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domingo, 4 de junho de 2023

Você conhece a Igreja Católica?

Antoine Mekary | ALETEIA | #image_title

Por Julia A. Borges

A Igreja Católica congrega, além dos dogmas e cânones fundamentais, um conjunto significativo de conceitos, nomes e classificações. Conhecê-los e entendê-los é de grande valia.

Passados mais de dois mil anos de sua fundação, a Igreja Católica congrega, além dos dogmas e cânones fundamentais, um conjunto significativo de conceitos, nomes e classificações. Conhecê-los e entendê-los é de grande valia para todo o católico e principalmente para o leigo, que muitas vezes, o fundamento baseado na Santa Igreja costuma ser parco.

A organização hierárquica costuma passar desapercebida ao entendimento do fiel, tanto as nomenclaturas usadas para as estruturas físicas, como a ordenação dos cargos. Nada é por acaso, e sendo, como já referido, uma instituição milenar, os parâmetros usados são bastante sólidos, já que a pedra angular da qual tudo provém é Jesus Cristo.

Arcabouço

Portanto, a começar pelo arcabouço, tem-se de imediata as seguintes diferenças: 

  • Basílica – Igreja de grande porte, possuidora de relíquias de alguns santos,  e que possua grande influência sobre determinada região geográfica, além de possuir um acentuado caráter espiritual que exerce sobre religiosos e leigos de uma jurisdição eclesiástica. Um exemplo bem conhecido é a própria Basílica de São Pedro, no Vaticano.
  • Catedral – São as Igrejas “mães” das Dioceses, ou seja, a Igreja principal, que possui a liderança do Bispo, e esse exerce domínio sobre os párocos das igrejas de sua diocese,  repassando, com sua autoridade eclesiástica, as diretrizes firmadas pelo Papa. Vale ressaltar que esta palavra vem da expressão em Latim Eclesiástico ecclesia cathedralis, “a igreja onde um bispo tem assento”. Nas Catedrais costuma-se estar também a cripta, que é localizada na parte subterrânea da Igreja, onde são sepultados os bispos diocesanos que passaram pela diocese. A cripta normalmente é subterrânea e tem horários próprios para visitação. A cripta é sobretudo um local de oração e silêncio.  
  • Igreja – A igreja é o local da pregação dos ensinamentos de Jesus Cristo. É o organismo visível da união entre Deus e os homens. O termo “igreja” vem do latim ecclesia, que tem o sentido de “assembleia, reunião”. As catedrais e basílicas também são igrejas, mas nem toda igreja pode ser considerada uma catedral ou basílica. 
  • Capela – Templo que comporta, normalmente, só um altar, caracterizada pela sua modesta estrutura física, onde o padre exerce suas funções, normalmente de forma itinerante. A capela está subordinada e pertence a uma determinada paróquia.
  • Paróquia – Subdivisão territorial que determina uma comunidade de fiéis. De acordo com o Código de Direito Canônico, a paróquia pode ser definida como: “uma determinada comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular. Seu cuidado é confiado ao pároco, como seu pastor próprio, sob a autoridade do bispo diocesano”.
  • Santuário – Igreja ou paróquia digna de apreço pelas relíquias que contém, normalmente do padroeiro de uma cidade ou Estado, pela  afluência de devotos ou sinais visíveis de grandes graças daí obtidas.  O local ganha esse título por ser preparado e específico para a peregrinação, na busca dos sinais da experiência de fé, porque ali acolhe muitas pessoas para celebrações eucarísticas, para o atendimento sacramental, para o aconselhamento, sendo um local de afluxo de peregrinos e de romarias.

Hierarquia

Quando falamos de hierarquia da Igreja Católica acerca dos cargos e o modo de autoridade que cada um exerce, há um desconhecimento ainda maior, gerando, em muitos casos, até mesmo um preconceito pela análise equivocada dos motivos que sustentam toda a organização. Portanto, antes de fazer qualquer juízo de valor, é necessário primeiramente ter conhecimento da estruturação institucional da parte visível da Igreja e perceber que toda essa engrenagem tem como válvula mestra o projeto de salvação inaugurado por Jesus na Cruz Redentora.

Fato é que essa hierarquia tem fundamento nas Sagradas Escrituras e à frente de todo esse grupo, encontra-se Pedro, escolhido pelo próprio Cristo, como chefe da Igreja Católica. Tal primado possui como fundamento o fato de que, tendo Jesus constituído os Apóstolos como enviados seus para pregar o Evangelho, para que o mesmo permanecesse uno e indiviso em si, apesar de serem muitos os anunciadores, Cristo instituiu o princípio e o fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e de comunhão da Igreja. Com isso, Pedro se torna vigário de Cristo, cabeça visível da Igreja, e, unido aos apóstolos, é quem governa a casa de Deus vivo.

Se pensarmos na nossa própria esfera de nação, é possível fazer uma associação, bastante limitada, mas de grande valia para um maior entendimento, com as Capitanias Hereditárias constituídas no século XVI. Com o objetivo de manter a unidade, mas tendo que governar um país de proporções estrondosas como o Brasil, foi necessário subdividir em territórios menores com seus governadores gerais respondendo à Coroa. Pois bem, a Igreja Católica é advinda da pedra, é fincada em uma só raiz, em um só chão, mas sua configuração e estruturação deveriam chegar a todo lugar, até aos confins da Terra. E, para tanto, era necessário um ordenamento.  

Dessa forma, se tomarmos, como exemplo, um bispo católico ordenado de uma diocese qualquer, vermos qual foi o bispo que o ordenou, e seguirmos numa regressão sucessiva na pesquisa de qual bispo ordenou qual bispo no passado, chegaremos, sem sombra de dúvida, até aos Apóstolos. Todos os Bispos sucedem aos Apóstolos como pastores da Igreja; quem os ouve, ouve a Cristo; quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou Cristo (cf. Lc. 10,16).

Funções

Antes de delimitarmos, de modo claro, os diferentes graus da hierarquia da Igreja Católica convém salientar que, no que concerne à dimensão do Sacramento da Ordem, há somente 3 graus: primeiro grau, o diaconato; segundo grau, o presbiterato; e, terceiro grau, a plenitude do sacramento, que é o episcopado. Dito isso, vamos às funções:

  • Papa – O bispo da Igreja de Roma, no qual perdura o múnus concedido pelo Senhor singularmente a Pedro, primeiro dos Apóstolos, para ser transmitido a seus sucessores, é a cabeça do Colégio dos bispos, Vigário de Cristo e aqui na terra Pastor da Igreja católica 
  • Bispos – por divina instituição, são os sucessores dos Apóstolos, e são, por isso, os pastores da Igreja. São eles os mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros do governo. A sua missão de ensinar, governar e santificar a Igreja só pode ser exercida dentro da comunhão hierárquica com a cabeça da Igreja e com os membros do Colégio. Os bispos são chamados diocesanos caso seja lhes entregue os cuidados de uma diocese. Os demais são chamados de titulares. Quem nomeia e escolhe os bispos é o próprio Papa, ou, é ele quem confirma os que foram legitimamente eleitos.
  • Arcebispos – é o bispo que preside a província eclesiástica metropolitana (cf: CIC 435). São, em geral, as dioceses mais antigas das quais surgiram outras dioceses menores. O arcebispo tem um papel mais de honra e de organização, e, eventualmente, quando as circunstâncias o exigirem, é chamado a intervir nas chamadas dioceses sufragâneas (dioceses vizinhas à arquidiocese, que participam de uma mesma província eclesiástica).
  • Presbíteros – Constituem estes o segundo grau do sacramento da ordem. Os presbíteros possuem a dignidade de agir, de modo íntimo, in persona Christi, ou seja, na administração dos sacramentos, sobretudo na Celebração do Santo Sacrifício da Missa e no Sacramento da Confissão. Dentro do presbiterato há, sobretudo nas dioceses, alguns títulos que são, em sua maioria, títulos honoríficos ou que designam uma função específica na diocese, como o Pároco, que é o pastor próprio da paróquia a ele confiada. É o responsável, administrativamente, canonicamente e espiritualmente, pelo pastoreio do território a ele confiado. (cf. CIC 519).
  • Diáconos – O primeiro grau da ordem, diaconal, tem raízes, também, na própria Escritura e Tradição. Ora, em Atos dos Apóstolos vemos a eleição dos sete primeiros diáconos, tendo já lá, por ministério e função, a assistência aos órfãos, às viúvas e aos pobres, e o serviço à mesa,  a fim de que os apóstolos e os anciãos não descuidassem da oração e da pregação da Palavra.

Conhecer a estrutura da instituição na qual o católico se insere e defende também é missão no combate contra falácias propagadas que só visam o esmorecer da Igreja. E o conhecimento é arma poderosa contra o mal.

Referências:

HIERARQUIA DA IGREJA CATÓLICA. Biblioteca Católica, 2023. Disponível em: https://bibliotecacatolica.com.br/blog/formacao/hierarquia-da-igreja-catolica/

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1993.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Deus Pai e Filho e Espírito Santo

A Santíssima Trindade | cebsdobrasil

DEUS PAI E FILHO E ESPÍRITO SANTO

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

O prefácio da missa da solenidade da Santíssima Trindade reza. “Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. Com vosso Filho único e o Espírito Santo sois um só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus. Tudo o que revelastes e nós cremos a respeito de vossa glória atribuímos igualmente ao Filho e ao Espírito Santo”. Esta oração de louvor professa a fé no Deus uno e trino, um só Deus em três pessoas. Um mistério inefável para a nossa capacidade humana e, mesmo assim, Ele se deu a conhecer, revelou-se.  

Foi Jesus Cristo quem nos revelou a intimidade de Deus. No Antigo Testamento Deus já era chamado como criador e Pai, particularmente dos pobres, órfãos e viúvas. Jesus revelou um novo sentido, totalmente original, ao se referir a Deus como “Pai”. “Ninguém conhece o Filho (Jesus) senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11,27). Em outros momentos, Jesus deixou claro que estava realizando a “vontade do Pai”, “quem me vê, vê o Pai”, “eu o Pai somos um”. 

Jesus também anunciou “outro Paráclito” (defensor) o Espírito Santo, atuante desde a criação , “quem falou pelos profetas”, está agora junto dos discípulos e presente neles, para ensiná-los e conduzi-los à “verdade plena” (Jo16,13) Assim, o Espírito Santo é revelado como outra pessoa divina em relação a Jesus e ao Pai. “O Espírito Santo é enviado aos apóstolos e à Igreja tanto pelo Pai, em nome do Filho, como pelo Filho em pessoa, depois de seu retorno para junto do Pai. O envio da pessoa do Espírito, após a glorificação de Jesus, revela em plenitude o mistério da Santíssima Trindade” (Catecismo da Igreja Católica n. 244) 

Os textos bíblicos da solenidade da Santíssima Trindade (Êxodo 34,4-6.8-9, 2º Coríntios 13,11-13 e João 3,16-18) não se detém tanto no mistério da Trindade, mas falam do amor de Deus. O amor se constitui a essência divina e ao mesmo tempo a sua unidade. Moisés que conduz “um povo de cabeça dura” grita a Deus: “Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, rico em bondade e fiel”. No Novo Testamento , a 1ª Carta de São João (4,8) resume a Deus com uma única palavra: “Amor”. O santo Evangelho afirma: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que mundo seja salvo por ele.” 

O Deus revelado pelas escrituras falam claramente que Deus não é alguém fechado sobre si mesmo e satisfeito em sua autossuficiência, mas é vida que deseja comunicar-se, é abertura, é relação. Todas as palavras como misericórdia, clemente, rico em bondade, fiel e amor falam de relação. Um ser cheio de vida que quer transmitir e gerar vida. Este rosto de Deus revelou-se plenamente em Jesus Cristo, pois passou “por este mundo fazendo o bem” (Atos 10,38). Em nome deste Deus São Paulo saúda: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam como todos vós”.  

Desta realidade divina nasce uma luz para olhar a realidade humana. Criados à imagem e semelhança do Criador os humanos são chamados a viver uma vida de relações fraternas, de encontro, de diálogo, de amor. O ser humano só se realiza e se torna humano na medida em que sai do seu isolamento, forma comunidade e sociedade; em que tem preocupação com a vida do próximo desejando que ele viva.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Solenidade da Santíssima Trindade (A)

Solenidade da Santíssima Trindade  (©Renáta Sedmáková - stock.adobe.com)

Ele é a eterna surpresa. Nosso Deus não é o Deus dos filósofos, mas é o Pai de Jesus Cristo, é o próprio Cristo, é o Espírito de Amor.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Hoje, de um modo especial, celebramos Deus. Mas quem é Deus? Como explicá-lo? Como defini-lo? Como conhecê-lo?

Nenhuma pergunta sobre Deus pode ser respondida por nós humanos. Deus nos supera!

Temos noção de quem Ele é, mas não conseguimos defini-lo. É impossível! Ele é a eterna surpresa. Nosso Deus não é o Deus dos filósofos, mas é o Pai de Jesus Cristo, é o próprio Cristo, é o Espírito de Amor.

Para conhecê-lo deveremos abrir a Sagrada Escritura, principalmente o Novo Testamento, e ver o que Jesus, o Verbo Encarnado, nos diz.

O Evangelho de hoje, tirado de São João, nos fala que Deus é o Amigo do Homem, não apenas o seu Criador, mas o seu Redentor, aquele que o protege e que foi capaz de sofrer e morrer para que o Homem tivesse a plena felicidade.

Já São Paulo em sua Carta aos Coríntios nos orienta sobre a resposta a ser dada ao Deus Amigo. O homem deverá deixar-se transfigurar através  dos dons, das qualidades divinas, especialmente pelo amor, pelo perdão e pelo serviço.

Falar com Jesus é falar com Deus. Sua bondade foi tanta que Ele se revelou a nós na pessoa de Jesus.

Filipe, quem me vê, vê o Pai. Dirijamo-nos ao Deus de Amor, a esse Deus que, por amor, rasgou seu coração, e sintamos a plenitude de seu querer bem a nós. Se o mandamento se resume em amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo, do mesmo modo como Ele nos amou, saibamos que antes de tudo o Senhor não só nos criou, mas, por amor a nós, se entregou até a morte.

O Espírito é escuta e disponibilidade.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 3 de junho de 2023

A história de Absalão: quando a conivência com o crime leva à tragédia

Rei Davi | Public Domain

Por Pe. José Eduardo

"Não há como curar uma ferida sem tratá-la pela origem."

Uma das histórias mais intrigantes do Velho Testamento é a de Absalão. O drama começa com uma situação muito desumana: Amnom, primogênito de Davi, violentou uma de suas meio-irmãs, Tamar.

O irmão dela, Absalão, esperava que o pai fizesse justiça à princesa, a qual morou em sua casa por dois anos, durante os quais Davi não a chamou sequer para um beijo. Absalão casou, teve uma filhinha, em quem pôs o nome da irmã. Davi ficou inerte e Amnom passava impune por tudo isso, sendo ele o sucessor natural ao trono.

Depois deste biênio, Absalão resolve fazer justiça com as próprias mãos: manda matar Amnom e foge para a casa do avô, onde passa mais dois anos sem que nada seja feito.

Ele retorna a Jerusalém, mora a dois quilômetros do palácio. Passam mais dois anos e ele, então, força a barra para que Davi o receba. Quando os dois se confrontam, o pai apenas lhe dá um beijo, sem nada dizer, apesar de haver um estupro incestuoso, apesar de haver um fratricídio.

É então que Absalão, revoltado, diz que não há justiça na terra e começa uma revolta armada, uma subversão. O fim da história é triste: Absalão é morto e os gritos de Davi se nos tornam quase sonoros na Escritura – “Absalão, meu filho! Meu filho, Absalão! Por que não morri eu em teu lugar?”.

— Por detrás do ato subversivo de Absalão há uma história de injustiça e omissão, de proteção do crime e de desumanas delinquências. Julgar a história pelo fim é tratar o sintoma como causa. Não há como curar uma ferida sem tratá-la pela origem.

Pe. José Eduardo Oliveira, via Facebook

Fonte: https://pt.aleteia.org/

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"ABSALÂO - Personagem bíblica, filho de Davi e de Maaca, terceiro neto de Talmai, rei de Guesur. Nasceu em Hebron logo no começo do reinado de Davi. Rebelado contra a pai, fez-se proclamar rei, reuniu contingentes militares e avançou contra Davi, que, apanhado de surpresa, teve que fugir. Recompondo porém as forças, reagiu e acabou derrotando Absalão. Este, vendo-se perdido, põe-se em fuga. Seus cabelos ficaram agarrados numa árvore e Joab o matou, atravessando-lhe o coração com três dardos." 

Fonte: Dicionário Enciclopédico das Religiões - Volume I  Pág. 42

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo

"A fé batismal na Trindade Santa teve as suas raízes na experiência pascal das comunidades primitivas"

"A glória seja dada ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, Deus Uno e Trino. O louvor e o agradecimento vão às três Pessoas divinas num único Deus. A unidade e a trindade revigoram as atividades humanas, o engajamento familiar, comunitário, social, as pastorais, os movimentos, os serviços vida da Igreja, no mundo e um dia na eternidade."

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

A Igreja festeja a Trindade Santa, que é eterna, manifestada como o Deus Uno e Trino, o mistério dos mistérios que encerra a vida humana, dá sentido a toda a obra criadora, redentora, iniciada pelo Pai, assumida pelo Filho e completada pelo Espírito Santo. O ser humano é convidado a adorar a Deus em três Pessoas e três Pessoas num único Deus. Glórias sejam dadas ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, sendo o fundamento da existência humana e para que um dia as pessoas participem da vida eterna, em comunhão com o Deus Uno e Trino. A seguir dar-se-á uma visão a partir dos santos padres, os primeiros escritores cristãos a respeito da Trindade Santa.

O Batismo em nome da Santíssima Trindade

Os cristãos se distinguiram dos judeus e dos pagãos porque admitiam os convertidos à comunidade de Jesus Cristo e eram batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19). São Justino de Roma, padre da Igreja, século II disse que os catecúmenos eram conduzidos num lugar onde havia água em vista da regeneração e na recepção de um banho invocando o nome de Deus, Pai soberano do universo, e de Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo[1]. A fé batismal na Trindade Santa teve as suas raízes na experiência pascal das comunidades primitivas, experiência fundada na pessoa de Jesus Cristo que estava unido ao Pai em falar de seu nome, de morrer segundo a sua vontade pela salvação da humanidade e também pela esperança da vinda do Messias na efusão do Espírito Santo[2].

A Trindade em relação à fé batismal

Santo Ireneu de Lião reforçou a Trindade em relação à fé das pessoas que recebiam o batismo. Nas comunidades os catequistas falavam que os convertidos ao cristianismo acreditassem no Deus Pai, incriado, invisível, único Deus, Criador do Universo. Como segundo artigo de fé os educadores tinham presentes o Verbo, Filho de Deus, Jesus Cristo que apareceu aos profetas e assumiu a economia da salvação disposta pelo Pai, que por meio dele foi criado o universo e no final dos tempos virá para recapitular todas as coisas, destruir a morte, restabelecer a comunhão entre Deus e o ser humano (cfr. Ef 2,13-18). O terceiro artigo era o Espírito Santo, de cujo poder os profetas profetizaram e os Padres instruíram-se com relação a Deus, a todas as pessoas que realizaram o bem, mas que veio para renovar a face da terra e o ser humano para Deus (cfr. Sl 104 (103), 30[3].

A igualdade das Pessoas na Trindade

Orígenes, padre da Igreja em Alexandria, séculos II e III afirmou que na Trindade há igualdade das Pessoas, superando a idéia de diferenças entre as mesmas. A graça do Espírito Santo é comunicada a quem é digno, transmitida por Cristo e é operada pelo Pai, segundo o merecimento das pessoas que a acolham em seus corações. O autor alexandrino disse que o apóstolo Paulo indicou a igualdade de operações ao afirmar que há uma só e mesma potência na Trindade, pois se há diferenças nos dons, o Espírito é o mesmo; há distinções nas ações, no entanto, o Deus é o mesmo que faz as coisas em todos (1 Cor 12,4-7). O apóstolo ensinou com clareza que na Trindade não há nenhuma separação, mas há a igualdade nas Pessoas, pois o dom do Espírito vem do ministério do Filho, é operado por Deus Pai e é repartido a cada um conforme quem o quer (1 Cor 12,11)[4].

A Trindade fez o ser humano

Tertuliano, padre da Igreja em Cartago, séculos II e III afirmou que a Trindade fez o ser humano. O fato foi que o Senhor Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança: homem e mulher os fez” (Gn 1,126). O verbo utilizado foi no plural de modo que o Senhor não disse no singular como se fosse uma única Pessoa divina, sendo o Pai e o Filho e o Espírito Santo de modo que falou ao plural, as três Pessoas divinas. O Deus Criador, o Pai já tinha consigo a segunda Pessoa, o Filho, a sua Palavra e a terceira Pessoa, o Espírito Santo de modo que disse ao plural “façamos”. Com quem Deus o fazia semelhante? Ele o fazia semelhante ao Filho, que assumiria a natureza humana com o Espírito Santo que a santificaria já falava na unidade da Trindade como com ministros e testemunhas[5].

Criados e santificados por meio da Trindade

São Cromácio de Aquiléia, bispo nos séculos IV e V, disse que o ser humano foi criado e santificado por meio da Santíssima Trindade. Da mesma forma como a primeira criação foi feita por meio da Trindade, assim também a segunda criação foi feita também pela Trindade. O Pai enviou o seu Filho ao mundo e veio também o Espírito Santo, de modo que uma e idêntica foi a graça da Trindade. O ser humano foi salvo por meio da Trindade, porque esta graça não existiria se ao princípio não fosse criado pela Trindade[6].

A Unidade e a Trindade

São Basílio de Cesareia, bispo no século IV disse que a fé cristã leva à pessoa adorar a unidade e a trindade em Deus. Desta forma não existem três princípios, mas apenas um princípio, em que o Pai criou as coisas pelo Filho e aperfeiçoou pelo Espírito Santo. O Pai faz tudo por meio do Filho e o Filho perfaz por meio do Espírito. A Sagrada Escritura confirma esta unidade na Trindade. O evangelista João diz que no princípio estava com Deus e o Verbo era Deus (Jo 1,1); o Sopro da boca de Deus é o Espírito da Verdade que vem do Pai (Jo 15,26) [7] e do Filho.

A Santíssima Trindade, amiga do ser humano

São João Damasceno, monge e sacerdote do século VIII teve presente que a Santíssima Trindade é amiga do ser humano. São Três Pessoas co-eternas, mas um único Senhor Deus, reforçando-se a unidade da natureza divina, pois com fé as pessoas aclamam a Majestade divina, a Trindade Santa, liberte os servos que seguem a Trindade das tribulações deste mundo. O povo pede que a Santíssima Trindade, início da vida estabeleça as pessoas nos bens que não mudam, mas quem ficam eternamente. O fiel suplica que a Trindade Santa, amiga do ser humano tenha piedade e tenha misericórdia das pessoas pecadoras, ilumina a todas pela sua benignidade[8].

 Unidade na Trindade

Santo Agostinho, bispo de Hipona, dos séculos IV e V reforçou a unidade na Trindade. O ser humano é convidado a acreditar no Pai e no Filho e no Espírito Santo, como um só e único Deus, onipotente, grande, bom, justo, misericordioso, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, conforme a capacidade humana. Quando se tem presente as Pessoas uma não está desligada das outras. Em relação ao Pai, como um só Deus, não se separe o Filho e o Espírito Santo: o mesmo argumento é dado ao Filho como um só Deus, não seja separado do Pai e do Espírito Santo: da mesma forma é dito do Espírito Santo como um só Deus, não seja separado do Pai e do Filho. Não se trata de três deuses, mas de uma única essência, um só Deus em três Pessoas[9].

A glória seja dada ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, Deus Uno e Trino. O louvor e o agradecimento vão às três Pessoas divinas num único Deus. A unidade e a trindade revigoram as atividades humanas, o engajamento familiar, comunitário, social, as pastorais, os movimentos, os serviços vida da Igreja, no mundo e um dia na eternidade.

[1] Cfr. Justino de Roma. I Apologia 61,3. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 76.
[2] Cfr. B. Studer. Trinità. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane. Genova – Milano, Editrice Marietti, 2008, pgs. 5467-5468.
[3] Cfr. Irineu de Lyon. Demonstração da Pregação Apostólica, 6. São Paulo, Paulus, 2014, pgs. 75-76.
[4] Cfr. Orígenes. Tratado sobre os Princípios, 1,3,7. São Paulo, Paulus, 2012, pgs. 92-93.
[5] Cfr. Q.S.F.Tertulliano. Contro Prassea, XII, 1-3Edizione critica com Introduzione, Traduzione italiana, note e indici a cura di Giuseppe Scarpat. Torino, Società Editrice Internazionale, 1985, pgs. 171-173.
[6] Cfr. Cromazio di Aquileia. Sermone 18,4. In: Ogni giorno con i Padri della Chiesa, A cura di Giovanna della Croce, Presentazione di Enzo Bianchi. Milano, Paoline, 1996, pg. 167.
[7] Cfr. Basílio de Cesareia. Tratado sobre o Espírito Santo, 38. São Paulo, Paulus, 1998, pgs. 133-134.
[8] Cfr. Giovanni Damasccno. Ochtoêchos, VIII.  In: Ogni giorno con i Padri della Chiesa, pg. 182..
[9] Cfr. Santo Agostinho. A Trindade, Livro VII, 12. São Paulo, Paulus, 1994, pgs. 256-257.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

100 quilômetros de santidade

Pixabay

Por Hozana

Os passos de São José de Anchieta no Brasil foram reconstituídos e hoje é possível percorrê-lo em forma de peregrinação.

Entre os anos de 1553 e 1597, São José de Anchieta percorria regularmente uma distância de 100 quilômetros para levar a boa nova para a população do que viria a ser o estado Espírito Santo, no Brasil. Nos tempos atuais, com todas as facilidades em transportes particulares e públicos, cada vez mais rápidos… temos até dificuldade em imaginar que alguém possa percorrer 100 quilômetros de estrada a pé! E mais que isso, fazê-lo com frequência! 

Essa era, porém, a realidade de São José de Anchieta quando foi enviado em missão para o Brasil no ano de 1553. O homem estava longe de ter uma saúde de ferro! Veio para a nova terra de missão principalmente para tratar de uma tubercule óssea. Os ares do Brasil fariam bem para os seus pulmões. Foi o que julgaram os seus superiores.

Ora, a colonização havia acabado de se iniciar no novo continente. O principal meio de locomoção, principalmente para pessoas como São José de Anchieta, era de fato os seus pés e pernas. E foi assim que ele se tornou o primeiro peregrino do Brasil, percorrendo as terras do Espírito Santo principalmente para ir ao encontro dos povos locais que rapidamente ganharam sua afeição e proteção.

Há controvérsias sobre o papel histórico de São José de Anchieta em meio aos colonizadores portugueses. O santo, porém, está longe de se confundir com aquela figura do colonizador que abusa da religião para explorar e escravizar os povos indígenas. Pelo contrário! A influência de São José de Anchieta foi muito importante para que a relação entre colonizadores e povos nativos fosse mais humana e menos ideológica. Relatos históricos contam que ele muitas vezes lutou com os povos indígenas contra atitudes de violência dos conquistadores portugueses. 

Os passos de São José de Anchieta foram reconstituídos e hoje é possível percorrê-lo em forma de peregrinação. Os Passos de Anchieta é o nome do roteiro que reconstitui a trilha habitualmente percorrida por São José de Anchieta nos seus deslocamentos da Vila de Rerigtiba, atual cidade de Anchieta, à Vila de Nossa Senhora da Vitória, onde cuidava do Colégio de São Tiago. 

Esse ano Os Passos de Anchieta, em unidade com o Santuário de Anchieta, preparam três itinerários de oração no Hozana que têm como objetivo acompanhar os peregrinos de Anchieta no mundo real e no mundo virtual. O primeiro itinerário de oração já está pronto! Nessa caminhada espiritual você será convidado a mergulhar na espiritualidade inaciana, de forma simples e profunda, e a preparar seu corpo e alma para a vivência dos Passos de Anchieta.

A proposta é conhecer a vida de São José de Anchieta, marcada pela entrega e doação verdadeiras, como embrião do carisma inaciano, pelo conteúdo que uniu o santo aos primeiros companheiros. Os itinerários foram construídos para serem vivenciados por aqueles que se farão de fato presente na caminhada dos Passos de Anchieta como para aqueles que beberão dessa graça mesmo à distância. Clique aqui para se inscrever e seja um peregrino virtual dos Passos de Anchieta!

Que São José de Anchieta desperte em seu coração o desejo mais genuíno de ajudar e servir aos demais, assim como uma profunda experiência humano-espiritual, capaz de embasar todas as suas escolhas e projetos de vida.

Débora Moreira Araújo, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Dia Mundial da Bicicleta

Dia Mundial da Bicicleta | Observatório da Bicicleta

Dia Mundial da Bicicleta: saiba benefícios de pedalar todos os dias

Educador físico afirma que prática de atividade oferece vida mais ativa e saudável para usuário. Entre vantagens estão aumento da expectativa de vida e redução do estresse.

Por Caroline Cintra, g1 DF

03/06/2023

Mais do que um equipamento para se exercitar, a bicicleta faz parte do trajeto de ida e volta do trabalho ou da escola de muitos brasileiros. Quando usada em um ambiente fechado, como a academia, a atividade apresenta várias vantagens, mas, quando o pedal é na rua, os benefícios se multiplicam.

Neste sábado (3), é comemorado o Dia Mundial da Bicicleta. A data reforça a importância da prática de atividade física diariamente.

O educador físico Thiago Sampaio explica que o uso de bicicleta no dia a dia oferece uma vida mais ativa e saudável à populaçãoEntre os principais benefícios estão:

  • Aumento da resistência muscular
  • Aumento da massa muscular e ósseo
  • Aumento do VO2 max (capacidade do nosso corpo de absorver oxigênio).
  • Aumento da expectativa de vida
  • Redução do estresse
  • Menor propensão a desenvolver doenças cardiovasculares

"Este exercício tem como principal característica a utilização de membros inferiores, porém não podemos esquecer que o tronco e os membros superiores ajudam na estabilização, postura e posicionamento em cima da bicicleta. Isso traz um grande benefício para o nosso corpo, pois grandes musculaturas são acionadas deixando o corpo mais forte e potente", diz o profissional.

O personal afirma que usar a bicicleta no dia a dia como meio de locomoção é a melhor forma de sair do sedentarismo, principalmente para quem não tem tempo de frequentar uma academia. "Se relacionar com o meio ambiente, aumentar o contato com o sol, vitamina D, e contribuir para os aspectos sociais no quesito poluição", destaca Thiago.

Além do corpo, a bicicleta traz benefícios para a saúde mental. A psicóloga Beatriz Kierg explica que pedalar libera endorfina e serotonina, "conhecidas como hormônios da felicidade". Essas são substâncias que trazem a sensação de bem-estar e prazer.

"Sair de casa para espairecer auxilia o organismo a regular o estresse e a prevenir doenças mentais relacionadas a essa situação, como a ansiedade. Melhora a auto-estima, o humor. Só coisas boas", diz a especialista.

'A bicicleta faz parte da minha vida'

O servidor público Alan Clécio Queiroz Figueiredo, de 35 anos, conta que começou a andar de bicicleta com 12 anos. Nessa idade, a atividade era apenas um hobbie. Depois que pegou gosto pela prática se tornou atleta.

"Comecei a correr de bicicleta com 14 anos. São 20 anos na prática competitiva. A bicicleta faz parte da minha vida. Então, sempre usei tanto como meio de locomoção, como meio de participar de competições, para trabalhar", conta o servidor.

A rotina de Alan começa cedo. Acorda às 5hs, e às 6hs já está na rua treinando na bicicleta. Ele vai de casa, no Núcleo Bandeirante, até o trabalho, na Esplanada dos Ministérios, e pedala em média entre 70 km e 80 km por dia.

"Pedalo 6 vezes na semana. Só tiro um dia de descanso. A bicicleta faz toda a diferença na minha vida com relação a saúde. Foi onde me encontrei. Quando não consigo pedalar, meu organismo sente falta", conta.

Fonte: https://g1.globo.com/

Novo filme sobre Padre Pio tem olhar humano sobre o famoso santo, dizem cineastas

Padre Pio, estrelando Shia LaBeouf, estreia hoje (2) nos cienmas dos EUA. - Crédito da foto: Gravitas Ventures

Por Joe Bukuras/CNA

BOSTON, 02 Jun. 23 / 02:46 pm (ACI).-

Shia LaBeouf, intérprete de são Pio de Pietrelcina, no novo filme “Padre Pio”, disse à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, no final de maio, que o peso de assumir esse papel era “enorme”.

O novo filme, estrelado pelo ator principal de “Transformers” e “Corações de Ferro”, estreia hoje (2) nos cinemas dos EUA. Retrata o frade italiano de cerca de 20 anos de idade imerso no sofrimentos dos moradores de San Giovanni Rotondo, cidade do leste da Itália, onde está seu mosteiro.

O filme, classificado como R (equivalente a +18 nos EUA) por violência e linguajar explícitos, retrata cenas poderosas do Padre Pio pregando às pessoas da cidade e suportando suas próprias batalhas espirituais com o diabo em meio ao caos de um violento confronto político entre os socialistas em sua maioria empobrecidos e a rica classe dominante, que resulta em um massacre brutal.

Cena do filme "Padre Pio". - Crédito: Gravitas Veritas

O diretor do filme, Abel Ferrara, disse que os assassinatos foram um “evento tenebroso” e acrescentou que tudo isso está no filme.

“Não há uma história política e uma história do Padre Pio. Ele é um membro daquela comunidade. Ele está sentindo isso. Ele sabe o que está acontecendo e está conectado a essas pessoas. E essas pessoas estão muito conectadas a ele”, diz Ferrara.

LaBeouf, o irmão Alexandro Rodriguez – que interpreta um verdadeiro frade capuchinho no filme – e Ferrara, diretor do filme, também falam sobre uma cena na qual o diabo aparece sob a forma de uma mulher nua, bem como o uso de palavras de baixo calão pelo santo em outra cena.

Ao ser questionado sobre qual era a mensagem do filme, Ferrara disse que não havia nada em específico, mas acrescentou que a mensagem de são Pio é “amor e compaixão na vida cotidiana, e não apenas na hora de estar na Igreja”.

Interpretando Pio

LaBeouf disse à CNA que desempenhar o papel de santo enquanto estava imerso em seu mosteiro e cidade aumentou a intensidade.

“É uma pressão enorme, mas que foi boa para o filme. Há cenas em que está acontecendo uma missa e não há atores nos assentos. Essas são pessoas tementes a Deus que amam ao padre Pio e é possível sentir isso, e isso só enriquece a experiência”, disse o ator.

Muitos dos figurantes do filme eram da área ao redor de San Giovanni Rotondo.

Apesar da pressão, LaBeouf disse que "nunca, no decorrer de toda a minha carreira, estive em um set onde o filme fosse tão fácil de ser feito".

Sempre que a equipe de filmagem se deparava com problemas técnicos ou legais, LaBeouf não entrava em pânico, mas recorria ao famoso lema do santo: “Ore, espere e não se preocupe”.

“E as coisas deram certo. Elas simplesmente deram certo. E acho que fizemos um belo filme como resultado de seguir os seus ensinamentos e realmente nos apoiar na maneira pragmática como ele lidou com o mundo”, disse.

“É provavelmente por isso que eu amo o catolicismo, porque é tão louco e complicado”.

LaBeouf disse que "experimentou a liberdade desordenada por tanto tempo, como um anarquista" e que o filme mudou sua vida.

No final do filme, Padre Pio recebe os estigmas enquanto reza.

“É fácil pensar que por ser santo, ele recebeu o estigma automaticamente. Não. A Primeira Guerra Mundial e a turbulência social e política em San Giovanni Rotondo foram o contexto em que o santo recebeu os estigmas”, disse Rodriguez.

“Pio estava olhando para tudo isso e dizendo: 'Quero assumir tudo isso como um servo sofredor para ajudá-los’. Ele não sabia que os estigmas serviriam para ajudar essas pessoas. Mas acabou sendo só isso. Em outras palavras, os estigmas não aconteceram sozinhos”, continuou o frei.

Cena de "Padre Pio". - Crédito da foto: Gravitas Veritas

Assédios demoníacos

O padre Pio é assediado pelo diabo várias vezes no filme, uma vez até fisicamente. Em uma cena, o diabo, na aparência de uma mulher nua que profana uma imagem da Virgem Maria, insulta e desencoraja o santo.

Ferrara disse à CNA que a cena foi retirada das cartas particulares do Padre Pio ao seu diretor espiritual. Rodriguez acrescentou que os demônios apareciam no quarto de Pio como mulheres nuas para assediá-lo.

“Estamos tirando isso das cartas dele. Quero dizer, estamos tentando incorporar quando ele fala sobre a tentação de uma forma real”, disse Ferrara.

“Muito do que você vê no filme é bastante preciso”, disse Rodriguez, acrescentando que o padre Pio escreveu as cartas para seu diretor espiritual em sigilo e “não gostaria que a carta fosse publicada”.

Rodriguez disse à CNA em 2022 que a representação do santo no filme é cerca de 90% precisa e é amplamente baseada nas cartas do santo a seu diretor provincial e espiritual de 1911 a 1918.

Rodriguez, que se aproximou de LaBeouf durante a preparação do ator para o papel de Padre Pio, disse saber “que Deus queria que este filme fosse feito”.

Ele observou como o filme surgiu em um momento providencial na vida de LaBeouf, que colocou o ator no caminho para ingressar na Igreja Católica.

LaBeouf disse recentemente ao site ChurchPOP que está atualmente na catequese de adultos, tendo aulas semanais para receber os sacramentos, e está a caminho de receber o crisma em sete meses.

Outra cena do filme mostra o diabo aparecendo como um ser andrógino que se confessa ao Padre Pio e não se arrepende dos pecados, a ponto de negar a existência de Deus e do inferno.

Assim que o Padre Pio percebe que é o diabo, o santo castiga a figura, manda-a embora e grita com raiva “Cale a boca! Diga que Cristo é o Senhor!”.

“Quando Pio está dizendo palavrões [ao expulsar o diabo], esta é a opinião de Abel em mostrar ao mundo que Pio, que é um santo, também era um pecador”, disse Rodriguez. Ele acrescentou que nas cartas de Pio ao seu diretor espiritual, ele escreveria sobre a luta para lidar com suas paixões de raiva e seu temperamento.

Neste ponto da vida de Pio, ele é “um santo em construção”, disse Rodriguez.

Rodriguez questionou o que o mundo irá pensar da representação de são Pio no filme “de uma maneira mais humana”.

“Não sei o que vai acontecer a seguir, mas espero que o mundo aceite o filme como ele é. E para ver por que Pio recebeu os estigmas. Essas são as circunstâncias em que ele recebeu os estigmas e o sofrimento pelo qual passou”, acrescentou.

LaBeouf disse à CNA que “se você já leu ‘Florinhas de são Francisco’, ele diz muito claramente, e não é conjectura, não é parafraseado, ele diz, 'se o diabo se aproximar de você, enfie m***a na boca dele’”.

“Portanto, essa ideia de que os santos – e não há santo maior do que são Francisco – nunca disseram palavrões é simplesmente ignorante e, francamente, puritana, o que não condiz com o catolicismo. O catolicismo não é puritano”, disse o ator.

“Eles são seres humanos antes de serem santificados”, acrescentou.

LaBeouf disse que "entrou [no processo do filme] como um homem ferido em pleno sofrimento, vergonha e pânico total".

“E ao longo do filme, saí da minha pequena caverna de vergonha e voltei ao mundo, encontrei novamente um propósito e redenção. Eu fui salvo. Eu estava perdido e fui salvo pelo amor de Cristo”, disse.

“Isso é o que realmente aconteceu na minha vida. Está além da promoção deste filme. É o que realmente aconteceu na minha vida. E logo depois de sair deste filme, minha esposa deu à luz, e eu posso aparecer para meu filho de uma forma que eu nunca teria feito se isso não tivesse acontecido comigo”, concluiu.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa: Paulo VI e João XXIII mostram que Deus não faz santos em laboratório

Papa Francisco na Audiência Geral no Vaticano | Vatican News

Audiência no Vaticano por ocasião de três eventos importantes para a Igreja: o 60º aniversário da Carta Encíclica “Pacem in terris”, o falecimento do Papa João XXIII e a eleição do Papa Paulo VI.

Manoel Tavares - Vatican News

O Santo Padre recebeu na manhã deste sábado (03/6), na Basílica Vaticana, os peregrinos das comunidades de Concesio e “Sotto il Monte”, no norte da Itália, as cidades onde nasceram dois santos Papas, tão amados pelo Povo de Deus: João XXIII e Paulo VI. A audiência ocorre por ocasião de três eventos importantes para a Igreja: o 60º aniversário da Carta Encíclica “Pacem in terris”, o falecimento do Papa João XXIII e a eleição do Papa Paulo VI.

Em seu discurso aos numerosos peregrinos, Francisco iniciou dando graças a Deus por ter escolhido estes dois santos pastores para o seu ministério pontifício. Estes dois protagonistas - disse - souberam governar a Igreja em tempos de grande entusiasmo, mas também de grandes questões e desafios: a nova era do Concílio Vaticano II e os graves perigos como o terrorismo e a "guerra fria".

Por isso, Francisco convidou os presentes a agradecerem ao Senhor pela vida destes dois Pastores da Igreja, que nasceram e viveram como filhos e irmãos em suas cidades de Concesio e “Sotto il Monte”, onde deixaram os vestígios do seu caminho de santidade. Estes lugares, ainda hoje, são metas de peregrinação para tantos homens e mulheres da Itália e do mundo. Eles encontraram conforto e apoio em suas comunidades, mas, também, as tornaram uma terra mais viva e rica na fé. O Papa expressou sua alegria porque os dois Santos puderam contar com seus concidadãos, como cooperadores de tamanho dom:

“Eles foram grandes Pastores também porque encontraram em seus caminhos bons companheiros de viagem, testemunhas do Evangelho, que os ajudaram a crescer na fé, até chegarem ao ministério pontifício. Suas famílias de origem e contextos diferentes, mas unidas pela sólida piedade cristã, viveram no trabalho árduo do campo, sem deixar seu compromisso cultural e social”.

Deus não faz santos em laboratório

A seguir, Francisco recordou que “Deus não faz santos em laboratório”, mas os faz crescer em grandes canteiros de obras, lançando sólidos alicerces para a construção do seu Reino. Estes dois santos Papas tornaram sua terra natal mais fértil e rica de santidade; trabalharam pela paz, que, com a guerra, o egoísmo e a divisão, só é devastada, como, infelizmente, vemos em muitas partes do mundo. Amar suas raízes, como nos ensina a história da Terra e da Igreja é, portanto, “amar o Evangelho de Jesus e amar como Jesus amou no Evangelho”!

Neste sentido, o Papa referiu-se à peregrinação dos fiéis de Concesio e “Sotto il Monte”, que vieram a Roma também por uma outra ocasião importante para a Igreja: o aniversário da “Pacem in terris”, a última encíclica escrita por João XXIII, onde ele destaca o valor de uma paz baseada na justiça, no amor, na verdade, na liberdade e no respeito pela dignidade das pessoas e dos povos.

Aqui, o Papa Francisco lembrou que as duas cidades, Bérgamo e Brescia, que deram à Igreja os Santos João XXIII e Paulo VI, foram escolhidas este ano como "Capital Italiana da Cultura”. E concluiu:

“A verdadeira cultura se constrói unidos no diálogo e na busca comum, que, como nos ensinou São Paulo VI, visa levar a uma vida mais fraterna, mediante a mútua ajuda, o aprofundamento do conhecimento, a abertura do coração. A cultura é amante da verdade, do bem, do homem, da sociedade e da criação. Continuem a cultivá-la em suas casas e em suas paróquias, a fim de levar adiante a missão que nos foi confiada pelos dois santos Papas: João XXIII e Paulo VI.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF