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terça-feira, 30 de junho de 2020

A LADAINHA DE NOSSA SENHORA

Paróquia da Rainha
Muitos de nós, católicos, e, em especial, as pessoas que participam da Legião de Maria, temos o bom hábito de rezar, após o Terço ou o Rosário, a Ladainha de Nossa Senhora que, por meio da invocação dos diversos títulos da Virgem Maria, expressa a piedade da Igreja para com nossa Mãe Maria e, por isso, a Ladainha Lauretana é um

belo e singular elemento da piedade mariana e do culto cristão.
A Ladainha de Nossa Senhora é um exercício de oração mariana que possui um grande valor teológico e simbólico que pode ser percebido em cada uma de suas invocações. A palavra ladainha vem do grego e significa súplica. A Ladainha mais conhecida de Nossa Senhora é a Ladainha Lauretana, ou Loretana, assim chamada por ter se popularizado a partir do Santuário de Loreto, na Itália. Segundo a tradição, é na cidade de Loreto que se encontra a casa na qual morou a Virgem Maria na Palestina.
Essa casa foi transportada milagrosamente para Loreto, em 1291. Essa notícia espalhou-se rapidamente entre os fiéis e deu origem a numerosas peregrinações. Diante da casa de Maria, os peregrinos pagavam suas promessas, rezavam e invocavam os diversos títulos atribuídos à Virgem Mãe, expressando os sinais da devoção mariana.
Desse modo, podemos considerar que a Ladainha Lauretana é fruto da ação do Espírito Santo nas almas de diversos fiéis, é uma bela oração popular, uma música para os ouvidos, tanto é assim que, muitos músicos, entre eles Mozart, compuseram belas melodias para essa Ladainha.
Com o passar do tempo, essas invocações passaram a ser cantadas diariamente no Santuário de Loreto e, logo depois, foram difundidas em diversos países, pois os peregrinos, ao retornarem para suas casas, levavam, em seus corações, a memória da sonoridade dos cantos e das invocações.
A Ladainha Lauretana não é somente uma coleção de invocações que dirigimos à Virgem Maria, pois a Ladainha é uma forma criativa e inovadora que os fiéis cristãos encontraram para expressar o conhecimento que possuem sobre Nossa Senhora. O ideal é que, quando rezamos a Ladainha, meditemos em cada título que é rezado, pois não basta saber, por exemplo, que Maria é a Mãe de Deus. É preciso refletir, meditar, aprofundar, em oração, as verdades contidas neste dogma mariano que dá origem a todos os outros dogmas relacionados a Nossa Senhora.
Por meio de um texto publicado em Florença, na Itália, em 1572, no século XVI, sabemos que, naquela época, a Ladainha de Nossa Senhora possuía 43 invocações. No decorrer da História, outras invocações foram incorporadas à Ladainha Lauretana. Após a vitória dos cristãos, na Batalha de Lepanto, sobre os turcos-otomanos que ameaçavam invadir a Europa e perseguir os cristãos, o Papa Pio VII acrescentou a invocação Auxílio dos cristãos em agradecimento a Nossa Senhora por essa vitória. A invocação Rainha Concebida sem pecado original está relacionada à definição do dogma da Imaculada Conceição, por Pio IX, em 1854. Pouco depois, em 1883, o Papa Leão XIII incluiu a invocação Rainha do sacratíssimo Rosário, expressando o valor e a força da oração do Rosário em momentos difíceis da História. Em 1903, o Papa Leão XIII incluiu a invocação Mãe do bom conselho, para homenagear o Santuário de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, que fica em sua terra natal.
Nos séculos e anos mais recentes, outros títulos, outras invocações foram acrescidas à Ladainha Lauretana. Em 1917, no terceiro ano da Primeira Grande Guerra Mundial, o Papa Bento XV incluiu a invocação Rainha da Paz, pedindo aos cristãos que recorressem a Nossa Senhora, suplicando pelo fim da guerra. A invocação Rainha assunta ao céu foi introduzida pelo Papa Pio XII, em 1950, após a definição do dogma da Assunção de Nossa Senhora ao céu. Já a invocação Mãe da Igreja foi acrescida pelo Papa Paulo VI, em 1964, após o término da terceira seção do Concílio Vaticano II. No pontificado de São João Paulo II, em 1995, foi acrescida a invocação Rainha das Famílias, por ocasião do sétimo aniversário do Santuário de Loreto.
Neste ano de 2020, na Solenidade do Imaculado Coração de Maria, o Papa Francisco autorizou três novas invocações na Ladainha Lauretana. São elas: Mãe de Misericórdia, Mãe da Esperança e Consolo/Refúgio dos migrantes. Essas três novas invocações respondem ao momento atual do mundo e os seus desafios e expressam a preocupação da Igreja com os migrantes, com os refugiados e com os modernos males que afligem o mundo, projetando a nossa confiança nas bondosas mãos da Virgem
Maria que caminha conosco pela senda da História.
A Ladainha Lauretana possui atualmente cerca de 53 invocações seguidas pelo pedido da assembleia: “Rogai por nós”. Algumas invocações da Ladainha podem até parecer estranhas, tais como Torre de Marfim ou Arca da Aliança. Mas, ao mesmo tempo, essas invocações, caso não as saibamos relacionar com a Virgem Maria, apresentam a possibilidade de um estudo mais detalhado para o conhecimento desses títulos. No final, a Ladainha termina em um clima penitencial ao “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.
A Ladainha Lauretana é um tesouro da Igreja, uma oração que atravessa séculos e gerações, testemunhando os sinais da nossa devoção mariana e, por isso, ela é uma pérola preciosa de imenso valor que devemos acrescentar ao patrimônio da nossa fé,
pois, quando rezamos a Ladainha de Nossa Senhora, não nos cansamos de dizer à Virgem Maria que Ela é parte integrante da nossa Igreja, da nossa História, da nossa vida pessoal e das nossas comunidades.
Rezar a Ladainha de Nossa Senhora é mergulhar na atmosfera da santidade por meio das mãos solícitas de Maria, é manter vivo o testemunho da devoção mariana vivenciado pelos santos, pelos mártires e por todos os fiéis que jamais economizaram suas cordas vocais no serviço do canto afinado das virtudes, qualidades, dons e graças que resplandecem na pessoa da Virgem Santa Maria.
Aloísio Parreiras
Arquidiocese de Brasília

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF