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sábado, 27 de junho de 2020

VIRGEM MARIA: A DESATADORA DOS NÓS

Canção Nova
A Virgem Santa Maria é uma bondosa Mãe que Cristo nos concedeu para auxiliar a nossa vivência na fé e impulsionar a nossa pertença a Deus e à Igreja. Ela é a nossa medianeira diante do nosso Redentor e, por isso, Ela está sempre pronta para nos ajudar a enfrentar as dificuldades, as contrariedades e as pelejas do dia a dia. De um modo especial, Maria nos ajuda a desatar o emaranhado de nós que impedem o nosso crescimento humano e espiritual e tantos outros nós que dificultam nossa realização como seres humanos que somos imagem e semelhança de Deus.
Nos últimos anos, o culto à Virgem Santa Maria tem se expandido por meio de um novo título: Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Mas, quando estudamos a história da Igreja, nós percebemos que o título de Nossa Senhora Desatadora dos Nós já existia nos primeiros séculos do Cristianismo e, por isso, esse título da Virgem Maria é considerado uma das primeiras invocações marianas. Essa invocação é atribuída a Santo Irineu de Lyon que, no ano 180 D.C, no século II, no seu escrito contra os hereges, afirmou: “O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria. Pois o que a Virgem Eva atou por sua incredulidade, a Virgem Maria desatou pela sua fé”.
Quando realizamos a leitura orante do Novo Testamento e meditamos nas verdades reveladas, nós percebemos que o título de Nossa Senhora Desatadora dos Nós cabe bem à Virgem Maria. No episódio da Anunciação, na revelação da mensagem divina por parte do Anjo Gabriel, salta diante de nossos olhos o sim de Maria desatando a Hora da História da Salvação, ao aceitar participar da encarnação do Verbo que se fez Carne e habitou entre nós.
Logo depois, no episódio das Bodas de Caná da Galileia, na celebração de um casamento, mais uma vez, com humildade e zelo, a Virgem Maria desatou um nó, uma dificuldade humana que poderia causar constrangimento ao jovem casal que extravasava uma intensa alegria com as núpcias. Mediante esse pedido ao Filho, a Virgem Maria antecipou a vida pública de Jesus, evidenciando que Deus está disposto a nos ajudar a eliminar todos os nós que enfrentamos no bom combate em prol da fé e da justiça.
No cotidiano da nossa fé, no testemunho da beleza do Evangelho, nós percebemos que ser cristão não é algo fácil, pois temos que lutar contra o mundo, as tendências desordenadas da carne e as perseguições daqueles que insistem em negar a Deus e perseguir os seus discípulos missionários. Em todas essas situações, em todos esses nós, podemos e devemos recorrer à poderosa intercessão de Nossa Senhora Desatadora dos Nós, a fim de que a peleja seja mais branda.
Quando adentramos a escola de Maria, nós sentimos que o nó pode ser também uma desobediência à vontade de Deus, um ato de egoísmo ou um pecado que temos dificuldades em superar. Mas, pela perseverança na oração e pela imitação das virtudes de Maria, nós aprendemos que o caminho para se desfazer um nó é o caminho do exame de consciência, da participação nos sacramentos, da fuga das ocasiões de pecado, do exercício da caridade e do perdão e do aprendizado das bem-aventuranças.
Com o passar do tempo, mediante o exercício da devoção a Nossa Senhora Desatadora dos Nós, nós percebemos as marcas das graças alcançadas pela intercessão da Virgem Santa Maria, pois Ela é a bondosa medianeira que nos acompanha no bom combate da fé. Em um simples ato de atualização da nossa história, é possível percebermos o carinho e a ternura de Nossa Senhora para conosco. Façamos algumas reflexões: Em nossa história de vida, quantos nós conseguimos desatar graças à intercessão de Maria? Em nosso itinerário na santidade, quantas graças alcançamos por meio das mãos bondosas de Maria? Nos momentos difíceis e complicados da vida, quais foram as dificuldades que superamos em união com Maria?
Inúmeros foram, certamente, os dias e os momentos em que a Virgem Maria desatou os nossos nós. Entre tantos outros nós, podemos citar: a conversão de um familiar, o retorno à Igreja de um filho que estava afastado das coisas do Alto, o tão esperado emprego, a esperada vitória sobre as drogas por parte de uma pessoa próxima, o nascimento do primeiro filho, após tantos anos de fidelidade à oração, a cura milagrosa de uma doença. Em todas essas situações, nós podemos afirmar: todos esses nós, todas essas dificuldades foram desatadas graças à presença da Desatadora dos Nós em nossos corações e em nossas vidas.
Quando estudamos a história da iconografia mariana, nós verificamos que a primeira imagem de Nossa Senhora Desatadora dos Nós surgiu em 1700, no final do século XVII, na Bavária, Alemanha. Essa imagem foi esculpida por um pintor que estava enfrentando crises no casamento e pediu a Maria que lhe ajudasse a desatar esse nó e a reforçar os laços conjugais. Ao superar essas dificuldades, em agradecimento, ele esculpiu a imagem da Desatadora dos Nós que desde então é também conhecida como a Padroeira do Matrimônio.
Mais recentemente, nos últimos anos, a devoção a Nossa Senhora Desatadora dos Nós recebeu um forte e significativo impulso na América Latina por meio do Cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio – o Papa Francisco – que um dia recebeu um cartão de Natal com a imagem da Desatadora dos Nós. Logo após, ele próprio começou a mandar cartões de Natal com essa imagem. No verso desses cartões, fazendo referência à imagem da Virgem desatando os nós, ele escrevia: “As mãos bondosas de Maria vão soltando um a um os nós que nos separam do bem. E assim a fita passa de um anjo a outro, que, ao mostrá-la desatada, nos diz para orar com confiança, porque somos ouvidos”.
Essa é uma certeza que anima e alimenta a nossa fé: Sim, nossas preces são ouvidas e atendidas pela Virgem Santa Maria. Ela é a Mãe que não nos desampara e, por isso, é justamente nas tempestades que enfrentamos em nossas vidas, nos tormentos, nos apuros e apertos que Ela se mostra sempre mais uma zelosa e atenta Mãe, livrando-nos dos males e das confusões que obstaculizam os nossos ideais e nossa identificação com Cristo. Por conseguinte, recorrer a Nossa Senhora Desatadora dos Nós é um privilégio, um gesto de amor, um ato de carinho que expressa nossa devoção para com a Mãe de Cristo.
Expressando a nossa confiança na mediação da Virgem Santa Maria, vamos terminar, rezando: Santa Maria, Mãe de Deus e da Igreja, vós sois a nossa bondosa Mãe, e, por isso, nós vos suplicamos: ajudai-nos a perseverar na oração e suscitai em nós uma confiança filial em meio às tempestades, às noites escuras, aos problemas, às dificuldades e adversidades da vida. Ó Mãe, estendei as vossas mãos misericordiosas sobre nós e desatai os nós que impedem a nossa plena união com Deus, a fim de que, livres do mal e do pecado, possamos atravessar as noites escuras da vida firmes na fé e na esperança! Nossa Senhora Desatadora dos Nós, rogai por nós que recorremos a Vós!
Aloísio Parreiras
Arquidiocese de Brasília

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF