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sábado, 3 de outubro de 2020

A forma do batismo: somente por imersão? (Parte 5/12) – O banho interior

Veritatis Splendor

O BANHO INTERIOR

Sim, Jesus é claro: temos que nos purificar interiormente, não importa se a forma da água é por infusão ou por imersão. O que importa é o que está dentro. Jesus aponta aqui também para o batismo. Por quê? Porque, como vimos anteriormente, através desse sacrifício que Jesus fez na Cruz Ele nos limpa de todo pecado mediante o batismo, pois é o Espírito Santo quem atua nesse ato:

  • “E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mateus 3,11).

O texto é muito claro e específico, pois diz que Jesus batizará com o Espírito Santo.

Porém, porque o texto também diz “com fogo”? Porque o “fogo” significa purificação interior (cf. Malaquias 3,2-3).

Assim é que pelo batismo somos limpos interiormente pelo Espírito e não pela água, pois este elemento por si só é símbolo tanto do Espírito Santo (cf. Isaías 55,1; 12,3; Ezequiel 36,25; Jeremias 2,13; Zacarias 14,8; João 7,37-39Apocalipse 21,6; 22,17) quanto de purificação, como já vimos antes.

Pois bem: da mesma forma que João Batista, Jesus também anuncia que serão batizados pelo Espírito Santo no dia de Pentecostes:

  • “Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1,5).

Será que os Apóstolos foram mergulhados para receber o Espírito Santo? A resposta é: não! O Espírito Santo chegou para eles como derramamento em línguas de fogo sobra a cabeça:

  • “E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos 2,3-4).

Aqui a palavra “batismo” tampouco se refere a submergir. Além disso, podemos perceber que o importante no batismo é o “nascer de novo” pelo Espírito, como Jesus anuncia a Nicodemos:

  • “Jesus respondeu, e disse-lhe: ‘Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de cima, não pode ver o reino de Deus’. (…) Jesus respondeu: ‘Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo'” (João 3,3.5-7).

Com efeito, esse “nascer de cima” é pelo Espírito Santo que chega até nós a partir de cima (derramado). E recordemos que a água do batismo simboliza o Espírito Santo (derramado) e, obviamente, a purificação:

  • “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito” (1Coríntios 12,13).
  • “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tito 3,5).
  • “Levanta-te, batiza-te e lava teus pecados invocando seu Nome” (Atos 22,12-16).

O “banho de regeneração” é precisamente o batismo: um “banho” que nos regenera para sermos um novo homem, pois nascemos para uma vida nova. E claro, um “banho” é também por infusão.

Vamos às Escrituras ver alguns eventos que às vezes apontam para algum Sacramento e, no caso do batismo, há vários (como vimos em relação ao centurião Longino). Vejamos o caso do cego de nascença:

  • “Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego. E disse-lhe: ‘Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa ‘o Enviado’)’. Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo” (João 9,6-7).

Eis uma mensagem teológica sobre o batismo: o homem era cego de nascença; ao lavar-se, “aspergindo” água sobre os seus olhos, retornou enxergando! Assim também com o batismo: ele nos lava, nos purifica e a cegueira que trazemos desde o nascimento (pecado original) fica para trás, para que possamos abrir os olhos, para que possamos ver Cristo. Não é impossível que, nesse pensamento (de João), estas águas de Siloé – a água do “Enviado” – façam alusão ao batismo cristão. Tanto pelo “simbolismo” do seu Evangelho quanto por ter falado dele no capítulo 3 (João 3,3-7), o mesmo que na época da composição do seu Evangelho.

Bom, e já que falamos de derramamento do Espírito Santo e de limpeza interior, há no Antigo Testamento uma bela referência ao batismo cristão. Diz assim:

  • “E vos tomarei dentre os gentios, e vos congregarei de todas as terras, e vos trarei para a vossa terra. Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis” (Ezequiel 36,24-27).

Estas palavras são típicas do pacto que Deus deu ao seu povo desde a época de Abraão. Observe-se a transformação que tem lugar espiritualmente, cuja essência é a limpeza interior. É assinalida pela aspersão da água pura. E o conhecidíssimo batismo da antiga dispensação. E eses sugere que este mesmo símbolo sera proeminente na futura restauração de Israel. Podemos acrescentar que se a aspersão era sobressalente no passado, e o será no futuro, não dever ser considerada com a mesma importância no presente?

É o que devem responder os nossos amigos imersionistas…

Veritatis Splendor

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF