma nova humanidade, o consagrado do Pai.

“Simão não se deixou desgastar pela passagem do tempo. Era um homem já carregado de anos, e, no entanto, a chama do seu coração ainda ardia; na sua longa vida deve ter sido ferido algumas vezes, desapontado; no entanto, não perdeu a esperança. Com paciência, guardou a promessa – cumprir a promessa – sem se deixar consumir pela amargura do tempo passado ou por aquela melancolia resignada que surge quando se chega ao ocaso da vida. A esperança da espera traduziu-se nele na paciência diária de alguém que, apesar de tudo, permaneceu vigilante, até que finalmente "os seus olhos viram a salvação" (cf. Lc 2, 30)”[3].

Com o auxílio do Espírito Santo, Simeão chamou Jesus de “luz” para iluminar as nações (cf. Lc 2, 29-35). A liturgia de hoje começa com uma procissão de velas, significando que Cristo é a luz que vem ao mundo para iluminar as pessoas que, sem Deus, só tropeçam na escuridão. A palavra de Deus é, em palavras de São Josemaria, “luz e esperança nos corações”[4]. Provavelmente isto fazia parte do segredo de Simeão para manter viva aquela sua juventude: a abertura sincera à palavra de Deus, sempre com um novo olhar.

DEPOIS de Simeão, a família de Belém encontrou-se com Ana, uma profetisa idosa, que ia diariamente ao Templo, “dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações” (Lc 2, 37). Esta viúva idosa, ao encontrar o Menino, louvou a Deus e falou d’Ele “a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2, 38). Ambos os anciãos profetizam que Jesus é o Messias há muito esperado, e preveem a sua morte e ressurreição para salvar todas as nações.

Vislumbra-se na cena a presença do Espírito Santo, movendo “os passos e os corações daqueles que o esperam. É o Espírito que sugere as palavras proféticas de Simeão e Ana, palavras de bênção, de louvor a Deus, de fé no seu Consagrado, de ação de graças porque finalmente os nossos olhos podem ver e os nossos braços acolher a sua salvação”[5]. Neles descobrimos modelos maravilhosos de docilidade. O Espírito Santo era o verdadeiro motor das suas vidas, “estava neles”, guiava-os, empurrava-os, falava em seus corações, ditava as suas palavras. São um ícone de santidade, porque ouvem e proclamam a Palavra de Deus, procurando resolutamente o rosto de Cristo, as suas pegadas, a sua vontade.

“No templo, Jesus vem ao nosso encontro, enquanto nós vamos ao seu encontro. Contemplamos o encontro com o velho Simeão, que representa a expectativa fiel de Israel e a exultação do coração pelo cumprimento das antigas promessas. Admiramos também o encontro com a idosa profetisa Ana que, ao ver o Menino, exulta de alegria e louva a Deus. Simeão e Ana representam a espera e a profecia, Jesus é a novidade e o cumprimento: Ele se apresenta a nós como a perene surpresa de Deus; neste Menino que nasceu para todos encontram-se o passado, feito de memória e de promessa, e o futuro, repleto de esperança”[6]. Podemos imaginar como Simeão e Ana devem ter admirado a Virgem Maria, que carregava essa esperança em seu ventre. Ela pode interceder para que nas nossas vidas nunca falte o alento do Espírito Santo, que faz novas todas as coisas.

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[1] São Josemaria, Santo Rosário, 4.º mistério gozoso.

[2] Francisco, Homilia, 2/02/2019.

[3] Francisco, Homilia, 2/02/2021.

[4] São Josemaria, Via Sacra, 1.ª estação.

[5] Bento XVI, Homilia, 2/02/2013.

[6] Francisco, Homilia, 2/02/2016.


Fonte: https://opusdei.org/pt-br

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF